E as cortinas vão fechar...
Mas elas sempre fecham, não é?
Tudo na vida tem um início, um meio e um fim.
Por mais que a gente custe a aceitar que muitas coisas tem prazo de validade!
Mas enquanto durou, foi lindo!
Eu dei pra você os melhores anos da minha vida.
Eu me doei de corpo e alma!
Eu não me importava de passar horas, dias e semanas inteiras com você.
Nem mesmo dispensar programas e amigos final de semana por sua causa me deixavam chateada.
Quantas e quantas vezes cheguei cansada em casa, me arrastando.
Depois de um dia inteiro de trabalho a gente só quer banho e cama.
Mas eu não!
Eu queria estar lá!
Eu queria estar com você!
Eu queria sentir você!
Nem as dores físicas eram empecilho
Nem os problemas emocionais eram desculpas
Fazendo chuva ou sol, lá estava eu... feliz ♫
Eu não sei dançar mas danço assim mesmo.
Simplesmente fecho os olhos e deixo a música me levar.
Meu corpo reverbera movimentos que nem o significado eu sei,
Pés, pernas, braços, mãos, quadril, dorso, pescoço, cabeça
Cada parte ganha vida própria, cada parte ganha seu ritmo.
Faz tempo que eu já não me importo mais em saber porque ou pra quem eu danço,
Eu simplesmente danço!
E quando se para de procurar explicações, tudo faz sentido.
Não sou a primeira bailarina,
Não danço na primeira fila,
Meus pés me traem muitas vezes na perfeição,
Minha postura não é a mais invejável,
Minha técnica não é tão limpa
E minha memória agora confesso, já não é como era há algum anos lá atrás,
E nem meu corpo que hoje executa movimentos com certa dificuldade,
E quando o movimento sai.
Mas a minha alma, essa não, não enferruja e envelhece nunca!
Estou sempre flutuando, radiante, vitoriosa e glamourosa,
Estou sempre sorridente e realizada
Porque estou fazendo o que eu amo fazer
E faço por mim e ninguém mais!
E foram dias, meses e anos nesse relacionamento de total entrega,
Foram tantos momentos onde apenas a dança me consolava,
Era nela que eu me encontrava,
Era nela que eu procurava conforto,
Era nela que eu depositava todas as minhas alegrias e tristezas
Era nela que eu descontava minha raiva e frustração.
Mas também era com ela que eu celebrava
Era com ela que eu me completava,
Era com ela que eu me permitia ser quem eu quisesse ser,
Era com ela que eu deixava aflorar meu íntimo sem vergonha e sem pudor.
Em cima do palco não só eu era realizada,
Mas também não era julgada.
E depois de tantos momentos lindos juntas,
Chega a hora da separação.
Temos que aprender a respeitar os limites do corpo,
Temos que aprender a aceitar o curso da vida.
Tudo muda o tempo todo e fica difícil de manter a direção.
Várias escolhas e caminhos se abrem diante de nossos olhos todos os dias,
E nem sempre se pode seguir com toda a bagagem.
Há aquelas que temos que nos livrar,
Há aquelas que temos que guardar,
E há aquelas que conseguimos seguir com...
Infelizmente, não é esse o caso e a despedida é inevitável!
Foi eterno enquanto durou, mas chegou ao fim...
Eu vou agradecer!
Agradecer por me proporcionar os melhores anos e momentos,
Por trazer pessoas e lugares eternos pra minha vida,
Por me proporcionar experiência únicas de superação, de fé e de autoconhecimento, sempre.
E sei, lá no fundo, que há sempre a possibilidade de um novo encontro,
Há sempre a chance de uma "última" dança casual,
Há sempre a possibilidade de 5,6,7 e 8 e "vavavum"!
Não saio desiludida e nem sofrida,
Não é um adeus pra nunca mais voltar,
É um "até mais" sem data marcada pra voltar, só isso!
Mas toda vez que eu olhar no espelho ou na minha história
Ela sempre estará lá...
MUITO OBRIGADA, por tudo e por nada!
E quando o último ato acabar,
E quando a última luz do palco apagar,
E quando enfim a cortina fechar,
Ainda sim, continuarei ali,
Saboreando aqueles segundos entre os aplausos e a certeza do sucesso, do dever cumprido!
E sairei, talvez sem buquê de rosas nas mãos,
Sairei talvez com lágrimas nos olhos e sem sorriso no rosto,
Sairei talvez saudades do que não viverei mais,
Mas sairei de cabeça erguida.
Sairei satisfeita,
Sairei apenas segurando as minhas fiéis companheiras de uma vida inteira,
As sapatilhas...
Sairei e darei uma última olhada para trás,
Sairei e saberei que sou realizada e que agora não dançarei as coreografias pensadas dos professores,
Estarei dançando as coreografias da vida improvisadas,
Porque essas não tem como ensaiar.
Mas uma vez bailarina, sempre bailarina!
"Vou dançar até meus sapatos pedirem para parar. Aí eu paro. Tiro os sapatos, e danço até a vida acabar!"
Autor desconhecido
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