26 de setembro de 2011

A dor que dói mais...

Hoje o dia foi de lembranças e de muitas saudades. De tristeza e de partidas. Faleceu minha tia, última dos 6 irmãos de minha avó. Com a perda da pessoa amada, vêm mais do que a perda de sua presença, vem a perda de parte de uma identidade, de um laço que nos une e que não necessariamente, seja tão fortemente apenas amor. Sim, sentia uma simpatia por ela. Era engraçada, falante e "passeadeira", como dizia vovó. Mas, não era aqueeeeele apego. Mas, nosso contato ficou maior agora, no fim de sua vida e no início da minha, onde a concepção de tempo, perdas e ganhos não são compatíveis aos 70 e aos 21. Mas, sim, posso dizer que a aproveitei muito. Só que a sensação de perda, de quebra de um vínculo, de suas histórias e das heranças que não mais serão passadas é esquisito! Me sinto meio órfã de pessoas mais velhas na minha família. Pessoas mais velhas que agem e sentem como pessoas mais velhas, mais pacientes, mais tolerantes, com mais ou as mesmas histórias para contar, com alguns passados a esconder e outros à mostrar. Com muitas quinquilharias guardadas, com algumas manias e teimosias. Sinto uma carência de ainda poder desvendar minhas origens. De ainda poder saber certos segredos "incontáveis!" Sinto saudades...

Lendo em casa uns textos sobre perda e dor, deparei-me com esse que me hipnotizou. O tema central gira em torno mais uma vez do amor entre homem e mulher, mas a magia está nas célebres frases da autora, onde ela diz que saudade, é não saber. E não saber é o que mais nos dói. Verdade! Quando você sente saudade, mas pode sanar essa questão, pronto, voilà: eis que através de um telefonema, um email, um torpedo, um olhar esguio procurando no lugar certeiro, um encontro casual forjado e pronto, sabemos onde fulano(a), nosso(a) causador(a) de perda de sono, angústia, aflição e ansiedade está. Mas, e quando não há comunicação que faça-nos ter notícias de uma mãe, de um filho, de uma avó, de um irmão, de primos, de amigos, de amores? Isso sim, dói! E essa dor, nem de longe é igual a que imaginamos sentir um dia. Não importa quantos anos se tenha, sempre julgamos, em algum momento da vida, "já termos sentido a maior dor do mundo". Mas, ela não é nem a metade da dor que nos acomete quando somos obrigados a seguir em frente sem poder voltar, sem poder olhar pra trás, sem poder, sem saber... E agora, depois de algumas perdas, físicas ou de laços afetivos, sei bem qual a dor que dói mais. E como dói mais.




A dor que dói mais  -  Martha Medeiros

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um estalo, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na esquina da mesa, dói morder a língua, dói
cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade que mais dói é a saudade de quem se ama.

Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.

Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro
sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é basicamente não saber.

Não saber mais se ela continua chorando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele continua a trabalhar no relatório;
se ela aprendeu a conduzir;
se ele continua preferindo Stout;
se ela continua preferindo sumo;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua abraçando tão bem;
se ela continua gostando de Massas;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!

Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como conter as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a
todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que
você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...




Inspirada no texto acima, tento juntar algumas palavras que traduzem um sentimento.
Arrisco-me a rascunhar umas linhas sobre minhas perdas, minhas dores, minhas saudades... Talvez, através dessas frases, tentar exteriorizar minha dor e, dessa forma, reduzi-la.
Talvez, tentar entender. Quem sabe começar a aceitar!
...


A dor da partida - Fernanda Miceli

Não me consola saber que a vida é infinita
Que nada morre
Que tudo é eterno.
Na partida definitiva, não há como fugir
Da maior dor pelo ser humano sentida.
Separam-se os corpos
Ah, saudade doída!
Saudade que ofusca a vida e que só o tempo ameniza a dor.

Laços que se desfazem
Numa partida sempre inesperada
Que bom seria se essa despedida
Pudesse ser adiada.

