29 de novembro de 2014

Interestelar



Quarta à noite, véspera de feriado, me pus à frente da tv e vi um filme que como dizia minha avó, a capa é bonita, mas vamos ver o conteúdo. Fui comprada por uma mensagem subliminar, na verdade. Me identifiquei com uma mensagem passada no trailler e que eu vesti a carapuça. E quando comecei a assistir, de fato constatei que não tinha me enganado.
 
É certo que não vou entrar em pormenores, nem relatar o final, mas como geralmente o que me cativa em qualquer história é o lado humano, é nele que vou focar. O filme conta a história de um agricultor, ex piloto de testes da NASA, viúvo, pai de dois filhos, que se vê num dilema: aceitar embarcar numa missão espacial ou não. O maior desafio, porém, está na passagem do tempo. Enquanto para os filhos o tempo transcorrerá normal, hora após hora, ano após ano... para o pai, no espaço, o tempo transcorrerá mais devagar, no compasso de alguns minutos.  Num dos momentos, durante a visita a um planeta fictício, os astronautas se atrasam alguns minutos, e com isso perdem vinte e quatro anos no tempo da Terra. Para o pai, tempo precioso ao perceber que perdeu a infância dos filhos. Enquanto o filho mais velho envelhece diante da tela do computador, enviando mensagens periódicas ao pai, a filha mais nova, ressentida da partida de seu grande herói, se recusa a enviar mensagens. Até o dia em que percebe que ela e o pai estão muito mais ligados do que poderiam supôr.
Enfim, entre suspense e lágrimas, reconheci um pouquinho de minha humanidade ali. E por isso me comovi diante da história do pai que perde a linha condutora da vida de seus filhos. De afetos que se perdem pelo caminho, como se o tempo corresse diferente para cada um.
Sempre imaginamos que teremos mais tempo. Que podemos deixar para depois certas ações, que elas se concretizarão naturalmente, dentro do nosso tempo. Porém, nem sempre o nosso tempo é o tempo que está reservado para nós. E é muita pretensão acreditar que podemos prorrogar nossos passos ou adiantar nossos desejos só porque acreditamos que domamos os relógios da vida e dos acontecimentos. 
Cooper, personagem central de Interestelar, acreditava que ainda teria tempo de sair em missão e voltar para seus filhos. Acreditava que ainda poderia acompanhar a infância de seus meninos e ser um bom pai. Porém, não é o que acontece ( não, eu não estou contando o final do filme). Infelizmente, para eles é tarde demais.


É devastador descobrir que chegamos tarde demais. Que deixamos pra depois o que nunca mais poderá ser realizado. Que adiamos nossas vidas em busca do momento perfeito ou da hora ideal, sem perceber que a vida acontecia no aqui e agora; sem se dar conta que o presente era precioso demais para simplesmente ter sido adiado pra depois. 

Tanta coisa vem na frente, colocamos como prioridade como o dia-a-dia atribulado, as tarefas que se acumulam, as contas a pagar, os filhos para cuidar, o trabalho para não atrasar, a limpeza da casa e a alimentação que não pode faltar, os amigos para dar atenção, o marido ou a esposa para agradar, tudo que consome nossa energia, muitas vezes não deixam espaço para resolver aquela questão pendente, aquele problema aparentemente sem solução, aquela mágoa no coração, aquele sonho não concretizado... Quando na verdade a solução dos problemas está bem pertinhos de nós, basta despertar.
Querendo ou não, tudo gira em torno de uma balança. E definir nossas prioridades ou escolhas se torna essencial para decidir aquilo que não queremos deixar para trás ou chegar atrasados demais. Inconcebível seria chegar tarde para a infância dos filhos, para o relacionamento de nossas vidas, para as chances improrrogáveis ou momentos perfeitos que ditarão a eternidade.
Interestelar recusa a morte como recusa o fim de um tempo. Cooper, desejando salvar seus filhos _ e a humanidade _ do apocalipse que se aproxima, oferece-se para a missão _ a última chance de fazer aquilo que para ele é sua verdadeira vocação. Porém, ao perceber a velocidade com que o tempo passa para aqueles que ama, arrepende-se da empreitada e descobre que fez a escolha errada. Quer voltar, pois de nada adianta o tempo não passar para ele, se passa e leva embora aqueles que ama.
Assim, não há remédio que cure a morte de um tempo. Podemos brincar de faz de conta, mas ainda assim, temos que nos adaptar e ajustar ao que resta de nós apesar das perdas e despedidas inerentes a qualquer vida.
Interestelar é uma ficção que brinca com a ciência, mas acima de tudo fala de amor. Do sentimento que ainda move o homem e conduz suas ações.  Do que motiva alguém a buscar a escuridão _ o buraco negro _ para trazer luz à sua família. 
Recusamos a morte e queremos que o amor nos salve da vida. Buscamos a escuridão desejando que ela nos traga alguma luz. Desafiamos o tempo almejando desperdiçá-lo e guardá-lo no mesmo instante; corremos riscos para nos sentirmos seguros; nos perdemos para nos encontrarmos. Percebemos enfim que o triunfo da vida está no amor, nem sempre claro, nem sempre explícito, mas ainda assim, real.
Fui reconfortada por uma parte de mim ter sido acolhida por essa lição. Uma parte de mim que se ressente das perdas, do que o tempo levou e não traz mais, das ausências, dos hiatos que se consolidaram com a distância. Porém, ainda acreditando no amor. Nessa força poderosa que nos torna homens. Que nos torna simplesmente e poderosamente... humanos.
 




