1 de setembro de 2011

Que mundo é esse???

Aprendi hoje que algumas virtudes do homem são aprendidos no berço! E, quando alguém diz que "fulano tem berço" não necessariamente quer dizer que o tal fulano é rico ou de família da sociedade. Muitas vezes, ele apenas pode ter valores cultivados, ensinados e incentivados desde quando eram pequenos. Parece complicado ou uma coisa boba, mas não é! E pode parecer meio esdrúxula a comparação que eu vou fazer, mas é o seguinte: criança é que nem cachorro, tem que ser adestrada.

Claro que vendo pelo bom sentido da coisa, quero dizer que se educada desde pequena, dando limites, ensinando o que é permissivo ou não, ela crescerá um adulto consciente de suas ações não só para si, mas para o meio ambiente também. Explico minha revolta e o porquê dessa conclusão. Hoje, na parte da tarde, um cachorro de rua parou bem em frente ao meu portão. Tá bom, eu amo cachorros, mas não há de ser por isso que intuitivamente, o bichano resolveu permanecer por lá. Como de praxe, por pena, dei água e comida. Faminto e sedento, encheu sua barriguinha e em vez de seguir o caminho dele, permaneceu lá, sentado. Com olhar de dó, choramingava e encostava o focinho na minha perna. À essa altura, alguns vizinhos, comovidos com a atitude do animal, se aglomeravam na porta e começou a especulação de onde ele tinha saído. Por fim, resolvemos achar que ele era de família. Pois seu pelo é bem tratado, só come ração e é muito manso. Não possui aquela desconfiança ou é arredio que nem alguns cachorros criados na rua. nem é safo nas situações de risco. Muito faceiro, corria atrás de passarinhos e não podia ver crianças, saía correndo atrás para brincar. Mais uma dedução nossa: na casa que ele vivia, tinha criança. Mas, por esses dias, não soubemos de ninguém procurando por um cachorro perdido. Daí, uma vizinho soltou: "uma vez, fui dar abrigo a um cachorro de rua e soube que a família dele tinha se mudado e jogaram ele fora..." Como assim, jogar fora? Por acaso animal agora é roupa? Não tem mais serventia, lixo! Pera lá...

E mal estava eu ainda me acostumando com a revolta do cãozinho ter sido abandonado quando ele, muito alegremente, saiu atravessando a rua para brincar com umas crianças que saiam da escola. Tudo bem, não recrimino as crianças que se assustaram com a aproximação dele. Mas, recrimino a atitude que tiveram com ele de chutar. bater, tacar pedras. E isso, bem diante dos olhos dos pais. Que calmamente, falavam: " faz isso não, 'fulaninho'. E os demais pais apenas olhavam, alguns até riam.

Gente, onde nós estamos? Fiquei perplexa! Chocada! Violência gratuita assistida em silêncio e quase que aplaudida pelos pais sem noção. Viajei anos luz e já vi o tal agressor de animais agredindo mulher, filhos e tal e a mãe ou a pai sem noção dizendo 'tadinho, ele é um bom filho'. Pode até ser um bom filho pra eles, e termina aí suas boas ações na vida! Tudo isso não é por causa de um cãozinho apenas. Apesar dessas judiações e violências me deixarem inusitadíssima! Aceito quem não gosta de animais. Fique cada um no seu canto. Mas maltratar, daí não! Mas, porque eu acho que quanto menos se faz na questão da educação dessas crianças, pior para consertar seu caráter mais tarde. A gente reclama de um mundo violento, onde as pessoas não têm paciência, onde não há mais respeito pela vida, seja ela de que tipo for. E na oportunidade que temos de ensinar o certo e recriminar, ficamos calados. Sendo omissos, estamos tendo uma atitude pior ou igual a quem espanca.

Nem pensei duas vezes, abri o portão, sai na direção deles, chamei o cachorro pra perto de mim e paguei uma geral para as crianças. Os pais me olhavam como quem tenta entender o que estava acontecendo, como se fosse muito difícil deduzir. E, terminei dizendo: "se alguém fizesse isso com você, você não ia gostar. Então porque quer machucar o cachorro?". Olhei fundo para os pais e mães patetas e disse: "Parabéns, esses são seus filhos! Espero que eles tenham mais consideração com vocês no futuro do que tiveram com o cachorro!". Quem estava perto, aplaudiu, gritou, me apoiando. E ainda ouvi dizerem mais algumas coisas complementando minha bronca. Eu nem quis ouvir mais nada, coloquei o au au pra dentro de casa e fechei o portão. Fechei o portão para a intolerância, para a incompreensão, para ruindades e para a indiferença humana perante o que acontece debaixo do seu nariz.

Estou à procura de um lar para ele, pois infelizmente não posso ficar, já que tenho 3 cachorros em casa. Uma pena, pois ele é amável, carinhoso, muito meigo e brincalhão. Tudo de bom! E, nem que seja por essa noite, livrei-o das crueldades das ruas e das pessoas sem coração. Minha consciência está tranquila e meu coração em paz. Sei que é apenas um pequeno gesto e que não influirá para mudar muita coisa em larga escala. Mas, ao menos serviu para uma grande confirmação:

"O mundo que deixaremos para nossos filhos depende dos filhos que deixaremos para o nosso mundo"

#pensenisso


Boa noite!

Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Bem... eu acompanhei o ocorrido no FB, e fico muito revoltada com esse tipo de situação.

Uma vez ao assistir um grupo de garotos batendo em um cão com pedaço de pau e o bicho acuado num canto. Desci do ônibus que estava e armei um barraco. Me deu tanta pena do bicho que chorei. Logo em seguida umas pessoas se aproximaram e uma senhora disse que iria cuidar do bichinho.

Eu concordo que o mundo está louco mesmo, os pais por estarem mais ausentes estão permissivos demais, é a culpa que eles sentem e ficam compensando dando liberdade em excesso e coisas materiais.

Infelizmente não dá pra te ajudar, mas vou ver se alguém quer um cão.

Beijocas