As lembranças que ficam
De imediato atormentam.
Onde buscar as cores, gestos e olhares?
Como dialogar com o silêncio?
Como tocar o nada?
Como trazer tudo de volta?
Impossível! Ah, dor infinita...

Resta apenas esperar
E pedir para o tempo voar
Para a dor amenizar e ficar com a esperança
De que um dia,
Em algum lugar,
Com outros rostos,
Possamos a historia de nossas almas...
Continuar!
É só o que resta
Para consolar!


25 de setembro de 2011

Minha música - Fernanda

Futucando pela net, eis o que achei: uma música com o meu nome! Pulei de felicidade. Embora não tenha sido escrita para mim, posso dizer agora que tenho meu nome em uma música, rs. Já que Fernanda é um nome tão popular. E parece que todas as Fernanda tem muitas características e temperamentos em comum. Astrólogos diriam que é carma de nome, rs. Singularidades, particularidades que acompanham pessoas que têm o mesmo nome. Somos únicas, encantadoras, apaixonantes e viciantes, hahaha... Será??? Bom, pelo menos eu me identifiquei com a letra... adorei! Não tem a ver comigo? rs.

FERNANDA (Fábio Lui)


Toda vez que você passa
eu não disfarço
você sabe e finge não entender
amanhã acordo cedo
e outra vez aquela ânsia de te ver
e quando é tarde as horas passam
tudo passa
só você me faz perceber
o quanto tudo que eu quero
vale tanto
muito mais do que possa parecer

Fernanda
teu sorriso me encanta
Fernanda
teu sorriso me encanta

Em todos os lugares
todos bares
todos sabem
você faz muito bem pra mim
se soubesse o que acontece
dentro do meu coração
não faria assim
e de repente você passa
novamente eu não disfarço
fica sempre aqui
o desejo enorme
de ter você em meus braços
por favor
olhe pra mim

Fernanda
teu sorriso me encanta
Fernanda
teu sorriso me encanta

     
      Videoclipe de "Fernanda", com Fernanda Lima

24 de setembro de 2011

A voz do silêncio...




Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala. Simples, rápido! E quanta força! Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a antessala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!" É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro. É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba, é aquele que fala. E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta, não há emails na caixa de entrada não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim, você entende a mensagem.

20 de setembro de 2011

Rock in Rio... eu ñ vou, eu ESTOU lá!


A piada do momento para quem não conseguiu ser rápido o bastante para comprar um dos 600 mil ingressos iniciais que foram vendidos para 4 dias de show é: Rock in Rio eu vou, ficar em casa! Para muita gente resta o consolo de ver seus ídolos na TV de casa. Sorte de quem já tem uma plasma, porque eu não tenho, rs. Esse ano, depois da última edição em 2001, o evento volta cheio de atrações, com uma estrutura magnífica e cheio de expectativas.

Mais do que gostar de rock, porque não gosto tanto assim, participar de um evento desses é um marco na história, tanto pessoal, quanto da cidade. Eu estive na última edição em 2001, com 18 aninhos e a sensação foi indescritível. Rock in Rio é mais do que ESTAR é SER! Ser livre, ser sonhador, se permitir de tudo numa noite única, mágica. É se encher de expectativas, por uma noite, por uma vida. É esperar o inesperado em cima do palco, pelos caminhos a fora.

Olho para trás e é claro, 18 anos não tenho faz tempo, mas de olhos fechados a sensação de pisar naquela grama novinha, sentar em cagas de gente desconhecida, pular abraçados com quem nunca vimos na vida e cantar, gritar, rir, chorar porque tudo é permitido não tem ninguém te censurando, te rotulando ou te analisando ainda me é fresca. Vibrar com os ídolos do momento que eram se não me engano N' SYNC, BACKSTREETBOYS, SANDY E JUNIOR, GUNS E RED HOT. Numa mistura de pop rock, a minha noite foi embalada assim. Tiveram ainda algumas atrações de axé, qu eu ainda não entendi muito bem o que tem haver com rock. E samba. Mas, como estamos no país do carnaval e td aqui termina nisso aí mesmo, é aceitável. Foi um dia - porque cheguei lá por volta das 11h da manhã quando os portões se abriram e só sai de lá às 04:30h da madruga - inesquecível.

