Vivemos reféns do nosso medo, vivemos sobressaltados com a possibilidade do nosso último suspiro antecipado. Não sabemos se ao sairmos de casa, retornaremos à noite. Não podemos olhar pro lado, abrir a boca. "Não gostou? Vai encarar?". Todos os dias somos agredidos! Todos os dias sofremos múltiplas violências. Todos os dias somos sujeitos que a nossa vida se acabe antes do final. 
Manchetes de jornais, conhecidos que relatam casos, ações que presenciamos. Não são poucas as violências que nos ameaçam todos os dias. E não nos resta outra alternativa a não ser nos cercarmos até os dentes de grades, muros e portões. Vivermos numa prisão domiciliar. E nem isso é garantia de segurança. Vivemos do trabalho pra casa e da casa para o trabalho. Já não saímos mais como gostaríamos. Nosso lazer é tudo que envolve o nosso lar.
E nesse mundo de barbárie e violência gratuita em que estamos vivendo, 
onde acordamos e dormimos com notícias de mortes, almoçamos e jantamos 
assassinatos, na nossa vontade de nos informar só vemos crimes e 
atitudes de falta de escrúpulos, onde vivemos a era da inversão de 
valores e presenciamos a decadência humana, onde a falta de esperança e 
fé na humanidade nos acompanha diariamente junto com o medo do nosso 
último suspiro antecipado ao mesmo tempo em que há uma certa banalização
 deste cotidiano assustador, me vem à cabeça apenas uma das sábias 
frases do eterno pensador e idealista Renato Russo: "é preciso amar as 
pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na
 verdade não há..."
Adolescentes esfaqueiam ciclista na Lagoa. Adolescentes estupram 
estudante no banheiro da escola. Adolescentes assaltam mercado e matam 
dono e funcionários. Adolescentes praticam assaltos e esfaqueiam vítimas
 no centro do Rio e Aterro. Apenas mais alguns casos entre milhares que 
acontecem todos os dias e nem todos saem nas mídias. Apenas mais algumas
 manchetes de uma dura realidade que só faz crescer. Em todo o país. Sou
 a favor da redução da maioridade penal para que acabe com essa 
reincidência de menores de idade, com passagens mil pela polícia, onde 
ideologicamente achamos que uma medida socioeducativa, mais educação, 
mais família presente, mais oportunidades na vida, mais erradicação da 
pobreza resolverá o problema. Pura ilusão! Isso tudo junto ajudará a 
melhorar a condição de vida de um indivíduo perante a sociedade. Mas só 
se ele quiser! Não serão todas as medidas que o governo poderá prestar 
que cuidarão do caráter, da índole e dos valores de um ser. Estou cansada de ver pelas ruas adolescentes cometendo as maiores barbaridades e no fim sendo tratados como coitadinhos. Teve um aumento significativo de adolescentes na marginalidade e por que será? Pela certeza da impunidade e não pela falta de perspectivas.
Ok, acredito
 que muitos, infelizmente, acabam caindo na bandidagem porque é o meio 
em que vivem. E a gente já sabe que educa-se com exemplo, né? É o que 
eles conhecem. Só que nem pra mim essa "desculpa" está colando mais. Por
 mais que eu tente me convencer que é mais uma vítima do sistema, como 
alguns defensáveis adoram desferir por aí. Conheço gente que vive na 
miséria mesmo, nunca teve ajuda nenhuma nesta vida pra nada, que teve 
todos os exemplos e oportunidades de seguir pelo caminho ruim, estudo 
zero e simplesmente foi o oposto do esperado. Tirando os que deram a 
volta por cima e estão hoje bem na vida. Ou ao menos melhores do que 
antes. Bato sempre na mesma tecla, de que falta na sociedade hoje 
educação familiar, de pai e mãe, não só a escolar. Mas vejo gente que 
mesmo tendo pais atuantes na educação e criação, ainda sim se optam pelo
 caminho do crime, da vida fácil, da malandragem, da ilusão do poder e 
sei lá mais o que. Então a pessoa vai porque quer. Canso de presenciar 
na Av. Primeiro de Março, no Centro, furtos, assaltos, agressões de crianças e
 adolescentes uniformizados, em horário que tecnicamente deveriam estar 
em sala de aula batalhando pelo seu futuro. E mesmo com as poucas 
condições que lhes restam, se quisessem mesmo ser pessoas honradas e de 
bem, seriam. Porque ninguém se desvirtua quando não quer, aliás, quando 
sabe o que quer. Mesmo com influências e exemplos ruins.
