1 de fevereiro de 2012

Sem mitos, é muito melhor!



Ontem, assisti a nova temporada de "Amor & Sexo", programa do qual sou muito fã. Curto pela apresentadora, que acho que conduz temas tabus com muita leveza e desenvoltura e também pelos temas abordados, onde muitas vezes desmistifica as "lendas urbanas". Já curti muitas entrevistas e bate-papo entre atores, casais, platéia. Mas, especialmente ontem, gostei muito das respostas da atriz Paula Burlamaqui. Ela foi audaciosa sem ser atirada demais. Ousada sem ser vulgar. Medida essa que anda faltando em muitas mulheres no mundo de hoje. Concordo que cada um seja dono do seu nariz e que faça da sua vida o que bem entende. Só que às vezes, um gesto solitário traz uma impressão do coletivo. Que todo mundo age da mesma forma, ou que todos gostam de ser tratados da mesma maneira. O que não é verdade! E outro ponto: uma coisa é viver livremente sem repressão, sem omissão, sem manisfestar suas vontades como em décadas passadas ou até mesmo como em muitos países do Oriente Médio onde a mulher é sensurada de todas as formas. Outra coisa é ser promiscua e usar a desculpa da sensura para ser oferecida, vulgar e acabar com isso denegrindo a imagem de todas as mulheres pelo esterotipo. "Mulher que dá confiança é mulher vagaba." Quem já não ouviu isso? Muitas de nós. Não só ouvimos, como muitas de nós pensamos isso. Porque ainda temos o preconceito de pensar o que nos foi imposto na mente durante anos adentro de uma cultura que se uma mulher se mostrar fácil nenhum homem vai respeitá-la. Que se ela transar com um cara na 1ª noite ela não vale nada. Se ela ficar com vários meninos ou homens vai ficar mau falada. Não adianta, está embutido na cultura, na mente e na opinião de muitas pessoas. E isso causa uma separação no comportamento. Ou prefere ser assim como julga o senso comum para não correr o risco de ser de fato comparada a isso tudo ou quer ser transgressora e rompe com todas as barreiras do "achismo" e do bom senso da sociedade e se comporta literalmente como um "lixinho descartável" dando margem e enfatisando o pensamento coletivo e de senso comum dos homens.



Bom, mas não é pelo que eu acho somente que vim aqui escrever. Também porque gostei muito da atuação dos atores Alexandre Nero ( o Baltasar de Fina Estampa) e Otaviano Costa ( a famosa Pirulitona Elaine - de Morde e Assopra). Os dois deram um show em seus comentários e me mostraram que homem também não é isso tudo como a gente pensa que é. São frágeis, tem dúvidas, medos, receios e pelo contrário, não são 'pau pra toda obra', literalmente, o tempo todo. Eles mostraram que homens ficam inseguros, que falham e que principalmente, gostam de mulher autêntica. Mostraram também que para ser sensual e sex não é preciso ser demais, porque senão perde a mão e o homem também não gosta. Homem também gosta do simplinho na cama, mas que ele saiba que é de verdade, que tem uma química, quem tem dois corpos juntos ali. Fazer tipo atriz pornô para impressionar na hora H ou fazer uso do Kamasutra, pelo menos eles dois já provaram que não apreciam. E, levantaram uma outra questão que eu achei muito interessante: o homem através da história sempre teve a imagem associada àquele que nunca nega fogo, que tem sempre que mostrar sua virilidade e masculinidade na cama. Mas, eles também podem falhar. E mais, eles também podem não estar a fim. Sim, eles são humanos e têm esse direito, tal como nós, mulheres, com nossas TPMs, dores de cabeça, cansaço, irritação no trabalho, problemas na relação. Só que fomos criados a aceitar que o homem é praticamente uma máquina de fazer sexo e que tem que estar pronto e disposto sempre. Cada vez mais os homens desceram desse pedestal que os deuses do Olimpo criaram para si e do mito que a sociedade criou em torno deles.



Antes, quando surgiu o termo 'metrossexual', as pessoas olhava com cara estranha para o homem, achando que no fundo ele era um 'homossexual'. Que se cuidar é frescura. E quem é fresco é... ! Não só os homens achavam isso como a maioria das mulheres também. Porque ao longo dos tempos elas foram condicionadas a pensar que homem é casca grossa, não tem vaidade, não tem tempo ruim, não tem nada de nada. Mas, não sei se pela transformação da estrutura da sociedade onde mulheres assumem cada vez mais papéis de homens no mercado de trabalho e homens cada vez são mais prendados domesticamente, esse olhar começou a mudar. Com a inversão de papéis algumas vezes ou a divisão de tarefas, ou quem sabe a sabedoria da igualdade, começou a ter um entendimento maior de ambas as partes sobre atitudes, sentimentos e pensamentos. Há cada vez uma gama maior de machões se mostrando bebês chorões, o que não fora permitido a eles ser por séculos. Porque homem não chora, não é verdade? Mentira! Não só chora, como cuida da aparência sim e nós bem que gostamos, quando muitas vezes eles procuram o aconchego do nosso colo e a proteção dos nossos abraços. É isso: é permitir que o outro seja quem quer ser sem culpa, sem ser cobrado ser o contrário, sem ter que provar 24h quem é, o que quer, como pensa. Uma autoafirmação sem sentido, mais! Assim, como há cada vez mais mulheres enrijecidas, duras na queda, de postura veemente igual às maridas de aluguel, sem vestidos e sapatos de Cinderelas, mas nem por isso menos mulheres.

E, mais do que falar de sexo, esse programas quebra paradigmas, toca em assuntos tabus e fala com simplicidade para tirar o mito do monstro que se forma em volta de muitos assuntos. Há homens que gostam de mulher depilada, mas há aqueles que não ligam. E por mais que muitas pessoas torçam o nariz, é isso mesmo. Para muito o prazer não está só na estética, está na performance. Sempre haverá uma peludinha ou um peludinho por aí que não ligam para como são. Cuidam da estética para agradar aos parceiros. Mas, há quem não ligue de fato. Outras coisas importam mais. Assim como há quem goste de transar falando e há quem goste do silêncio. Qual é o espanto? O espanto é falar desse assunto abertamente, em rede nacional, sobre as preferências humanas na cama, o gosto de cada um e ser respeitado por isso. Ou melhor, não ser criticado por isso. Porque é assim que sempre foi! Ser criticado, censurado, tolhido.



Mas, volto a dizer: a conduta das pessoas influi muito no pensamento dos outros também. É melhor ser do que aparentar. E se algo não agradou ou tá incomodando, fale. Como os homens vão saber se nós queremos ser uma dama na mesa e uma puta na cama se não falarmos? E eles também, como vão adivinhar que não queremos tapas na bumba e palavreados de baixo escalão ou o oposto se a gente não falar. Na real, sem comunicação não dá. Foi-se o tempo em que o marido deitava e fazia sexo com a esposa sem nem se importar se ela estava a fim ou não e ela sabia que o papel dela era apenas satisfazer a ele sem ela mesmo estar satisfeita. E isso era natural, normal... Chega!!!

Sem mitos, é muito melhor. E a resposta depois da pergunta: "foi bom pra você", alguém duvida qual vai ser? rs...



Um comentário:

R. W . Nogueira disse...

Eu vi tbm, apesar de não ser muito o meu gênero... mais em especial o dessa noite foi simplesmente sensacional... Os comentários foram hilários.

Beijão!