Passados anos e anos e quando a galera lembrava e cobrava mais uma edição eu podia dizer com orgulho. EU FUI! EU ESTAVA LÀ! trouxe até uma camisa de recordação para casa, a qual não uso mais hoje em dia, mas guardo com td carinho e amor. Não me lembro de na época ser esse frenesi de máquinas digitais, flashes para todos os lados, poses, risos e sei lá mais o que. E é engraçado pois não registrei em nenhum outro lugar aquele momento senão na minha memória. E embora falha em alguns aspectos, ainda me recordo bem que estava um dia de sol e uma noite estrelada, que eu estaca com um casaquinho branco e um tênis rasteirinho azul, moda na época tênis de cor. O qual, coitado foi para o lixo depois de voltar com lama até a alma, rs. Lembro que haviam malabaristas e atores circenses fazendo o entretenimento da galera. Lembro de quando cansar sentar na grama ou quando rolava uma amizade básica de última hora, numa canga comunitária onde mais umas 10 pessoas sentavam-se também. lembro que meus lanches foram cachorro-quente e hambúrguer. E que bebi tanta água e refrigerante como nunca, rs. Lembro que encontrei amigos que não via há anos. Isso sim é uma baita coincidência, rs! lembro de pular junto com a massa quando Sandy e Junior cantou: vamu pula... Pq tb se a gente não pulasse por vontade própria ia pulando forçada mesmo. Lembro de cantar até perder a voz e quando a perdi fiz mímica com a boca, mas não deixei de aproveitar. Lembro Que quando o Carlinhos Brown cantou foi vaiado e levou um chuva de garrafas d'água na cabeça, rs. E que quando o tal do Aron Carter cantou no playback foi muito xingado. Igualmente a Britney Spears, sensação na época. No auge de sua carreira, aclamada por seus shows fenomenais trouxe um showzinho chinfrim e neguinho não perdoou. Podia ser diva lá fora aqui era uma cantora de M... ao menos para nos, naquele momento! E lembro de não ter mais gás nem empolgação para voltar andando todo o caminho feito com euforia pela manhã para chegar até o carro. Tivemos que recorrer aos ônibus onde as filas eram monstruosas e eu e meu irmão sentamos no meio fio para esperar a vez de entrar. Nossa, qta coisa eu lembro! Como se fosse hj! Mas foi há 10 anos. Impressionante como atrofiamos a memória com a ajuda dos recursos digitais visuais. Pra quê câmeras e fotos? Eu estava lá! Quer mais do que eu presente para registrar aquele momento nos mínimos detalhes? Presenciei brigas, beijos apaixonados, declarações de amor, amigos de anos abraçados, amigos de minutos abraçados todos cantando em uma só voz a única música que importava: a do coração!

Essa nova edição promete. Muita modernidade, muita tecnologia e muitas boas atrações para emocionar os calouros no eventos e os veteranos amantes do rock. Há de acontecer muitas cenas que marcarão o dia. Muitos amigos se encontrarão. Muitas amizades se iniciarão. E por ai vão mais alguns dias que fazem sonhos tornar realidade e torna possível o impossível de acontecer.


E, para todos, que vão e que ficam o jingle mais conhecido e cantarolado em todo o mundo:

"Se a vida começasse agora
E o mundo fosse nosso outra vez
E a gente não parasse mais de cantar, de sonhar, de viver
ôooo, ôooo, ôooo Rock In Rio"


15 de setembro de 2011

Brasil um país de tolos... Será?

Vale a leitura crítica da crônica de Arnaldo Jabor. Já faz uns anos que a tenho e estava esquecida dentre uns emails guardados de textos que muito gostei. Por acaso, hoje li, reli e ele ainda me parece muito atual... Mais um escritor que respeito e admiro!



Brasil, um pais de tolos.
(para refletirmos)


Brasileiro é um povo solidário. Mentira.

Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um
sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque
tem uma história de vida sofrida; pagar 40% de sua renda em tributos e
ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma
solução para pobreza; aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando
pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade... Não protestar cada
vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os
deles de propósito, não é coisa de gente solidária.
É coisa de gente otária.


