Oi pessoinhas... Sei que fiquei um pouco afastada daqui do blog, mas tive uns contratempos pessoais e profissionais e que me impossibilitaram de estar mais presente. Vou tentar ao máximo ser mais assídua em minhas postagens reflexivas sobre os acontecimentos atuais.
A intolerância, seja ela de que cunho for é algo que vem me assustando e incomodando cada vez mais. Há muito mais pessoas para atirar pedras do que estender a mão. Criticar em vez de apoiar. Acusar em vez de tentar entender. Sei que isso acontece desde que o mundo é mundo e seres humanos foram inseridos nele e construíram um sistema de sociedade. Porém, está aumentando o nº de casos onde existem juízes que se auto capacitam a julgar certo e errado, custe o que custar.
Nessas últimas 24h, mais um post viralizou na internet. Em meio a mais uma campanha destas criadas no Facebook chamado "Desafio da Maternidade" onde mães colocam fotos para mostrar o quão são felizes e abençoadas em serem mães. O quanto a maternidade é maravilhosa e as realizou. Na verdade mesmo, fundamento não tem nenhum. Pois nenhuma foto, pois mais que mostre além das palavras, é capaz de explicitar o real sentimento de ser mãe ou pai. E mensurar a amplitude disso. Mas é uma daquelas modinhas que todo mundo faz e quando você olha na sua timeline, 90% é apenas isso. Até eu que não sou mãe fui desafiada hahaha, então realiza... Eis que uma jovem resolve postar, imagino eu, os contrapontos desta realização total chamada maternidade. Eu ainda grifei o 'imagino eu' porque não posso afirmar com absoluta certeza a real intenção dela ao fazer isso. Posso supor através do relato dela. Só que assim como eu, muitas outras pessoas, na maioria mães, também suporam muitas coisas.
Primeiro, acho incrível a capacidade do ser humano hoje em dia de debater um assunto e divergir da opinião de outrem com agressões, ofensas e xingamentos. Cadê a discussão saudável? Ou ao menos o respeito às diferentes opiniões. Segundo, a falta de sensibilidade de tentar se colocar no lugar do outro e não fazer com eles o que não gostaria que fizessem consigo. Terceiro, de agir com bom senso de não julgar se não se tem os dois lados da história. Embora essa menina tenha exposto sua versão do que acha e tem sido a maternidade para ela, não podemos afirmar que seja só isso ou se tem mais por detrás da história. Esse mas que muitos se negam a querer ver. Ficam só com o que é contado ou o que querem ver.
Muitas amigas minhas compartilharam esse post e eu, por curiosidade, me dei o trabalho de lê-lo até o fim. Realmente, a menina não foi nada cautelosa em usar algumas palavras pesadas e que causaram a ira de muitas pessoas como não gostar de ser mãe e não demonstrar carinho para com o filho. Já caíram de pau nela né? E os comentários eram variados: ou ela estava com depressão pós-parto ou qualquer outro problema emocional do tipo ou era uma louca, obviamente uma péssima mãe para falar uma blasfêmia dessas. Bom, eu não tenho a capacidade e entendimento para dizer que ela esteja sofrendo algum problema de saúde emocional como muitas disseram. Ela até pode estar, mas em nenhum momento não vi onde isso ficou claramente evidente como muitas disseram. E estando na sua mais perfeita saúde física e mental ela tem o direito de dizer o que quiser. E cabe os demais, por mais que se indignem e não concordem, que respeitem. De resto, tudo o que ela expôs ali, de maneira não tão bem colocada eu concordo, não deixa de ser verdade. Muitas mulheres passam por isso, mas ou escondem por medo e vergonha de não serem mães suficientes ao sentir e pensar tudo isso ou se obrigam a se virar com a situação. Eu já disse muitas outras vezes: maternidade não é pra qualquer um, tem filho hoje em dia quem quer. Mas ops, aconteceu, não tem como voltar atrás e bum, a criança nasceu! Há aquelas que aos trancos e barrancos se viram e aprendem a ser mãe. Há aquelas que não. É um fato! Não vou discorrer aqui se a pessoa tinha que pensar antes de fazer o filho e se responsabilizar pelas consequências. Fato é que algumas consegue levar a maternidade e outras não, simples assim.
E mesmo quem acha que nasceu com toda a vocação do mundo para ser mãe, que é o grande sonho realizado, quem nunca se sentiu perdida, com medo, numa situação nova e estranha, muitas vezes à beira de um ataque de nervos querendo chutar o pau da barraca? Pois é. Tem momentos de puro desespero. Muitos momentos. Às vezes se tem com quem contar, outras vezes não. Às vezes é uma bênção ter pessoas aptas e prontas a ajudar. Outras é um inferno ter um monte de gente palpitando sobre o que você deve ou não fazer e como fazer e como fazer bem feito. E quem foi que disse mesmo que mãe sabe de tudo? Ok, sabem! Com o tempo. Não mãe de primeira viagem no primeiro dia de nascido do filho com ele nos braços, saindo do hospital. Como distinguir que tipo de choro quer dizer o que, a temperatura da água certa pro banho, as máximas da amamentação e tirar de letra tantos outros cuidados que está tendo contato pela primeira vez. Na teoria tudo é lindo, mas na prática... E tem que assimilar tudo pra ontem. Tem que se tornar altamente capaz. E quem é que entende que apesar de amar seu filho(a), ainda sim você queria novamente um tempinho só pra você, tomar um banho demorado, não comer comida fria, dormir sem interrupções, relaxar vendo tv, fazer algo que goste só pra você sem ser taxada de egoísta pelos outros e fora a culpa natural que as mães se impõe ao pensarem em não priorizarem em tempo integral suas crias?
