27 de janeiro de 2014

Mais um ano se passou...


Hoje o dia nasceu lindo! Aquele sol alaranjado misturado com alguns raios rosados. Um dia perfeito para levantar com o pé direito, se encher de pensamentos bons e ir à luta. Um dia perfeito e inspirador para (re)começar. Mas eu só consigo enxergar tudo cinza. Sem graça, sem cor, sem vida. O coração está pesado. Tô com vontade de chorar. Pois hoje faz um ano sem você. Tem exatamente um ano que você abruptamente saiu de nossas vidas deixando um vazio inexplicável!  O tempo está passando tão velozmente, que eu nem me dei conta de que faz um ano que não nos ligamos. Faz um ano que não vamos à praia ou paramos para tomar um sorvete ou comer um pizza e colocar as fofocas e dia. Faz um  ano que não conversamos sobre sonhos e sobre decepções e sobre como é difícil aceitar as intempéries da vida. Faz um ano que não tomamos banho de chuva para lavar a alma. Faz um ano que não rimos por nada, de nós, de nossas próprias desgraças, da vida. Faz um ano que não nos falamos todos os dias e eu te pergunto se já tomou juízo. Faz um ano que não choramos no ombro uma da outra por tristeza, decepção, mágoa, saudade, medo e um pouco de tudo e reclamamos sem fim. Faz um ano que eu não passo mais os fins de semana na sua casa, conversando até tarde. Faz um ano que não jogamos sinuca, não dançamos um forró, não bebemos uma geladinha, não fazemos compras, não experimentamos cortes de cabelo, não saímos repentinamente só por estarmos entendiadas, não conhecemos lugares novos,  não desafiamos o nosso limite. Faz um ano que eu também  luto contra o tempo para não esquecer as mínimas coisas que vivemos e o seu jeito. O tempo pode ser generoso fazendo com que a dor diminua, dando mais lugar para uma gostosa saudade. O tempo ajuda a aceitar o que achamos que nunca vamos entender. O tempo traz respostas ou não! Ou nos obriga a seguimos sem uma explicação plausível para os acontecimentos. Então, nada mais nos restada do que nos conformamos e ponto!  E seguir, mesmo sem querer. Pois a vida nos empurra pra frente independente de vontade. E uma sucessão do novas pessoas e histórias se desenrola e somos envolvidos por um turbilhão de acontecimentos, querendo ou não. E o tempo passa. E nasce dia e morre dia, e passam-se meses e passam-se anos. E a única coisa que não passa em mim além da saudade infinita é o medo. Medo de te esquecer! De esquecer o som da sua voz, de esquecer o som da sua risada, de esquecer seus traços, de esquecer seu olhar, de esquecer o modo como você virada a cabeça e piscava os olhos toda vez que duvidava de uma "grande e definitiva" decisão minha rs, de esquecer o modo como penteava o cabelo ou como se apoiava em mim procurando segurança nessas porcarias de lugares esburacados e escuros. Tenho medo de esquecer que você me chamava de florzinha e de Fezinha. Tenho medo de esquecer o olhar de raio-x que tinha e que era capaz de ver o que de verdade tinha no meu interior. Tenho medo de esquecer que você me conhecia como a palma da sua mão. Tenho medo de esquecer como eu não precisava ser nada além de mim mesma com você. E ahhhh, como isso era bom! Dentro de mim sei que nunca vou ser capaz de esquecer. Mas tenho medo dessas minimidades acabarem se perdendo. Porque o tempo também pode ser cruel para quem não tem a memória tão boa quanto eu.E por falar em tempo, ganho ou perdido, depois de muita coisa vivida, decidiu que não perderia mais um minuto dele. Decidiu depois de muitas frustrações que queria viver o máximo que pudesse a cada dia como se não houvesse amanhã. Decidiu que não daria mais tempo para perder tempo.  