20 de fevereiro de 2015

Encerrando ciclos!


Acho engraçado que as pessoas só reconhecem, valorizam, lamentam e sentem falta de quem a gente  era depois que deixamos de ser... e a culpa ainda é nossa! Muitas justificam falhas e faltas nossas e culpam nossos defeitos e erros. Mas na verdade, acho que não há uma razão específica para quando um sentimento se esvai e o relacionamento simplesmente acaba. Tirando quando se tem um motivo forte e consistente, na maioria dos casos, a gente até procura respostas que não tem.

A vida muda, as pessoas mudam, e as relações mudam também. E mesmo que doa ver aquele alguém que muitas vezes fez questão de nós, que compartilhamos momentos e segredos, que dividimos a conta, as risadas e as roupas, que nos dava broncas e depois um beijo, que tinha um olhar cúmplice e um abraço sem igual, que participou de loucuras e histórias, que era uma parte essencial de nós quase tanto como nós mesmos, infelizmente, temos que deixar ir. Se insistirmos em manter a pessoa e a relação ao nosso lado, estaremos insatisfeitos, depois de ver o quanto ela pode ser e agora está miserável. Cada um dá o que tem! Nós sempre vamos dar o nosso melhor e nunca acharemos que estamos recebendo à altura diante de tudo que foi e que não é mais. E daí pra cobranças, desentendimentos, chateações é um passo. Então, é melhor ficar com o que um dia foi e guardar com carinho na lembrança e no coração.

A vida é um fluxo inimaginável de pessoas. Muitas cruzam o nosso caminho. Algumas por alguma razão. Outras por nada. Deixam uma parte delas, levam uma parte de nós. E num determinado momento fomos peças de quebra-cabeça que se encaixavam. Hoje, já não mais. Mesmo que os interesses, a vida, as compatibilidades, e o carinho não mude, algo muda mesmo assim. Fica difícil até explicar o que. É tão sutil. Mas a gente sabe que muda e que não se encaixa mais, como sapato gasto, roupa apertada, comida requentada, revista velha. Simplesmente não serve mais. E sim, somos descartados e jogados pra escanteio, mesmo que essa não seja a intenção. É quase que imperceptível o que se faz. E, da noite pro dia, outras pessoas são as mais importantes, dividem as histórias e momentos, brindam às diversas circunstâncias, estão presentes, fazem parte, fazem questão delas, estão nas fotos, e a gente não. Simples assim...

Dói, não vou mentir, ser deixada de lado, descartada. E o pior substituída! Mas podemos nos lamentar pelo resto da vida por isso e em nada vai mudar a realidade ou podemos achar nosso próprio "novos ventos e ares". Sim, pois todos nós temos. E tiramos o aprendizado e a lição e bola pra frente. Sei que lá no fundo, certas coisas sempre vão incomodar, mas fazer o que... ou a gente se acostuma ou se acostuma, não tem muito jeito.

E por coincidência, ontem um amigo colocou um texto que adoro, e que depois que eu terminei de ler, percebi que se parece muito com o que eu estou sentindo. A necessidade de encerrar ciclos, mesmo que não seja fácil. E dizer adeus pode não necessariamente ser triste ou doloroso, embora seja.

E nem por isso vou deixar de me doar e ser aquela pessoa que faz de tudo por quem ama, que quer ver bem, que é cúmplice, que é companheira, que se preocupa, que se importa, que faz questão de estar junto, mesmo que eu não receba o mesmo valor que eu dou. Eu não perco nada por ser assim e também acho que não saberia ser diferente. Mais vale um coração frustrado do que vazio de sentimentos. É difícil aprender novos caminhos e modos de agir com velhas pessoas em velhas situações, mas vou tentando... e por hora, deixo aqui o texto que acho maravilhoso e claro,  consegue expressar exatamente, o que eu não consegui fazer...


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão".


Fernando Pessoa



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