4 de agosto de 2011

"... pois o pra sempre, sempre acaba..."



Dia desses, estava conversando com uma amiga minha por email, pois ela está passando uma temporada no exterior porque está experimentando viver "juntada" com o namorado, pra ver se dá certo. Conversa vai, conversa vem e eis que ela me diz: "- a experiência tá sendo legal, mas não sei se vou querer ficar aqui de vez, pra sempre não...".

Bom, na hora li e não me lembro bem o que respondi, enganjei em outro assunto, mas fiquei com aquela frase na cabeça. Aí, não sei  porque também, me veio a música de Renato Russo, não sei agora qual  é o nome, onde em um de seus versos ele diz, " que o pra sempre, sempre acaba". Sim, o restante da letra também é muito interessante, pois a moral é que não importa o tempo em que se vive uma história e sim como se vive essa história. 

E, já com uma resposta melhor formulada na cabeça e embasada nas minhas experiências pessoais, fui lá refazer minhas palavras e ajeitar melhor o texto, rs. Óbvio, seria eu prepotente de achar que tenho a receita certa da felicidade. Não, não tenho! Seria eu ousada demais em arriscar dizer que pela minha história, já se sabe o que fazer. Não, também não dá pra saber. Mas, apenas tentando dar um alívio à essa amiga, já que senti no texto dela uma cobrança que ela está se fazendo por ter que fazer a coisa certa. Então, resolvi amenizar essa responsabilidade. Não me lembro bem as palavras exatas que usei, mas lembro de dizer que a única coisa certa que é para sempre é a convivência nossa com nós mesmos. E que sim, essa convivência tem que ser harmonia, bem aceita e feliz. Somos a nós e aos nossos sentimentos que temos que ser fiéis. Nem que isso queira dizer ter dúvidas e incertezas.

É covarde impor a um adolescente que escolha aos 15 anos o que quer ser na vida. Qual a profissão que vai escolher para o resto de sua vida. E nessa escolha, ele deve pesar o lado financeiro, a estabilidade, o crescimento, o conforto e a satisfação profissional e pessoal que essa atividade vai proporcionar a ele. Injusto, não? Então por que nos cobrar se queremos morar  junto ou sozinho, aqui ou acolá, assim e assado para o resto da vida?

Estudos e afins tentam nos entender, mas somos imprevisíveis! Hoje queremos algo como ansiamos andar, falar e ser independentes quando bebês. Amanhã, isso já não nos importa e outra coisa irá encher nossos olhos. Somos volúveis. É um grande defeito da raça humana. Mas, um defeito significante e que devemos respeitar. Nossa vida, nossa felicidade e nossos relacionamentos amorosos também não fogem a essa regra.

E entender isso, não é nada fácil. Por isso, há tantas pessoas frustradas, magoadas e decepcionadas com suas ex-caras metades, que diziam a torto e à direito: te amo, pra sempre! E quando esse "pra sempre" chega ao fim e passa a ser interpretado "que seja eterno enquanto dure", passam a ser cobrados por não terem sido fiéis ao que diziam. Sim, não foram. Mas, foram fiéis ao que sentiam. Isso sim!

Não temos como ter certeza se o que hoje dá certo, vai continuar dando daqui há 10 anos. A gente espera que sim, muitas vezes. E faz de tudo para garantir que nada mude. Mas, tudo muda. O mundo muda, nós mudamos. E temos que nos permitir mudarmos de parceiros e de vida também. Claro, respeitando e valorizando a si, mas também ao outro. Não é agir desparadamente, sem pensar em ninguém. Há uma grande diferença entre pensar em si e ser egoísta! Você não precisa esquecer do próximo para privilegiar a você. Precisa é fazer as coisas certas e que seja benéfico para ambas as partes. Mesmo que, momentaneamente, por tristeza, mágoa e decepção o outro não compreenda e não aceite, uma hora ele vai enxergar e perceber que em algum momento, para ele também foi bom. 

Então, é isso... não quis bancar a conselheira, mas tentei diminuir uma responsabilidade que as pessoas se cobrar sem se dar conta. Se ela está feliz lá e quer ficar, que fique, Se acha que vai aguentar o resto da vida, que vá. Agora, se "o resto da vida" durar apenas 6 meses, que não tenha receio de voltar e buscar novos caminhos, fazer novas escolhas. O pior, é quando se abre mão, ao menos de tentar, com medo de fracassar. Isso, não vai ter como mudar nunca, e para sempre, o arrependimento, vai nos acompanhar!


Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Faz tempo que deixei de acreditar no "pra sempre e no "nunca". Acho sempre que expressa tempo demais para os sentimentos e nossas vidas. Tudo muda a todo momento. De um dia para o outro nossa vida pode mudar radicalmente. Então esse tipo de pensamento é realmente utópico.

Beijocas