E quem disse que não se aprende com livros? E não tô falando de livros de estudos ou autoajuda não. Com esses é obvio que se aprende, pois o propósito deles é ensinar. Tô falando dos livros de ficção. Tô falando das histórias criadas dentro da mente de pessoas que conseguem traduzir emoções em palavras. Quando compramos um livro, não compramos apenas folhas e letras, algumas figuras. Compramos a alma de alguém se dedicou longos meses, abdicou de muitas coisas e pessoas para conseguir colocar ali, com verdade algo em que acreditou, experiências pelas quais passou. Não é apenas um sonho ou uma realização que faz com que alguém se motive e se abra, se exponha. E não tô falando do livro objeto propriamente dito. Tô falando do seu conteúdo!
Tenho lido muito ultimamente. Sempre gostei de ler, mas não sei porque nos últimos tempos tenho sido tomada por uma vontade quase incontrolável de uma necessidade de ler absurda. E quando eu leio, eu me desligo de tudo. Eu vou para um mundo paralelo, independente desse mundo ser descrito no livro. Eu crio minhas próprias cenas na cabeça a partir das descrições de lugares, dos personagens, as situações. Eu mergulho de corpo e alma para absorver cada linha que meus olhos conseguem ler. E eu sinto, de fato, a alegria, a dor, o medo, a angústia, a incerteza, o desespero, a satisfação que a história quer transmitir. Eu rio, choro, fico com raiva, fico com pena. Consigo ser tocada de uma tal maneira que é como se tivesse acontecendo comigo de verdade cada coisa relatada nas histórias. E quando eu pego para ler e não paro mais. Claro que em 24h a gente tem que fazer muita coisa, mas eu procuro sempre ter o livro comigo, para que assim, nas horas vagas, seja possível retomar a leitura. Quando paramos a leitura quebramos todo um clima, uma atmosfera que nos envolve. E quando retomamos, não é a mesma coisa. Até resgatar o clímax leva um tempinho. Por isso, a minha vontade, na verdade é não parar! Devoro o livro cada vez mais rápido! Tem dias que perco a noção da hora de tão envolta que estou.
Daí, em alguns (poucos) dias o livro acaba, e eu fico com aquela sensação de vazio! Pode parecer loucura, mas é uma relação que se cria estando em contato com histórias e sentimentos envolventes permanentemente. E de uma hora pra outra, não temos mais nada. Sou tomada pela saudade tão logo eu viro a última folha do livro e o fecho. E quando olho, no caso de ser grosso, nem parece que eu li aquilo tudo "da noite pro dia". E quando paro para avaliar, repassar rapidamente "a moral da história" na minha mente, vejo que aprendi tanto... Todas as experiências, todos os sentimentos, todo o desenrolar da coisa, toda mínima informação. Muitas vezes há uma grande identificação com determinadas situações ou com o jeito de ser do personagem. Eu nunca achei que um livro era só um livro. Que uma história era só uma historia. Tudo que te toca é capaz de te mudar. E eu me sinto tocada após uma leitura. Independente do desfecho. Daí, eu começo a avaliar a minha vida, as minhas situações, as minhas ações, as minhas experiências, as pessoas que me cercam, a minha história. E percebo que no fim, eu recebi um toque a mais e que de alguma forma marca, penetra no íntimo, uma semente é plantada. E eu acho que esse é o intuito de um livro, passar informação, mas acima de tudo, encantar! A gente até pode comprar o livro pela capa, pelo título, até mesmo pelo pequeno resumo ou por nada disso, compra-se aleatoriamente. Mas só folha após folha, linha após linha e que se descobre de fato a história, só aí é que a coisa é revelada e percebemos o porque compramos, passa a fazer todo o sentido. E na minha viagem muito louca, começo a pensar que de alguma forma, eu tinha que ler aquelas palavras. É como se fosse necessário para me acrescentar e me ajudar a entender algo maior. Sinto que de alguma forma, uma pequena parte de mim se modifica. A cada nova história e novos sentimentos, um pouco do livro fica em mim. E dessa forma, concluo que acabo aprendendo mais com um livro do que com a minha própria vida em 30 anos. Às vezes coisas de que não me dou conta, sentimentos mal interpretados, histórias mal resolvidas, o descobrimento do eu, a repercussão das minhas atitudes nos outros e vice e versa são apenas alguns aspectos que eu comecei a questionar e a reavaliar após algumas leituras.
Muita gente não espera mais do que relaxar, se distrair, pegar no sono logo ou passar o tempo com uma leitura. Muito pouca gente de fato se abre e mergulha de cabeça numa leitura sabendo que poderá sair daquela experiência um pouco diferente. A grande maioria lê superficialmente. As palavras não entranham e não têm o peso conforme o esperado. A grande maioria folheia o livro. Não o analisa, não se auto-analisa. Confesso que me surpreendi muito com essa minha nova postura, não só por estar me tornando uma leitora compulsiva e inveterada, mas estar cada vez me permitindo me doar. E que eu não me canse dessa troca! E que cada vez mais consiga ser fascinada por história interessantes, de bom conteúdo e reveladoras. Que cada dia tenha mais oportunidade de mergulhar nesse universo sem fim que é o da imaginação. E que eu nunca perca essa capacidade de me envolver e me encantar. E que eu consiga, cada vez mais, aumentar a minha biblioteca pessoal!
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