5 de maio de 2017

Reféns do próprio medo...



"Os moradores, comerciantes e trabalhadores não param de compartilhar essa imagem, sabe porque? Não aguentamos mais!"

Andamos num mundo de violência, de intolerância, de agressões e de raiva. Vivemos tempos de ódio no corpo, na alma e no coração. Vivemos as consequências de um mundo evoluído tecnologicamente e arcaico em condutas humanas. Vivemos a era dos "desvalores". Vivemos reféns do medo, vivemos sobressaltados com a possibilidade do último suspiro antecipado. Não sabemos se ao sairmos de casa, retornaremos à noite. Não podemos olhar pro lado, abrir a boca. "Não gostou? Vai encarar?". Todos os dias somos agredidos! Todos os dias sofremos múltiplas violências. Todos os dias somos sujeitos que a nossa vida se acabe antes do final. Manchetes de jornais, conhecidos que relatam casos, ações que presenciamos. Não são poucas as violências que nos ameaçam diariamente. E não nos resta outra alternativa a não ser nos cercarmos até os dentes de grades, muros e portões. Vivermos numa prisão domiciliar. E nem isso é garantia de segurança. Vivemos do trabalho pra casa e da casa para o trabalho. Já não saímos mais como gostaríamos. Nosso lazer é tudo que envolve o nosso lar ou perto dele. Estamos perdendo o gosto de viver, na pseudo Cidade Maravilhosa, no Brasil, em qualquer lugar do mundo pois a violência é generalizada.

E nesse mundo de barbárie e violência gratuita em que estamos vivendo, onde acordamos e dormimos com notícias de mortes, almoçamos e jantamos assassinatos, na nossa vontade de nos informar só vemos crimes e atitudes de falta de escrúpulos, presenciamos a decadência humana, onde a falta de esperança e fé na humanidade nos acompanha diariamente junto com o medo. Ao mesmo tempo em que há uma certa banalização deste cotidiano assustador, me vem à cabeça apenas uma das sábias frases do eterno pensador e idealista Renato Russo: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na verdade não há..."

Rotas culturais atrativas da cidade, programas genuinamente cariocas, momentos simples vão perdendo seus frequentadores, vão deixando de existir. A questão é: até quando viraremos reféns do medo e da violência? Passamos a viver sobressaltados. E pior do que o medo que nos assola é ver a impunidade desses atos bater na nossa cara. São menores de idade e maiores também. Tem de tudo! Vários bairros do Rio sofrem em larga escala com a violência, falta de policiamento e de ações de segurança pública em conjunto com ações sociais.

De um modo geral quando todos começarem a pagar pelos seus crimes e nossas leis forem sérias e irrefutáveis, de repente a coisa começa a mudar. Porque com a certeza da impunidade, de uma fiança, de uma internação de alguns meses em locais de onde há fugas, medidas socioeducativas que viram piadas, "a polícia prende e a justiça solta", é tudo em vão. Não existe hoje mais lado A e lado B. Não existe mais morro e asfalto ‪#‎mermão‬. A violência chegou para todos. "A criminalidade toma conta da cidade, a sociedade põe a culpa nas autoridades", como diz a letra de uma música atemporal de Gabriel Pensador, mas a verdade é que fugiu do controle de todos e nos sentimos numa total impotência como se estivéssemos de pés e mãos atados. Quem vê cara, não vê coração. E bandido não tem endereço certo mais hoje em dia, não. Tem os bandidinhos das favelas, mas também tem os de condomínio de luxo e que tiveram de tudo na vida e que os pais pagam caro psicólogos para saber onde foi que erraram. Não é pouco o n° de criminosos de classe média, média-alta. Quais seriam os motivos destes estarem nesta vida? Se a desculpa é pobreza, falta de estudos e oportunidades? Nenhuma! Mais uma vez a pessoa vai porque quer. E hoje, tem de tudo na vida do crime! E tenha a educação que tiver, a condição financeira que tiver, a condição social que tiver, a condição familiar que tiver, oportunidades ou não na vida, somos todos reféns do medo, da impunidade, da indignação. A gente entrega tudo o que tem e eles ainda com requintes de crueldade no mínimo nos agridem, no máximo tiram nossa vida. E riem, e drogados e alcoolizados ou de "zueira", seguem livremente em busca de outro "otário" pra dizer "perdeu".