27 de novembro de 2014

Cada um sabe o que traz na bagagem





Às vezes entendemos a vida de forma "torta". Seja porque nos ensinaram assim, ou talvez porque simplesmente não compreendemos as coisas no momento em que foram ensinadas, ou ainda porque o único jeito que encontramos para lidar com aquilo foi dessa forma distorcida. O fato é que continuamos a viver assim, entendendo tudo ao contrário_ como se fosse certo_ e obtendo resultados ruins. Um dia, numa hora qualquer, percebemos os estragos de ter compreendido errado. Porque não facilitamos as coisas para ninguém, principalmente para nós mesmos.
 
É preciso entender que as pessoas têm visões diferentes da vida, dos momentos, dos acontecimentos. Porque deduzem baseadas nos primórdios do aprendizado, naquela porção interior cheia de mistérios que ainda estamos longe de compreender.

Cada um sabe o que traz na bagagem. E ninguém tem visão de Rx _como na esteira do aeroporto_ para desvendar o que vai dentro do outro. E mesmo tentando explicar, é difícil compreender.
 
Por isso, o que me deixa à flor da pele não é o mesmo que te excita, o que me faz ferver por dentro não provoca nem cócegas em você, o que não suporto é indiferente aos seus sentidos, o que você oculta é escancarado em mim. Porque somos complexos até para nós mesmos. 
 
Assimilamos distorções e colecionamos traumas, que culminam nas horas mais impróprias: um encontro inusitado, um filme bobo, um tropeção sem importância. E choramos "sem motivo", surtamos sem "razão", nos declaramos "do nada". Nessas horas você deixa vir à tona aquilo que andava guardado há muito tempo, naquele cantinho da bagagem onde colocamos pequenos pertences e grandes segredos.

Então você descobre que qualquer fato pode trazer à tona sua versão mais primitiva. E, se tiver sorte, pode consertar alguma coisa a partir daí. Porque percebe que é hora de encontrar o caminho de volta. E o caminho de volta pode lhe conduzir ao mesmo lugar de onde você partiu, mas saberá lidar melhor com a situação. Ou te levará à uma rua totalmente nova, com paisagens inéditas, como folha em branco. Mas é fundamental que encontre um caminho.

Pois a vida não parou, ela só te mostrou que ás vezes não adianta ter razão, não adianta querer muito alguma coisa, não adianta acreditar. Certas coisas simplesmente acontecem, aleatoriamente, livremente. E isso não se refere necessariamente a você. Isso faz parte de um equilíbrio universal_ talvez como folhas que caem e se renovam com a mudança das estações_ E basta estar vivo para estar sujeito ao caos.

Sobreviver é reconhecer novas chances, novos recomeços, novas possibilidades. Entender que uma janela se fecha enquanto uma porta se abre; entender principalmente que se fixar no cadeado sem chaves é perda de tempo, talvez burrice.

 Então você se dispõe a recusar o papel de vítima; e aprende a desdenhar qualquer emoção ególatra...

Finalmente você percebe que é único. E algumas questões pertencem somente a você. Exclusivamente. E, se estar à flor da pele por motivos aparentemente banais faz de você quem é, apenas aceite. Aceite e toque seu barco sem perder a fé, acreditando que todo mundo tem uma bagagem também - algumas mais leves, com rodinhas ultra deslizantes; outras pesadas, com a alça desabando...

Porém, haverá um momento_ quando você menos esperar_ que não estará tão pesado assim. Nem difícil. Estará apenas mais adaptado ao seu corpo, ao seu tamanho, às suas forças... a você.

                               

 "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."




25 de novembro de 2014

São Lourenço: um pedacinho de ordem e progresso dentro do Brasil


Enfim, as férias chegaram! E como o planejado, consegui fazer uma viagem curtinha mesmo, nada para muito longe, com o intuito de descansar. Estava precisando desacelerar, pisar no freio, desanuviar a mente e o coração. A rotina e a correria de todo o santo dia cansam demais. E fora os leões de cada dia que se tem que matar. E mais os problemas que fazem parte da vida. Chega uma hora, à beira do surto, que se não fizer uma pausa forçada, acabou-se! Portanto, eu me dei essa pausa!

Escolhi a cidade de São Lourenço em Minas porque não conhecia e sempre que vejo fotos ou ouço relatos é sobre uma cidade fofa, com moradores educados e simpáticos, além de ser ótima para descansar pela tranquilidade e uma ótima qualidade de vida pela natureza próxima. Tudo que eu precisava! Quem me conhece sabe que adoro fazer mil coisas nas viagens, passeios e afins. Mas desta vez, tal meu desânimo e cansaço eram grandes que eu necessitava apenas de um canto pra relaxar, fora desta loucura que a vida em uma cidade grande pode se tornar. Então, hotel e passagens ajeitados, malas prontas e lá vamos nós.

Confesso que achei que não eram nada aproximadamente 5 horas de viagem. Mas, ao longo do tempo com engarrafamentos e acidentes de percurso no caminho, já estava no auge da minha intolerância e impaciência dentro do ônibus. Mas, mantinha a minha cabeça focada em um lugar sossegado e que não via a hora de chegar. Por fim, após sair à 13h e chegar lá pelas 19h estava morta e com a bunda doendo de tanto ficar sentada. Precisava de um banho e comida. A única coisa que consegui ver mais ou menos foi o portal da cidade. Uma graça!  E sentir o clima, já com a temperatura caindo junto com a noite. 

