Hoje pela manhã, vi no noticiário o massacre que aconteceu numa escola municipal, em Realengo, zona oeste do Rio. O atirador teria entrado no colégio dizendo querer dar uma palestra e, como era ex-aluno, teve sua entrada permitida. Quando estava lá dentro, sacou duas armas e começou a atirar nas crianças presentes, sem dó nem piedade. A intenção, claramente era de matar, já que os tiros eram direcionados para a cabeça e o coração das vítimas. 11 crianças foram mortas e 13 foram feridas. 4 delas permanecem em estado grave. Após a chegada de um policial no colégio, o atirador se matou.
Uma história aterrorizante. Pelo fato de envolver crianças e pelo fato da intenção de matar do atirador. Por que uma escola? Por que ele simplesmente não saiu atirando pelas ruas da cidade? E por que não apenas acabou com a vida dele se era o que ele pretendia mas sem levar ninguém com ele? Mesmo com uma carta deixada pelo assassino que apresenta a intenção de matar e a premeditação de uma chacina, as perguntas ainda continuam sem resposta. Especula-se que o homicida teria HIV e sofria de problemas psicológicos. Mas, por que então estaria livre, leve e solto se apresentava riscos à sociedade? Mais uma pergunta para a qual não se tem resposta...
Mas o que emociona ainda é a reação das pessoas, envolvidas na situação, ligadas direta e indiretamente ao caso. Acostumados a conviver com a violência, a barbárie e a degradação humana, infelizmente, chegamos a nos acostumar com esses atos que não nos aterrorizam mais. Por falta do hábito, acabamos por banalizar os acontecimentos e já nem sentimos mais o peso das consequências deles. Nascemos, crescemos e somos educados para viver em eterno estado de alerta. Conforme o tempo vai passando, sentimos que nossas emoções, nossa sensibilidade vai ganhando uma casca dura mesmo que involuntária.
No trabalho do meu marido, segundo ele me contou, uma gráfica de livros espíritas, a comoção das pessoas chegou a tal ponto que fizeram 1 minuto de silencia em homenagem às vítimas da chacina e fizeram uma oração por elas. Pode parecer um ato que nada vai mudar a situação, mas a condescendência das pessoas com a história e o sentimento das famílias, professores e alunos envolvidos mostra que ainda podemos e devemos acreditar na humanidade. Ainda resta uma esperança para uma sociedade desesperançosa de mudanças. Ainda restam bons sentimentos naquelas pessoas que diariamente convivem com os maus sentimentos e o lado ruim da marginalidade, dos crimes e da impunidade. Vale a pena apostar na solidariedade. Nesse momento, percebi que independente de religião, lá no seu íntimo, muitas pessoas sentidas deveriam estar fazendo o mesmo. E eu, o que eu estava fazendo naquela hora. Correndo, como de costume, fazendo meu trabalho, ou seja, levando minha vidinha como se o que tivesse acontecido fosse nada porque em nada iria afetar minha vida. “A vida não para...” é o que todos nós pensamos. E não vai parar mesmo, se a gente parar 1 segundo que seja para pensar no próximo. Não, não fiquei indiferente a situação. Minha revolta era tanta que estava desejando até que a família inteira desse homicida fosse morta também, para só assim, tentar fazer alguma ponta de justiça para aqueles que perderam seus filhos ou entes queridos. Não é algo que iria amenizar a dor, nem justiçar o que já havia sido feito, mas apenas pela certeza de que alguém tem que pagar pelo que ele fez ou permitiu que ele fizesse. Mas e eu? O que pessoalmente eu fiz ou contribui para a corrente de fé, esperança, paz e lamentos? Nada! Eu senti, mas não reagi. Assim, como todos os dias quando abro as páginas do jornal, assisto à televisão ou ouço uma conversa que fala de tiroteio e mortes, assalto e mortes, acidentes e mortes, impaciência e morte, sem explicações e morte. Tudo envolve morte e passei a lidar melhor com a morte do que com a vida. Que vergonha! Que humilhação! Que deturpação de valores! E sei que mais gente integra essa minha atitude. Somos errados. Mas as circunstâncias acabaram nos deixando assim. Mas essa simples atitude que não passou de 5 minutos hoje, vinda de pessoas estranhas, me levou a um momento de reflexão e perceber que temos é que tentar nos manter ilesos das adversidades que dia após dia vem confrontar e mexer com nossos valores e atitudes. Sermos mais nós mesmos, mesmo que isso nos cause uma sensação de repetição. A indignação constante faz com que a gente não se esqueça do que é certo e do que nós podemos realmente tolerar.
Vergonha de mim... e orgulhosa de muita gente!
2 comentários:
Chocada com o fato, lamento muito e sinceramente nao consigo entender.
Só nos resta pedir misericordia a Deus.
BeijOs
Oi,FÊ!Estamos todos chocados com o fato,mas acho que desde que a humanindade existe coisas desse tipo acontecem, só que hoje tudo acontece ao vivo e acores para todo mundo ficar sabendo ao mesmo tempo, antes não.O ser humano é uma caixinha de surpresas se não nos conhecemos a nós mesmos que dirá o outro.
Beijosss
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