31 de dezembro de 2014

Para 2015 eu prometo não fazer promessas, prometo não prometer!


Fim de ano é um caso sério, porque dá uma nostalgia louca que me faz viajar por horas relembrando tudo o que aconteceu – de bom e ruim – durante o ano. Eu fico revendo fotos e sorrindo, lembrando e questionando, e é aí que bate uma saudade tão grande e tão forte que chega a doer. Até aquilo que me fez mal me dá saudade por ter se tornado um marco ou talvez por ser apenas mais uma cicatriz e construir uma história.

Eu aproveito esse momento de reflexão para fazer minhas promessas pro próximo ano e, mais do que isso, é nessa hora que faço um balanço geral de tudo aquilo que cumpri e do que deixei de cumprir. Obviamente a balança me acusa, ano após ano, me apontando o grande erro de ter prometido muito mais do que podia cumprir, mais uma vez e de novo.

A verdade é que se a gente nunca sabe como vão ser as coisas amanhã, como adivinhar como serão as coisas durante e/ou após 365 dias? Claro que há uma lista de prioridades, mas o que a gente nunca lembra é que a lista não é fixa, ela muda e muda muito, pelo menos no meu caso. A prioridade de hoje pode não ser a mesma de amanhã e, comprar um carro, por exemplo, cai pro fim da lista de novo. É bastante complexo, mas totalmente compreensível.

Por tudo o que mencionei, decidi simplesmente não prometer nada. Não prometer nada, principalmente, porque todas as promessas que faço são para mim e aquela frase “promessa é dívida” deixa de valer. Não pega nada dever pra mim mesma, meu problema é dever para o outro, sempre foi.
Deixo de prometer, para não abrir novamente a gavetinha das promessas não-cumpridas, ao final do próximo ano e colocar em um mesmo lugar as promessas que fiz há 1 ou 5 anos atrás. “Este ano prometo cuidar da minha saúde e emagrecer” está ao lado do “este ano prometo viajar para o exterior”, eu não vejo mais sentido nisso. Antes tinha, porque traçar as metas, em alguns momentos da vida, é importante para dar foco. Hoje eu sei de tudo o que preciso e quero, até mesmo o que está há um tempo no grupo das não-cumpridas, então não preciso prometer nada pra ninguém, muito menos pra mim mesma. Determinação e força de vontade devem existir sempre em nossas vidas, independente de promessa para motivar.

Sei prometer bem, mas sempre foi mais fácil permanecer do que mudar. Justamente por este motivo, a gaveta das promessas não-cumpridas está tão cheia. Promessas, normalmente, estão ligadas ao verbo MUDAR e aí é que está a dificuldade da coisa. Com tanta coisa pra pensar o tempo todo, com tantas prioridades que ficam mudando de posição entre si e com tantas outras novas prioridades que surgem a cada dia, o verbo mudar é só o verbo mudar, só mais um verbo que a gente mal tem tempo de usar. E a culpa é da vida vira desculpa!

Para este ano eu tenho apenas um plano: VIVER. Viver de verdade, não apenas sobreviver. Não perder tempo planejando as coisas já planejadas e executar, de fato, tudo aquilo que está ainda no papel. Quanto mais a gente espera, mais longe fica e quando a gente deixa de esperar, é que as coisas acontecem.

Dando credibilidade ao que digo, cito uma frase da musa Clarice: “Cansei de pedir. Para que o milagre aconteça é preciso não esperá-lo. Nada mais quero.” Não falei de milagres até aqui, mas vejo o mesmo raciocínio.

Eu, sinceramente, estou mais preocupada em mudar minhas atitudes do que cumprir promessas. Se algo vai mal, eu vou saber o que fazer… não preciso de promessas de final de ano pra isso.

A vida acontece enquanto a gente planeja e eu decidi que vou me preocupar em viver. Vou dar o meu melhor em cima dos meus valores e caráter e viverei da melhor maneira possível o que estiver reservado pra mim!

Viver bem, um dia de cada vez. Fazer a minha parte. Dar o meu melhor e esperar que o mundo, Deus e suas vontades conspirem ao meu favor! Sim, porque por mais que se queira e que se faça, não está nas nossas mãos todas as determinações e pontos finais. Então, seguir batalhando para realizar sonhos, alcançar metas e objetivos. Devagar e sempre a gente chega lá. Nem sempre no tempo que queremos ou estipulamos. E sem frustrações! Uma hora, a nossa estrela brilha. Seguir sempre com fé. Ter perseverança, determinação e força de vontade. E seguir acima de tudo acreditando em mim mesmo. Isso é minha promessa, se puder chamar assim, de ano novo e meu lema de vida, daqui pra frente!

Um ótimo finalzinho de ano e um novo ano MUITO melhor do que este que passou (porque pra mim foi um ano bem pesado). A ideia é sempre andar pra frente, buscando algo a mais e deixando pra trás o que merece ficar no passado.

Vem 2015!!!!!!

30 de dezembro de 2014

Espero que...


Espero que 2015 traga mais tolerância, generosidade e solidariedade. Que traga mais paz para o mundo e para os nossos corações inquietos. Mais fartura para a mesa, para o bolso e para a essência humana, carente de bons sentimentos. Que sejamos mais caridosos e passíveis de compaixão. Que traga mais sabedoria com as simples lições da vida. Que traga mais amor na nobreza de gestos. Que traga muita saúde, principalmente de espírito! Que traga uma consciência de se colocar no lugar do outro, ajudar ao próximo, de fazer o melhor que se pode, sem interesse algum, apenas porque faz bem ao coração! Que traga mais respeito à vida, às pessoas e que não tratemos como banal a violência e o caos do mundo. Que traga mais harmonia, união e amor, entre povos, entre famílias, entre pessoas. Que traga sucesso, conquistas e realizações. Que traga garra, perseverança e coragem. Que traga leveza. Que traga mudanças, renovações. Que traga humildade e menos arrogância. Que traga mais incentivo pois a vida já tem críticos demais. Que traga sinceridade mas também bom senso. Que traga um espelho para que possamos nos enxergar melhor antes de apontar o outro. Que traga força de vontade, determinação e fé para sermos a mudança que queremos ver no mundo. Que nos traga felicidade genuína. Que traga mais risos, beijos e abraços. Que traga mais encontros que desencontros. Que traga mais simplicidade do que complicadores. Que traga bons momentos, gente do bem, coisas que fazem bem ao coração. Que traga mais horas extras para as boas coisas da vida. Que traga aprendizado, principalmente com nós mesmos. E fé, no mundo, na vida, na humanidade, na gente. Mas não posso esquecer de pedir também que em 2015, Deus me livre da palavra que fere. Da angústia que chega. Da maldade que assombra. Da ilusão que engana. Do cansaço que esgota. Da mentira que confunde. Do desafeto que afasta. Do orgulho que separa. Da mágoa que adoece. Livrai-me de gente amargurada com a vida, do mal (olhado, amado e humorado), de gente descrente, da negatividade. Enfim, "livrai-me de todo o mal" e que faça valeu o "queira o bem, plante o bem que o resto vem" ... Amém!


As melhores coisas do ano... Martha Medeiros


As melhores coisas do ano sempre foram aquelas que eu não previ

Ano Novo é uma convenção. Os dias correm em sequência. De 31 de dezembro para 1º de janeiro ocorrerá apenas mais uma sucessão de 24 horas em que nada mudará, tudo seguirá do mesmo jeito. Pois é, sei disso, mas é um ponto de vista sem nenhuma alegria. Sou das que compram o pacote de Ano Novo com tudo que ele traz em seu imaginário: balanço de vida, reafirmação de votos, desejos manifestos e esperança de uma etapa promissora pela frente.

Faço lista de projetos e tudo mais. Só que, quando chega o fim do ano e avalio o que consegui cumprir, descubro que o inesperado superou de longe o esperado. As melhores coisas do ano sempre foram aquelas que eu não previ. Então tomei uma decisão: nessa virada, não vou planejar coisa alguma e aguardar as resoluções que 2015 tomará para mim, à minha revelia.

Mas poderia dar algumas sugestões?

