Vivemos tempos de intolerância! Intolerância racial, religiosa, sexual, política, moral, de valores, com a vida e o mundo. Nunca em tempo algum exerceu-se tanto o direito de expressão de opiniões, calçadas pela tal liberdade de expressão, tão difícil de ser conquista. Porém, uma vez adquirida, sua força se faz presente, mas o bom senso e o discernimento com que deve ser usada está sendo esquecido.
Já dizia um velho ditado: "seu direito acaba quando começa o do outro". E assim, através desta máxima, ensinava-se a respeitar não só os direitos, que devem ser iguais para todos, mas o limite até onde se deve/pode ir com ações e palavras. Recentemente, as eleições culminaram na maior crise comportamental das redes sociais, arrisco-me a dizer. Em tempos em que o cidadão tem voz ativa para se expressar e fazer parte da história, atuando ativamente no cenário sociopolítico e do cotidiano, com assuntos dos triviais aos mais sérios com decisões sobre o país. Porém, mais do que apenas expressar suas opiniões embasadas em achismos ou ideologias mil, veio uma raiva e uma intolerância nunca antes vista nas redes sociais, criado inicialmente com o intuito de socializar pessoas, compartilhar ideias, trocar informações e experiências e com um certo cunho de entretenimento.
Cada um usa a sua página da forma como bem entender, sendo assim pode ter conteúdo tanto positivo como negativo. E ainda se fazendo do direito de postar e falar sobre o que bem entender, da forma que quiser, sem conseguir ou sem querer mesmo segurar um pouco os ânimos exaltados após discordância de opiniões, não foram poucos os xingamentos e desentendimentos que a "política" gerou. Sem freios e bom senso, à torto e à direito ataques voavam pelas páginas aos que se opunham a uma determinada ideia, que sempre era tida como certa. E quando a verdade absoluta não era bem aceita por alguns, pronto, começava o auê. Amizades foram desfeitas, famílias e amigos rompiam relações, casais brigavam, pessoas que mal se conheciam começavam um confronto na "timeline" do amigo em comum. E as pessoas, de um modo geral foram tomadas por uma raiva sob o nome de inconformismo.
Eu mesma comecei a postar ideias e opiniões minhas a cerca de políticos, suas campanhas, debates ou o cenário atual. Criticava ou defendia, questionava algumas questões intrigantes para mim. Gosto de política e acho importante o cidadão se inteirar e fazer parte ativamente das decisões que recaem sobre todos em seu país. Alguns concordavam, outros discordavam, rolavam alguns debates e até aí, normal. Todo e qualquer assunto que se levante vão ter pessoas contras e à favor e os isentos. Ou porque não acham nada ou porque não querem debater. Sempre foi assim. O problema foi que passou-se a não ter respeito pelo direito do outro discordar, ter uma opinião contrária às outras. Então, para evitar problemas, parei! Já estava presenciando debates bem acalorados digamos assim na minha página. Resolvi cortar o mal pela raiz. Mas não sem antes me sentir indignada com pessoas que não acatam o direito que cada um tem de ter sua opinião que é formulada ao longo de anos por diversos fatores. Acho completamente ridículo quem grita e escreve mais amor por favor e na hora de ter amor em suas ações só descarrega o oposto. Onde foi parar o respeito? Até posso entender que muita gente fique revoltada porque terá que conviver com as escolhas de terceiros, as quais consideram erradas. Mas vivemos numa democracia, onde ganha a maioria. E aí, quando a gente acha que esse "mimimi" todo vai acabar, os desentendimentos mil porque cada um defende com unhas e dentes seu candidato e partido e o porque ele é o melhor e em contrapartida mete o pau no coleguinha que pensa diferente, o resultado das eleições culminou num embate ainda maior. E eu que achei que não era possível! Agora, depois de tudo que já tinha acontecido de caótico, vinham as mesmas pessoas que atacavam o candidato e seu defensor, agredir (verbalmente até então) e o culpar pela escolha que ele acha "de merda" (o termo melhor que posso usar aqui diante de tudo que li). E o blá blá blá ganhou mais força do que antes e as pessoas se esqueceram que assim como tudo na vida, um perde e o outro ganha. Conclusão, o assunto política ainda rende na internet, com alguns ataques direcionados ou a ermo. E muita gente que nem eu simplesmente cansou! Porque de uma atitude que poderia ser positiva e render uma discussão saudável com exposições de pontos de vista e embasamento histórico, político, seja lá o que for, virou além da maior chatice, uma tremenda dor de cabeça. E nós, que nos excluímos dessa doideira toda, agora somos taxados de alienados, de pessoas que não ligam para a situação do país, que estamos nem aí para tudo que está acontecendo. Errado meu amigo que pensa assim. Apenas é difícil tentar explicar para quem não está disposto a entender. E sendo assim, parei minhas manifestações e nunca rezei tanto para passar essa fase.
