18 de maio de 2012

O mistério do bolo desaparecido

No final da confusão toda, eu ria ao telefone com a minha amiga, lembrando da nossa "investigação" ajuda, atrás de um pedaço de bolo que não saiu do lugar.

Tudo começou quando eu resolvi fazer um bolo de cenoura, tarde da noite tomada por uma vontade louca e depois caí na asneira de postar no FB. Óbvio que choveu gente querendo um pedaço. Afinal de contas, não cairia nada mal para uma noite fria e chuvosa. Minha primeira incumbência: levar para o trabalho! Lá, no dia seguinte, o potinho já se encontrava vazio antes mesmo do dia acabar. Ainda no trabalho, depois de trocentos comentários acerca do bolo, eis que uma amiga também resolve reivindicar seu pedaço. Só que, sem eu saber àquela altura, já não sobrava nenhum que eu pudesse entregar a ela na mesma hora, já que ela trabalha perto de mim e a mãe dela mora no mesmo bairro onde trabalhamos. Sendo assim, fui em casa pegar um pedaço de bolo e levar na casa dela, que mora perto de mim.

Chegando ao seu prédio, antes mesmo de tocar o interfone, um porteiro sorridente me atendeu prontamente. Eu entrei e me aproximei da guarita e disse que gostaria de deixar uam encomenda para a minha amiga. Ainda muito solícito, o porteiro me informou - o que eu já sabia - que a minha amiga não estava em casa e nem o marido dela. "- Estão no trabalho!", foi a resposta dele. Eu respondi que já sabia disso e que iria deixar sob os cuidados dele. Ele me perguntou ainda em tom cordial se a minha amiga sabia que eu iria deixar a encomenda lá na portaria. Respondi que sim, que ela já estava avisada. Foi então que ele pegou o embrulho da minha mão e me pareceu colocar em cima de alguma coisa. Eu agradeci, me virei e sai. Ao terminar a ação, mandei um torpedo para a minha amiga, avisando que " a encomenda já tinha sido entregue" e segui para a minha casa feliz, com a sensação de missão cumprida!

Lá pelas 19h e alguma coisinha da noite, essa minha amiga me liga, perguntando com que porteiro eu havia deixado o bolo. Eu respondi que não tinha perguntado o nome, mas que tinha sido com o único que estava no local. Expliquei todo o procedimento que tinha feito, mas ela insistia que o porteiro não tinha recebido nada. Então nossa conclusão: o bolo sumiu!

Depois de repassar o fato novamente, minuciosamente, nos deparamos com algo que não batia: o n° do prédio! Eu disse um e ela me disse outro. "-Pronto", pensei. Deixei no prédio errado. Mas, estava certa de que estava no prédio dela. Quando eu repeti o n° do prédio onde eu deixei a encomenda, foi aí que ela percebeu que eu havia deixado na casa dela e não na casa da mãe dela como ela tinha entendido através das mensagens que trocamos por cel. Falha na comunicação, problema resolvido, e o bolo estava à salvo na casa dela a espera dela ou do marido chegar para pegar a encomenda.

Passaram-se algumas horas e ela me ligou novamente. Eu crente que ela ia me falar sobre o bolo, ela me solta a bomba: o bolo sumiu - novamente. Só que a parte II do mesmo episódio era pior do que a parte I. Dessa vez, não tinha outra hipótese: o bolo tinha sumido! Começamos a analisar novamente os fatos, e começamos a chegar a conclusão que o bolo tinha sido "extraviado", para não dizer "furtado" e por uma causa nobre: foi comido! Tinha sido usado para saciar a fome ou a gula de alguém. Era o pensamento que se passava na minha cabeça aquela altura, mas a minha amiga continuava afirmando que o porteiro do seu prédio era de confiança e que já havia ficado com a  tarefa de receber coisas mais importantes e de valor para ela. E tudo tinha sido entregue devidamente, mas o mísero pedaço de bolo, não. Conferimos a descrição do porteiro e batia exatamente com o do homem que ela disse que o marido tinha ligado e que afirmava que não tinha nenhuma encomenda para eles. Achei aquilo muito estranho, pois o porteiro tinha sido muito gentil e me passou conhecer os dois (minha amiga e o marido dela) e sua rotina. Ele tinha me passado confiança ao me perguntar se a pessoa para quem eu iria deixar a encomenda na portaria sabia disso. Coisa que eu confirmei. Minha amiga me disse que tinha ido falar com a esposa dele e que ela também, por sua vez, não sabia de encomenda nenhuma destinada a eles - meus amigos.