2015, anote aí:

Que as coisas mudem, mas não alterem meu estado de espírito. Não deixe que eu me torne uma pessoa ranzinza, mal-humorada, desconfiada, sem tolerância para as diferenças. Aconteça o que acontecer, que eu me mantenha aberta, leve e consciente de que tudo é provisório.

Não quero mais. Quero menos. Menos preocupações, menos culpa, menos racionalismo. Pode cortar os extras. Mantenha apenas o estritamente necessário para me manter atenta.

Está anotando?

Espero que você esteja com ótimos planos para sua amiga aqui. Lançarei livro novo? Permita que eu seja abusada: dois. Sendo que nenhuma coletânea de crônicas, nem romance. Me ajude a variar.

Que lugares conhecerei que ainda não conheço? Que pessoas entrarão na minha vida que, quando cruzo com elas na rua, ainda não as identifico? Que boas notícias ouvirei? Quantos shows terei o prazer de assistir? Estou curiosa para saber o que você está aprontando para incrementar os meses que virão.

Prometo que estarei preparada para receber o abraço afetuoso de quem antes me esnobava, para a frustração por tudo o que for cancelado, para voltar atrás nas minhas teimosias, para me dedicar a algo que nunca fiz antes.

Estarei disposta a tirar de letra os espíritos de porco e assumir a responsabilidade pelas asneiras que eu mesma cometer. E estarei pronta também para uma grande surpresa, ou até duas. Três, meu coração não aguenta.

Se a dor me alcançar, que me encontre com energia e sabedoria para enfrentá-la. Que eu não me torne dura diante dos horrores, nem sentimentaloide diante das emoções. 2015, os acontecimentos são da sua alçada. Da minha, cabe recepcioná-los com categoria.

Quais são seus planos para mim, afinal? Talvez nem todos sejam do meu agrado, portanto, que eu não tenha constrangimento em dizer “não, obrigada”, caso seja preciso. Mas que eu me sinta mais predisposta para o sim.

Se estamos de acordo, pode vir.

23 de dezembro de 2014

Am I Wrong????


Porque esta letra traduz exatamente o que estou pensando ultimamente... Estarei eu errada por querer o que todos consideram impossível? E entre estar certa ou errada, ter razão, prefiro ser feliz!


Am I wrong

Am I wrong for thinking out the box
From where I stay?
Am I wrong for saying that I choose another way?
I ain't trying to do what everybody else doing
Just cause everybody doing what they all do
If one thing I know, I'll fall but I'll grow
I'm walking down this road of mine
This road that I call home

So am I wrong?
For thinking that we could be something for real?
Now am I wrong?
For trying to reach the things that I can't see?
But that's just how I feel
That's just how I feel
That's just how I feel
Trying to reach the things that I can't see

Am I tripping for having a vision?
My prediction: I'ma be on the top of the world
Walk your walk and don't look back
Always do what you decide
Don't let them control your life, that's just how I feel
Fight for yours and don't let go
Don't let them compare you, no
Don't worry, you're not alone, that's just how we feel

Am I wrong? (Am I wrong?)
For thinking that we could be something for real?
(Oh yeah yeah yeah)
Now am I wrong?
For trying to reach the things that I can't see?
(Oh yeah yeah yeah)
But that's just how I feel
That's just how I feel
That's just how I feel
Trying to reach the things that I can't see

If you tell me I'm wrong, wrong
I don't wanna be right, right
If you tell me I'm wrong, wrong
I don't wanna be right
If you tell me I'm wrong, wrong
I don't wanna be right, right
If you tell me I'm wrong, wrong
I don't wanna be right

Am I wrong?
For thinking that we could be something for real?
Now am I wrong?
For trying to reach the things that I can't see?
But that's just how I feel
That's just how I feel
That's just how I feel
Trying to reach the things that I can't see

So am I wrong? (Am I wrong?)
For thinking that we could be something for real?
(Oh yeah yeah yeah)
Now am I wrong? (Am I wrong?)
For trying to reach the things that I can't see?
(Oh yeah yeah yeah)
But that's just how I feel
That's just how I feel
That's just how I feel
Trying to reach the things that I can't see

22 de dezembro de 2014

Vem com tudo 2015



Já comecei a minha avaliação do meu ano, de mim... assim como todos os anos! E minhas brilhantes conclusões revelam:

E o que a gente mais quer, vai acontecer quando a gente menos esperar. O melhor dia de nossas vidas vai começar como outro qualquer. Sem anúncios, pompas e glórias. Mas, para que a vida seja melhor, temos que começar a melhorar como seres humanos, em nossos valores e ações. Sejamos a mudança que queremos ver no mundo. E não gastar o tempo que nos resta disponível para evoluirmos, criticando, falando mal, fazendo ignorâncias, intrigas. Pois quando estamos em paz, tudo ganha uma nova perspectiva, de paz, de harmonia, de bem estar. E a maneira de ver as coisas influencia muita coisa, não só como encaramos o que nos acontece de bom e de ruim, como com serenidade e bom senso conseguimos achar soluções e respostas.

Apesar de alguns dias serem de salto 15 e outros de sapatilha, num dia se perde e no outro se ganha, não podemos nos dar por vencidos, embora muitas vezes a vontade é chutar o balde mesmo e mandar tudo pra casa do c*****. Mas temos que começar a trabalhar que vitórias e derrotas fazem parte. Sejam para nos amadurecer, nos ensinar ou simplesmente nos encorajar. Principalmente contra nossos medos e receios, de tentar, errar, fracassar, decepcionar. Nosso maior inimigo se encontra dentro de nós mesmos. Nós cultivamos os monstros que nos assombram dentro do armário. Muitas vezes, a forma de auto boicote e sabotagem é involuntariamente a maior barreira que nos impomos na vida. 

Precisamos seguir em frente com tudo de bom e de ruim que nos acontece. Precisamos aceitar as mudanças da vida (e o que não se pode mudar) e nos adaptar a elas. Precisamos nos reinventar a cada dia. Renovar esperanças, planos, sonhos, objetivos e fé. Fé essa que muitas vezes nos falta por tantas provações que temos que passar e por tantas dificuldades que cruzam o nosso caminho. Só nos questionamos "o porquê de tudo isso, Meu Deus?!". Só que as razões dele nem sempre são clara, fazem sentido de cara, entendemos e aceitamos numa boa. Mas uma coisa é certa: nada acontece por acaso! Tudo está escrito num destino, nos planos superiores, em outra vida, ou seja lá em que cada um queira acreditar de acordo com suas crenças. As coisas até podem demorar para acontecer. Demoram tanto que a gente até desanima e desiste. Mas Ele não. Ele não pára de trabalhar nunca! Hoje em dia por mim, pode demorar, aprendi a esperar e confiar, até mesmo no que não se sabe ou se tem certeza. Diz um ditado popular que se está demorando, é porque Deus está caprichando. E só por isso aprendi a esperar e perdoar a demora, rs. Mesmo que isso consuma meus nervos e minhas unhas (sim, roo unhas de nervoso). Mas apesar da ansiedade para as coisas acontecerem, entendi que tudo tem uma hora para acontecer e o tempo do todo poderoso lá de cima não é o mesmo tempo corrido, urgente, sobrecarregado, on time, online, full time do nosso.

Aprendi também, com esse ano super pesado, de momentos difíceis, de algumas perdas e batalhas homéricas e provações a agradecer pelo que tenho e não ficar me lamentando pelo que não tenho. Afinal, tenho tudo de que necessito para viver bem e ser feliz. Também aprendi a aceitar os meus defeitos e erros, porque também tenho qualidades e acertos. Aprendi a me cobrar menos, a não depositar expectativa demais em mim mesma e nem nos outros. Não gera frustração. Não permito me julgar e me crucificar. Sou humana! E aprendi a não deixar que façam isso comigo! Pois pode não parecer, mas sou dura demais comigo mesma, além da conta. Bato altos papos com o meu eu! Autoanálise e exame de consciência são ótimos, mas levar a vida com leveza e aceitação e simplicidade é melhor ainda. Estou aprendendo a relevar as coisas, os outros e à mim. Estou me absolvendo sei lá do que e abençoando meus caminhos. Pois cada um oferece o que tem. E muito ou pouco, é de coração! 