Esses projetos de bandidos não são mais os tadinhos da sociedade, não são mais os coitados projetados seja por isso ou aquilo outro, filhos dos "sem nada". São os monstros que assombram os piores pesadelos de todos nós que rezamos ao sair de casa para voltar à noite sãos e salvos. Ao mesmo tempo em que quero crer que a coisa terá um jeito, irá melhorar, as coisas vão ter um meio eficiente e um fim, por outro lado permaneço incrédula quanto a essência humana. E infelizmente, tão natural quanto a luz do dia, vai ser abrir o jornal amanhã e ler outras manchetes, outras matérias, lamentar por outras vítimas e ver crescer a cada dia e ganhar mais força e raiz essa violência desenfreada e que por mais que nos assustemos, já faz tão parte da rotina que muitos a banalizam e a tratam como normal.

Esse é apenas o meu desabafo enquanto cidadã, carioca, moradora do subúrbio e que trabalha na zona sul, utiliza transporte público e vive todos os dias com a sensação de insegurança. Não tenho intenção de ofender e criticar os que pensam diferente e nem polemizar com os que não compactuam com a minha visão. Mas acredito que independente disso, essa realidade que estamos vivendo, de comum acordo, precisamos que dê um basta! Estamos todos cansados de tanta violência, de tanta impunidade, de tantas vidas destroçadas. Deus olhe por nós! 

Meu Deus, olhai por nós, porque estamos largados a própria sorte.

Na zona sul, zona norte, baixada, rico, pobre, negro, branco, religiosos ou não, no asfalto ou na favela, estamos todos sofrendo com a total insegurança e vivendo reféns de nossas casas e do medo. Nós, cidadãos de bem, trabalhadores, não só queremos justiça para todas essas vítimas, até as que não são noticiadas pela mídia (e olha que violência é o tema que mais rende, são casos e mais casos, diariamente, diversos, pela cidade), como também queremos poder viver, em liberdade, exercendo nosso direito de ir e vir. Queremos viver!

A violência está descontrolada. Mata-se por tão pouco. Pra quê? Por puro prazer! Não aguentamos mais isso. PAZ, pelo amor de Deus! Quantas vidas mais serão perdidas e famílias destroçadas? Quando as leis ão de serem cumpridas? Quando a polícia vai ser mais enérgica com relação ao policiamento e patrulhamento ostensivo? Quando a justiça vai entender o perigo eminente que esses criminosos representam de fato para a sociedade? Quando o poder público vai resolver fazer de fato alguma coisa em vez de dar declarações de ações falhas que são feitas e blá blá blá? Quando medidas emergenciais começarão a vigorar?

Tenho medo! Vivo com medo! Não só pela violência que "já faz parte", como também ando abismada como uma vida perdeu completamente seu valor. Nossa guerra urbana está alcançando comparações das guerras no Oriente Médio. Não aguentamos mais! Queremos justiça! Queremos segurança! Queremos ser resguardados de alguma forma. Sério, não dá mais! Lamentável que crianças que mal aprenderam a engatinhar já reconheçam o som de tiros. E outras maiores ao ouvirem, dizerem com naturalidade "ah, é tiro lá no... normal!" Pra quem? Pra mim não é nada normal essa socialização com a violência. E eu que estava toda zen hoje, numa total paz de espírito ao ser tocada por uma mensagem linda de um filme que vi de madrugada, vejo todos os meus bons sentimentos se esvaírem ao me deparar, logo pela manhã, com mais matérias de violência, assalto, arrastão, morte, estupro, sequestro, etc. Mais umas pra coleção! E aí me invade um sentimento de decepção e frustração de que por mais que façamos a nossa parte da melhor maneira para um mundo melhor, cada vez mais estamos indo pro ralo.

Não vai demorar muito voltaremos a época do "olho por olho e dente por dente". Porque também quem deveria nos proteger, a polícia, está em total desamparo. Não sei se vai ser bom ou ruim. Se os cidadãos também tem esse tipo de preparo. Mas o medo e a insegurança está tomando conta...Tá brabo cara! Não temos nada à nosso favor. Só Deus mesmo!

O Rio, o Brasil e o mundo pedem paz! Depois de tantas coisas ruins que sabemos e ou até presenciamos todos os dias, que todos possam voltar em segurança para suas casas ao final do dia, com a bênçãos de Deus, sempre a olhar por nós. Porque, tá brabo! ‪#‎PAZ‬