5 de julho de 2012

Alma mais leve...


"Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma."


Martha Medeiros




Não me recordo, mas acho que já disse anteriormente que o tempo é um grande remédio. Principalmente para amenizar os sentimentos. Ajudar-nos a perceber de fato o real tamanho do nosso problema e a avaliar melhor nossas atitudes. Chega uma hora na vida em que percebemos que perdemos tempo demais dando importância a pequenas coisas e o que era para ter a imensa importância de fato, passa despercebido. E, dias, meses, anos se passam e ao longo desse tempo perde-se até o sentido inicial de o porque começou tudo. A causa inicial vai se modificando com o tempo, se tornando insignificante, minimizando as mágoas.

Porém, não confundam: tornar insignificante um sentimento ou uma atitude que nós mesmos condenamos, que sofremos, que nos chateamos por ela, não quer dizer simplesmente que esquecemos o que nos foi feito.  Isso seria burrice e um convite para que o ato seja repetido. Mas minimizar, tornar insignificante ou até mesmo deixar pra lá, passar por cima, quer dizer que não vale mais a pena ficar remoendo certos sentimentos que não nos levará a lugar algum. Com as perdas e ganhos da vida, você vai aprendendo que alguns sentimentos não merecem ser cultivados. 

E foi isso que eu fiz no fds passado, quando resolvi ouvir meu coração quando ele me dizia para cessar os desentendimentos e zerar as mágoas. Há algum tempo tive um desentendimento com uma das sócias de minha mãe de uma academia de dança. Era minha amiga e minha professora anterior a essa sociedade. E, para completar o desentendimento foi na mesma época em que minha vó estava muito mal de saúde, vindo a falecer pouco tempo depois. Na época fiquei muito indignada com algumas atitudes dela que em nada condiziam com o gostar que ela dizia ter por mim, mas principalmente pela falta de consideração comigo e com minha mãe pelo momento vivido. Outras atitudes desnecessárias por parte dela continuaram a acontecer até que, chegamos as vias de fato e desfizemos a sociedade, coisa que já era esperado.

Embora ainda tivesse muito em comum entre nós, principalmente muitas pessoas, nunca mais tivemos contato. Sabia alguma coisa através de terceiros e acredito que ela também. Nesse período, passei muito tempo remoendo minhas insatisfações, minhas indignações, minha raiva, minha chateação que não eram nem digeridas e nem colocadas para fora. Eu simplesmente não conseguia aceitar várias coisas.

Só que a vida, está sempre nos provando que somos muito pequenos diante à sua grandeza e insignificantes perante suas vontades. Muita água passou por debaixo dessa ponto, pessoas entraram e saíram de minha vida. Algumas ganharam mais destaque, outras perderam o status que tinham. Coisas boas e ruins aconteceram o suficiente para que eu pudesse avaliar a importância das pessoas em minha vida. Ou, ao menos a importância que eu dava a algumas pessoas em minha vida. Aprendi que para alguns me doei de mais e para outros, de menos. Mas o que mais me marcava eram as "inimizades" arrastadas ao longo desse período.

Comecei a ver que no atual momento da minha vida, não queria estar mal com ninguém. Não queria ter sentimentos ruins dentro de mim, só o coração tranquilo, em paz e aberto para o que a vida reservara para mim. Aprendi com o tempo que não se pode esperar grandes mudanças de alguém só porque nós queremos. Se redimir é um trabalho antes de tudo, de consciência. Se a pessoa não tiver isso e bom senso, não vai achar nunca que agiu errado. A cobrança será eterna e a tal mudança nunca virá. Agora, se ela resolve por conta própria reavaliar seus atos e reconsiderar suas atitudes, aí sim, é verdadeiro. Ao menos a intenção de mudar, mesmo que a mudança de fato não venha. E isso, eu também vi acontecer. Vi que a vontade de "fazer as pazes" não era só minha e que a raiva e a chateação que nutríamos jã não fazia mais sentido, não era mais bem-vindo entre nós.

Começou com um comentário em cima de outra comentário de amigas, uma proximidade maior em conversas informais e curtas e sem mais nem menos, de repente, nos pegamos conversando. Sem querer tocar em assuntos passados para não estragar o acontecido. Sent o clima mais leve. As pessoas em torno mais aliviadas por não ter mais que ficarem em saias justas quando nós 3 (eu, minha mãe e ela) estivéssemos no mesmo lugar. Fazer escolhas da presença das pessoas é cruel. Até porque o que eu penso sobre fulana pode não ser o que outra pessoa pensa. O que fulano fez a mim, pode não ter feito a outra pessoa e por aí vai.

Na despedida do evento, nos abraçamos e partiu de mim dizer: o que passou passou, deixemos no passado as coisas ruins para construir um futuro novo e dar chances a novas condutas de comportamento. Aprendi que valorizamos muito o que não presta e não damos a devida importância ao que merece. Ela sorriu com a boca e com os olhos, marejados. E ali, encerramos um ciclo de desavenças. 

Não, não vamos voltar a sermos as melhores amigas, tão pouco irei frequentar novamente a academia. Cada uma de nós trilhamos novos caminhos com novas escolhas. Também, não darei chances de que se repita o que já  havia acontecido. Mas, ao menos, hoje sabemos que não iremos rosnar uma para a outra se formos obrigadas a ficar confinadas no mesmo metro quadrado. Acho que ambas aprenderam com seus atos e sentimentos. E senti que evolui com essa atitude, que cresci como pessoa. Porque perdoar com sinceridade não é fácil e por isso mesmo muita gente não consegue. Porque sempre fica aquele resquício da situação. Dessa vez não! De que adiantaria? Em que me influenciaria levar adiante um sentimento que em nada acrescentaria em minha vida? Tenho certeza que ela perdeu e sofreu muito mais para hoje estar mais serena, mais madura, entendo mais a ela mesma e um pouco da vida. As perdas às vezes nos abrem os olhos para o que estamos deixando passar, as oportunidades que não voltam, mesmo que seja de pedir "desculpas" que engrandece a alma e é de uma nobreza de espírito fora do comum. Temos muitas chances de fazer o certo e às vezes, deixamos passar e as oportunidades não voltam. Não evoluímos. E ainda ficamos com o arrependimento não só de não ter feito a coisa certa, como ter deixado a chance passar.

Enfim... estou me sentindo melhor. Principalmente como pessoa. Agora sinto que posso continuar a jornada sem "assuntos pendentes". Agora sim estou feliz comigo, certa da minha atitude e convicta de que tomei a decisão que o meu coração mandou tomar, independente dos achismos alheios!



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