Mas, não posso deixar de ver que esse momento serviu para que víssemos duas coisas. A primeira é que não existe mais cidadão passivo. E muito menos manipulado. Todo mundo sabe de tudo, têm suas próprias opiniões e ideias. Ninguém compra pura e simplesmente mais a informação que é plantada. As pessoas estão tendo cada vez mais acesso à informação e a facilidade de se ter internet ao alcance das mãos facilita quase toda a população, independente de escolaridade e classe social à uma inclusão não só digital, mas social. Pode-se manifestar em vários canais e mídias. Ao se expressar o cidadão se vê como parte. E a segunda, o povo ganha força e poder com a voz ativa. Só falta bom senso para saber lidar com essa nova aquisição social. E um povo que tem defasagem em diversos campos, principalmente na educação escolar e de casa, não é de se esperar que não se tenha postura adequada para ganhar voz ativa e saber usar com sabedoria. De forma certa, é uma grande arma que a população tem em suas mãos. Porque quem tem conhecimento, tem poder. Infelizmente, ainda é pouca a parcela da sociedade que tem acesso, entendimento e discernimento para usar da melhor maneira possível essa ferramenta à seu favor. Poderíamos ajudar a construir a história. Fazer um país melhor. Criar e divulgar ideias inovadoras e que ajudassem. Disseminar iniciativas sócio, político-econômica em prol de nós mesmos. Só que em vez de coletividade, nunca se produziu mais individualidade. Criou-se a geração "donos da razão!" e é só o que importa, estar certo aos olhos de todos. Nos posts cômicos da internet, fala-se que este momento dividiu o Brasil. O Brasil já era dividido. Só que hoje, com o que se pensa e o que se faz às claras pois nada mais escapa do BBB real da vida, essa divisão está escancarada. E não é só uma divisão política e nem econômica, social, racial e religiosa não. É algo que vai até mais fundo, que antes as pessoas tinham medo de expor, e hoje apesar de ser feito e de campanhas mil contra isso, a barreira do preconceito aliado a falta de valores de uma sociedade, gera intolerância, hipocrisia e falso moralismo.
O estopim para muita coisa foi o momento político. Mas briga-se por tudo. Há duplas, quiçá quíntuplas interpretações acerca do que é postado. Tudo vira tempestade em copo d'água. Ando ficando cansada de tantos questionamentos, polêmicas, verdades absolutas, donos da razão, defensores da moral e dos bons costumes e da integridade de valores em tempo integral quando, muitas vezes, apenas faz-se um comentário ou posta-se algo desprendido de tudo isso que acaba gerando. Todo mundo sempre sabe de tudo e todo mundo se ofende com tudo. Um treco simples acaba tomando proporções gigantescas sem ser pra tanto. E o povo anda com os nervos à flor da pele, tudo se exalta, briga, pensar diferente é desrespeito. Tô vendo amizades serem desfeitas por política, futebol, religião, final de novela. Por achar que o outro tem que pensar e agir como acha que tem que ser, seja com filhos, com animais, com a própria postura. Menos, minha gente! É para interagir e socializar, trocar experiências e não criar tantas discordâncias assim. Vejo tanta coisa absurda... A vida já é tão difícil, não precisamos tornar uma convivência prazerosa, mesmo que virtual, numa chateação constante. Já temos demais, não?! Todo mundo sabe de tudo. Todo mundo tem resposta pra tudo. Críticas, censuras, lição de moral. São tão eficientes quando se trata de apontar o dedo para as faltas e falhas do outro. O erro alheio é sempre condenável. Mas que ironia, quando se trata de si mesmo, além de não usar consigo a missa a metade do que fala para os outros, é incapaz de olhar para si e se reconhecer igualmente humano, com erros e acertos, e que isso não necessariamente diz quem você é. O conjunto de ações e valores e principalmente a essência é o que nos define. Ou aceita um simples fato: nem pior e nem melhor, apenas diferente! Opinião, achismo e convicções, cada um tem o direito de ter a sua! O respeito seria a melhor maneira para lidar com tudo. E uma coisa tão fácil, se colocar no lugar do outro. Não fazendo assim o que não gostaria que fizesse com você. Não tem erro! Mas é só o que eu penso...
E penso ainda, acima de tudo que se queremos um país melhor, nós temos que construir um país melhor. Não adianta cobramos de nossos governantes se a gente não mudar a nossa postura. E continuamos com o famoso jeitinho brasileiro para nos beneficiar sempre. E depois vamos às ruas gritar não à corrupção e etc. E eu também acho que todo esse engajamento político, social deveria ser sempre e não somente em momentos ícones para o país. Se certos assuntos fossem debatidos constantemente e as pessoas fossem acostumadas aos debates, ficaria mais fácil de lidar pois não estariam indignados com mil coisas entaladas na garganta que saem cuspidas sem importar a quem irá atingir. E no mundo em que vivemos hoje com falta de paz e amor, pessoas boas e boas ações, fica realmente difícil ter bons sentimentos e carregar para a vida. Andamos descrentes de tudo, principalmente de fé. E passamos a reproduzir para o mundo o que vivemos nos dia a dia. Nos tornemos pessoas melhores, façamos o melhor para cobrar o melhor. Educamos principalmente com exemplos. E bons exemplos, é disso que essas crianças que já nascem perdidas para a vida precisam, além de uma mão estendida e de um caminho que se aponte. Não adianta esquecer de olhar para nós mesmos. É a partir de nós que o mundo se forma. E que as coisas acontecem. O mundo evolui se a gente evoluir espiritualmente e como pessoas. E quando tivermos moral para apontar, cobrar e falar, aí sim podemos exigir. Enquanto isso, com passos pequenos e pensamento grande, a gente chega lá se quiser, com uma pitada de amor e uma porção bem generosa de fé. Pois a batalha só está perdida quando desistimos. E se valeu a pena criar um rebu danado por causa de 0,20 centavos (e não foi só por causa de 0,20) porque não causar um rebu maior, mas de maneira inteligente e organizada para realmente termos ordem e progresso e orgulho da nossa pátria amada Brasil?!
E que venha o natal, de repente o espírito dele consegue apaziguar a língua e os corações das pessoas. Na Leader ele já chegou e na Lagoa Rodrigo de Freitas também.
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