24 de maio de 2013

A religião está dentro de nós!


Sou católica de batismo. Até atingir uma certa idade e optar por escolhas próprias era somente essa religião que eu conhecia, porque foi essa que me foi apresentada. Sempre soube das demais existentes, mas nunca tive muita vontade de conhecer. Nem a minha mesma. Eu nunca fui daquelas praticantes. Acho até que, por ter sido batizada no catolicismo, era muito mais fácil dizer "sou católica" quando perguntavam a minha religião do que ser propriamente, de coração. Também nunca tive outras influências na minha família, portanto, além de não ter curiosidade, não tinha opções.

A medida que fui crescendo e conhecendo outras religiões, além de respeitar, senti curiosidade de "experimentar", se assim posso dizer. Na adolescência, todos nós somos curiosos de natureza e então, fui buscar conhecer outras. Foi então, que nem me lembro quando, nem onde ou porque, resolvi conhecer mais de perto e a fundo o espiritismo. Lembro de algumas amigas serem e, até mesmo pelas amizades, comecei a frequentar os chamados centros. Desmistifiquei muita coisa. Vi que outras tantas eram lendas. E que muitas era puro preconceito. Mas não vou entrar nesse mérito de qual a melhor religião e quem tem razão sobre o que. Não é essa minha intenção. Na minha cabeça, a religião está mais ligada a algo implícito do que explícito. Vai além de você levantar uma bandeira de ser isso, aquilo ou aquilo outro. Vai além de você gritar para os quatro cantos o que você faz em nome da sua religião e o que você acha que é certo dentro de suas crenças. Pra mim, a religião é o que menos importa! E você, que já leu esses dois parágrafos deve estar perguntando: "- então,  por que raios ela está falando desse assunto?".Simplesmente para dizer que a minha grande constatação foi de que fé e crença estão acima de qualquer religião. Essa foi a minha conclusão e que óbvio, que muitos religiosos, independente de religião, não vão concordar. Mas é isso que venho sentindo, ultimamente. No espiritismo permaneci um pouco, mas também nunca me considerei da religião. captei alguns ensinamentos que na época pareciam se ajustar à algumas questões de vida minha e até hoje, gostos de livros desse ramos, que expandam os horizontes e nos coloquem a ver a partir de nós mesmo! Que nós dão uma compreensão maior de nossa existência, de nosso tempo de vida, da vida em si. E, com percorrendo entre uma e outra religião, assim vim até hoje, praticamente.

Venho percebendo uma grande mudança em mim com a questão da religião. Tenho ido e frequentado mais  a igreja e prestado mais atenção as palavras lidas nelas, nas músicas cantadas, na intenção e desejo de todos ali presentes reunidos. Agora acho que tenho noção do que é a religiosidade para muitos. Vai além do compromisso com a igreja. É o compromisso na verdade entre você e a sua fé que faz com que você se sinta bem. Percebi que até hoje, quase  todas as vezes que eu estive nas igrejas, apesar de admirar as missas e as músicas, confesso que não conseguia alcançar aquele estado de graça e de bem estar que muitos ali manifestavam. Na verdade eu não sentia nada. Adotava certas posturas por uma questão de respeito, mas pra ser sincera, pra mim era apenas uma missa, apenas alguns ensinamentos e reflexões passados e ponto. Por isso eu olhava, olhava e olhava e via que ali eu não me encaixava. Nem ali e nem em outro lugar de outra religião, pois eu não conseguia sentir o que eu achava que deveria sentir. Principalmente a vontade de estar ali.