Brasileiro é um povo alegre. Mentira.

Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos
todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um
massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer
piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro
do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao
invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.


Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.

Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar,
fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de
Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado
receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da
semana, também sente inveja e sabe - lá no fundo - que se estivesse no
lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do
governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para
alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa
família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.


Brasileiro é um povo honesto. Mentira.

Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um
policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por
medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O
brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa
intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na
realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.
Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas
quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se
instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha
outra alternativa, e não concordava com o crime. Hoje a realidade é
diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como
'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da
favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos
de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos,
inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.


O Brasil é um pais democrático. Mentira.

Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha
que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta
que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros,
foi executado friamente. Num país onde todos tem direitos mas ninguém tem
obrigações, não existem democracia e sim, anarquia. Num país em que a
maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe
democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do
politicamente correto veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei
que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques,
condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados,
prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos
que tem como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda
somos obrigados a votar. Democracia isso?


Pense nisso! O famoso jeitinho brasileiro.

Na minha opinião um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a
política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. No
outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais,
caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na
loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e
o retorno é zero.Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?

Afinal somos penta campeões do mundo né? Grande coisa...
O Brasil é o país do futuro. Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas
vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus
avós se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram...
Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores
taxas de crescimento do mundo.


Deus é brasileiro.

Puxa, essa eu não vou nem comentar... O que me deixa mais triste e
inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do
governo mais sujo já visto em toda a história brasileira. Para finalizar
tiro minha conclusão:


O brasileiro merece!

Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar.
Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus
sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem
assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de
ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami,
nem furacão. Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o
mais importante: Água doce! Só falta boa vontade, será que é tão difícil
assim?


Arnaldo Jabor

14 de setembro de 2011

Palavras ao vento - Pedro Bial

Alguns escritores eu admiro de verdade. A simplicidade de escrever, a transparência das palavras e como conseguem atingir sob diversos ângulos sentimentais os leitores. Alguns textos são sutis, outros mais parecem um murro de direita. Mas, o fato é que todos eles nos tocam. Por bem ou por mal, de alguma forma nos causam sensações, criam identificações e proporcionam um exercício bem legal que os terapeutas e analistas adoram, que é o de se colocar no lugar do outro.

Sou fã da Martha Medeiros, mas hoje peço desculpas a ela para dar lugar a um amor mais antigo - Pedro Bial. Sou apaixonada pelo Pedro Bial. Desde o começo de sua carreira suspirei ou perdi a fala diante de textos que traduzem sentimentos que as palavras quase não conseguem expressar. De tão levem, nem nos damos conta do quão profundos eles são... Particularmente, esse é um dos textos dele que leio, releio e não me canso de admirar. Espero que à vocês, agrade tanto quanto a mim...




Palavras ao Vento

A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra amor e se acha importantíssima por isso!

Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz "abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...

Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.

Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".

Com D , se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o "então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.

E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo...

F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.

A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.

Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.

O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.

J de "janela!, por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar assim.

L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.

M de "madrugada", quando vivem os sonhos...

N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.

O de "óbvio", não precisa explicar...

P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.

Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.

E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.

S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.

T é de "talvez", resposta pior que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.
U de "ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.

Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.

E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o português.

Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça da gente ao final de um dicionário inteiro.




9 de setembro de 2011

Ah, mas eu queria tanto...

É impressionante! Basta a gente não poder fazer alguma coisa pra ter uma vontade enorme de fazê-las, rs. Pode ser a coisa mais boba ou rotineira. Essa semana eu dei um jeito no joelho fazendo mal um movimento. Nem sei ao certo o que eu fiz. Só sei que ao dar um passo para trás senti uma fisgada no joelho e já não consegui mais esticar nem dobrar a perna. Ao ir no médico ontem, continuo sem saber o que tenho, mas saí de lá com a perna imobilizada por uma tala de gesso.

