19 de março de 2011

... e a morte é apenas o início de uma grande jornada, de quem foi e de quem fica...

Faz 4 meses que minha vó se foi e não tá sendo nada fácil, nem para mim e nem para a minha mãe. O problema não começa no dia da morte da pessoa, nem na hora do seu enterro. Na verdade, acho que lá, a ficha nem caiu de todo e ainda não nós damos conta de tudo que futuramente, nos aguarda. A coisa fica feia no dia-a-dia. Na falta da pessoa, na saudade que bate, numa conversa que lembra, num momento que estava junto, numa mania ou hábito que a pessoa tinha e você toma pra si sem querer, nas pequenas coisas do dia, nas trivialidades. Quantas vezes, nesse período de ausência dela, me peguei chegando da rua e indo no quarto dela dizer: vó, cheguei!!!!. Ou, de querer falar alguma coisa, fazer uma pergunta e não poder. De querer estar junto e se dar conta que não dá mais. São nessas horas que morremos um pouquinho mais, de cada vez. Acho que se nós soubéssemos que o tempo de vida de alguém está perto do fim, aproveitaríamos esta pessoa muito mais. Falaríamos realmente tudo e mais um pouco, o que temos vontade de dizer e o que não temos também. E aproveitaríamos melhor o tempo ao lado dessa pessoa. De repente, não o desperdiçaríamos com pessoas que não o merecem. Mas, infelizmente, isso a gente só se dá conta quando tudo já aconteceu, a pessoa já se foi e o tempo já passou.

Não, não reclamo! Não sou egoísta de querer minha vó junto à mim, doente, sem cura e sofrendo. Nem ela iria querer ficar desse jeito. E não estou me lamentando, pois, nesses 28 anos que vivi ao lado dela, fui muito bem criada, amada e acolhida por ela, que igualmente amei e a aproveitei em todos os sentidos, como pessoa. Mas, mesmo tendo isso pra si, é impossível não ir visitar o túmulo dela e os olhos ficarem cheios d'água pela saudade, pela dor da perda, pelas lembranças que a cada dia que passa, parece que ficam mais fortes. Meu consolo é justamente esse: tudo que tive incondicionalmente com ela.

Certas datas ainda são tabus para mim e sempre que passo por elas fico arriada, para baixo. Mas sei que isso e de todo o resto o tempo vai se encarregar de cuidar, vai amenizar a dor, vai diminuir a saudade, vai ajudar a consolidar o conformismo e vai me deixar aceitar melhor uma situação que não tinha jeito, mas que o entendimento disso não torna mais fácil o sentimento de falta, perda e tristeza. Hoje, fico com as fotos, com as palavras, com os carinhos e com todo o resto material ou não de nossa relação avó e neta. E na esperança que ela esteja sempre comigo e não só nos meus pensamentos e nem nas minhas orações.



Bom, acho que e isso... minha grande descoberta:  ... que a morte é apenas o início de uma grande jornada, de quem foi e de quem fica...

2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Ainda não perdi por morte alguém tão próximo assim. Deve realmente ser algo bem difícil...

Força pra ti!

Beijocas

Danyy disse...

"... e a morte é apenas o início de uma grande jornada, de quem foi e de quem fica..." essa é a frase perfeita p nós miga... pois perdi minha doce vozinha a exatos 2 anos 3 dias.. Nossa me identifiquei c tdo q vc escreveu, eh isso ae, oq mais doi n inicio eh a rotina q tinhamos, eh de repente vc lembrar de algo engraçado q ela iria adorar ouvir e nao poder contar pq ela n está mais aqui, eh n ouvir o feliz natal ou feliz aniversario vindo dela, ou a risada dela q era tao gostosa... mas enfim, o tempo gata, cura tdo, hj eu sofro menos, mas ela ainda faz muita falta, e por mto tempo desejei voltar ao passado p poder sentir o cheirinho dela, abraçá-la mais uma vez (bem forte) e dizer "Amo muito, muito, muito a senhora vó!!", oq me consola eq talvez um dia nos encontraremos tdos minha cara, assim espero !!!! bjocasss :*