Ao chegar no hotel fomos muito bem recebidos pelos donos japoneses que tinham um sotaque de mistos oriental, mineiro e carioca (pois haviam morado algum tempo no Rio). Um samba meio doido mas que dava pra levar. Fomos levadas eu e minha mãe às nossas acomodações simples porém tudo ajeitadinho e limpinho. Fomos informadas que em 15 minutos seria servido o jantar (lá a maioria dos hotéis tem a pensão completa embutida nas diárias, o que torna mais em conta também), o que eu dei Graças a Deus! O dia não estava sendo um dos melhores por conta de alguns acontecimentos no Rio que eu tinha tido conhecimento, mas eu começava a me sentir um pouco melhor quando comecei a sentir outra atmosfera me envolvendo, novos ares. 

Tomamos uma banho numa ducha ótima e seguimos para o restaurante. Toda a decoração do lugar era de temática japonesa misturando estilo rústico de cidade do interior. Me assustei ao constatar que apenas nó estávamos jantando no local. Mas para uma segunda-feira fora do mês de férias tradicional, realmente eu não poderia esperar muito. A comida veio farta de opções e quantidade, um gostinho saboroso caseiro me levou por alguns minutos de volta aos tempos de comidinha da vó (fiz essa viagem por uma semana em todas as refeições). Estava faminta e a comidinha gostosa contribuiu para eu me enfastiar a tal ponto de recusar a sobremesa de doces caseiros que são os que mais gosto. Após o jantar, fomos pegar uma fresca na varanda. Eu achei que seria uma fresca, mas tive que me render ao casaquinho, pois era notável agora o clima mais frio e ao mesmo tempo aconchegante. Mas o cansaço físico e mental venceram e por mais que deitar numa rede após o jantar fosse bem gostoso, meu corpo pedia cama e sono. O dia seguinte prometia ser melhor. E mais descansada estaria mais disposta a olhar com bons olhos esta cidadezinha que já me cativava pelo pouquíssimo que conhecia. 

No dia seguinte tinha mais gente para o café. Todos muito educados fizeram questão de nos oferecer seus "bom dia". Coisa não muito comum para quem vive numa cidade grande onde cada pessoa parece viver dentro de uma bolha eterna, impenetrável! Após estarmos devidamente alimentadas, seguimos para o Parque das Águas, tradicional parque na cidade que contém as fontes de águas naturais com propriedades medicinais, apadrinhadas pela Nestlé. Além de ser um excelente local para práticas de exercícios e lazer no estilo relaxar. Ao comprar o ingresso, primeiro fiquei boba com o preço. Pra quem está acostumada com os preços exorbitantes do Rio, onde todos querem lucrar em cima de você. Segundo, um ótimo incentivo para a visitação no parque era comprar um ingresso e este poder ser usado até duas vezes no mesmo dia. Caso fosse caminhar pela manhã e tivesse interesse em voltar à tarde, não precisaria desembolsar novamente a quantia. Começava aí a perceber uma cidade que visava incentivar seus cidadãos a participarem de seus propósitos, quais quer que fossem eles. 

Já na entrada o parque dá ideia de sua beleza. Com flores por todos os cantos, banquinhos de madeira ou de troncos de árvores, um verde imensurável e a perder de vista. Meus pulmões começaram a se abrir para um ar 90% puro (sim, porque como em toda e qualquer cidade povoada, existe a poluição). Nos pusemos a caminhar, e a cada passo mais estava eu encantada não só pela preservação do lugar como pela limpeza total e completa. O máximo que se via no chão eram folhas, e que eram varridas a toda hora. E mais algumas placas de instruções de condutas aos visitantes eram vistas pelo parque e por incrível que pareça, eram atendidas. Como usar a coleta seletiva, não pisar na grama, não alimentar animais, não se lavar nas fontes e etc. Olhando em volta, percebi que a maioria era morador local e que fazia uso do parque para caminhadas ou práticas de outras atividades esportivas que tinham lá. Realmente, lugar mais propício não há. Uma linda manhã ensolarada se apresentava para mim por entre árvores, flores e lagos. Estava eu no paraíso? Depois de algumas horas de caminhadas pelo parque, com direito a fotos e algumas provas de águas das fontes (podem fazer bem, mas o gosto não é lá essas coisas não!), voltei para o hotel. Mas tinha certeza de que eram certas as idas ao parque por duas vezes ao dia. Pena que não poderiam ser três!