Foi então que o mistério ficou ainda maior. A primeira hipótese: o bolo foi comido! Mas, por quem? Se o porteiro afirmava não saber de nada e era de confiança dos condôminos. Segunda hipótese: então, alguém se fez passar pelo porteiro. O que nos assustou mais. Porque imaginar que alguém pudesse estar nas dependências do prédio, circulando tranquilamente, sabendo da vida dos moradores e não ser ligado ao prédio, assusta. Mas, depois de muito matutarmos, foi a única conclusão que nos passou. Como aparentemente, mais nada nos restava a fazer a não ser a minha amiga se conformar que o bolo tinha sido "surrupiado", ela disse que ia averiguar a história e me dava um parecer mais tarde ou no dia seguinte. Antes de desligarmos eu ainda disse à ela para verificar na portaria, de repente, tinha sido esquecido lá dentro. Já que eles chegaram depois do horário de saída do porteiro. Mas, o mesmo foi perguntado e negou saber de encomenda, então, não sabia de mais nada.

Antes de dormir, mandei um torpedo lamentando o ocorrido e que a minha amiga não tivesse recebido o bolo que deixei para ela com tanto carinho. Foi então que ela me respondeu: o mistério do bolo acabou, ele apareceu! Na mesma hora eu liguei para ela pra saber como isso tinha acontecido. E foi então que descobrimos aonde estava o "rolo" todo da história: falha na comunicação. Depois que desligamos, ela pediu ao marido que descesse e fosse verificar na guarita do porteiro. E, quando ele chegou lá, eis que viu o bolo, intacto, como eu havia deixado horas atrás, amarrado dentro de um saquinho plástico e com o bilhete rosa colado nele, que reforçava o nome da moradora e o n° do apartamento. Mas, o bolo estava trancado lá dentro. Então, só restava a eles esperar pelo dia seguinte. Foi então que eles dois (marido e mulher) foram repassar as perguntas que o marido havia feito à esposa do porteiro e ao próprio por telefone. E daí, descobrimos mais uma falha na comunicação. Quando ele se identificou para a mulher do porteiro e ela disse que não sabia de nenhuma encomenda para ele, de fato ela não sabia, pois o marido não tinha comentado com a mulher da encomenda para a minha amiga. Mas, a confusão feita pela senhora do porteiro deve-se também ao fato de ter outro morador com o mesmo nome do marido da minha amiga. E ela, se confundiu com os dois, na hora de dizer ao marido quem tinha procurado por ele. Foi só quando ela disse em qual andar o elevador parou que ele identificou o morador e deu-se a luz do mal entendido. Mas, a falha na comunicação 2 se deu quando o marido da minha amiga ligou para o porteiro e perguntou se tinham deixado uma encomenda para ele, o marido. Na verdade, ele perguntou se tinham deixado um bolo para ele. E a resposta do porteiro foi não: nem bolo e nem nada para ele. Primeiro porque ele não sabia que a encomenda era um bolo e segundo que eu enderecei a minha amiga e não ao marido dela. Sob esse ponto de vista, o porteiro não errou. De qualquer forma, não custava nada ele ter atinado para o fato de ser o marido da minha amiga. Tinha nos poupado queimar a mufa para nada, rs. O que, no fim das contas foi muito engraçado. Quando o porteiro chegou em casa, depois que a mulher contou que tinham ido procurar por ele e perguntar sobre uma tal encomenda, ele - o porteiro - que também tinha recebido uma ligação perguntando a mesma coisa, resolveu o mistério do bolo que saiu da minha casa e não chegou a destino algum.

E no final da noite, terminamos rindo ao telefone de toda essa confusão, com ela saboreando o bolo, que disse estar muito bom! E me contando que o porteiro achou que o embrulho era um CD. E quando o marido da minha amiga perguntou sobre "um bolo para ele" o porteiro imaginou um bolo de fato, gigantesco e não o embrulho. E a conclusão da minha amiga foi taxativa: 3 jornalistas que não conseguiram se comunicar. Pois a falha na comunicação começou lá atrás com nossa troca de torpedos, que nos confundiu sobre o local onde ia ser entregue o bolo. Que bom que tudo foi resolvido e que o bolo cumpriu seu ciclo de vida: terminar a noite, na barriga dos dois, rs. E tudo poderia ter se resolvido muito antes e mais rápido se nós 3 não tivéssemos esquecido de uma regrinha muito básica na nossa profissão: que a comunicação se dá no outro e não em nós. Achamos que estamos sendo muito claros e objetivos nos fazendo entender quando na verdade cada um pensa uma coisa diferente, rs.

#ficaadica...

Depois disso tudo, acho que vou mandar a próxima encomenda por SEDEX, é mais garantido, né? rs.




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