Mas não sou iludida! Mesmo baixando a
 maioridade penal para que haja justiça onde um ser pague pelo crime que
 comete e não ser liberado pela idade e assim sucessivas vezes, aumentando a sua 
ficha criminal antes dos 18 anos, ainda sim a questão da segurança 
pública na cidade tão precária não mudará enquanto medidas eficientes, 
leis para serem cumpridas e ações certeiras não forem feitas. Também não
 adianta pegar, jogar numa cela com 200, ficar não sei quanto tempo lá 
ocioso pra sair pior. Menor de idade ou não. Tem que ter subsídio para que a coisa melhore. Capacitação profissional, estudos, um trabalho que seja feito em prol da sociedade com a finalidade de dignificar, fazer um acompanhamento da inclusão destes indivíduos após sua soltura. Mas infelizmente, nada disso acontece. A verdade é que entra ruim e sai muito pior. Em vez de regenerar, perde-se de vez. Mas
 também só porque esse subsídio não existe e de nada vai adiantar 
prender porque este ser não vai melhorar, a solução é deixá-lo à solta 
por aí fazendo mais e mais?
"Os moradores, comerciantes e trabalhadores não param de compartilhar essa imagem, sabe porque? Não aguentamos mais!"
 Depois de muito a mídia massacrar em cima da falta de segurança na 
área, assaltos ao vivo na tv e de cada vez mais casos surgirem, um pior 
que o outro, enfim resolveram fazer algo e colocar um policiamento 
ostensivo no local. Porque não antes? Eu passando por ali diversas vezes
 presenciei em dias e horários variados muitas cenas. Lamentável, pois 
hoje eu e mui
ta gente evitamos o local. E
 uma das rotas culturais mais atrativas da cidade vai perdendo seus 
frequentadores. Só realmente quem precisa estar lá. A questão é: até 
quando viraremos reféns do medo e da violência? Passamos a viver 
trancafiados dentro de casa, sobressaltados com a possibilidade do nosso
 último suspiro antecipado. Nos cercamos de grades, muros e portões. 
Vivemos numa prisão domiciliar. E nem isso é garantia de nada! Fazemos o
 percurso casa/trabalho cada vez mais. Nosso lazer passa a ser cada vez 
mais tudo que envolve o nosso lar. E pior do que o medo que nos assola, é
 ver a impunidade desses atos bater na nossa cara. E não é só menor de 
idade não. Tem maior. Tem de tudo! E outros bairros do Rio sofrem em 
larga escala também com a violência, falta de policiamento e de ações de
 segurança pública.

 
De um modo geral quando todos começarem a 
pagar pelos seus crimes e nossas leis forem sérias e irrefutáveis, de 
repente a coisa começa a mudar. Porque com a certeza da impunidade, de 
uma fiança, de uma internação de alguns meses de onde há fugas, medidas 
socioeducativas que viram piadas, é tudo em vão. Não existe hoje mais 
lado A e lado B. Não existe mais morro e asfalto 
#mermão.
 A violência chegou para todos. A criminalidade toma conta da cidade. A 
sociedade põe a culpa nas autoridades, mas a verdade é que fugiu do 
controle, de todos e nos sentimos numa total impotência. Quem vê cara, 
não vê coração. E bandido não tem endereço certo mais hoje em dia, não. Tem 
os bandidinhos das favelas, mas também tem os de condomínio de luxo e 
que tiveram de tudo na vida e que os pais, pagam caro psicólogos para 
saber onde foi que erraram. Não é pouco o n° de criminosos de classe 
média, média-alta. Quais seriam os motivos destes estarem nesta vida? Se
 a desculpa é pobreza, falta de estudos e oportunidades? Nenhuma! Mais 
uma vez a pessoa vai porque quer. E hoje, tem de tudo na vida do crime! E
 tenha a educação que tiver, a condição financeira que tiver, a condição
 social que tiver, a condição familiar que tiver, oportunidades ou não 
na vida, somos todos reféns do medo, da impunidade, da indignação. A 
gente entrega tudo o que tem e eles ainda com requintes de crueldade no 
mínimo nos agridem, no máximo tiram nossa vida. E riem, e drogados e 
alcoolizados ou de "zueira", seguem livremente em busca de outro 
"otário" pra dizer "perdeu".
Esses projetos de bandidos não são mais os 
tadinhos da sociedade, não são mais os coitados projetados seja por isso
 ou aquilo outro, filhos dos "sem nada". São os monstros que assombram 
os piores pesadelos de todos nós que rezamos ao sair de casa, para 
voltar à noite sãos e salvos. Ao mesmo tempo em que quero crer que a 
coisa terá um jeito, irá melhorar, as coisas vão ter um meio eficiente e
 um fim, por outro lado permaneço incrédula quanto a essência humana. E 
infelizmente, tão natural quanto a luz do dia, vai ser abrir o jornal 
amanhã e ler outras manchetes, outras matérias, lamentar por outras 
vítimas e ver crescer a cada dia e ganhar mais força e raiz essa 
violência desenfreada e que por mais que nos assustemos, já faz tão 
parte da rotina que muitos a banalizam e a tratam como normal.