Depois do almoço fomos desbravar a cidade. Passamos de táxi vindo da rodoviária por algumas ruas ontem, mas o cansaço era tanto que me impediu de reparar melhor. Só o suficiente para perceber que o comércio local era grande e com grandes marcas. E que em nada se parecia com comércio de cidadezinha. Era expansivo. E olhando os preços nas vitrines, quase desmaiei, tudo barato! Barato mesmo! Não eram liquidação ou promoção para turista. Roupas então... o que custa uma aqui no Rio dava para comprar umas três, lá. E era vestuário, alimentação, móveis e artigos de decoração, artesanato, eletroeletrônicos e domésticos. Tudo era absurdamente mais em conta lá. E novamente, atentei para a limpeza da cidade. Só que agora eu percebia que não era só o chão que não tinha sujeira, nem guimbas, chicletes e panfletos. Não tinha nenhum tipo de publicidade que pudesse contribuir para a poluição visual da cidade. Não tinham cartazes colados por todos os cantos e panfletos jogados ao chão. Também não tinha poluição sonora, nenhum carro berrando nenhuma música ou fazendo anúncios chatos. Achei fenomenal! Andando mais um pouco, vi que algumas placas eletrônicas espalhadas pela cidade continham dizeres do que era terminantemente proibido. E inacreditavelmente, atendido prontamente pelos moradores e turistas. Aliás, mais pelos moradores que tinham satisfação e orgulho de contribuir com a cidade onde moram. Aos turistas além da vergonha de suas cidades serem do jeito que são, não resta outra alternativa a não ser entrar na roda, pois você sente-se até mal fazendo algo impróprio em um lugar assim onde quase não há desvio de conduta e caráter. As placas de sinalização de trânsito são obedecidas (onde pode parar, por quanto tempo, se é contramão, o limite de velocidade, a preferencial). Minha maior surpresa foi constatar, depois de procurar que não existia sinal para atravessar a rua. Observamos os "nativos" rs e vimos que eles paravam na faixa que geralmente eram um pouco mais altas como um quebra molas, só que menor. Ao menor sinal de pedestres querendo atravessar, os carros paravam, prontamente. Sem buzinas e reclamações. Sem xingamentos e o carro ficar naquele arranque querendo passar por cima. Nada! E se os carros te avistavam e você ficava na dúvida se podia atravessar ou não, ele mesmo buzinava para você apontando que poderia atravessar sossegadamente. Gente, quanta evolução! Fiquei pasma. Pra mim esse tipo de coisa só existia lá fora do Brasil ou em cidades com outra colonização só que muito maior como o Sul (eu não conheço pessoalmente, mas tenho relatos de gente que já foi pra lá e diz que é assim). E depois deste banho de cidadania e civilidade, ainda vem turista de grandes cidades querer tirar onda com a cara dos "caipiras" de cidade pequena? É ruim, hein? Se eu ver algo do tipo ainda dou lição de moral no espertalhão! Somos soberbos demais com noção limitada de nossas obrigações e capacidades enquanto cidadãos.

Eles podem não ter nossos arranha-céus, nossa tecnologia, nosso desenvolvimento acelerado, mas os atrasados somo nós. Eles, em matéria de organização, cumprimento de normas e leis, obrigatoriedade, e participação do cidadão com seus papéis cumpridos na sociedade dão um banho em nós. Tudo bem que a população local é pequena, bem mais fácil de controlar, de vigiar. Mas eu entendo que mesmo tendo cinco pessoas num lugar, se alguém quer tumultuar e tornar caótico, basta fazer, E se outros quiserem seguir o exemplo, vão seguir. Não há nada que os impeça de "badernar" (Gostaram? Acabei de inventar! Rs). Mas em São Lourenço não. Cada indivíduo zela por outro e juntos, zelam por um todo. Foi mais ou menos assim que entendi a coisa toda. A cidade investiu pesado no turismo, mas ao mesmo tempo, para não se perder em crescimento desordenado, investiu pesado na conscientização de seus moradores. Quer maior exemplo do que as próprias pessoas que moram na cidade cuidar dela? E outros pontos eu percebi também. Quase não existem animais abandonados nas ruas. O que também é crime abandonar animais. E os poucos que têm são cuidados pelos restaurantes e locais de alimentação. Não são um estorvo e sim faz parte cuidar. Também quase não existem moradores de rua. E os poucos que tem são cuidados por igrejas e instituições. Que recebem mensalmente contribuições da prefeitura e dos moradores. Que além da contribuição financeira fazem questão de ajudar com doações de vestuários e alimentação, assim como remédios e quaisquer outros tipos de necessidades.

E não parou por aí... os dias se seguiram e além de caminhar no parque e conhecer um pouco da cidade andando pelas ruas, visitamos o artesanato local, a Maria Fumaça de 1914. Na estação, foram gravadas as cenas de Chocolate com Pimenta (algumas). O passeio é muito agradável, com música, degustação de queijos, vinhos e cachaça artesanal. Passeamos de charrete e eu juro que só em fazenda vi cavalos tão bonitos e bem cuidados assim. Os trabalhadores, digamos assim, não visam só o lucro com os passeios. Eles entendem e respeitam que o animal necessita de repouso à sobra com água fresca e trabalha um determinado n° de horas por dia/semana. Passado disso, é exploração. Aliás, como a charrete, além de entretenimento é um meio de transporte quase equiparado com táxi, tem placa e leis de uso e condução. Já viu isso? E o local onde elas ficam estacionadas é regularmente limpo, diversas vezes por dia pelos donos. Deixando assim a rua limpa. E por falar em limpeza (mai do que já falei até agora) fiquei boba com o n° de coletas seletivas espalhadas pela cidade. E também com o acondicionamento do lixo que é retirado igualmente aqui com dias e horários estipulados. Não fica um monte de lixo acumulado num lugar, é multa na certa. Além disso, uma cota vem anexada a conta de água e esgoto para o lixo. E sobre a coleta seletiva, quanto mais se faz, ainda se ganha para isso. A cota do lixo pode ser abaixada cada vez que constatada a eficiência da coleta seletiva no endereço. Ajudando o ambiente e o bolso junto. 