Sinto que passei por momentos de grandes conflitos, mas nunca me senti mais forte, viva e confiante. Mais madura, mais ousada, menos complicada e aceitando que muita coisa faz parte, torna mais fácil. Tem dias que é mais difícil de simplesmente aceitar. É que nem bolha dentro do sapato apertado, incomoda muito mesmo. Até porque nossas razões e emoções nem sempre andar juntas e em uníssono. Mas até certo ponto esse incômodo pode ser positivo, nos faz sair da zona de conforto. Nos mexer e fazer acontecer. Aquela máxima de que "quem espera sempre alcança" é ótima para motivar, mas sem ação, de nada adianta. É quem nem pensamento positivo. Já é um bom começo tê-lo, mas se você realmente pretende sair de onde está, mexa-se! Mas, quando não tem jeito, porque por mais difícil que seja de aceitar, certas coisas não estão em nossas mãos mesmo, eu deito e deixo a vida passar. Simples assim! Pois todos também precisamos dar um tempo, tirar de cena e de foco, essencial para não surtar neste mundo turbulento e desconexo em que vivemos, onde nada parece fazer muito sentido, mas temos que ser perfeitos, eficientes, autossuficientes, nos bastar. 




Então hoje, eu me sinto muito bem. Tão bem que poderia sair voando sem RedBull. Porque finalmente eu entendi, finalmente eu aceitei. Finalmente eu pude comprovar mesmo, além do simples saber, que a felicidade está nas pequenas coisas da vida e lá nas pequenezas, está Deus, sempre no controle e trabalhando à nosso favor. Foi preciso muito chão, muitas quedas, muita dor, muita coisa mesmo para no final tudo fazer sentido. Dizem que isso é crescer né? E aprender! Então, devo estar no caminho certo para a minha evolução como pessoa. Além do mais, a vida é curta mesmo. Então, pra que tanta perda de tempo? Muita coisa desnecessária. Fiz uma faxina completa no armário, na alma e no coração, e joguei fora excesso de bagagem. Aqui só fica o que faz bem, gente do bem, que vem pra somar. Joguei ao vento aquilo que eu quero que ele leve e multiplique pelo mundo, que anda muito carente de muita coisa que eu consegui obter pra mim. Não é preciso TER para SER. É preciso SER para TER. Principalmente, é preciso ser gente. E sendo quem sou, estou feliz de ter tanta gente do bem ao meu lado, mandando energia positiva. Gente que agrega riso, cor e leveza. Feliz por minha família perfeita em suas imperfeições. Feliz com o trabalho. E feliz por quem sou e orgulhosa da minha trajetória até aqui. Relembro hoje momentos com sabor de saudades, mas também aguardo as surpresas que a vida me reserva de braços abertos. Aliás, vida, aquele abraço! Pois sou privilegiada por tanta coisa e tanta gente. E agora, disso tudo, só quero aproveitar, colher os frutos, viver a vida e ser feliz. A vida é muito curta para muito nunca, não ousar, não desafiar, não flertar com ela. Vamos que vamos. Viver um dia de cada vez: eis o grande mistério da vida. Mas um dia a gente começa a aprender os passos desta dança louca, entra no compasso, pega o ritmo e o jeito e saímos dançando pelo salão, donos de si.

É difícil se jogar sem rede de proteção, ainda mais depois de algumas marcas e cicatrizes. Você automaticamente aprende a ser menos impulsiva e emotiva. Um pouco de prudência, cautela e precaução nunca é demais. Quando não são demais! Até porque, temos que conviver com as consequências de nossos atos e escolhas e nem sempre isso é fácil e bom. Equilíbrio é a forma exata de manter tudo devidamente em seu lugar. Mais uma coisa que vai se adquirindo aos poucos rs. Eu tô aprendendo a mexer com essa balança. E até que é gostoso! O que será do amanhã e como vai ser o meu destino eu não sei. Mas nada de sofrer por antecipação. Só quem morre de véspera é peru de natal e o salário do mês. O amanhã não chegou e o ontem já se foi mesmo... Viver um dia de cada vez. E viver as coisas únicas que ele nos proporciona. Então, de agora em diante, só quero saber do bem me quer. Tô convidando pensamentos, sentimentos e pessoas negativas a se retirarem do meu humilde recinto. Já basta que eu tenho que lidar com as agruras da vida. Não preciso de peso extra.

Que venha tudo novo, de novo! Já que a vida é um eterno ciclo de início, meio e fim. E a cada ano novas chances. E que a vida me dê até a última gota tudo que ela tem para me oferecer. Quero ficar bêbada de vitalidade e felicidade! Bem vindo já 2015. Bem vindo já uma nova "persona" do meu eu. Bem vinda uma nova vida dentro de uma vida antiga. Assim como o Cristo, te recebo de braços abertos e de antemão, já digo amém!

2015 já posso te verrrrrrrrr... 



8 de dezembro de 2014

Assumindo seu próprio eu!


Ando me policiando tanto pra não repetir atitudes que condeno. Gente que acha que a opinião dela é essencial e que ser honesta é falar suas verdades mesmo que elas ofendam, mesmo que o assunto em questão não lhe diga respeito. Têm opinião formada sobre tudo: Sobre o corte de cabelo, a aparência, o fim do namoro, o começo de alguma relação, a escolha do curso, a demissão do emprego, jeito de criar o filho, até o que o outro sente elas sabem... E perdão pela palavra, mas é isso: As cagações de regras são muitas. E não basta ter uma opinião, elas precisam vomitar suas verdades na cara de quem não perguntou nada, não quis saber, não pediu conselho. E muitas vezes são opiniões carregadas de hipocrisia, coisa de quem não consegue viver as regras que dita, mas espera que os outros consigam.
 

A verdade é que o outro tem que ser livre pra errar, tropeçar, cair, levantar, recomeçar, e sinto informar: sua opinião tão valiosa é dispensável. Pode guardar. Minhas regras eu dito, meus erros eu mesma condeno (e sei ser bem crítica comigo), minhas escolhas vão alterar minha vida, ou seja: elas são minhas. Intransferíveis. Então, meu bem, vá lá aproveitar sua vida sem defeitos que do meu caos cuido eu.

Excessos me incomodam e gente perfeita demais me causa náuseas. Não tenho paciência pra arrogância e tenho repulsa a quem nunca tem culpa de nada, mas se vitimiza com tudo. Tem gente que não cresce, não amadurece, se estacionou na petulância, no orgulho e pra se fazer de bonzinho(a) , arranca até a roupa do corpo mas não perde a banca de querer ser "gente do bem" . Ando vacinada com este tipo de pessoa , que não mostra a face , mas faz seguidores pra ganhar aplausos e ter um público em sua defesa. Precisamos ser mais honestos com a gente mesmo, encarar a realidade da vida e aprender que o tempo é cuidadoso , mas também impiedoso , e quando ele resolve deixar os ventos tomar conta , sai de baixo, que as máscaras voam. Bora viver a vida, bora ser quem a gente é, com defeitos, com falhas , com sentimentos ... porque a vida cobra transparência , e falsidade Deus abomina.





6 de dezembro de 2014

Excesso de felicidade enjoa...


Não pode mais ficar triste. Não pode gastar alguns (muitos) minutos lamentando o que passou ou o que nunca vai acontecer, não pode atravessar os dias olhando pra dentro, suspirando entre uma lamentação ou outra, querendo distância de gente feliz-sorridente-positiva demais. Não pode desejar um tempo pra si e se esconder embaixo do cobertor vendo filme deprê-água-com-açúcar enquanto o mundo lá fora comemora sei-lá-o-quê. Eu me recuso a forjar felicidade, a dizer "tudo bem" enquanto tudo vai mal, a rir sem achar graça e enxugar o rosto porque minhas lágrimas incomodam alguém.
 

Não dá pra viver desacreditando, mas ninguém é feliz o tempo inteiro e fingir que não está doendo é dor em dobro: e eu me recuso. Deixo doer, deixo o (meu) tempo passar, deixo a vida curar, aceito as feridas sem ter medo de novos tombos, aprendi isso na marra, e não vou esconder a cicatriz porque 'os outros' querem que eu faça isso. Quando dói eu desabo, eu choro, eu me arrependo dos erros mesmo sabendo que ajudam no aprendizado, eu reclamo, eu me pergunto 'e se fosse diferente?', eu demoro a aceitar. Mas eu não ignoro a dor, só me esforço para lidar com ela e entender que é inevitável senti-la vez ou outra, mas que ela está só de passagem, raramente vem pra ficar.

