8 de maio de 2013

O que é a coisa certa?


A vida nos coloca em cada sinuca de bico que vou te contar. A gente deveria ser proibida de tomar decisões que nos coloquem entre a cruz e a espada. Porque, por mais que saibamos que estamos fazendo o correto, no fundo sempre fica aquela sensação de dúvida de que "será que é isso mesmo?" Por mais convictos que e estejamos, parece que nunca estamos 100% certos de uma decisão difícil e que vai mudar drasticamente a vida de algumas pessoas.

Recentemente, há mais ou menos um mês eu perdi a minha amada cachorrinha com um sério quadro de degeneração na bacia o que provocou uma grande inflamação levando-a a óbito, por mais que a gente tivesse feito de tudo que estava ao nosso alcance para, mesmo que não revertesse o quadro, proporcionasse o mínimo de conforto e bem estar em seus últimos momentos de vida. Não importava o gasto financeiro, o trabalho, o cansaço ou as tentativas frustradas. Tudo valia a pena ser feito e tentado em prol de uma, mesmo que pequena melhora. Os esforços foram em vão. A doença estava avançada demais e, o coração dela não resistiu ao grande esforço feito para suportar a dor. Já não bastava a dor e a tristeza da perda, no dia seguinte a minha outra cachorrinha, muito ligada a que morreu, adoeceu. Em primeiro lugar, caiu numa tristeza profunda. E embora não se comunicasse com palavras, o simples fato de vagar pela casa à esmo a procura de algo que nunca achava associado ao seu olhar distante caído já dizia tudo: falta, saudade, tristeza! Dois dias depois fomos com ela ao veterinário e foi constatado que ela tinha uma doença nos rins. Ao que tudo indicava, a doença tinha se mantido silenciosa e só estourou quando já estava avançada demais. Coincidência demais. Uma adoece justamente quando perde a outra que era profundamente ligada. Coisa de Deus, do destino, coisas do acaso, chamem do que quiser. Pra mim, não foi apenas uma coincidência. Existem doenças do corpo que são produzidas pela alma. E, vendo como era a relação delas durante 13 anos, unidas sempre, agarradas para tudo, é bem provável que tenha sido isso. Fora que pode ter havido uma somatização de alguns sintomas. Enfim, fato é que em menos de 1 mês, estava eu às voltas com a minha cachorrinha doente e vendo o quadro se encaminhar para a mesma coisa: sem muito tempo de vida. Novamente, fizemos de tudo, medicações, tratamento, cuidados, mas a nada ela responde e, para contribuir, quase parou de comer, se alimenta minimamente. E, pra quem tem bichos, sabe que isso é um péssimo sinal. Ela não só reage ao tratamento como acredito eu, não quer reagir. É como se ela tivesse se entregado, estivesse desistindo a cada dia. O tratamento de nada adiantou. Então, tentamos mais uma semana para ver se ela reagia.Mas, ela só está caindo  Então, diante do quadro que se agrava e não tem cura, o veterinário me deu três alternativas: 1) fazer medicações em casa para abaixar o custo gasto ; 2) Ela vai definhar até morrer, já que não come; 3) eutanásia. As alternativas 1 e 2 tem sido tentadas exaustivamente,sem nenhum sucesso, restando apenas a escolha da opção 3. E, por mais que eu saiba que estarei fazendo o certo para ela, me sinto muito mal com a escolha. Na minha mente, tudo que se faça de agora em diante só vai mantê-la do jeito que está. Cura e melhora ela não terá. Então, porque continuar fazendo-a sofrer? Não sei nem bem se chega a ser um sofrimento em sim, já que dor ela não sente. Mas ela está entregue, sem forças, sem ânimo, sem mais nada. Totalmente largada. E sem comer... quem aguenta ver seu animalzinho, seu bem mais precioso assim? Isso está me matando. Não quero ser egoísta a ponto de tentar mantê-la viva com muito sacrifício. Mas também não quero me sentir cruel por tomar uma decisão dessas e ficar pensando se talvez, um milagre acontecesse e ela melhorasse. Sinceramente, é o tal do confronto entre a razão e a emoção. E como se sai dessas? Como tomar uma decisão que julga a mais certa num caso desses? Eu não sei! Não sei nem o que me dói mais: se é vê-la nesse estado destrutivo ou se é ter que entregá-la à morte. 

Eu sei, tento repetir para mim 1.000 vezes que eu não estou levando ela para matar jovem e saudável, ou porque está me dando muitos gastos e trabalhos com a doença. E sim porque essa doença vai avançar rapidamente e não tem cura e nem mediações. Quero me forçar a pensar que estarei proporcionando o descanso que ela merece, poupando-a de mais sofrimento, já que em vida, tirando as merdas que fez e me deixava morrendo de raiva, só me deu alegria, amor e carinho. Mas então, porque será que me sinto como se estivesse virando as costas para ela justo no momento que ela mais precisa?

Deus... como é penoso! Como é difícil! Como é doloroso!

Só peço forças, para fazer o que seja certo fazer e na hora que tiver que ser feito! E que depois meu coração acalme e não fique se martirizando e se culpando.

Que Deus me ajude...!!!!!!



2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Eu gosto muito de animais, mas eles vivem muito pouco em relação ao nosso tempo de vida, então a gente tá sempre perdendo os bichinhos e o sofrimento é tão grande que decidi não ter mais, pelo menos por enquanto.

Beijocas

Fê Miceli disse...

Mas eu tb decidi dar um tempo, até meu coração se recuperar. Perdi as duas que mais amava num espaço de 1 mês! Fora os gastos, o trabalho, o desgaste emocional!

Enfim... ainda tenho 1 em casa, e ele vai me bastando, embora ele seja da minha mãe e eu ñ tenha com ele 1/3 da ligação que eu tinha com elas.

Beijokas!