John Green só pode ser alguém de
outro planeta para escrever uma
história tão perfeita; é claro que já conhecia todo o enredo, mas vê-lo
novamente, criando vida e ganhando rostos, cenários e cores foi
espetacular. Creio que deva ter sido emocionante para todos os leitores –
e para aqueles que não leram o livro também, pois a história foi muito
bem explicada, não deixando espaços em branco. Desde que li o livro – e
me enchi de lágrimas e sorrisos do início ao fim - eu soube que iria
gostar do que veria no filme, que iria me apaixonar
ainda mais pelos personagens e que sim, iria chorar com o final. Só que
eu não imaginei que minha garganta se fecharia e meus olhos se encheriam
de lágrimas desde as primeiras cenas. Confesso, li o livro e vi o filme
depois de muita gente e já tinha ouvido falar sobre as impressões de
várias pessoas sobre a história. Mesmo assim, fui tocada de tal forma
quando de fato me abri para ela que eu pude me sentir no lugar dos
protagonistas. Vivenciei cada emoção, chorei cada lágrima, ri cada
sorriso e cada reflexão pesou na consciência.
Como
seria a sua vida se você descobrisse um câncer? Em que você
investiria o seu tempo se soubesse que não há mais possibilidades de
cura, apenas de prolongar ao máximo os seus dias? Com que olhos você
veria o que de fato é importante na sua vida? Acho que essa é a reflexão
que John Green tenta colocar em “A Culpa É das Estrelas”.
Hazel
Grace é uma adolescente de 16 anos que convive, desde os 13
anos, com um câncer de tireoide. Impulsionada pela mãe, Hazel frequenta
um grupo de apoio a adolescentes com câncer, mas se mantém alheia as
pessoas. Na sua concepção, tendo um “prazo de vida”, ela não vê motivos
para fazer novas amizades, pois quer diminuir ao máximo o número de
pessoas que possam sofrer quando ela partir. Apesar da doença, Hazel não
se faz de vitima e tanta manter o bom humor, preferindo a companhia de
livros, filmes e da família. A história muda quando ela conhece Augustus
Waters, um jovem de 17
anos, ex-jogador de basquete que teve uma das pernas amputadas por causa
do osteosarcoma. Augustus acredita acima de tudo na vida. Bem humorado,
ele não deixa que ninguém o julgue ou sinta pena dele pelo que
aconteceu, é o ponto de apoio dos amigos e está sempre disposto a
melhorar o dia dos outros.Juntos eles encontram o equilíbrio um para o
outro dentro de suas vidas destroçadas. Juntos, eles se apaixonam e
tenta tirar o máximo de cada dia que passam juntos, afinal, eles podem
ser escassos. Juntos eles vão se apaixonando e aproveitando o pequeno
infinito que a vida lhes reserva. Juntos, os dois vão preencher o
pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.
É claro que tudo me tocou no filme, mas principalmente a maneira como se encara a vida diante das adversidades que não podemos mudar. Ela mais realista e de certo ponto, pessimista. Ele sonhador e de certo ponto otimista. Ela quer se manter o mais invisível e isenta de qualquer coisa no mundo. Ele quer ser lembrado e se comprometer a viver a vida. Destaco as brilhantes interpretações de Shailene Woodley (Hazel Grace) e Ansel Elgort (Augustus Waters) que deixam à flor da pele nossos sentimentos e sensações. Uma trilha sonora maravilhosa, mas a música tema do casal All Of The Stars de Ed Sheeran é qualquer coisa pra mexer com os sentimentos turbulentos dentro de nós.
Acredito que em cada um, o filme vai mexer com diferentes sentimentos e despertar para diversas reflexões. As minhas foram:
1) Quanto tempo gastamos com coisas e pessoas que não valem à pena em vez de aproveitar os que valem?
2) Perdemos tempo tentando entender a razão e a lógica das coisas quando na verdade, independente de nossa vontade ou compreensão, as coisas nos acontecem, sem explicação.
3) Não importa o que nos acometa na vida, importa a postura com que encaramos esses acontecimentos.
4) Queremos sempre ser lembrados. Deixarmos uma marca no mundo. Queremos ser amados e sermos significativamente importantes para as pessoas. E às vezes gastamos tempo de mais tentando ser isso do que vivendo de fato apenas com o que temos, o pouco e o simples.
