Abro meu "face" - diminutivo de Facebook, para os íntimos e vejo de tudo um pouco: de bom dia, boa tarde ou boa noite a comentários pessoais que tanto podem ser de elogios ou ofensivos; reflexões sobre a vida, frases de pensadores, atualização de fotos de tudo quanto é coisa (de animais, de comida, de roupas, de festas, de cabelo) além de postagens momentâneas de todas as ações feitas em um dia por uma pessoa; e uma série de infinidades que se eu ficar aqui detalhando vou ficar até amanhã.
Tenho Facebook, que na verdade fiz minha conta depois da quase consagração da morte do Orkut. ninguém mais me mandava scraps por lá. Estava ficando 'obsoleta', resolvi me iterar. Não tinha Twitter até bem pouco tempo atrás. Fiz, mas confesso que muito mal acesso a minha conta. Minha curtição anteriormente, era o MSN, onde conversava com vários amigos ao mesmo tempo. Era quase que um lugar marcado com hora marcada - já que as pessoas tem o hábito de 'entrar' quase sempre na mesma hora. Porém, com o tempo fui me cansando...
E não só fui me cansando como me dando conta que é quase uma obrigação estar nesses sites de relacionamentos e de conversas. Se você ñ está lá online, logo você ñ existe! Ao menos, perante a internet. E, uma vez inserido em um desses sites, você fica viciado. É capaz de ficar horas a fio perdido nas linhas escritas por amigos ou desconhecidos sobre o que lhes acontece na vida, ou sobre o que não lhes acontece, seus devaneios e reflexões acerca de si e do mundo. É até interessante saber de algumas coisas, mas fico me perguntando ate que ponto isso é essencial para mim. Não é, essa é a resposta. Em vez de dominarmos as novas tecnologias, elas é que estão nos dominando e, de tanto ficarmos envolto nelas, não nos damos conta das superficialidades em demasia que postamos ou o tanto de intimidade que esbanjamos. Explico: tenho visto de postagens de pessoas que estão dentro do cinema, por celular sobre o filme que estão assistindo. Pessoas que estão em suas viagens ou passeios românticos ou com amigos que se preocupam mais em postar o que estão fazendo do que fazer de fato! Vejo gente lavando roupa suja online ou exteriorizando sentimentos ou experiências de vida que deveriam dizer respeito somente a elas. E por que?
Me parece que essa coisa toda de "rede social" desperta uma necessidade de pertencimento a uma era, a uma "tribo", que como minha sobrinha adolescente diria "causa" - que quer dizer ser notada. Mesmo que não se tenha nada útil, surpreendente ou legal a compartilhar, mesmo assim, as pessoas postam: "em casa, assistindo tv e comendo pipoca", por exemplo. Nossa, que legal!
Muitas vezes, já fiz algumas postagens que eu mesma citei acima como desnecessárias, mas é porque de tanto viver nesse meio, você não se dá conta direito do que está postando. e fica ali, escravo das aprovações ou reprovações dos seus amigos ou desconhecidos 'curtirem' ou não. Esse tal de curtir é como um termômetro do agrado. e, é claro, dos comentários. É legal ver as pessoas debaterem sobre um assunto maneiro que foi levantado, mas outras vezes, enche de ver um monte de gente palpitando sem ser convidada, se metendo aonde não foi chamada e falando de coisas que nem direito sabe o que é. Sim, é uma intromissão, mas eu permiti. No Orkut existia o recursos de aceitar comentários apenas de amigos que fossem adicionados por você. No Face, isso já é dispensável. Um amigo do amigo do meu amigo saberá do que eu disse e poderá se meter no que eu disse só pq postou um comentário na mesma frase, foto e etc que eu do nosso amigo em comum. E, de repente, minhas atualizações se enchem de comentários de gente que eu nem conheço falando sobre assuntos que não são relacionados à mim. Mas, é o preço que se paga. Se você publica algo em um espaço comum, é da conta de todos. Do contrário, não publique!
Só que a necessidade das pessoas hoje em falar, em interagir é tamanha que qualquer assunto bobo é motivo para iniciar uma conversa. Vejo esses sites como um canal de entretenimento e diversão, onde você estabelece um contato rápido porem continuo com pessoas que talvez, pela sua falta de tempo, pela distância não seria possível de outra forma. Mas, não é um canal de desabafo! Isso é função dos blogs e que, logo logo acredito eu, serão extintos também. Lá sim é um lugar particular. Não é trancado a cadeado, mas entra quem é convidado. E quem quer estar ali. Pois ali, falamos de tudo um pouco, mas subentende-se que ali é um lugar próprio para isso. E, todo mundo respeita. tem sempre um espírito de porco que vai te atazanar com comentários maldosos. Mas, na maioria quem vai lá ler os textos, muitas vezes grandes, vai porque se interessa por você e pelo que você escreve. Diferente do Face que mesmo que não me interesse saber que fulana está engarrafada no trânsito indo para o dentista sou obrigada a saber. Muito menos que a namorada ou marido de sicrano está assim ou assado na cama. Falta uma dose de noção para algumas pessoas.
Se eu pudesse, acrescentaria um ícone no Facebook: Sem noção! E a mãozinha com o dedo polegar pra cima. Ah, fala sério, cara! Tem limite pra tudo! Em vez de ficar preocupado em postar em tempo real suas ações, achando que as pessoas estão interessadas em saber de tudo que acontece na sua vida, vá viver! É bem mais útil! E ainda vai te evitar dar com a cara no poste se você anda pelas ruas com a cabeça baixa fazendo suas postagens do celular!
Não sei a frase toda e muito menos quem postou isso 1°, mas vi no mural de um amigo meu e morri de rir no dia. E, cai muito bem nessa situação de batalha existencial que travamos entre o mundo real X virtual, aí vai:
"Tenho Orkut, Facebook, Msn, Twitter, entre outros… Quando eu morrer na minha lápide vai estar escrito: Enfim, off-line".
E... como se diz na rede: Fuiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!