E em um mundo onde tantas pessoas estão mais preocupadas em fotografar o momento feliz do que em vivê-lo eu sou aquela que prefere sentir cada segundo e tirar dele o melhor de mim. Não espero que entendam ou aprovem, só quero me preocupar mais em 'ser' do que 'parecer' e assim poder ficar em paz comigo, com o que eu sinto e com quem eu -realmente- sou. Tudo que é demais enjoa e não faz bem, assim como a felicidade não foge a regra. Em tempos onde todo mundo precisa provar felicidade e perfeição e esfregá-la na cara dos outros, eu prefiro meu mau-humor, minha tristeza, minha raiva ou frustração, minha chateação, minha descrença, meu dia de chutar o balde, o pé da barraca e querer que o mundo se dane porque eu só quero curtir o que sinto, sem me preocupar com os outros e sim comigo mesma.



5 de dezembro de 2014

Sou uma soma, um misto de coisas e de uma fé em mim que eu nem sei de onde vinha...


Nos últimos dias o mundo lá fora tem passado 'batido' pra mim. Estou ocupada demais olhando pra dentro. Tenho sido dura comigo: ando me dizendo verdades que ninguém tem coragem de dizer (e eu nem aceitaria que dissessem), reconhecendo derrotas, aceitando que muitas coisas chegaram ao fim mesmo contra a minha vontade, e tirando da minha vida quem não me acrescenta, pelo contrário: me diminui.
Também tenho me esforçado pra lembrar das tantas vezes que tentei e consegui. Do quão capaz eu era de 'me virar' sozinha, de transformar angústias em aprendizado, de dar a volta por cima quando muita gente no meu lugar teria ficado pelo caminho lamentando, chorando os não's da vida.

Nada foi muito fácil pra mim. Travei batalhas com a vida que teriam derrubado muita gente metida a valente. (Por onde anda aquela moça que acreditava em si mesma?) Encarei ausências de pessoas que são essenciais ao nosso crescimento, fui muitas vezes meu próprio colo, meu próprio ombro. Chorei sozinha quando não consegui corresponder às expectativas de pessoas que diziam 'só querer o meu melhor'. Nunca fui boa pra seguir padrões: quebrei muitas regras e parti a cara e o coração muitas vezes também. Mas eu mesma juntei os cacos e recomecei. Senti vontade de abrir mão de mim, até me abandonei por algum tempo. Não conseguia me imaginar vivendo um futuro feliz e olhar pra trás me doía: só me restava a desistência. Cansei de ouvir que eu precisava 'esquecer, dar um jeito, me sentir melhor, superar, me ajudar', mas a cada palavra de quem exigia de mim o que eu (achava que) não conseguiria alcançar, eu sentia mais vontade de sumir do mundo.
Hoje eu assumo a culpa por quase tudo que sofri. Tantas vezes deixei que me magoassem (mesmo que inconscientemente) pra me castigar, pra poder me vitimizar, pra sentir pena de mim mesma.
Mas também me perdoo. Passou, não vai voltar, e ficar remoendo mágoas, carregando culpas, arrastando corrente pelo que não pode ser mudado não ajuda, só pesa, aperta o peito, me faz me sentir menor. Resolvi deixar o passado passar e aceitar que sou o que sou por causa dos tombos, dos tropeços, das lágrimas, das derrotas, mas também por causa de todas (muitas) as vezes que eu poderia ter desistido e segui em frente e enfrentei meus medos.
Sou a soma dos fracassos, das conquistas e de uma fé em mim que eu não sei de onde vinha. O fato é que tem muita vida pela frente e pra lá que eu vou olhar. Porque a maturidade me ensinou que o primeiro passo é o começo de tudo que pode ser bonito, é só levantar e caminhar.



4 de dezembro de 2014

(...) Porque minha essência clama por escrita!







Parabéns pra você!


Hoje é o dia dela, do meu ex-bebê, da minha afilhada mais velha. Ontem um toquinho de gente que eu peguei no colo no seu 2° dia de vida, toda sorridente. Hoje completando 17 anos, quase uma professora. 

Ao longos destes anos a vi crescer e se tornar uma linda pessoa. Apesar de parecer quietinha tem muita determinação e opinião própria. E é meiga até pisarem em seu pé. Principalmente quando está com sono e com fome rs. Mas tem um coração enorme, cheio de bondade e muito amor pra distribuir ao mundo! 

Tenho muito orgulho de ser sua madrinha e poder ter contribuído em sua caminhada até aqui. E ao que parece, além do nome Fernanda, temos muito em comum, como a paixão pela dança, pela cor azul, por macarrão e queijos rs, e adorarmos anéis e sapatos. Ah e você ama desenhar e desenha super bem! Já eu, muito mal o bonequinho da forca rs. 

Espero que não só hoje mais por todos os dias da sua vida que papai do céu ilumine, te guarde e te guie, abençoe seus caminhos. Que você tenha sempre muita saúde, amor e paz no coração. Que sua vida seja de muito sucesso e conquistas. E que apesar das quedas e dos contratempos da vida que você nunca perca esse seu jeito meigo e carinhoso, alegre e sonhadora, ao mesmo tempo madura mas com certa inocência. Esse seu jeito que faz de você uma pessoa especial e que encanta a todos à sua volta. 

 Sempre estarei aqui pra você, como sempre estive, como madrinha, um pouco mãe, amiga ou qualquer coisa que você precisar, não apenas para te inspirar na vida como você me diz, pra te ajudar, pra te dar broncas quando precisar rs e pra te aplaudir! 

Feliz aniversário! Que seu dia seja maravilhoso e sei que vai ser, pois você merece e MUITO! 

Mega, super, hiper beijokas virtuais porque o abraço mesmo só mais tarde rs. 
Amo você, minha eterna Nanã!



3 de dezembro de 2014

Clima de natal no ar...



"E o mês de Dezembro chegou. Dezembro é sempre mágico, é o encontro ímpar de passado e futuro, é a hora da reflexão e dos desejos, de enxugar as lágrimas do que não volta mais, e do sorriso de expectativa. Dezembro é Natal, é beleza, é o momento da redenção, da Fé, do perdão, de lembrar dos esquecidos, dos desesperados, de enxergar além do próprio umbigo. Dezembro é o mês de sermos mais humanos e estarmos mais sensíveis. Dezembro é exceção, mas deveria ser rotina, é exemplo que deveria ser seguido. Dezembro é o mês em que nos tornamos melhores, seja para compensarmos o que não fomos o ano todo, seja para começarmos a mudar para o ano que chega. Dezembro é festa. Reveillon. É promessa de mudança, é chama acesa. Dezembro ainda é um ótimo mês para nascer, sim nascer em Cristo Jesus, se render a Ele, convida-lo para entrar em nossos corações e nunca mais sair".




2 de dezembro de 2014

Felicidade não anunciada





Eu gosto de quando a felicidade não se anuncia. 
Ela vai invadindo, chegando sem pedir, tomando conta, deixando o ar leve e contaminando. 
Desse jeito, não há tempo para sentir medo ou frear. 
Quando vê, já se é feliz! 
Sente-se que é feliz. 
Não se corre o risco de estragá-la antes do momento ou fechar as portas para ela.
 Ninguém a vê. 
Ela é invisível demais para os nossos olhos descrentes. 
Por isso, gosto do jeitinho atrevido dela de chegar sem ser percebida. 
Gosto de um dia descobrir que aquele sorriso sem motivo, é só a felicidade.

1 de dezembro de 2014

Next stop, EUA !

Hoje meu coração tá apertadinho. Um pedacinho de mim vai me deixar (fisicamente). Vai pra uma nova casa, uma nova vida, um novo país. E eu, já aqui saudosa e sem saber quando voltaremos a nos ver ou nos falar até tudo por lá estar estabelecido, fiquei aqui pensando num jeito de fazer um recorte dos nossos melhores momentos. 

