Eu super concordo! E no meu caso, é exatamente assim, ou surto de vez em quando, ou surto de vez!
Curiosamente, um mundo loucamente imperfeito nos exige perfeição o
tempo todo. De todos nós, de fato, mas, em se tratando de mulheres, as
exigências são ainda mais exorbitantes e cruéis. O mundo espera de nós o
que, talvez, sequer saibamos se é possível – e que muito provavelmente
não é.
O mundo espera que sejamos bonitas, acima de tudo. Lindas, se
possível. Bem cuidadas, magras, torneadas, gostosas e sexys. E tenta nos
convencer que não somos bonitas se não vamos ao salão de beleza
semanalmente.
Uma mulher ~perfeita~ para o mundo atual tem que trabalhar o dia
inteiro – porque precisa ser independente – estudar – porque precisa ser
culta – fazer dieta, ir à academia e manter os cabelos com um brilho
espetacular. Ir à manicure, sorrir para a sogra e, depois de tudo isso,
ter disposição para fazer um sexo memorável a qualquer hora, para que o
mundo – e, em alguns casos, excepcionalmente o seu companheiro – a
considere uma mulher que vale a pena.
E ainda é preciso encontrar tempo pra rezar pra não ser trocada por
outra – por que, como já ouvi incontáveis vezes: homens disponíveis
estão mesmo difíceis de encontrar. E depois de nos aterrorizar com toda
essa história de que precisamos agradar nossos homens, muito mais, até
mesmo, do que sermos nós mesmas, ele nos cobra lucidez. Segurança.
Serenidade.
A verdade é que o mundo nos cobra equilíbrio quando tudo o que ele
faz é nos desequilibrar. Nos cobra segurança quando tudo converge para
que acreditemos que não somos nada sem um homem ao lado, nos cobra união
enquanto, culturalmente, nos lança umas contra as outras, fazendo-nos
uma cruel lavagem cerebral que tenta nos convencer de que somos
desunidas e competitivas.
E os homens de nossas vidas – pais, companheiros, amigos – embora,
muitas vezes, cheios de boas intenções, acabam por nos atribuir uma
responsabilidade que talvez sejamos incapazes de assumir: a de sermos
boas o suficiente o tempo todo.
De não mexer no celular dele. De deixá-lo ver futebol em paz. De não
sentir ciúmes da amiga gostosa. De se portar dignamente, elegantemente,
graciosamente. De não enlouquecer nunca – e se você aceita um conselho,
toda mulher precisa enlouquecer de vez em quando, ou acaba por
enlouquecer de vez.
Se cada homem no mundo pudesse escutar a minha voz, o único conselho
que eu daria é: deixe-nos enlouquecer quando quisermos. Porque não há
amor sem uma dose de loucura. Porque equilíbrio absoluto numa relação
jamais foi um bom sinal. E toda mulher tranquila e que nunca te
interroga sobre o seu atraso pode não ser tão equilibrada assim: ela
pode, simplesmente, não te amar.
A intensidade é parte de cada passo nosso. A insensatez eventual nos é
necessária e característica. E se não lhe tivermos um pouco de loucura,
certamente não lhe temos sequer um pouco de amor.
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