Ser mãe é árduo. E é árduo todo dia pra vida inteira. Pois cada fase tem as suas complexidades. Aquele problema X vai passar e vai vir o Y. Quando bebês são determinados embates, crianças são outros, adolescentes são outros, adultos são outros. Porque não se é mãe até a maior idade dos filhos, é em tempo integral. Sim, estou aqui me atrevendo a palpitar sobre um assunto que não tenho conhecimento de causa. Não sou mãe. Mas tenho jovens e maduras mamães na família além de amigas e que posso ver que todo dia é diferente do outro. Tem um aprendizado diferente. É um eterno recomeço. Obvio que a grande maioria vai dizer que um sorriso, um eu te amo, um abraço ou qualquer outra mínima coisinha manifestada pelos filhos apaga qualquer dificuldade até então. Tudo é compensado. Mas há quem não pense assim e, eu tô aqui na verdade não para dizer que essa menina está certa em dizer o que disse, porque não sou mãe, porque não a conheço e nem a vida dela e não sei as razões e os motivos que a levaram a fazer isso. Só tô tentando dizer que mesmo de maneira errônea, ela tem o direito de dizer e ninguém tem o direito de julgar , criticar ou coisa pior. Tudo bem que ao expor uma opinião num espaço público, a pessoa tem que estar ciente de que pode ser contestada. Mas não pode ser ofendida pelo o que pensa e sente. Caluniada, injuriada e difamada. Ser criada uma verdade paralela. Não vi o filho ser mau tratado, então não posso dizer que não é boa mãe ou que ao menos faça o que pode da melhor maneira que pode. Ela disse que não gosta de ser mãe. Não disse que não gosta do filho. Embora, posteriormente, essas palavras lidas pelo filho poderão ser muito mal interpretadas, ainda sim ela disse o que disse e não o que colocaram como palavras dela.
Acredito que ela tenha tido a intenção de desabafar e dizer que a maternidade não é essa maravilha toda. Tem o lado B como tudo na vida. A maneira como ela colocou isso é que não foi a melhor escolha e ela, infelizmente, está pagando o pato por ser verdadeira, mas de uma maneira insensível ao olhos dos doutores da moral. Agora se não é bem assim, eu já não sei, pois não vou ler nas entrelinhas o que eu acho que está escrito lá. Isso vem acontecendo demais hoje. Você escreve uma coisa e interpretam de mil maneiras e repassam suas palavras com intenções que se quer você teve. E tiram conclusões e cria-se toda uma atmosfera em torno de algo que se quer foi dito, ou se foi, de repente não daquela maneira pintada.
Tá cansado demais ter muitos juízes atrás de teclados ditando o certo e o errado. Vivemos num mundo de super tudo onde todos são altamente capacitados para a vida. Tudo deles é perfeito. Sabem de tudo. Tanta perfeição poderia ser muito útil para ajudar os 'imperfeitos', 'se assim desejarem'. Para os que não desejarem, respeite-os como são, imperfeitos e de bem com isso. Sem neuras. Sem cobranças exacerbadas. Aceitando suas limitações e erros, dando de ombros para os achismos mil.
Bom, já estou aberta às divergências de opinião. Só peço que com educação, por favor. Sem ofensas e agressões. Você que lê tem o direito a ter sua opinião e a expor, assim como eu também tenho. E no mais, ninguém é obrigado a ficar aturando desaforo. Pois esse é o intuito deste post, mostrar como algo que poderia ser benéfico como a troca de experiências e ideias, pode acabar sendo prejudicial se for desmedido e sem limites com as verdades nuas e cruas ditas custe o que custar. Dizer tudo o que pensa sem se preocupar se vai magoar as outras pessoas, principalmente quando não se sabe de tudo e se pressupõe muita coisa não é sinceridade. É maldade aliada a falta de educação quando há necessidade de ofender e denegrir a pessoa, se sobrepor sobre ela. Ser sincero é dizer o que pensa e sente sem deixar de lado o respeito pelos sentimentos alheios. Não é o que se diz e sim como se diz que importa.
Fica aí mais uma caso de intolerância e pressupostos, mais um caso para mostrar o quanto doentes estamos, o quanto desumanos nos tornamos, o quanto temos a necessidade de sermos donos da verdade e da razão e destilarmos nossos achismos a torto e à direito. Deixo abaixo o link da postagem na íntegra para os interessados que queiram ler, tirar conclusões sem serem precipitadas, formarem suas opiniões com o devido respeito e cuidado e, de repente, tentarem ver com outros olhos além da ira esse desabafo que é mais comum do que se pode imaginar.
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1030225017048706&id=100001836539100
Ps: onde me informei de que o perfil da menina havia sido bloqueado, portanto não conseguiram mais acesso a ele. Infelizmente, as ações desmedidas das pessoas levam outras a sofrerem por algo que sequer fizeram...