Fiquei um bom tempo olhando para a imagem acima escolhendo as palavras certas para descrever o que sinto. Às vezes, é essa mesma a sensação: de que eu sou uma ilha isolada em meus sentimentos e pensamentos. Vejo os demais ao longe sem se afetar, aparentemente e me pergunto se sou eu que sinto demais ou os outros que sentem de menos. Se sou eu que elevo as situações ou se são os outros que minimizam os danos. Ainda não sei responder!
Me pego num conflito que julgava já ter resolvido há algum tempo: ser para os outros aquilo que são para mim! Achei que já tinha chegado a conclusão que não dava mais para ficar sendo e fazendo em vão. E esperando uma consideração como pombo que espera migalhas. E não, não tem que ser cobrado alimentar uma relação com simples mas consideráveis gestos. Tem que ser por livre e espontânea vontade. Só que, vez ou outra, ainda me pego chateada, remoendo e procurando saber o porque fulano age assim, o porque sicrano faz assado. A resposta é simples: as pessoas são o que são e fazem o que fazem! Não tem uma causa que justifique de fato. Principalmente, quando sabemos que estamos com a barra limpa, que fizemos a nossa parte.
É tão frustrante essa decepção sem porque, se já sei o que esperar!
E o que é pior é a mentira! É simples dizer que não quer, que não tá a fim, que não pode. Mas ficar inventando desculpas e depois você pegar no pulo do gato é muito chato!
Sinto que tenho que me desapegar e me afastar se eu não concordo e não me faz bem. Ou simplesmente aceitar, se não tem remédio. Mas eu não consigo nem ir e nem ficar sabendo no que implicaria e as consequências de cada decisão. Por que é tão difícil? Parece que me sinto presa e um fio de medo percorre a minha espinha. Lá no fundo, não sei qual a decisão certa a tomar! Ou a mais conveniente, aquela que me machuque menos! Será que tem? Sei lá...
Aí, tenho andado nesse estado, meio "tipo assim, tanto faz, sei lá...". No fundo eu acho que se eu não ligar tanto vai passar, se eu focar menos no problema ele desaparece. Mas passa dia e noite, semanas e meses e ele continua lá. Intacto, como se estivesse a minha espera. E eu tenho esse dom, incrível que faz com que eu sempre me culpe ou veja o pior de mim pelas atitudes de demais. Inevitável pensar: se eles agem assim, com displicência comigo,logo eu provoquei isso, foi algo que eu fiz ou deixei de fazer e se estou recebendo isso é porque mereço isso. Há um choque mortal entre minha razão e minha emoção. E nesse embate, a emoção sempre fala mais alto. Mesmo eu racionalizando que, talvez, a pessoa sempre tenha sido assim ou age de determinada forma pura e simplesmente por agir, sem motivos. Mas isso não ameniza o sentimento de culpa que eu tenho e o sentimento de inferioridade que cresce como se eu não fosse merecedora. Como se isso - o comportamento e as ações das pessoas - fossem um castigo pela maneira errada como me comportei. Muitos me dizem, não leve para o pessoal? Mas como não levar para o pessoal o que atinge como um soco no estômago, no coração? Não vejo como! E se você se relaciona com alguém a ponto de sentir os efeitos que essa pessoa provoca em você, já é pessoal, pelo que me consta!
Tenho medo de me abrir e ser mal interpretada, ser compreendida erroneamente. E por isso me calo. Mas não o suficiente para sufocar. Apenas o necessário para abafar! Tenho medo que ao me expor gere um conflito ainda maior. Então não me mostro! E parece que todos os meses de terapia martelando na minha autossuficiência desaparecem debaixo dos meus pés e nada posso fazer para sair do lugar. Minha insegurança e medo da rejeição voltam com força total! Sinto necessidade de me encolher dentro do meu quarto, enrolada no meu cobertor e ser esquecida para o mundo. Seria isso possível? Queria criar uma redoma de vidro e me enfiar nela por tempo indeterminado. Vontade de sumir e não pensar em nada.
No momento, não me sinto nada bem e feliz comigo mesma. tento distrair meus pensamentos para livros, filmes, dança, em vão. Quando eu não estou exercendo essas atividades não tenho mais para onde direcionar o meu foco. E então eu fico muito, mas muito irritada! Com Deus e o mundo, principalmente comigo! E eu consigo ignorar até mesmo o sinal de alerta luminoso em vermelho piscando, avisando que é para eu não seguir por esse caminho, não pensar assim e não agir sob a coesão desses pensamentos. mais uma vez meu racional cede e perde a luta e quando me vejo, já estou irradiando uma dose cavalar de pena!
Então, me sentindo totalmente incompreendida, sem mesmo sequer abrir a boca para protestar ou vomitar o que me consome então, eu me encolho cada vez mais dentro de mim me achando sem direito de cobrar, reivindicar, pedir, criticar e reclamar nada. Nem de bom e nem de ruim, No fundo eu acho que espero que as pessoas notem, embora elas sejam desprovidas de bola de cristal. Mas, se tenho tantos amigos assim que se dizem preocupados comigo, que me amam, como não perceberiam o meu estado? me disseram, grande parte da vida para não criar expectativas que a gente não se decepciona. Me disseram para não esperar nada em troca que a gente não se machuca. Mas inevitável! A gente sempre espera algo em troca. E sinto isso como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se a gente dissesse um "oi" esperando um "tudo bem?". Ou como se a gente falasse "eu te amo" esperando ouvir um "eu também". A gente espera, não tem jeito! Mas queria eu aprender a não esperar! Doeria menos, causaria menos danos.
Mas, como dizem que nenhum sofrimento é eterno, sei que vai passar, vai dissipar essa frustração, vai diminuir essa tristeza, vai diluir a decepção com o tempo! Porque, "não há noite que não encontre o dia" -
William Shakspeare