Afinal, segundo a sua constatação você já tinha perdido tempo e gente demais. Já bastava viver com certas limitações e regras, não, você definitivamente não queria mais viver comedida dentro dos parâmetros certinhos. E você se jogou, e você riu e chorou, e você experimentou, e você simplesmente viveu. O que para uns parecia ser um exagero para você era necessidade, pois você  sentia a vida gritar por você. E você a desafiou, você se desafiou a ser mais. Mais do que esperavam de você. E eu tenho muito orgulho disso porque, apesar de ser muitas vezes por caminhos tortuosos e de maneira não tão adequada, você foi ser feliz, você foi viver! Aliás, você foi um exemplo vivo de que tamanho não era documento. Ah, não mesmo! Tudo em você era enorme, o coração, o bom senso, a inteligência, o conhecimento da vida, a compreensão, os conselhos, os abraços e a ternura com que era capaz de envolver nossa dor, nossa alma. Apesar da sua pouca altura, como você conseguia enxergar longe, pequena! Além do horizonte! E por falar em horizonte, lembro bem dos dias e noite que passávamos no chamado visual, ao lado de sua casa, olhando a paisagem e refletindo. Faz um ano que não volto lá e nem vou na sua casa, no seu quarto. Também não tenho muito contato com os amigos e a família maravilhosa que através de você eu pude conhecer e que tão bem me acolheu. Aliás, eu não vou a lugares onde íamos há muito tempo. Não é por maldade, mas por falta de coragem. Eu não quero voltar nesses lugares e tantos outros pelos quais passamos ou conversar com as pessoas que tantas vezes estivemos juntas nos divertindo para falar e lembrar da sua ausência. Você não merece isso e eu não quero isso! Quero em morte ter o seu melhor que com certeza eu tive em vida. Então, quero sempre associar tudo que faz parte da nossa história com muita alegria, co muita festa, com tudo de bom que você merece! E hoje, eu faço uma grande colcha de retalhos de nossa história. Tantos momentos, tantos lugares, tantas pessoas... você me proporcionou momentos incríveis. Momentos até que as palavras faltam para descrever.Momentos simples como ver o pôr-do-sol na praia, olhas as estrelas à noite, compartilhar o silêncio dos pensamentos,  sentir aquele bem estar e felicidade genuínos só por estarmos juntas, independente de qualquer outra coisa. Docinho, como você faz falta! E eu não acredito que tem um ano que  em muitos dias e momentos você habita meus pensamentos e meu coração e em minhas preces rezo para que não me deixe ficar triste e sim lembrar com saudade e alegria de nós. quem diria que amigas de trabalho e nem do mesmo setor éramos iríamos nos tornar amigas inseparáveis, irmãs. Porque é isso que eu sempre te considerarei, uma irmã, visto os inúmeros perrengues e  momentos difíceis onde não é qualquer pessoa que permanece ao nosso lado. Mas nós estávamos lá, firmes como rocha, sem arredar o pé, dispostas a fazer qualquer coisa pela outra e mesmo que nada pudéssemos fazer, ao  menos teríamos a cia uma da outra que acalmava e acalentava o coração. E nos doamos de verdade uma para a outra, sempre! Ainda é muito difícil pra mim falar de você sem doer,  sem chorar, sem faltar as palavras porque eu acho que por mais que eu diga nenhuma delas é exatamente digna de você. Então eu vou resumir: você é única e especial, pronto! E para você, se eu bem te conhecia, era tudo que você gostaria de ouvir e bastaria! Sei que por diversos momentos está comigo. Sei que todos os dias olha e ora por mim. Sei que a sua maneira sempre me manda um sinal de que caminho seguir. Sei que algum dia, nos encontraremos ainda porque a vida não acaba com a morte. Inicia-se uma imensa jornada em buscar de nós mesmos para então, quando enfim estivermos prontos e conscientes de nosso papel no mundo, voltarmos a nos encontrar com os entes queridos. De repente, as suas perguntas já tiveram respostas. Mas como nunca é demais falar, saiba que aqui embaixo, sua jornada não foi em vão. Você não apenas passou pela vida, pelas pessoas, pelos lugares. Você deixou sua marca lá. Uma marca que para todos nós que a conhecemos é difícil de apagar e nem o implacável tempo poderá fazer: o seu amor. Descanse em paz... Com amor eterno, Fezinha!



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