Sobre as pessoas, o que falar? Totalmente cordiais e hospitaleiras, simpáticas e educadas. Todos, sem exceção! Fizemos amizade com uma vendedora de anéis com quem ficamos horas a fio batendo papo. E com a atendente da Vó Bisa de laticínios onde por sinal, estão os melhores queijos e doces em compota que existe. Ah, e experimentei o famoso pão com linguiça mineiro. Que delícia! Mas claro que para alguém que não está acostumada com linguiça picante, toma-lê água depois rs. Ficamos amigos da vendedora da loja de chocolates artesanais. Delicinha também. E do dono da cervejaria onde fomos na última noite, provar as deliciosas cervejas artesanais. E olha que eu nem sou chegada a... Mas tinha uma lá a Ouro Pretana, tão levinhaaaaaa. Trouxe pra casa rs! O menino da charrete também ficou nosso amigo e passou a nos levar pra cima e pra baixo quando as pernas já não aguentavam mais ir e voltar do hotel, mesmo sendo perto do centro, depois de andar por duas vezes no parque todos os dias. E não posso esquecer do taxista que ficou nosso amigo e nos deu boas dicas na cidade. Sem falar de todo o pessoal do hotel, donos e funcionários, sempre solícitos, simpáticos. Realmente, foram 6 dias em que me senti quase em casa. E gostei tanto da cidade que moraria lá rs. Aliás, penso nisso um dia. mais velha, em reduzir a velocidade, ir pra um lugar mais calmo, visando melhor qualidade de vida. 

Fiquei mal acostumada e quando cheguei no Rio foram o trânsito, são notícias de assaltos e violência, esse povo mal educado e desordeiro. Essa gente que quer se dar bem às custas dos outros. Ninguém liga pra nada. Esse ritmo que não para. Outra coisa que eu reparei lá é que apesar de antenados e conectados e online, as pessoas não vivem cada qual com seus narizes enfiados nos aparelhos e alheios para a vida, sabe? Apesar disso, eles vivem. E tem tempo pra tudo. E o tempo rende, olha só! E a ida caminha num ritmo mesmos acelerado e mais prazeroso. As pessoas se curtem, curtem a cia, curtem o papo, curtem o olho no olho, aquele cumprimento bobo de todos os dias. E nesse ritmo a vida lá flui, calmamente e com tranquilidade na medida que dá. Até os alunos, podem crer, são diferentes lá. Adolescente é bagunceiro e criança é arteira em todo lugar. Mas até zona deles é organizada rs. Não parece que tá tendo um arrastão ou geral correndo de uma manada de elefantes na saída da escola. também não se ouve xingamentos mil. E olha que o hotel ficava quase ao lado de uma escola pública e por uma semana vi a entrada e a saída da escola, sempre seguida de agitação, mas com limites. 

Ah, não sei nem dizer do que mais sinto falta até hoje. Se do povo acolhedor, da cidade ordeira, de uma vida mais tranquila e que flui com leveza, se das caminhadas no parque que com a natureza e o silêncio me deixavam mais perto de Deus, se da felicidade simples e genuína ou se de tudo junto! E é claro, das pessoas pronunciando o meu nome carregado nos "erres". Aliás, ô sutaquezinho fácil de pegar, gostoso de falar e quando eu menos dou por conta, lá estou eu falando com erres e adjacências rs. Pois é, dizem que é assim né? Tem coisas que a gente sai delas, mas elas não saem da gente. Acho que esses dias lá são mais ou menos assim. Vai ser difícil de tirar de mim tanta coisa boa. E que um dia eu possa voltar lá novamente...

E de simples férias, tirei os melhores dias do meu ano!

9 de novembro de 2014

Olhando pra dentro de mim!


Nos últimos dias o mundo lá fora tem passado 'batido' pra mim. Estou ocupada demais olhando pra dentro. Tenho sido dura comigo: ando me dizendo verdades que ninguém tem coragem de dizer (e eu nem aceitaria que dissessem), reconhecendo derrotas, aceitando que muitas coisas chegaram ao fim mesmo contra a minha vontade, e tirando da minha vida quem não me acrescenta, pelo contrário: me diminui. Também tenho me esforçado pra lembrar das tantas vezes que tentei e consegui. Do quão capaz eu era de 'me virar' sozinha, de transformar angústias em aprendizado, de dar a volta por cima quando muita gente no meu lugar teria ficado pelo caminho lamentando, chorando os não's da vida.


Nada foi muito fácil pra mim. Travei batalhas com a vida que teriam derrubado muita gente metida a valente. (Por onde anda aquela moça que acreditava em si mesma?) Encarei ausências de pessoas que são essenciais ao nosso crescimento, fui muitas vezes meu próprio colo, meu próprio ombro. Chorei sozinha quando não consegui corresponder às expectativas de pessoas que diziam 'só querer o meu melhor'.