Nem quando era criança machuquei nada nesse porte. Nunca quebrei, levei ponto, fraturei nenhuma parte do meu corpo. Machucados não passavam de arranhões no joelho e cotovelos, derivados de brincadeiras e peraltices da infância. Agora, depois de burra velha, me acontece de tudo um pouco! É enxaqueca, inflamação na vista, tendinites e torção no joelho. Será um prenúncio da velhice? Prefiro não saber, rs.

O fato é que com a perna toda imobilizada o repouso é certo. Não por vontade, mas porque não dá pra fazer muita coisa mesmo. A tal tala pesa, coça, é quente e incomoda quando me locomovo muito. E fora que conforme me movimento, ela vai alargando e corre o risco de ficar frouxa. Aí, não surte efeito nenhum! E, por causa disso, muitas coisas que eu fazia, tive que limitar a fazer pouco ou não fazer. Ou até mesmo fazer de maneira diferente. Só posso usar saia ou vestido, porque shorts e calças não passam na perna. Tomar banho de gato, como disse o médico. Ensacando a perna com um plástico e lavando com cuidado as outras partes do corpo. Isso pra mim não é banho! Sinceramente. Subir e descer as escadas da minha casa. Quantas vezes eu tive preguiça de fazer isso, hoje tudo que eu mais queria era poder subir e descer sem problemas. Nunca reparei o quanto é chato sentar-se com a perna esticada no meio do caminho. Tenho a impressão que não incomoda só a mim... E também o fato da liberdade de levantar e andar para onde e quando quiser. Pois agora, só em locais planos e largos. Ng merece! Mas, a pior parte mesmo é dormir, sem dúvidas. Na noite do acidente, o incômodo foi a dor, agora é ficar sem jeito para dormir. De lado não dá. De costas não dá. De barriga pra cima dá, mas não consigo dormir. E nenhuma posição é confortável o suficiente.

Ahhhhhhh, que saudade de poder fazer de tudo sem depender de ninguém, nem ter que dosas as minhas vontades. Quando a gente pode fazer de tudo, não fazemos. Ou fazemos e não nos damos do bem que isso representa. É que nem quando falta luz. A gente tem tv, computador, rádio e uma série de coisas que podemos usar todo dia. Ou não usamos ou não damos valor. Basta sermos privados da luz para sentirmos falta da TV ligada para ng na sala, das luzes dos cômodos acessos, do banho quente, de achar as coisas fácil. Quando somos privados de nossas ações não é diferente. Ai eu tenho vontade de pular, correr, subi e descer escadas, tomar um belo banho demorado e dormir de qualquer jeito. Coisas simples e fáceis de fazer até certo ponto...

Não vejo a hora de tirar esse peso da perna, que coça demais. E espero não precisar colocar mais nada no lugar. E nem fazer nada que me obrigue a ficar longe de minhas ações diárias que hoje eu descobri, são tão preciosas para mim.

1 de setembro de 2011

Que mundo é esse???

Aprendi hoje que algumas virtudes do homem são aprendidos no berço! E, quando alguém diz que "fulano tem berço" não necessariamente quer dizer que o tal fulano é rico ou de família da sociedade. Muitas vezes, ele apenas pode ter valores cultivados, ensinados e incentivados desde quando eram pequenos. Parece complicado ou uma coisa boba, mas não é! E pode parecer meio esdrúxula a comparação que eu vou fazer, mas é o seguinte: criança é que nem cachorro, tem que ser adestrada.

