20 de maio de 2015

Refém do próprio medo!





Andamos num mundo de violência, de intolerância, de agressões e de raiva. Vivemos tempos de ódio no corpo, na alma e no coração. Vivemos as consequências de um mundo evoluído tecnologicamente e arcaico em condutas humanas. Vivemos a era dos "desvalores".

Vivemos reféns do nosso medo, vivemos sobressaltados com a possibilidade do nosso último suspiro antecipado. Não sabemos se ao sairmos de casa, retornaremos à noite. Não podemos olhar pro lado, abrir a boca. "Não gostou? Vai encarar?". Todos os dias somos agredidos! Todos os dias sofremos múltiplas violências. Todos os dias somos sujeitos que a nossa vida se acabe antes do final. 

Manchetes de jornais, conhecidos que relatam casos, ações que presenciamos. Não são poucas as violências que nos ameaçam todos os dias. E não nos resta outra alternativa a não ser nos cercarmos até os dentes de grades, muros e portões. Vivermos numa prisão domiciliar. E nem isso é garantia de segurança. Vivemos do trabalho pra casa e da casa para o trabalho. Já não saímos mais como gostaríamos. Nosso lazer é tudo que envolve o nosso lar.

E nesse mundo de barbárie e violência gratuita em que estamos vivendo, onde acordamos e dormimos com notícias de mortes, almoçamos e jantamos assassinatos, na nossa vontade de nos informar só vemos crimes e atitudes de falta de escrúpulos, onde vivemos a era da inversão de valores e presenciamos a decadência humana, onde a falta de esperança e fé na humanidade nos acompanha diariamente junto com o medo do nosso último suspiro antecipado ao mesmo tempo em que há uma certa banalização deste cotidiano assustador, me vem à cabeça apenas uma das sábias frases do eterno pensador e idealista Renato Russo: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na verdade não há..."

Adolescentes esfaqueiam ciclista na Lagoa. Adolescentes estupram estudante no banheiro da escola. Adolescentes assaltam mercado e matam dono e funcionários. Adolescentes praticam assaltos e esfaqueiam vítimas no centro do Rio e Aterro. Apenas mais alguns casos entre milhares que acontecem todos os dias e nem todos saem nas mídias. Apenas mais algumas manchetes de uma dura realidade que só faz crescer. Em todo o país. Sou a favor da redução da maioridade penal para que acabe com essa reincidência de menores de idade, com passagens mil pela polícia, onde ideologicamente achamos que uma medida socioeducativa, mais educação, mais família presente, mais oportunidades na vida, mais erradicação da pobreza resolverá o problema. Pura ilusão! Isso tudo junto ajudará a melhorar a condição de vida de um indivíduo perante a sociedade. Mas só se ele quiser! Não serão todas as medidas que o governo poderá prestar que cuidarão do caráter, da índole e dos valores de um ser. Estou cansada de ver pelas ruas adolescentes cometendo as maiores barbaridades e no fim sendo tratados como coitadinhos. Teve um aumento significativo de adolescentes na marginalidade e por que será? Pela certeza da impunidade e não pela falta de perspectivas.

Ok, acredito que muitos, infelizmente, acabam caindo na bandidagem porque é o meio em que vivem. E a gente já sabe que educa-se com exemplo, né? É o que eles conhecem. Só que nem pra mim essa "desculpa" está colando mais. Por mais que eu tente me convencer que é mais uma vítima do sistema, como alguns defensáveis adoram desferir por aí. Conheço gente que vive na miséria mesmo, nunca teve ajuda nenhuma nesta vida pra nada, que teve todos os exemplos e oportunidades de seguir pelo caminho ruim, estudo zero e simplesmente foi o oposto do esperado. Tirando os que deram a volta por cima e estão hoje bem na vida. Ou ao menos melhores do que antes. Bato sempre na mesma tecla, de que falta na sociedade hoje educação familiar, de pai e mãe, não só a escolar. Mas vejo gente que mesmo tendo pais atuantes na educação e criação, ainda sim se optam pelo caminho do crime, da vida fácil, da malandragem, da ilusão do poder e sei lá mais o que. Então a pessoa vai porque quer. Canso de presenciar na Av. Primeiro de Março, no Centro, furtos, assaltos, agressões de crianças e adolescentes uniformizados, em horário que tecnicamente deveriam estar em sala de aula batalhando pelo seu futuro. E mesmo com as poucas condições que lhes restam, se quisessem mesmo ser pessoas honradas e de bem, seriam. Porque ninguém se desvirtua quando não quer, aliás, quando sabe o que quer. Mesmo com influências e exemplos ruins.