Nunca fui boa pra seguir padrões: quebrei muitas regras e parti a cara e o coração muitas vezes também. Mas eu mesma juntei os cacos e recomecei. Senti vontade de abrir mão de mim, até me abandonei por algum tempo. Não conseguia me imaginar vivendo um futuro feliz e olhar pra trás me doía: só me restava a desistência. Cansei de ouvir que eu precisava 'esquecer, dar um jeito, me sentir melhor, superar, me ajudar', mas a cada palavra de quem exigia de mim o que eu (achava que) não conseguiria alcançar, eu sentia mais vontade desumir do mundo.Hoje eu assumo a culpa por quase  tudo que sofri. Tantas vezes deixei que me magoassem (mesmo que inconscientemente) pra me castigar, pra poder me vitimizar, pra sentir pena de mim mesma. Mas também me perdoo. Passou, não vai voltar, e ficar remoendo mágoas, carregando culpas, arrastando corrente pelo que não pode ser mudado não ajuda, só pesa, aperta o peito, me faz me sentir menor.

Resolvi deixar o passado passar e aceitar que sou o que sou por causa dos tombos, dos tropeços, das lágrimas, das derrotas, mas também por causa de todas (muitas) as vezes que eu poderia ter desistido e segui em frente e enfrentei meus medos. Sou a soma dos fracassos, das conquistas e de uma fé em mim que eu não sei de onde vinha. O fato é que tem muita vida pela frente e pra lá que eu vou olhar. 

Porque a maturidade me ensinou que o primeiro passo é o começo de tudo que pode ser bonito, é só levantar e caminhar.



8 de novembro de 2014

Um dia sempre pesaroso...





Uma manhã de silêncio, muita saudade no peito e inúmeras lembranças! O tempo ameniza a dor, mas aumenta a saudade! Uma vida inteira ao seu lado ainda é pouco para descrever a mulher, mãe, avó, amiga maravilhosa que você sempre foi. Além de paciente, carinhosa, engraçada e com uma sabedoria imensa. Há 4 anos o céu é sua morada. Embora eu fique um pouco saudosa às vezes, (tento não ficar triste pois você detestava tristeza) por não ter você aqui ao meu lado, conforta saber que de você sempre tive o melhor e que te amei em vida tanto quanto te amo agora. Tenho certeza que um dia nós vamos nos reencontrar. Enquanto isso, não me restam dúvidas de que você segue aí de cima me guiando, iluminando e protegendo meus passos e meus caminhos. Acalmando, confortando e serenando o meu coração como sempre fazia. Além de me dar suas broncas, que pode acreditar, eu até hoje escuto daqui rs. Minha eterna anjinha da guarda. Meu eterno amor e devoção à uma pessoa incrível. Obrigada por tantos momentos únicos e especiais que vou carregar eternamente comigo! Tantos ensinamentos e amor.


Te amo vó! Fique sempre com Deus.

7 de novembro de 2014

Pisando no freio...


Um grande desafio, inclusive para mim. Nós que vivemos neste mundo 100% on, plugados, conectados, multi, necessitamos reduzir, acalmar, desligar. Olhar e ver, escutar e ouvir, prestar mais atenção no mundo à nossa volta e perceber que a vida é mais que a agitação e a rotina atribulada. Pisar no freio é necessário para simplesmente viver a simplicidade, aproveitar os momentos e os pequenos prazeres da vida que é disso que precisamos para ser feliz. 


"Aí a moça se pega preocupada com o dia que mal começou. 
E corre pra lá e pra cá, pra dar tempo de cumprir todas as obrigações. 
E não para um pouquinho pra olhar o céu, sentir o cheirinho de café ou dar um sorriso pro vizinho. 
E nunca foge dessa correria, e dessas responsabilidades sem fim, pra ouvir o barulho do mar, molhar os pés e afundá-los na areia. 
Aí a moça esbarra em milhares de impossibilidades, e reclama, e acumula preocupações. 
E continua sem lembrar que no fim do dia, ela pode deitar no sofá, e ouvir aquela música que resgata a 'moça que acreditava'. 
E esquecer os problemas, lendo Caio e Clarice, e abrindo os olhos pra ver que a vida pode ser bonita, quando a gente a enxerga com olhos de poesia".



5 de novembro de 2014

Tempos de intolerância, falta de amor, paz e fé





Vivemos tempos de intolerância! Intolerância racial, religiosa, sexual, política, moral, de valores, com a vida e o mundo. Nunca em tempo algum exerceu-se tanto o direito de expressão de opiniões, calçadas pela tal liberdade de expressão, tão difícil de ser conquista. Porém, uma vez adquirida, sua força se faz presente, mas o bom senso e o discernimento com que deve ser usada está sendo esquecido.

Já dizia um velho ditado: "seu direito acaba quando começa o do outro". E assim, através desta máxima, ensinava-se a respeitar não só os direitos, que devem ser iguais para todos, mas o limite até onde se deve/pode ir com ações e palavras. Recentemente, as eleições culminaram na maior crise comportamental das redes sociais, arrisco-me a dizer. Em tempos em que o cidadão tem voz ativa para se expressar e fazer parte da história, atuando ativamente no cenário sociopolítico e do cotidiano, com assuntos dos triviais aos mais sérios com decisões sobre o país. Porém, mais do que apenas expressar suas opiniões embasadas em achismos ou ideologias mil, veio uma raiva e uma intolerância nunca antes vista nas redes sociais, criado inicialmente com o intuito de socializar pessoas, compartilhar ideias, trocar informações e experiências e com um certo cunho de entretenimento.