Esse é 
apenas o meu desabafo enquanto cidadã, carioca, moradora do subúrbio e 
que trabalha na zona sul, utiliza transporte público e vive todos os dias com a sensação de insegurança. Não tenho intenção de ofender e criticar  os 
que pensam diferente e nem polemizar com os que não compactuam com a 
minha visão. Mas acredito que independente disso, essa realidade que 
estamos vivendo, de comum acordo, precisamos que dê um basta! Estamos 
todos cansados de tanta violência, de tanta impunidade, de tantas vidas 
destroçadas. Deus olhe por nós! 
Até aqui, escrevi esse texto ontem, onde postei no Facebook e teve um grande n° de visualizações e compartilhamento. Não sei se talvez porque eu veja a violência como uma todo, o perigo que se instalou na sociedade sob diversas formas. E eu ia hoje escrever aqui meus sentimentos com relação a isso tudo quando, logo pela manhã ouço na rádio mais uma notícia de esfaqueamento da Lagoa, e desta vez, pra não levar nada. Em 24h a coisa toda se repetiu.
Meu Deus, olhai por nós, porque estamos largados a própria sorte.
Na
 zona sul, zona norte, baixada, rico, pobre, negro, branco, religiosos 
ou não, no asfalto ou na favela, estamos todos sofrendo com a total 
insegurança e vivendo reféns de nossas casas e do medo. Nós, cidadãos de
 bem, trabalhadores, não só queremos justiça para todas essas vítimas, 
até as que não são noticiadas pela mídia (e olha que violência é o tema 
que mais rende, são casos e mais casos, diariamente, diversos, pela 
cidade), como também queremos poder viver, em liberdade, exercendo nosso
 direito de ir e vir.
A violência está descontrolada. Mata-se por tão 
pouco. Neste caso pelo visto, nem pra roubar foi, já que os pertences da
 mulher ficaram todos. Em tão, pra quê? Por puro prazer! Não aguentamos 
mais isso. PAZ, pelo amor de Deus! Quantas vidas mais serão perdidas e 
famílias destroçadas? Quando as leis ão de serem cumpridas? Quando a 
polícia vai ser mais enérgica com relação ao policiamento e 
patrulhamento ostensivo? Quando a justiça vai entender o perigo eminente
 que esses criminosos representam de fato para a sociedade? Quando o 
poder público vai resolver fazer de fato alguma coisa em vez de dar 
declarações de ações falhas que são feitas e blá blá blá? Quando medidas
 emergenciais começarão a vigorar?
Tenho medo! Vivo com medo! Por uma 
eventual banalização da violência de tanto que "já faz parte", como 
também ando abismada como uma vida perdeu completamente seu valor. Nossa
 guerra urbana está alcançando comparações das guerras no Oriente Médio.
 Não aguentamos mais! Queremos justiça! Queremos segurança! Queremos ser
 assegurados de alguma forma. Sério, não dá mais! E eu que estava toda 
zen hoje, numa total paz de espírito ao ser tocada por uma mensagem 
linda de um filme que vi de madrugada, vejo todos os meus bons 
sentimentos se esvaírem ao me deparar, logo pela manhã, com mais uma 
matéria de violência. Mais uma pra coleção! E aí me invade um sentimento
 de decepção e frustração de que por mais que façamos a nossa parte da 
melhor maneira para um mundo melhor, cada vez mais estamos indo pro 
ralo.
E a situação piora quando leio uma entrevista e segundo nosso governador Pezão e secretário de segurança 
pública Beltrame, portar arma branca (facas, estiletes, canivetes e afins) não é 
crime, apesar de ter aumentado o n° de assaltos e mortes por 
esfaqueamento, eu como cidadã posso portar qualquer coisa do tipo na 
minha bolsa e agir em legitima defesa caso venha a sofrer algum tipo de 
abordagem criminosa e não sofrerei nenhuma consequência então, né? De 
acordo com essa ótica, não estarei infringido nenhuma lei. Errado! Vou 
me
 defender de um criminoso, ou até mato um salvando a minha vida mas aí 
vou presa por matar um bandido, ou melhor, tirar uma vida. Aí eu não 
terei os direitos humanos pra me defender. Eles vão defender o bandido 
tadinho! Não vai demorar muito voltaremos a época do "olho por olho e 
dente por dente". Porque também quem deveria nos proteger, a polícia, 
está em total despreparo. Não sei se vai ser bom ou ruim. Se os cidadãos
 também tem esse tipo de preparo. Mas o medo e a insegurança está 
tomando conta...Tá brabo cara! Não temos nada à nosso favor. Só Deus mesmo!
O Rio, o Brasil e o mundo pedem paz! Depois de tantas coisas ruins que 
sabemos e ou até presenciamos todos os dias, que todos possam voltar em 
segurança para suas casas ao final do dia, com a bênçãos de Deus, sempre
 a olhar por nós. Porque, tá brabo! #PAZ