Mas não sou iludida! Mesmo baixando a maioridade penal para que haja justiça onde um ser pague pelo crime que comete e não ser liberado pela idade e assim sucessivas vezes, aumentando a sua ficha criminal antes dos 18 anos, ainda sim a questão da segurança pública na cidade tão precária não mudará enquanto medidas eficientes, leis para serem cumpridas e ações certeiras não forem feitas. Também não adianta pegar, jogar numa cela com 200, ficar não sei quanto tempo lá ocioso pra sair pior. Menor de idade ou não. Tem que ter subsídio para que a coisa melhore. Capacitação profissional, estudos, um trabalho que seja feito em prol da sociedade com a finalidade de dignificar, fazer um acompanhamento da inclusão destes indivíduos após sua soltura. Mas infelizmente, nada disso acontece. A verdade é que entra ruim e sai muito pior. Em vez de regenerar, perde-se de vez. Mas também só porque esse subsídio não existe e de nada vai adiantar prender porque este ser não vai melhorar, a solução é deixá-lo à solta por aí fazendo mais e mais?

"Os moradores, comerciantes e trabalhadores não param de compartilhar essa imagem, sabe porque? Não aguentamos mais!"

Depois de muito a mídia massacrar em cima da falta de segurança na área, assaltos ao vivo na tv e de cada vez mais casos surgirem, um pior que o outro, enfim resolveram fazer algo e colocar um policiamento ostensivo no local. Porque não antes? Eu passando por ali diversas vezes presenciei em dias e horários variados muitas cenas. Lamentável, pois hoje eu e muita gente evitamos o local. E uma das rotas culturais mais atrativas da cidade vai perdendo seus frequentadores. Só realmente quem precisa estar lá. A questão é: até quando viraremos reféns do medo e da violência? Passamos a viver trancafiados dentro de casa, sobressaltados com a possibilidade do nosso último suspiro antecipado. Nos cercamos de grades, muros e portões. Vivemos numa prisão domiciliar. E nem isso é garantia de nada! Fazemos o percurso casa/trabalho cada vez mais. Nosso lazer passa a ser cada vez mais tudo que envolve o nosso lar. E pior do que o medo que nos assola, é ver a impunidade desses atos bater na nossa cara. E não é só menor de idade não. Tem maior. Tem de tudo! E outros bairros do Rio sofrem em larga escala também com a violência, falta de policiamento e de ações de segurança pública.



De um modo geral quando todos começarem a pagar pelos seus crimes e nossas leis forem sérias e irrefutáveis, de repente a coisa começa a mudar. Porque com a certeza da impunidade, de uma fiança, de uma internação de alguns meses de onde há fugas, medidas socioeducativas que viram piadas, é tudo em vão. Não existe hoje mais lado A e lado B. Não existe mais morro e asfalto ‪#‎mermão‬. A violência chegou para todos. A criminalidade toma conta da cidade. A sociedade põe a culpa nas autoridades, mas a verdade é que fugiu do controle, de todos e nos sentimos numa total impotência. Quem vê cara, não vê coração. E bandido não tem endereço certo mais hoje em dia, não. Tem os bandidinhos das favelas, mas também tem os de condomínio de luxo e que tiveram de tudo na vida e que os pais, pagam caro psicólogos para saber onde foi que erraram. Não é pouco o n° de criminosos de classe média, média-alta. Quais seriam os motivos destes estarem nesta vida? Se a desculpa é pobreza, falta de estudos e oportunidades? Nenhuma! Mais uma vez a pessoa vai porque quer. E hoje, tem de tudo na vida do crime! E tenha a educação que tiver, a condição financeira que tiver, a condição social que tiver, a condição familiar que tiver, oportunidades ou não na vida, somos todos reféns do medo, da impunidade, da indignação. A gente entrega tudo o que tem e eles ainda com requintes de crueldade no mínimo nos agridem, no máximo tiram nossa vida. E riem, e drogados e alcoolizados ou de "zueira", seguem livremente em busca de outro "otário" pra dizer "perdeu".

Esses projetos de bandidos não são mais os tadinhos da sociedade, não são mais os coitados projetados seja por isso ou aquilo outro, filhos dos "sem nada". São os monstros que assombram os piores pesadelos de todos nós que rezamos ao sair de casa, para voltar à noite sãos e salvos. Ao mesmo tempo em que quero crer que a coisa terá um jeito, irá melhorar, as coisas vão ter um meio eficiente e um fim, por outro lado permaneço incrédula quanto a essência humana. E infelizmente, tão natural quanto a luz do dia, vai ser abrir o jornal amanhã e ler outras manchetes, outras matérias, lamentar por outras vítimas e ver crescer a cada dia e ganhar mais força e raiz essa violência desenfreada e que por mais que nos assustemos, já faz tão parte da rotina que muitos a banalizam e a tratam como normal.