Cada um usa a sua página da forma como bem entender, sendo assim pode ter conteúdo tanto positivo como negativo. E ainda se fazendo do direito de postar e falar sobre o que bem entender, da forma que quiser, sem conseguir ou sem querer mesmo segurar um pouco os ânimos exaltados após discordância de opiniões, não foram poucos os xingamentos e desentendimentos que a "política" gerou. Sem freios e bom senso, à torto e à direito ataques voavam pelas páginas aos que se opunham a uma determinada ideia, que sempre era tida como certa. E quando a verdade absoluta não era bem aceita por alguns, pronto, começava o auê. Amizades foram desfeitas, famílias e amigos rompiam relações, casais brigavam, pessoas que mal se conheciam começavam um confronto na "timeline" do amigo em comum. E as pessoas, de um modo geral foram tomadas por uma raiva sob o nome de inconformismo.

Eu mesma comecei a postar ideias e opiniões minhas a cerca de políticos, suas campanhas, debates ou o cenário atual. Criticava ou defendia, questionava algumas questões intrigantes para mim. Gosto de política e acho importante o cidadão se inteirar e fazer parte ativamente das decisões que recaem sobre todos em seu país. Alguns concordavam, outros discordavam, rolavam alguns debates e até aí, normal. Todo e qualquer assunto que se levante vão ter pessoas contras e à favor e os isentos. Ou porque não acham nada ou porque não querem debater. Sempre foi assim. O problema foi que passou-se a não ter respeito pelo direito do outro discordar, ter uma opinião contrária às outras. Então, para evitar problemas, parei! Já estava presenciando debates bem acalorados digamos assim na minha página. Resolvi cortar o mal pela raiz. Mas não sem antes me sentir indignada com pessoas que não acatam o direito que cada um tem de ter sua opinião que é formulada ao longo de anos por diversos fatores. Acho completamente ridículo quem grita e escreve mais amor por favor e na hora de ter amor em suas ações só descarrega o oposto. Onde foi parar o respeito? Até posso entender que muita gente fique revoltada porque terá que conviver com as escolhas de terceiros, as quais consideram erradas. Mas vivemos numa democracia, onde ganha a maioria. E aí, quando a gente acha que esse "mimimi" todo vai acabar, os desentendimentos mil porque cada um defende com unhas e dentes seu candidato e partido e o porque ele é o melhor e em contrapartida mete o pau no coleguinha que pensa diferente, o resultado das eleições culminou num embate ainda maior. E eu que achei que não era possível! Agora, depois de tudo que já tinha acontecido de caótico, vinham as mesmas pessoas que atacavam o candidato e seu defensor, agredir (verbalmente até então) e o culpar pela escolha que ele acha "de merda" (o termo melhor que posso usar aqui diante de tudo que li). E o blá blá blá ganhou mais força do que antes e as pessoas se esqueceram que assim como tudo na vida, um perde e o outro ganha. Conclusão, o assunto política ainda rende na internet, com alguns ataques direcionados ou a ermo. E muita gente que nem eu simplesmente cansou! Porque de uma atitude que poderia ser positiva e render uma discussão saudável com exposições de pontos de vista e embasamento histórico, político, seja lá o que for, virou além da maior chatice, uma tremenda dor de cabeça. E nós, que nos excluímos dessa doideira toda, agora somos taxados de alienados, de pessoas que não ligam para a situação do país, que estamos nem aí para tudo que está acontecendo. Errado meu amigo que pensa assim. Apenas é difícil tentar explicar para quem não está disposto a entender. E sendo assim, parei minhas manifestações e nunca rezei tanto para passar essa fase.

Mas, não posso deixar de ver que esse momento serviu para que víssemos duas coisas. A primeira é que não existe mais cidadão passivo. E muito menos manipulado. Todo mundo sabe de tudo, têm suas próprias opiniões e ideias. Ninguém compra pura e simplesmente mais a informação que é plantada. As pessoas estão tendo cada vez mais acesso à informação e a facilidade de se ter internet ao alcance das mãos facilita quase toda a população, independente de escolaridade e classe social à uma inclusão não só digital, mas social. Pode-se manifestar em vários canais e mídias. Ao se expressar o cidadão se vê como parte. E  a segunda, o povo ganha força e poder com a voz ativa. Só falta bom senso para saber lidar com essa nova aquisição social. E um povo que tem defasagem em diversos campos, principalmente na educação escolar e de casa, não é de se esperar que não se tenha postura adequada para ganhar voz ativa e saber usar com sabedoria. De forma certa, é uma grande arma que a população tem em suas mãos. Porque quem tem conhecimento, tem poder. Infelizmente, ainda é pouca a parcela da sociedade que tem acesso, entendimento e discernimento para usar da melhor maneira possível essa ferramenta à seu favor. Poderíamos ajudar a construir a história. Fazer um país melhor. Criar e divulgar ideias inovadoras e que ajudassem. Disseminar iniciativas sócio, político-econômica em prol de nós mesmos. Só que em vez de coletividade, nunca se produziu mais individualidade. Criou-se a geração "donos da razão!" e é só o que importa, estar certo aos olhos de todos. Nos posts cômicos da internet, fala-se que este momento dividiu o Brasil. O Brasil já era dividido. Só que hoje, com o que se pensa e o que se faz às claras pois nada mais escapa do BBB real da vida, essa divisão está escancarada. E não é só uma divisão política e nem econômica, social, racial e religiosa não. É algo que vai até mais fundo, que antes as pessoas tinham medo de expor, e hoje apesar de ser feito e de campanhas mil contra isso, a barreira do preconceito aliado a falta de valores de uma sociedade, gera intolerância, hipocrisia e falso moralismo.

