6 de julho de 2011

Ninguém vive sem passado!


Outro dia estava falando com um amigo no bate-papo do Facebook. Nos tivemos algo sim, anteriormente. Mas hoje, nada mais somos do que amigos. Na verdade, nem posso dizer que somos amigos e sim, duas pessoas que se admiram, que foram sinceras uma com a outra sobre seus objetivos de vida e intenções de relacionamentos, por isso, não nos machucamos, não nos decepcionamos e nem criamos falsas expectativas. Sendo assim, sem ter porquês, fomos nós mesmos do início ao fim. E quando acabou, ainda sim, continuamos nos falar esporadicamente, como amigos. E ele comentou comigo uma coisa engraçada: a noiva dele tinha ciúmes mil de mim. E o meu marido, coincidentemente, tinha dele. Não demos razão para alimentar isso, mas nossos companheiros nutriram isso por alguma razão.

Quando comecei a namorar meu atual marido, ele sempre teve curiosidade em saber dos meus relacionamentos passados. Não que eu seja a favor de falar tudo, muitas vezes, gera problemas, mas também, não vi nenhuma razão para não fazê-lo, já que eram águas passadas e agora eu estava em outra, muito melhor. Ajo, muitas vezes, pensando como eu gostari que agissem comigo. Não gostaria de ser a última a saber numa reunião de amigos dele que a fulana que se entrosa super bem com ele, é sua ex. E muito menos pela boca de terceiros. Que essa dúvida, curiosidade ou incerteza fosse sanada à dois.

Só que eu esqueço, por vezes, que as pessoas não pensam igual a mim, e comecei a perceber que ele nutri um certo ciúme. Achei que fosse por esse menino determinado, embora nem mantivéssemos tanto contato assim. Depois fui percebendo que não. Dentre nossas conversas, que as vezes traziam à tona assuntos do passado, também não me agradava muito ouvir determinadas histórias que envolviam determinadas atitudes pensamentos e sentimentos, coisas essas que hoje já não fazem mais parte dele. Não era muito confortável, mesmo que não pertencesse mais. Mas o meu marido tem ciúmes não são dos meus casos e nem dos "ex" que por ventura alguns acabaram virando amigos, ou apenas conhecidos de pouco ou raro contato. Ele tem ciúmes do meu passado. Do que vivi com outras pessoas e do que conheci. Da pessoa que fui e de quem me tornei por causa dele.

Sei que quando uma pessoa nova entra na vida de alguém, independente da sua história anterior da pessoa, ela quer marcar de alguma forma, deixar uma lembrança diferente, ser especial de algum jeito. E acabam marcando, mesmo que não saibam. Mesmo que até nós mesmos desconhecêssemos isso. Não importa quantos anos depois, se fulano nos magoou muito, pouco ou nada, se fomos felizes ou infelizes, em algum momento de nossa vida, nem que seja por alguns segundos de "túnel do tempo", nos pegamos lembrando desse alguém ou de algo relacionado a ele. Seja um lugar, uma música, uma frase, uma roupa, um perfume, uma comida, dia de chuva, a estação do metrô, o sapato vermelho que ele implicava ou a bolsa que elogiava em você, o penteado novo que agradou... o mínimo que seja. Pois bem ou mal, ele fez parte de nossa história.

E gente não é que nem roupa nova tecida numa confecção. Ela não vem zerada. E nem vem com um cronômetro a ser zerado a partir daquele momento, que nem carro. Ela vem com uma história, com uma família, amigos, com algumas, cicatrizes, lembranças, com alguma experiência ou não, com algumas manias próprias ou adquiridas de terceiros e vem com suas histórias amorosas, cheias de ensinamentos ou não. E, inevitavelmente, com seus "ex".

E junto com esse pacote, como se não bastasse, ainda vem acrescido: a cama que dividimos com ele, o sofá em que víamos filme ou ouvíamos música, a roupa que ganhamos dele, um cartão, um presente que enfeita a casa, uma foto, mesmo que guardada no fundo do armário mofada, cheia de poeira. Seja dentro de nós ou ao nosso redor, sempre estamos cercados pelo nosso passado. Que nem sempre nos condena e nem sempre fazemos questão de viver nele. Só que não dá pra reprogramar como Naômi, da novela das 19h ou formatar que nem computador. E mesmo que fosse possível, eu não iria querer. Quem eu fui lá atrás não é a mesma pessoa que sou agora, mas me deu subsídios bons e ruins para o que hoje me tornei. É um pedaço de mim. Mesmo que às vezes seja um pedaço frio, sombrio, cheio de dores e marcas e que muitas vezes enfatizei querer esquecer ou não existir, ainda sim eu o quero! Faz parte de mim... Isso é uma das poucas coisas em nossa vida que é imutável! É como diz a letra daquela música "meu infinito particular". É mais ou menos assim...

E com o meu passado, com a minha história, sou possessiva e arbitrária. Ninguém fala mal, é que nem filho: "Só quem pode, sou eu!". E quem quiser viver comigo, vai ter que levar o pacote da promoção também. E, não aceito tempestade em copo d'água sem existir razão para tal. Nesse quesito, acho melhor ser "cada um na sua, com alguma coisa em comum...". Melhor para os dois lados!

Mais uma nova lição que a vida me deu a oportunidade de viver e eu, de aprender comigo mesma, mais uma vez! Nem sempre vamos ser compreendidos, mas basta sermos aceitos!


Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Meus relacionamentos nunca quiseram muito saber do meu passado, já que pelo presente eu não parecia boa coisa... rsrs...

Acho que nesse quesito possessividade eu me dei bem com os dois maridos, eles me deixavam bem livre e não me faziam perguntas... rs

Beijocas