Mas assim que comecei, vi que seria uma missão impossível! São tantos os momentos, tantas histórias, lugares, nights, tanta coisa e tanta gente que nem saberia por onde começar. Não dá pra enumerar alguns momentos em mais de 10 anos de amizade. Lembro de nós novinhas, entrando na facul, com sonhos e planos de sobra, sedentas por ganhar o mundo, viver. E por obra do destino ou não, nossos caminhos se cruzaram. Quatro pessoas completamente diferentes unidas por uma simples empatia, que mais tarde tornou-se laços fortes de amizade, cumplicidade e lealdade que ultrapassaram anos. Anos esses em que nossas vidas mudaram muito. Trabalhos, maridos e filhos passou a fazer parte do nosso vocabulário, assim como inúmeras responsabilidades e compromissos de gente grande. E mesmo assim, com algumas restrições, ainda sim continuávamos ali. 

Nesse meio tempo, vieram aos poucos os Cájos, namorados, noivos e posteriormente maridos ou namoridos, e que só vieram a somar, trazendo sentimentos e energias boas, e embarcaram com a gente em nossas histórias e momentos mil. E isso sem falar de nossas famílias onde todo mundo é um pouco pai e mãe e um pouco filho de todos. Essa doideira mesmo que pra gente faz todo o sentido sermos juntas e misturadas. 

Com muito sacrifício consegui reunir uma pequena quantidade de fotos (são muitas e muitas rs) e que podem contar em silêncio um pouquinho da nossa história. Mas sem dúvidas, ainda vão representar pouco o que vivemos: as idas pra Pet, as micaretas, as festas e nights, os encontros na sede, as aprontações na facul. E isso nos rende até hoje boas e gostosas risadas quando nos encontramos. E passamos a perceber o valor do tempo e das pessoas na nossa vida. Uma pessoa não se torna especial pelo tempo que está na nossa vida somente ou por tudo que é capaz de fazer por nós. É especial sobretudo na ausência, no que não faz e principalmente no que seríamos capazes de fazer por ela. 

É é isso! Por vocês eu faço tudo, dou o melhor de mim. Certa vez li em algum lugar que o melhor que se pode dar a alguém é seu tempo, sua atenção, seu amor, seu cuidado, sua risada, seu ombro amigo, seu respeito, seu silêncio se assim desejar, se doar. E talvez seja essa a nossa receita, nos doamos e nos amamos. Mesmo brigando aqui ou desentendendo ali, não concordando acolá. Mas que irmãs vivem em perceita harmonia? Somos diferentes, com vidas, pensamentos e ideologias e visões da vida diferentes. Mas em nada altera o nosso gostar. Justamente por conta disso praticamos o respeito às diferenças de gosto, opinião. Porque na verdade, é o que nos une que nos fortalece e quando estamos juntas, brilhamos mais, rimos mais, somos mais e nem vemos a hora passar e são assuntos que não acabam mais, mesmo nos falando quase todos os dias de algum jeito. 

Não poderia ser mais feliz e abençoada por ter esses 3 (6) anjinhos na minha vida. Que tornam suportáveis os dias ruins e melhores ainda os bons. E ficam todos os pôr do sol vistos, nossos almoços, nossos brindes, nossas danças malucas, nossos apelidos e histórias tão nossas de nosso mundinho perfeito em nossas imperfeições. 

E o que eu espero é que seus caminhos Danielle Masi e Paulo Aguiar sejam de muito sucesso, saúde, amor e paz. Que tenham muitas conquistas, realizações e prosperidades. Que o lar de vocês seja de muita harmonia e união. E que essa coisa linda do Vininho, meu afilhado amado, seja muito feliz e tenha uma vida maravilhosa. 

Não vou dizer adeus e sim um até breve, pois logo logo estarei aí com vocês. Logo logo seremos nós 4 de novo. E logo logo teremos mais históricas e micos para add à nossa listinha lá nos "esteites". E nada de ter vontade de chorar hein? (ainda bem que você nunca chorou tudo que disse qye ia chorar kkk. Rio alagando em 3,2,1). Vão com Deus e sigam com ele guiando e iluminando os caminhos de vocês todos os dias.

E vamos escrever mais uma etapa da nossa amizade, agora à distância, mas não menos forte. Qq coisa grita daí que a gente resp daqui, como sempre! Pensamento positivo na mala e no coração e simbora... Amo vocês, amigas, irmãs, dindas, cumadres e afins (acho que não tem lugar pra mais rs). 

#amorpratodavida #amormaiorqueoinfinito #amomaisquechocolate 

Ps: ninguém faz hastags melhor que vc Dani kkkkkk... se quiser, pode cont.

See you! Love you!





I don’t care!


"Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases em inglês mas o tempo todo penso “I don’t care”. Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Agora, não quero mais nada. De verdade. Não vejo o que é feio e o que é bonito. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maça. Não ligo pra dor. Pro sangue. Pro desfecho da novela. Se o trânsito parou, não buzino. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se. Deixa assim. A vida é assim. Não brigo mais. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care."

O texto é da Tati Bernardi, mas me traduz.


29 de novembro de 2014

Interestelar



Quarta à noite, véspera de feriado, me pus à frente da tv e vi um filme que como dizia minha avó, a capa é bonita, mas vamos ver o conteúdo. Fui comprada por uma mensagem subliminar, na verdade. Me identifiquei com uma mensagem passada no trailler e que eu vesti a carapuça. E quando comecei a assistir, de fato constatei que não tinha me enganado.
 
É certo que não vou entrar em pormenores, nem relatar o final, mas como geralmente o que me cativa em qualquer história é o lado humano, é nele que vou focar. O filme conta a história de um agricultor, ex piloto de testes da NASA, viúvo, pai de dois filhos, que se vê num dilema: aceitar embarcar numa missão espacial ou não. O maior desafio, porém, está na passagem do tempo. Enquanto para os filhos o tempo transcorrerá normal, hora após hora, ano após ano... para o pai, no espaço, o tempo transcorrerá mais devagar, no compasso de alguns minutos.  Num dos momentos, durante a visita a um planeta fictício, os astronautas se atrasam alguns minutos, e com isso perdem vinte e quatro anos no tempo da Terra. Para o pai, tempo precioso ao perceber que perdeu a infância dos filhos. Enquanto o filho mais velho envelhece diante da tela do computador, enviando mensagens periódicas ao pai, a filha mais nova, ressentida da partida de seu grande herói, se recusa a enviar mensagens. Até o dia em que percebe que ela e o pai estão muito mais ligados do que poderiam supôr.
Enfim, entre suspense e lágrimas, reconheci um pouquinho de minha humanidade ali. E por isso me comovi diante da história do pai que perde a linha condutora da vida de seus filhos. De afetos que se perdem pelo caminho, como se o tempo corresse diferente para cada um.
Sempre imaginamos que teremos mais tempo. Que podemos deixar para depois certas ações, que elas se concretizarão naturalmente, dentro do nosso tempo. Porém, nem sempre o nosso tempo é o tempo que está reservado para nós. E é muita pretensão acreditar que podemos prorrogar nossos passos ou adiantar nossos desejos só porque acreditamos que domamos os relógios da vida e dos acontecimentos. 
Cooper, personagem central de Interestelar, acreditava que ainda teria tempo de sair em missão e voltar para seus filhos. Acreditava que ainda poderia acompanhar a infância de seus meninos e ser um bom pai. Porém, não é o que acontece ( não, eu não estou contando o final do filme). Infelizmente, para eles é tarde demais.


É devastador descobrir que chegamos tarde demais. Que deixamos pra depois o que nunca mais poderá ser realizado. Que adiamos nossas vidas em busca do momento perfeito ou da hora ideal, sem perceber que a vida acontecia no aqui e agora; sem se dar conta que o presente era precioso demais para simplesmente ter sido adiado pra depois. 