O estopim para muita coisa foi o momento político. Mas briga-se por tudo. Há duplas, quiçá quíntuplas interpretações acerca do que é postado. Tudo vira tempestade em copo d'água. Ando ficando cansada de tantos questionamentos, polêmicas, verdades absolutas, donos da razão, defensores da moral e dos bons costumes e da integridade de valores em tempo integral quando, muitas vezes, apenas faz-se um comentário ou posta-se algo desprendido de tudo isso que acaba gerando. Todo mundo sempre sabe de tudo e todo mundo se ofende com tudo. Um treco simples acaba tomando proporções gigantescas sem ser pra tanto. E o povo anda com os nervos à flor da pele, tudo se exalta, briga, pensar diferente é desrespeito. Tô vendo amizades serem desfeitas por política, futebol, religião, final de novela. Por achar que o outro tem que pensar e agir como acha que tem que ser, seja com filhos, com animais, com a própria postura. Menos, minha gente! É para interagir e socializar, trocar experiências e não criar tantas discordâncias assim. Vejo tanta coisa absurda... A vida já é tão difícil, não precisamos tornar uma convivência prazerosa, mesmo que virtual, numa chateação constante. Já temos demais, não?! Todo mundo sabe de tudo. Todo mundo tem resposta pra tudo. Críticas, censuras, lição de moral. São tão eficientes quando se trata de apontar o dedo para as faltas e falhas do outro. O erro alheio é sempre condenável. Mas que ironia, quando se trata de si mesmo, além de não usar consigo a missa a metade do que fala para os outros, é incapaz de olhar para si e se reconhecer igualmente humano, com erros e acertos, e que isso não necessariamente diz quem você é. O conjunto de ações e valores e principalmente a essência é o que nos define. Ou aceita um simples fato: nem pior e nem melhor, apenas diferente! Opinião, achismo e convicções, cada um tem o direito de ter a sua! O respeito seria a melhor maneira para lidar com tudo. E uma coisa tão fácil, se colocar no lugar do outro. Não fazendo assim o que não gostaria que fizesse com você. Não tem erro! Mas é só o que eu penso...

E penso ainda, acima de tudo que se queremos um país melhor, nós temos que construir um país melhor. Não adianta cobramos de nossos governantes se a gente não mudar a nossa postura. E continuamos com o famoso jeitinho brasileiro para nos beneficiar sempre. E depois vamos às ruas gritar não à corrupção e etc. E eu também acho que todo esse engajamento político, social deveria ser sempre e não somente em momentos ícones para o país. Se certos assuntos fossem debatidos constantemente e as pessoas fossem acostumadas aos debates, ficaria mais fácil de lidar pois não estariam indignados com mil coisas entaladas na garganta que saem cuspidas sem importar a quem irá atingir. E no mundo em que vivemos hoje com falta de paz e amor, pessoas boas e boas ações, fica realmente difícil ter bons sentimentos e carregar para a vida. Andamos descrentes de tudo, principalmente de fé. E passamos a reproduzir para o mundo o que vivemos nos dia a dia. Nos tornemos pessoas melhores, façamos o melhor para cobrar o melhor. Educamos principalmente com exemplos. E bons exemplos, é disso que essas crianças que já nascem perdidas para a vida precisam, além de uma mão estendida e de um caminho que se aponte. Não adianta esquecer de olhar para nós mesmos. É a partir de nós que o mundo se forma. E que as coisas acontecem. O mundo evolui se a gente evoluir espiritualmente e como pessoas. E quando tivermos moral para apontar, cobrar e falar, aí sim podemos exigir. Enquanto isso, com passos pequenos e pensamento grande, a gente chega lá se quiser, com uma pitada de amor e uma porção bem generosa de fé. Pois a batalha só está perdida quando desistimos. E se valeu a pena criar um rebu danado por causa de 0,20 centavos (e não foi só por causa de 0,20) porque não causar um rebu maior, mas de maneira inteligente e organizada para realmente termos ordem e progresso e orgulho da nossa pátria amada Brasil?!

E que venha o natal, de repente o espírito dele consegue apaziguar a língua e os corações das pessoas. Na Leader ele já chegou e na Lagoa Rodrigo de Freitas também. 


4 de novembro de 2014

A vida ensina que...


E com o tempo a gente aprende e chega a certas conclusões na vida, por bem ou por mal.
Hoje, não abro mão do que eu sou pra conquistar alguém.
Prefiro "perder" o outro a me perder de mim.
Prefiro não ser amada a ser amada pelo que eu não sou.
Tentar corresponder às expectativas que o outro tem a meu respeito é um jeito bem solitário de "ser" de alguém.
Amar o que eu espero que o outro se torne e não o que ele realmente é, é um jeito bem vazio de "ter" alguém: não vai durar.
E aí vai doer em dobro: pelo distanciamento de mim mesma, e pela chance desperdiçada de ser amada do jeito que realmente sou.
Eu quero um amor que fique quando eu estiver sem máscaras, desarmada da necessidade de agradar quem quer que seja. Fora de todos os padrões impostos por quem vive mais de parecer do que ser.
Quem me afasta de mim não merece me ter por perto.
Porque ser sozinho, às vezes, pode ser triste, mas se perder de si mesmo é a pior solidão que existe.