Bom, como eu já disse lá em cima, conhecendo aqui e ali as religiões, comecei a ver certos pontos que eu não aceitava e não concordava. Pontos esses que alguns, ainda hoje, mesmo que meu pensamento tenha mudado um pouco, ainda permanecem os mesmos. Não sei se nesse caminho de fé que estou começando a entender e a trilhar se lá na frente isso mudará de alguma forma. Mas, por enquanto, continuo achando que  crer no poder divino somente não vai mudar as coisas. As atitudes sim, mudam. Não adianta ficarmos de braços cruzados orando, achando que as coisas vão acontecer ou não. Mesmo que muitas religiões digam que tudo acontece perante a vontade de Deus por alguma razão que muitos de nós simplesmente não entendemos, acho ainda que nós, enquanto seres humanos na Terra, temos que fazer a nossa parte. Por mais que milagres aconteçam, nós temos que dar uma forcinha. Nem tudo é verdade absoluta e incontestável. É preciso sabedoria para enxergar isso. Deus é um só, mas pode ser amado de diversas maneiras diferentes. Continuo abominando as pessoas, independente de religião, que se dizem fervorosas, vivem de domingo a domingo dentro das igrejas, templos, centros e afins e quando é necessário demonstrar os ensinamentos religiosos condizentes com a sua prática, eles parecem evaporar no ar. Não adianta você praticar tudo isso dentro dos seus locais de oração só, as boas coisas devem permanecer no dia-a-dia, em cada situação. E continuo crendo que não é necessário especificamente estar num lugar religioso para que elevemos nossos corações e conversemos com Deus. Ele está em todas as coisas. Em toda a parte. Ele sempre nos ouvirá. Nunca acreditei que fui mais ou menos confortada, amparada, orientada, protegida e guiada porque orei em casa e não na igreja. Porque conversei mentalmente com ele dentro do ônibus e não num confessionário. Acho que esse ponto sempre vai martelar na minha cabeça, rs. Existem ainda outras coisas com as quais eu não concordo, mas que não convém entrar em detalhes porque não vão fazer diferença para um todo.

Então, alguns anos mais tarde, meu irmão de criação conheceu, namorou e casou-se com minha cunhada que é de família evangélica. Ele sempre foi católico e essa diferença de religião e logo de temperamento, de visões, de atitudes, de gostos não atrapalhou em nada a relação deles que já dura 10 anos. Muito pelo contrário: acho que eles praticam mais o respeito um pelo outro do que muitos casais que compartilham das mesmas coisas. Aprendi a admirar isso e por causa disso também me chegar mais para a religião. Bom, com a proximidade da minha cunhada e da família dela/nossa, acabei vivenciando mais de perto algumas experiências evangélicas e não posso dizer que não gostei! Tinha uma ideia engessada a respeito dessa religião específica que sempre achei muito radical. Não gosto da ideia da proibição. E nem da ideia de fazer você pensar que se "sair da linha por descuido" sofrerá um "castigo" divino. Até porque eu acho que Deus não castiga, diferente do ditado popular. Ele mostra às vezes de formas nada sutis o porque estamos "pagando". Não sei se estou me dando bem e me expressando legal com as palavras, mas até nisso é uma novidade para mim rs. Enfim, acho que a pessoa deve acatar certas posturar porque ela, por convicção de que quer fazer isso, seja em prol da sua religião, da sua crença ou do seu bem-estar. Mas é uma decisão que tem que vir de dentro e não imposta. E acho que tanto me falavam que as pessoas dessa religião também tentavam coagir você a seguir o caminho delas e por isso eu sempre fiquei meio assim, com a ideia de que são chatas rs. Tenho que falar francamente! Fora que me irritava e continua me irritando profundamente esse zé povinho que vem bater na sua porta em plena madrugada de domingo, querendo te entregar folhetos de religião e conversar sobre. Na boa, respeito que cada um faça o que bem entender da sua vida, mas pôxa, respeitem a minha vontade também de não ser incomodada na santa paz da minha casa. Se eu quisesse ir à igreja, teria ido, por livre e espontânea vontade e não porque alguém está me aporrinhando para ir. Mais um ponto que me fez ter uma ideia deturpada da religião. Confesso que tirei um como o todo. nem todos os fiéis das igrejas da mesma religião agem igual. Cada qual tem sua própria política de vivência. E, com a minha cunhada fui vendo que a igreja dela não é tão intransigente assim e ela, assim como as demais pessoas praticantes não são tão inflexíveis com outras coisas, ideias e religiões que não são a delas. Assim, fui me sentindo mais a vontade para conhecer, e ir algumas vezes  em eventos organizados por ela na igreja dela. Espantosamente, eu gostei. Não vou afirmar que mudaria radicalmente para seguir essa religião, até porque, como disse antes, essa história de obrigatoriedade acaba comigo. O compromisso está dentro de cada um de nós. A necessidade de estar em lugares religiosos depende de cada um. 