Tanta coisa vem na frente, colocamos como prioridade como o dia-a-dia atribulado, as tarefas que se acumulam, as contas a pagar, os filhos para cuidar, o trabalho para não atrasar, a limpeza da casa e a alimentação que não pode faltar, os amigos para dar atenção, o marido ou a esposa para agradar, tudo que consome nossa energia, muitas vezes não deixam espaço para resolver aquela questão pendente, aquele problema aparentemente sem solução, aquela mágoa no coração, aquele sonho não concretizado... Quando na verdade a solução dos problemas está bem pertinhos de nós, basta despertar.
Querendo ou não, tudo gira em torno de uma balança. E definir nossas prioridades ou escolhas se torna essencial para decidir aquilo que não queremos deixar para trás ou chegar atrasados demais. Inconcebível seria chegar tarde para a infância dos filhos, para o relacionamento de nossas vidas, para as chances improrrogáveis ou momentos perfeitos que ditarão a eternidade.
Interestelar recusa a morte como recusa o fim de um tempo. Cooper, desejando salvar seus filhos _ e a humanidade _ do apocalipse que se aproxima, oferece-se para a missão _ a última chance de fazer aquilo que para ele é sua verdadeira vocação. Porém, ao perceber a velocidade com que o tempo passa para aqueles que ama, arrepende-se da empreitada e descobre que fez a escolha errada. Quer voltar, pois de nada adianta o tempo não passar para ele, se passa e leva embora aqueles que ama.
Assim, não há remédio que cure a morte de um tempo. Podemos brincar de faz de conta, mas ainda assim, temos que nos adaptar e ajustar ao que resta de nós apesar das perdas e despedidas inerentes a qualquer vida.
Interestelar é uma ficção que brinca com a ciência, mas acima de tudo fala de amor. Do sentimento que ainda move o homem e conduz suas ações.  Do que motiva alguém a buscar a escuridão _ o buraco negro _ para trazer luz à sua família. 
Recusamos a morte e queremos que o amor nos salve da vida. Buscamos a escuridão desejando que ela nos traga alguma luz. Desafiamos o tempo almejando desperdiçá-lo e guardá-lo no mesmo instante; corremos riscos para nos sentirmos seguros; nos perdemos para nos encontrarmos. Percebemos enfim que o triunfo da vida está no amor, nem sempre claro, nem sempre explícito, mas ainda assim, real.
Fui reconfortada por uma parte de mim ter sido acolhida por essa lição. Uma parte de mim que se ressente das perdas, do que o tempo levou e não traz mais, das ausências, dos hiatos que se consolidaram com a distância. Porém, ainda acreditando no amor. Nessa força poderosa que nos torna homens. Que nos torna simplesmente e poderosamente... humanos.
 




27 de novembro de 2014

Cada um sabe o que traz na bagagem





Às vezes entendemos a vida de forma "torta". Seja porque nos ensinaram assim, ou talvez porque simplesmente não compreendemos as coisas no momento em que foram ensinadas, ou ainda porque o único jeito que encontramos para lidar com aquilo foi dessa forma distorcida. O fato é que continuamos a viver assim, entendendo tudo ao contrário_ como se fosse certo_ e obtendo resultados ruins. Um dia, numa hora qualquer, percebemos os estragos de ter compreendido errado. Porque não facilitamos as coisas para ninguém, principalmente para nós mesmos.
 
É preciso entender que as pessoas têm visões diferentes da vida, dos momentos, dos acontecimentos. Porque deduzem baseadas nos primórdios do aprendizado, naquela porção interior cheia de mistérios que ainda estamos longe de compreender.

Cada um sabe o que traz na bagagem. E ninguém tem visão de Rx _como na esteira do aeroporto_ para desvendar o que vai dentro do outro. E mesmo tentando explicar, é difícil compreender.
 
Por isso, o que me deixa à flor da pele não é o mesmo que te excita, o que me faz ferver por dentro não provoca nem cócegas em você, o que não suporto é indiferente aos seus sentidos, o que você oculta é escancarado em mim. Porque somos complexos até para nós mesmos. 
 
Assimilamos distorções e colecionamos traumas, que culminam nas horas mais impróprias: um encontro inusitado, um filme bobo, um tropeção sem importância. E choramos "sem motivo", surtamos sem "razão", nos declaramos "do nada". Nessas horas você deixa vir à tona aquilo que andava guardado há muito tempo, naquele cantinho da bagagem onde colocamos pequenos pertences e grandes segredos.

Então você descobre que qualquer fato pode trazer à tona sua versão mais primitiva. E, se tiver sorte, pode consertar alguma coisa a partir daí. Porque percebe que é hora de encontrar o caminho de volta. E o caminho de volta pode lhe conduzir ao mesmo lugar de onde você partiu, mas saberá lidar melhor com a situação. Ou te levará à uma rua totalmente nova, com paisagens inéditas, como folha em branco. Mas é fundamental que encontre um caminho.

Pois a vida não parou, ela só te mostrou que ás vezes não adianta ter razão, não adianta querer muito alguma coisa, não adianta acreditar. Certas coisas simplesmente acontecem, aleatoriamente, livremente. E isso não se refere necessariamente a você. Isso faz parte de um equilíbrio universal_ talvez como folhas que caem e se renovam com a mudança das estações_ E basta estar vivo para estar sujeito ao caos.

Sobreviver é reconhecer novas chances, novos recomeços, novas possibilidades. Entender que uma janela se fecha enquanto uma porta se abre; entender principalmente que se fixar no cadeado sem chaves é perda de tempo, talvez burrice.

 Então você se dispõe a recusar o papel de vítima; e aprende a desdenhar qualquer emoção ególatra...

Finalmente você percebe que é único. E algumas questões pertencem somente a você. Exclusivamente. E, se estar à flor da pele por motivos aparentemente banais faz de você quem é, apenas aceite. Aceite e toque seu barco sem perder a fé, acreditando que todo mundo tem uma bagagem também - algumas mais leves, com rodinhas ultra deslizantes; outras pesadas, com a alça desabando...

Porém, haverá um momento_ quando você menos esperar_ que não estará tão pesado assim. Nem difícil. Estará apenas mais adaptado ao seu corpo, ao seu tamanho, às suas forças... a você.

                               

 "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."




25 de novembro de 2014

São Lourenço: um pedacinho de ordem e progresso dentro do Brasil


Enfim, as férias chegaram! E como o planejado, consegui fazer uma viagem curtinha mesmo, nada para muito longe, com o intuito de descansar. Estava precisando desacelerar, pisar no freio, desanuviar a mente e o coração. A rotina e a correria de todo o santo dia cansam demais. E fora os leões de cada dia que se tem que matar. E mais os problemas que fazem parte da vida. Chega uma hora, à beira do surto, que se não fizer uma pausa forçada, acabou-se! Portanto, eu me dei essa pausa!

Escolhi a cidade de São Lourenço em Minas porque não conhecia e sempre que vejo fotos ou ouço relatos é sobre uma cidade fofa, com moradores educados e simpáticos, além de ser ótima para descansar pela tranquilidade e uma ótima qualidade de vida pela natureza próxima. Tudo que eu precisava! Quem me conhece sabe que adoro fazer mil coisas nas viagens, passeios e afins. Mas desta vez, tal meu desânimo e cansaço eram grandes que eu necessitava apenas de um canto pra relaxar, fora desta loucura que a vida em uma cidade grande pode se tornar. Então, hotel e passagens ajeitados, malas prontas e lá vamos nós.

Confesso que achei que não eram nada aproximadamente 5 horas de viagem. Mas, ao longo do tempo com engarrafamentos e acidentes de percurso no caminho, já estava no auge da minha intolerância e impaciência dentro do ônibus. Mas, mantinha a minha cabeça focada em um lugar sossegado e que não via a hora de chegar. Por fim, após sair à 13h e chegar lá pelas 19h estava morta e com a bunda doendo de tanto ficar sentada. Precisava de um banho e comida. A única coisa que consegui ver mais ou menos foi o portal da cidade. Uma graça!  E sentir o clima, já com a temperatura caindo junto com a noite. 

Ao chegar no hotel fomos muito bem recebidos pelos donos japoneses que tinham um sotaque de mistos oriental, mineiro e carioca (pois haviam morado algum tempo no Rio). Um samba meio doido mas que dava pra levar. Fomos levadas eu e minha mãe às nossas acomodações simples porém tudo ajeitadinho e limpinho. Fomos informadas que em 15 minutos seria servido o jantar (lá a maioria dos hotéis tem a pensão completa embutida nas diárias, o que torna mais em conta também), o que eu dei Graças a Deus! O dia não estava sendo um dos melhores por conta de alguns acontecimentos no Rio que eu tinha tido conhecimento, mas eu começava a me sentir um pouco melhor quando comecei a sentir outra atmosfera me envolvendo, novos ares. 