Claro que vendo pelo bom sentido da coisa, quero dizer que se educada desde pequena, dando limites, ensinando o que é permissivo ou não, ela crescerá um adulto consciente de suas ações não só para si, mas para o meio ambiente também. Explico minha revolta e o porquê dessa conclusão. Hoje, na parte da tarde, um cachorro de rua parou bem em frente ao meu portão. Tá bom, eu amo cachorros, mas não há de ser por isso que intuitivamente, o bichano resolveu permanecer por lá. Como de praxe, por pena, dei água e comida. Faminto e sedento, encheu sua barriguinha e em vez de seguir o caminho dele, permaneceu lá, sentado. Com olhar de dó, choramingava e encostava o focinho na minha perna. À essa altura, alguns vizinhos, comovidos com a atitude do animal, se aglomeravam na porta e começou a especulação de onde ele tinha saído. Por fim, resolvemos achar que ele era de família. Pois seu pelo é bem tratado, só come ração e é muito manso. Não possui aquela desconfiança ou é arredio que nem alguns cachorros criados na rua. nem é safo nas situações de risco. Muito faceiro, corria atrás de passarinhos e não podia ver crianças, saía correndo atrás para brincar. Mais uma dedução nossa: na casa que ele vivia, tinha criança. Mas, por esses dias, não soubemos de ninguém procurando por um cachorro perdido. Daí, uma vizinho soltou: "uma vez, fui dar abrigo a um cachorro de rua e soube que a família dele tinha se mudado e jogaram ele fora..." Como assim, jogar fora? Por acaso animal agora é roupa? Não tem mais serventia, lixo! Pera lá...

E mal estava eu ainda me acostumando com a revolta do cãozinho ter sido abandonado quando ele, muito alegremente, saiu atravessando a rua para brincar com umas crianças que saiam da escola. Tudo bem, não recrimino as crianças que se assustaram com a aproximação dele. Mas, recrimino a atitude que tiveram com ele de chutar. bater, tacar pedras. E isso, bem diante dos olhos dos pais. Que calmamente, falavam: " faz isso não, 'fulaninho'. E os demais pais apenas olhavam, alguns até riam.

Gente, onde nós estamos? Fiquei perplexa! Chocada! Violência gratuita assistida em silêncio e quase que aplaudida pelos pais sem noção. Viajei anos luz e já vi o tal agressor de animais agredindo mulher, filhos e tal e a mãe ou a pai sem noção dizendo 'tadinho, ele é um bom filho'. Pode até ser um bom filho pra eles, e termina aí suas boas ações na vida! Tudo isso não é por causa de um cãozinho apenas. Apesar dessas judiações e violências me deixarem inusitadíssima! Aceito quem não gosta de animais. Fique cada um no seu canto. Mas maltratar, daí não! Mas, porque eu acho que quanto menos se faz na questão da educação dessas crianças, pior para consertar seu caráter mais tarde. A gente reclama de um mundo violento, onde as pessoas não têm paciência, onde não há mais respeito pela vida, seja ela de que tipo for. E na oportunidade que temos de ensinar o certo e recriminar, ficamos calados. Sendo omissos, estamos tendo uma atitude pior ou igual a quem espanca.

Nem pensei duas vezes, abri o portão, sai na direção deles, chamei o cachorro pra perto de mim e paguei uma geral para as crianças. Os pais me olhavam como quem tenta entender o que estava acontecendo, como se fosse muito difícil deduzir. E, terminei dizendo: "se alguém fizesse isso com você, você não ia gostar. Então porque quer machucar o cachorro?". Olhei fundo para os pais e mães patetas e disse: "Parabéns, esses são seus filhos! Espero que eles tenham mais consideração com vocês no futuro do que tiveram com o cachorro!". Quem estava perto, aplaudiu, gritou, me apoiando. E ainda ouvi dizerem mais algumas coisas complementando minha bronca. Eu nem quis ouvir mais nada, coloquei o au au pra dentro de casa e fechei o portão. Fechei o portão para a intolerância, para a incompreensão, para ruindades e para a indiferença humana perante o que acontece debaixo do seu nariz.

Estou à procura de um lar para ele, pois infelizmente não posso ficar, já que tenho 3 cachorros em casa. Uma pena, pois ele é amável, carinhoso, muito meigo e brincalhão. Tudo de bom! E, nem que seja por essa noite, livrei-o das crueldades das ruas e das pessoas sem coração. Minha consciência está tranquila e meu coração em paz. Sei que é apenas um pequeno gesto e que não influirá para mudar muita coisa em larga escala. Mas, ao menos serviu para uma grande confirmação:

"O mundo que deixaremos para nossos filhos depende dos filhos que deixaremos para o nosso mundo"

#pensenisso


Boa noite!