Pra quem me conhece não deve ser novidade saber que eu adoro a cronista e escritora Marta Medeiros. Sempre leio suas colunas semanais no jornal e outros textos em seu blog. Esta semana, me emocionei ao ler o texto de título “Sons que confortam”. Nele, Marta fala sobre sons que nos marcam, mais sentimentalmente do que pela sua sonoridade. E para cada som tem um sentimento específico que carregamos com um significado todo especial, seja ele bom ou ruim. À medida que ia lendo, fui tentando resgatar nas lembranças sons que me marcaram ao longo da minha vida e que pelo acúmulo de acontecimentos acabaram ficando esquecidos nas gavetas do tempo. Incrivelmente, um a um foi saltando da minha mente para os meus ouvidos e então, fui percebendo o que ela, a escritora, de repente desejava causar com este texto. Engraçado que às vezes nós escrevemos certas coisas e não imaginamos as reações que vão causar naqueles que leem. Estamos nos guiando em nossos sentimentos para escrever. Achei tão bonito que resolvi transcrever e dividir ele com vocês.
Sons que confortam
Eram quatro horas da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. Só estavam os 3 em casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de 12 anos. Chamaram o médico da família. E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele quem conta, hoje, adulto: “Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio”. Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro de médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma hora que li este relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais aliviante para os pais que possuem adolescentes baladeiros: o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou. E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu. Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a aeronave já se encontra em solo, e o embarque será feito dentro de poucos minutos. O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar. O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante. O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama. Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto assim. O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza. O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular. A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalho. O sinal da hora do recreio. A música de que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume. O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos. O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar. E, em tempo de irritantes vuvuzelas, o som mais raro de todos: o silêncio absoluto!
E, passando a bola para mim agora, tirando as citações dos sons acima que concordo plenamente e inclusive já vivi algumas situações, tenho alguns sons que gostaria de comentar. O som das ondas do mar quebrando na areia, no final de tarde com o sol de pondo. O som do celular despertando bem cedinho avisando a hora de levantar para o trabalho e você num soninho tão bom. O som da respiração da pessoa que você ama dormindo ao lado te trazendo segurança e tranquilidade. O som do carro de seus pais embicando na garagem depois de um dia de trabalho longe. O som da sapatilha batendo na madeira quando você tenta mais e mais. O som do latido dos cachorros quando os donos chegam em casa. O som de alegria das crianças, que quando não estão em casa deixam tudo muito triste. O som de vida que pulsa quando a cidade está acordada e cheia de segunda a sexta. E em tempos de Copa, o som de todos os brasileiros se unificando numa só palavra: o grito de GOL!!!!
Beijosssssssssssssssssssss
Um comentário:
QUE TEXTO, PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!
NÃO CONHECIA O SEU BLOG.
ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.
TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:
“HUMOR EM TEXTO”.
A CRÔNICA DESTA SEMANA É SOBRE UM TEMA QUE DESPERTA CONTROVÉRSIAS E MUITA SENSUALIDADE..
SE PUDER, CONFIRA E SE QUISER COMENTE, POIS LÁ O MAIS IMPORTANTE É O SEU COMENTÁRIO.
UM ABRAÇÃO CARIOCA!
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