Tomamos uma banho numa ducha ótima e seguimos para o restaurante. Toda a decoração do lugar era de temática japonesa misturando estilo rústico de cidade do interior. Me assustei ao constatar que apenas nó estávamos jantando no local. Mas para uma segunda-feira fora do mês de férias tradicional, realmente eu não poderia esperar muito. A comida veio farta de opções e quantidade, um gostinho saboroso caseiro me levou por alguns minutos de volta aos tempos de comidinha da vó (fiz essa viagem por uma semana em todas as refeições). Estava faminta e a comidinha gostosa contribuiu para eu me enfastiar a tal ponto de recusar a sobremesa de doces caseiros que são os que mais gosto. Após o jantar, fomos pegar uma fresca na varanda. Eu achei que seria uma fresca, mas tive que me render ao casaquinho, pois era notável agora o clima mais frio e ao mesmo tempo aconchegante. Mas o cansaço físico e mental venceram e por mais que deitar numa rede após o jantar fosse bem gostoso, meu corpo pedia cama e sono. O dia seguinte prometia ser melhor. E mais descansada estaria mais disposta a olhar com bons olhos esta cidadezinha que já me cativava pelo pouquíssimo que conhecia. 

No dia seguinte tinha mais gente para o café. Todos muito educados fizeram questão de nos oferecer seus "bom dia". Coisa não muito comum para quem vive numa cidade grande onde cada pessoa parece viver dentro de uma bolha eterna, impenetrável! Após estarmos devidamente alimentadas, seguimos para o Parque das Águas, tradicional parque na cidade que contém as fontes de águas naturais com propriedades medicinais, apadrinhadas pela Nestlé. Além de ser um excelente local para práticas de exercícios e lazer no estilo relaxar. Ao comprar o ingresso, primeiro fiquei boba com o preço. Pra quem está acostumada com os preços exorbitantes do Rio, onde todos querem lucrar em cima de você. Segundo, um ótimo incentivo para a visitação no parque era comprar um ingresso e este poder ser usado até duas vezes no mesmo dia. Caso fosse caminhar pela manhã e tivesse interesse em voltar à tarde, não precisaria desembolsar novamente a quantia. Começava aí a perceber uma cidade que visava incentivar seus cidadãos a participarem de seus propósitos, quais quer que fossem eles. 

Já na entrada o parque dá ideia de sua beleza. Com flores por todos os cantos, banquinhos de madeira ou de troncos de árvores, um verde imensurável e a perder de vista. Meus pulmões começaram a se abrir para um ar 90% puro (sim, porque como em toda e qualquer cidade povoada, existe a poluição). Nos pusemos a caminhar, e a cada passo mais estava eu encantada não só pela preservação do lugar como pela limpeza total e completa. O máximo que se via no chão eram folhas, e que eram varridas a toda hora. E mais algumas placas de instruções de condutas aos visitantes eram vistas pelo parque e por incrível que pareça, eram atendidas. Como usar a coleta seletiva, não pisar na grama, não alimentar animais, não se lavar nas fontes e etc. Olhando em volta, percebi que a maioria era morador local e que fazia uso do parque para caminhadas ou práticas de outras atividades esportivas que tinham lá. Realmente, lugar mais propício não há. Uma linda manhã ensolarada se apresentava para mim por entre árvores, flores e lagos. Estava eu no paraíso? Depois de algumas horas de caminhadas pelo parque, com direito a fotos e algumas provas de águas das fontes (podem fazer bem, mas o gosto não é lá essas coisas não!), voltei para o hotel. Mas tinha certeza de que eram certas as idas ao parque por duas vezes ao dia. Pena que não poderiam ser três!

Depois do almoço fomos desbravar a cidade. Passamos de táxi vindo da rodoviária por algumas ruas ontem, mas o cansaço era tanto que me impediu de reparar melhor. Só o suficiente para perceber que o comércio local era grande e com grandes marcas. E que em nada se parecia com comércio de cidadezinha. Era expansivo. E olhando os preços nas vitrines, quase desmaiei, tudo barato! Barato mesmo! Não eram liquidação ou promoção para turista. Roupas então... o que custa uma aqui no Rio dava para comprar umas três, lá. E era vestuário, alimentação, móveis e artigos de decoração, artesanato, eletroeletrônicos e domésticos. Tudo era absurdamente mais em conta lá. E novamente, atentei para a limpeza da cidade. Só que agora eu percebia que não era só o chão que não tinha sujeira, nem guimbas, chicletes e panfletos. Não tinha nenhum tipo de publicidade que pudesse contribuir para a poluição visual da cidade. Não tinham cartazes colados por todos os cantos e panfletos jogados ao chão. Também não tinha poluição sonora, nenhum carro berrando nenhuma música ou fazendo anúncios chatos. Achei fenomenal! Andando mais um pouco, vi que algumas placas eletrônicas espalhadas pela cidade continham dizeres do que era terminantemente proibido. E inacreditavelmente, atendido prontamente pelos moradores e turistas. Aliás, mais pelos moradores que tinham satisfação e orgulho de contribuir com a cidade onde moram. Aos turistas além da vergonha de suas cidades serem do jeito que são, não resta outra alternativa a não ser entrar na roda, pois você sente-se até mal fazendo algo impróprio em um lugar assim onde quase não há desvio de conduta e caráter. As placas de sinalização de trânsito são obedecidas (onde pode parar, por quanto tempo, se é contramão, o limite de velocidade, a preferencial). Minha maior surpresa foi constatar, depois de procurar que não existia sinal para atravessar a rua. Observamos os "nativos" rs e vimos que eles paravam na faixa que geralmente eram um pouco mais altas como um quebra molas, só que menor. Ao menor sinal de pedestres querendo atravessar, os carros paravam, prontamente. Sem buzinas e reclamações. Sem xingamentos e o carro ficar naquele arranque querendo passar por cima. Nada! E se os carros te avistavam e você ficava na dúvida se podia atravessar ou não, ele mesmo buzinava para você apontando que poderia atravessar sossegadamente. Gente, quanta evolução! Fiquei pasma. Pra mim esse tipo de coisa só existia lá fora do Brasil ou em cidades com outra colonização só que muito maior como o Sul (eu não conheço pessoalmente, mas tenho relatos de gente que já foi pra lá e diz que é assim). E depois deste banho de cidadania e civilidade, ainda vem turista de grandes cidades querer tirar onda com a cara dos "caipiras" de cidade pequena? É ruim, hein? Se eu ver algo do tipo ainda dou lição de moral no espertalhão! Somos soberbos demais com noção limitada de nossas obrigações e capacidades enquanto cidadãos.

Eles podem não ter nossos arranha-céus, nossa tecnologia, nosso desenvolvimento acelerado, mas os atrasados somo nós. Eles, em matéria de organização, cumprimento de normas e leis, obrigatoriedade, e participação do cidadão com seus papéis cumpridos na sociedade dão um banho em nós. Tudo bem que a população local é pequena, bem mais fácil de controlar, de vigiar. Mas eu entendo que mesmo tendo cinco pessoas num lugar, se alguém quer tumultuar e tornar caótico, basta fazer, E se outros quiserem seguir o exemplo, vão seguir. Não há nada que os impeça de "badernar" (Gostaram? Acabei de inventar! Rs). Mas em São Lourenço não. Cada indivíduo zela por outro e juntos, zelam por um todo. Foi mais ou menos assim que entendi a coisa toda. A cidade investiu pesado no turismo, mas ao mesmo tempo, para não se perder em crescimento desordenado, investiu pesado na conscientização de seus moradores. Quer maior exemplo do que as próprias pessoas que moram na cidade cuidar dela? E outros pontos eu percebi também. Quase não existem animais abandonados nas ruas. O que também é crime abandonar animais. E os poucos que têm são cuidados pelos restaurantes e locais de alimentação. Não são um estorvo e sim faz parte cuidar. Também quase não existem moradores de rua. E os poucos que tem são cuidados por igrejas e instituições. Que recebem mensalmente contribuições da prefeitura e dos moradores. Que além da contribuição financeira fazem questão de ajudar com doações de vestuários e alimentação, assim como remédios e quaisquer outros tipos de necessidades.

