Reflete tudo o que eu penso: cachorro e filho, tem quem quer! Ninguém é obrigado a nada. Aliás, ninguém deve ser ou fazer algo que verdadeiramente não queira para se encaixar em padrões, deixar de ser cobrada ou de ser olhada torta por não ser como os demais. Agrade-se primeiro! E no caso da maternidade ainda tem um adendo: se você fizer a escolha errada, depois não poderá se arrepender e voltar atrás e será uma criança que nem pediu para ver o mundo que será magoada, frustrada e desamparada emocionalmente para o resto da vida.
"Quando comecei a escrever no Obvious, me deparei com um texto que
muito me agradou. Um texto que questionava se as mulheres queriam
realmente criar um filho ou ter um bebê. O texto fez um tremendo
sucesso, sendo aplaudido por muitos e rendeu também alguns comentários
grosseiros como todo texto importante gera.
A agressividade decorre, em minha opinião, do vislumbre de fantasmas
internos que preferimos ocultar de nós mesmos. Quando alguém diz algo
com que concordamos, mas não queremos concordar, normalmente reações
agressivas explodem. Na verdade estamos brigando com a gente mesmo e o
outro é apenas um canal para a nossa raiva contida.
As pessoas costumam rotular de egoístas as mulheres que não querem ter
filhos. Mas talvez realmente egoísta seja a mulher que não quer ter um
filho, mas mesmo assim o tem.
Infelizmente nem todas as mulheres nascem com a vocação para serem mães.
Quando entrei em contato com este tema pela primeira vez fiquei um
pouco chocada pois na minha cabeça ter filhos era fundamental para todas
as mulheres. Me pareceu estranho uma mulher não ter nascido para ser
mãe. Mas acontece e ninguém deveria se sentir obrigado a ter filhos por
nenhuma razão que fosse o verdadeiro desejo de ser mãe e a real intenção
de se comprometer com a educação do filho.
Sei que colocarei o dedo na ferida, mas infelizmente vemos muitas
mulheres sem instinto maternal e despendimento lutando para serem mães.
Mulheres que trabalham 14 horas por dia e que se colocam em primeiro,
segundo e terceiro lugar querendo ser mães. Por quê? Para cumprir um
preceito social? Para dizer que conquistou tudo que é importante para
uma vida próspera?
Filhos não são bonecas com quem brincamos quando queremos. Filhos são
seres humanos extremamente dependentes e exigentes que vão desejar o
melhor dos nossos sentimentos, o melhor do nosso tempo e energia.
Criar bem um filho não se resume a pagar a mensalidade de uma boa escola
e encher a criança de presentes caros. Criar bem um filho não se resume
a decorar um quarto lindo para ele e levá-lo para a Disney nas férias
de julho.
Filhos precisam da companhia das mães. Filhos querem ouvir histórias
antes de dormir. Filhos querem ser abraçados e beijados. Filhos querem
contar o que aconteceu na escola e pedem ajuda para fazer os deveres.
Filhos não querem ser filhos apenas nas férias, feriados prolongados e
meia hora por dia, entre a chegada do trabalho e os cuidados com a
beleza.
Não digo que uma mulher não possa conciliar uma carreira com
maternidade. Claro que pode. Pode e deve. Mas mulheres muito voltadas
para as sua carreiras, viciadas em trabalho, que vivem viajando a
negócios e fazendo horas extra deveriam pensar calmamente se nasceram
mesmo para serem mães.
Quem deseja uma vida livre de horários, quem deseja fazer amor no meio
da sala e tirar férias em qualquer época do ano, quem não se comove com o
universo infantil e não se vê assistindo a teatrinho de escola, deveria
ser sincero consigo mesmo e dizer “Não nasci para ser mãe”. A mulher
não pode sentir que está desperdiçando a sua vida ao cuidar do filho. Se
ela assim o sente, além de sofrer muito, fará a criança sofrer também.
Crianças criadas com pouco afeto e paciência tendem a não conhecer
limites e têm mais dificuldade para estabelecer vínculos afetivos
fortes.
É muito triste ver tantas crianças vivendo de migalhas afetivas,
aproveitando as sobras de tempo que a mãe oferece. Se o tempo é escasso
mas carinhoso, ainda vai. E quando a mãe chega sempre tensa e nervosa ,
louca para se esfoliar e se hidratar e a criança aparece cheia de
demandas? Ser mãe não é carreira nem emprego. É vocação e missão."
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