5) Passamos tempo demais nos lamentando pelo que não temos em vez de agradecermos o que temos.
6) Não adianta carregar o passado e o futuro para o presente. Só podemos viver uma coisa de cada vez.
7) Não importa o quão doidos possam ser nossos sonhos, vale a pena correr atrás deles
8) Não sabemos quando será nosso último dia de vida, então, mais vale uma vida bem vivida do que uma vida planejada e não executada.
9) Qualidade é melhor do que quantidade.
10) Que a culpa não é das estrelas, óbvio! Mas por que não fazermos um pouco de poesia com a vida?
No mais, deixo abaixo o trailer e o desejo para que todos assistam. Se desprendam de qualquer coisa. Se dispam de análises, críticas e afins. Apenas assistam. Mergulhem na história sensível e tocante. Sintam os sentimentos dos personagens. Chorem com eles. Vibrem com eles. Se apaixonem com eles. Vivam como se fosse o último dia de suas vidas, com eles. Deixe as músicas invadirem suas almas. Simples, apenas mergulhem na história. Não é uma história para ser perfeita apesar de ser. É uma história pra ser sentida. Mais que entendida. É uma história para ser tocante, mais do que explicante. É uma história de amor, como todas as outras, se não fosse pela condição do casal e por uma situação única na vida que para poucos acontecem: uma segunda chance de fazer diferente e aproveitar os dias que ainda restam, mesmo sem ter como saber quantos ainda faltam. Entenda, simplesmente, porque "alguns infinitos são maiores que outros", e como um simples "ok" pode dizer tanto.
E agora a pergunta que não quer calar: Por que a culpa é das estrelas?
Bom, eu encontrei duas respostas.
Uma na verdade é a explicação do autor que diz que faz uma referência a Shakespeare em Julio Cesar onde se é discutido se a culpa pelo o que nos acontece está nas estrelas ou em nós mesmos, dizendo então que a culpa não está nas estrelas, mas de nós mesmos. E levanta esse questionamento de que as decisões e ações de uma pessoa são feitas por ela mesma e que a sorte e o destino não interferem nessas escolhas. Não existe acasos porque estava/está escrito nas estrelas, o destino ligando caminhos e pessoas. Porém, percebi que John Green não culpa sempre as pessoas, mas a sorte delas. John consegue provar no livro inteiro o quão errado é falar com toda a certeza do mundo que a sorte e o destino não afetam as decisões de uma pessoa em certas situações, quando eles podem afetar e afetar MUITO. No entanto, isso não quer dizer que John discorde completamente da frase de Shakespeare. O que ele quer dizer é que, às vezes, sem nenhum aviso prévio, certas coisas acontecem por motivos de força maior (como a sorte e o destino), independente dos atos de alguém. Às vezes somos responsáveis pelo o que nos acontece. Outras vezes não. John Green fala em uma entrevista que estudando sobre o título do livro, descobriu que é da natureza das estrelas se cruzarem e serem afetadas negativamente pelo ambiente externo. Ao meu ver, essa é mais uma forma de John explicar a origem do nome do livro, porque se essa é a natureza das estrelas, tudo o que acontece entre Hazel e Augustus é culpa das estrelas.Por isso o filme leva esse nome...
Já a segunda resposta lúdica que eu consegui refletir sobre é que algumas coisas são "escrito nas estrelas", nada é acaso. A vida,
mesmo que leve 100 anos, é passageira e assim pessoas e situações passam
em nossa vida marcando a nossa história. Perto ou longe, não importa. O filme tem uma frase linda "você me deu uma eternidade" nos meus dias
numerados. Aquele tempo dedicado; que uma pessoa fez isso por nós, as palavras, o
fato de se importar e sentir, muitas vezes, o mesmo que nós, a
empatia, a conexão inexplicável, o amor. Aquilo que não sabemos
descrever como e porque? Mas sentimos dentro da gente o pulsar. Diante das improbabilidades e no meio de um milhão de pessoas e
lugares, duas pessoas se encontrarem e sentem uma ligação forte, que
chega às vezes a doer. Uma força, o universo, Deus!
Não sei se faz muito sentido para vocês, por ser apenas uma suposição minha.
Acho que é essa a grande mensagem...
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