E não parou por aí... os dias se seguiram e além de caminhar no parque e conhecer um pouco da cidade andando pelas ruas, visitamos o artesanato local, a Maria Fumaça de 1914. Na estação, foram gravadas as cenas de Chocolate com Pimenta (algumas). O passeio é muito agradável, com música, degustação de queijos, vinhos e cachaça artesanal. Passeamos de charrete e eu juro que só em fazenda vi cavalos tão bonitos e bem cuidados assim. Os trabalhadores, digamos assim, não visam só o lucro com os passeios. Eles entendem e respeitam que o animal necessita de repouso à sobra com água fresca e trabalha um determinado n° de horas por dia/semana. Passado disso, é exploração. Aliás, como a charrete, além de entretenimento é um meio de transporte quase equiparado com táxi, tem placa e leis de uso e condução. Já viu isso? E o local onde elas ficam estacionadas é regularmente limpo, diversas vezes por dia pelos donos. Deixando assim a rua limpa. E por falar em limpeza (mai do que já falei até agora) fiquei boba com o n° de coletas seletivas espalhadas pela cidade. E também com o acondicionamento do lixo que é retirado igualmente aqui com dias e horários estipulados. Não fica um monte de lixo acumulado num lugar, é multa na certa. Além disso, uma cota vem anexada a conta de água e esgoto para o lixo. E sobre a coleta seletiva, quanto mais se faz, ainda se ganha para isso. A cota do lixo pode ser abaixada cada vez que constatada a eficiência da coleta seletiva no endereço. Ajudando o ambiente e o bolso junto. 

Sobre as pessoas, o que falar? Totalmente cordiais e hospitaleiras, simpáticas e educadas. Todos, sem exceção! Fizemos amizade com uma vendedora de anéis com quem ficamos horas a fio batendo papo. E com a atendente da Vó Bisa de laticínios onde por sinal, estão os melhores queijos e doces em compota que existe. Ah, e experimentei o famoso pão com linguiça mineiro. Que delícia! Mas claro que para alguém que não está acostumada com linguiça picante, toma-lê água depois rs. Ficamos amigos da vendedora da loja de chocolates artesanais. Delicinha também. E do dono da cervejaria onde fomos na última noite, provar as deliciosas cervejas artesanais. E olha que eu nem sou chegada a... Mas tinha uma lá a Ouro Pretana, tão levinhaaaaaa. Trouxe pra casa rs! O menino da charrete também ficou nosso amigo e passou a nos levar pra cima e pra baixo quando as pernas já não aguentavam mais ir e voltar do hotel, mesmo sendo perto do centro, depois de andar por duas vezes no parque todos os dias. E não posso esquecer do taxista que ficou nosso amigo e nos deu boas dicas na cidade. Sem falar de todo o pessoal do hotel, donos e funcionários, sempre solícitos, simpáticos. Realmente, foram 6 dias em que me senti quase em casa. E gostei tanto da cidade que moraria lá rs. Aliás, penso nisso um dia. mais velha, em reduzir a velocidade, ir pra um lugar mais calmo, visando melhor qualidade de vida. 

Fiquei mal acostumada e quando cheguei no Rio foram o trânsito, são notícias de assaltos e violência, esse povo mal educado e desordeiro. Essa gente que quer se dar bem às custas dos outros. Ninguém liga pra nada. Esse ritmo que não para. Outra coisa que eu reparei lá é que apesar de antenados e conectados e online, as pessoas não vivem cada qual com seus narizes enfiados nos aparelhos e alheios para a vida, sabe? Apesar disso, eles vivem. E tem tempo pra tudo. E o tempo rende, olha só! E a ida caminha num ritmo mesmos acelerado e mais prazeroso. As pessoas se curtem, curtem a cia, curtem o papo, curtem o olho no olho, aquele cumprimento bobo de todos os dias. E nesse ritmo a vida lá flui, calmamente e com tranquilidade na medida que dá. Até os alunos, podem crer, são diferentes lá. Adolescente é bagunceiro e criança é arteira em todo lugar. Mas até zona deles é organizada rs. Não parece que tá tendo um arrastão ou geral correndo de uma manada de elefantes na saída da escola. também não se ouve xingamentos mil. E olha que o hotel ficava quase ao lado de uma escola pública e por uma semana vi a entrada e a saída da escola, sempre seguida de agitação, mas com limites. 

Ah, não sei nem dizer do que mais sinto falta até hoje. Se do povo acolhedor, da cidade ordeira, de uma vida mais tranquila e que flui com leveza, se das caminhadas no parque que com a natureza e o silêncio me deixavam mais perto de Deus, se da felicidade simples e genuína ou se de tudo junto! E é claro, das pessoas pronunciando o meu nome carregado nos "erres". Aliás, ô sutaquezinho fácil de pegar, gostoso de falar e quando eu menos dou por conta, lá estou eu falando com erres e adjacências rs. Pois é, dizem que é assim né? Tem coisas que a gente sai delas, mas elas não saem da gente. Acho que esses dias lá são mais ou menos assim. Vai ser difícil de tirar de mim tanta coisa boa. E que um dia eu possa voltar lá novamente...

E de simples férias, tirei os melhores dias do meu ano!

9 de novembro de 2014

Olhando pra dentro de mim!


Nos últimos dias o mundo lá fora tem passado 'batido' pra mim. Estou ocupada demais olhando pra dentro. Tenho sido dura comigo: ando me dizendo verdades que ninguém tem coragem de dizer (e eu nem aceitaria que dissessem), reconhecendo derrotas, aceitando que muitas coisas chegaram ao fim mesmo contra a minha vontade, e tirando da minha vida quem não me acrescenta, pelo contrário: me diminui. Também tenho me esforçado pra lembrar das tantas vezes que tentei e consegui. Do quão capaz eu era de 'me virar' sozinha, de transformar angústias em aprendizado, de dar a volta por cima quando muita gente no meu lugar teria ficado pelo caminho lamentando, chorando os não's da vida.


Nada foi muito fácil pra mim. Travei batalhas com a vida que teriam derrubado muita gente metida a valente. (Por onde anda aquela moça que acreditava em si mesma?) Encarei ausências de pessoas que são essenciais ao nosso crescimento, fui muitas vezes meu próprio colo, meu próprio ombro. Chorei sozinha quando não consegui corresponder às expectativas de pessoas que diziam 'só querer o meu melhor'.

Nunca fui boa pra seguir padrões: quebrei muitas regras e parti a cara e o coração muitas vezes também. Mas eu mesma juntei os cacos e recomecei. Senti vontade de abrir mão de mim, até me abandonei por algum tempo. Não conseguia me imaginar vivendo um futuro feliz e olhar pra trás me doía: só me restava a desistência. Cansei de ouvir que eu precisava 'esquecer, dar um jeito, me sentir melhor, superar, me ajudar', mas a cada palavra de quem exigia de mim o que eu (achava que) não conseguiria alcançar, eu sentia mais vontade desumir do mundo.Hoje eu assumo a culpa por quase  tudo que sofri. Tantas vezes deixei que me magoassem (mesmo que inconscientemente) pra me castigar, pra poder me vitimizar, pra sentir pena de mim mesma. Mas também me perdoo. Passou, não vai voltar, e ficar remoendo mágoas, carregando culpas, arrastando corrente pelo que não pode ser mudado não ajuda, só pesa, aperta o peito, me faz me sentir menor.

Resolvi deixar o passado passar e aceitar que sou o que sou por causa dos tombos, dos tropeços, das lágrimas, das derrotas, mas também por causa de todas (muitas) as vezes que eu poderia ter desistido e segui em frente e enfrentei meus medos. Sou a soma dos fracassos, das conquistas e de uma fé em mim que eu não sei de onde vinha. O fato é que tem muita vida pela frente e pra lá que eu vou olhar. 

Porque a maturidade me ensinou que o primeiro passo é o começo de tudo que pode ser bonito, é só levantar e caminhar.