Então, contudo, conheci gente que tem fé, que crê, que ora e que faz a sua parte como ser humano independente de ensinamentos religiosos e é feliz! Talvez porque essa pessoa não concorde com certas políticas religiosas. Ou, talvez até, porque essa pessoa já chegou ao entendimento que só agora eu cheguei: é de dentro pra fora que as coisas acontecem e não ao contrário! Talvez porque essa pessoa acredite, assim como eu, que tudo que é necessário para se ser uma boa pessoa está dentro de cada um de nós. E isso, não faz dela melhor e nem pior, ela não está indiferente mas também não está obcecada. Existem ainda os ateus e que não os fazem pessoas ruins por não acreditarem em Deus, não terem fé nem nenhuma religião. Eles vivem a vida deles da melhor maneira possível com certezas e convicções próprias. Obedecem às suas próprias leis e regras. E são felizes!

Bom, no meu caso como eu já disse: continuarei não concordando com certas ideias e conceitos, mas tenho me sentido bem em participar de missas, reuniões e eventos afins. É como se agora fizesse sentido e esse sentido estivesse sendo importante nesse momento da minha vida, onde eu quero muito alcançar alguns objetivos e alguns deles são quase impossíveis. Não, não quero dizer que agora que eu quero/preciso de um milagre rogo à Deus por todos os anos que "reneguei" ou não agi como deveria. Mas sim, me faz bem ter um pouco de fé e esperança e forças para continuar a tentar. E não pra isso que serve a religião? Tenho ido também na igreja que casei. Casei na igreja mas na época sem fazer muita questão. A tal da benção divina não era tão importante pra mim, mas como para meu marido era, acabei cedendo. E depois, acabamos sendo convidados para reuniões, jantares e eventos de recém-casados. E gostamos! Além de interagirmos com outros casais jovens e rolar aquela troca de experiências, ouvimos muitas coisas que são importantes e boas de se ouvir e que nos fazem bem. Tudo tem que ter um filtro e adaptar e interpretar para a nossa vida. Eu simplesmente não acato e concordo com tudo que ouço, apesar de muita coisa fazer sentido. Todos temos que ter nossos critérios e avaliações. Até porque, muita coisa é dita de um modo geral, mas nem tudo de aplica a todos. E acho legal também essa coisa de parecer que está sendo falado pra você, mas sem estar falando diretamente com você. É como se nos obrigasse a ter uma consciência, a fazer um autoreflexão caso a carapuça nos sirva, rs.

Enfim, não sei até quando me sentirei assim e se vai continuar a me fazer bem frequentar e ser mais assídua na questão da religiosidade. Também não consigo ainda me encaixar numa religião específica. Acho que no fundo, no fundo, sou um misto, um pouquinho de todas as experiência que peguei e trouxe aqui pra dentro de mim os valores, a crença e a fé de que precisava. Hoje, quando me sinto cansada emocionalmente, em vez de tentar distrair a mente com algum filme ou livro (embora eu sempre recorra a esses meios) já ligo o rádio e coloco às vezes um louvor, parece que regenera a alma. Depois de um tempo, já me sinto revigorada! Acho também que o principal é estarmos em paz! De coração, de consciência e de espírito! E de alguma forma, nos tornar uma pessoa melhor! 



Um excelente fim de semana abençoado a todos, com muita paz, saúde e amor!




Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Sou espírita kardecista mais por convicção e incorporação da doutrina no meu jeito de enxergar a vida do que propriamente por frequentar templos.

A doutrina espírita de todas foi a que trouxe as respostas que mais acalmaram minha mente. Porque se eu acreditar que é uma encarnação só e eu encarnei num corpo invertido para sofrer tudo que sofri, melhor se matar... rsrs.

Beijocas