Esse é apenas o meu desabafo enquanto cidadã, carioca, moradora do subúrbio e que trabalha na zona sul, utiliza transporte público e vive todos os dias com a sensação de insegurança. Não tenho intenção de ofender e criticar os que pensam diferente e nem polemizar com os que não compactuam com a minha visão. Mas acredito que independente disso, essa realidade que estamos vivendo, de comum acordo, precisamos que dê um basta! Estamos todos cansados de tanta violência, de tanta impunidade, de tantas vidas destroçadas. Deus olhe por nós!

Até aqui, escrevi esse texto ontem, onde postei no Facebook e teve um grande n° de visualizações e compartilhamento. Não sei se talvez porque eu veja a violência como uma todo, o perigo que se instalou na sociedade sob diversas formas. E eu ia hoje escrever aqui meus sentimentos com relação a isso tudo quando, logo pela manhã ouço na rádio mais uma notícia de esfaqueamento da Lagoa, e desta vez, pra não levar nada. Em 24h a coisa toda se repetiu.

Meu Deus, olhai por nós, porque estamos largados a própria sorte.

Na zona sul, zona norte, baixada, rico, pobre, negro, branco, religiosos ou não, no asfalto ou na favela, estamos todos sofrendo com a total insegurança e vivendo reféns de nossas casas e do medo. Nós, cidadãos de bem, trabalhadores, não só queremos justiça para todas essas vítimas, até as que não são noticiadas pela mídia (e olha que violência é o tema que mais rende, são casos e mais casos, diariamente, diversos, pela cidade), como também queremos poder viver, em liberdade, exercendo nosso direito de ir e vir.

A violência está descontrolada. Mata-se por tão pouco. Neste caso pelo visto, nem pra roubar foi, já que os pertences da mulher ficaram todos. Em tão, pra quê? Por puro prazer! Não aguentamos mais isso. PAZ, pelo amor de Deus! Quantas vidas mais serão perdidas e famílias destroçadas? Quando as leis ão de serem cumpridas? Quando a polícia vai ser mais enérgica com relação ao policiamento e patrulhamento ostensivo? Quando a justiça vai entender o perigo eminente que esses criminosos representam de fato para a sociedade? Quando o poder público vai resolver fazer de fato alguma coisa em vez de dar declarações de ações falhas que são feitas e blá blá blá? Quando medidas emergenciais começarão a vigorar?

Tenho medo! Vivo com medo! Por uma eventual banalização da violência de tanto que "já faz parte", como também ando abismada como uma vida perdeu completamente seu valor. Nossa guerra urbana está alcançando comparações das guerras no Oriente Médio. Não aguentamos mais! Queremos justiça! Queremos segurança! Queremos ser assegurados de alguma forma. Sério, não dá mais! E eu que estava toda zen hoje, numa total paz de espírito ao ser tocada por uma mensagem linda de um filme que vi de madrugada, vejo todos os meus bons sentimentos se esvaírem ao me deparar, logo pela manhã, com mais uma matéria de violência. Mais uma pra coleção! E aí me invade um sentimento de decepção e frustração de que por mais que façamos a nossa parte da melhor maneira para um mundo melhor, cada vez mais estamos indo pro ralo.

E a situação piora quando leio uma entrevista e segundo nosso governador Pezão e secretário de segurança pública Beltrame, portar arma branca (facas, estiletes, canivetes e afins) não é crime, apesar de ter aumentado o n° de assaltos e mortes por esfaqueamento, eu como cidadã posso portar qualquer coisa do tipo na minha bolsa e agir em legitima defesa caso venha a sofrer algum tipo de abordagem criminosa e não sofrerei nenhuma consequência então, né? De acordo com essa ótica, não estarei infringido nenhuma lei. Errado! Vou me defender de um criminoso, ou até mato um salvando a minha vida mas aí vou presa por matar um bandido, ou melhor, tirar uma vida. Aí eu não terei os direitos humanos pra me defender. Eles vão defender o bandido tadinho! Não vai demorar muito voltaremos a época do "olho por olho e dente por dente". Porque também quem deveria nos proteger, a polícia, está em total despreparo. Não sei se vai ser bom ou ruim. Se os cidadãos também tem esse tipo de preparo. Mas o medo e a insegurança está tomando conta...Tá brabo cara! Não temos nada à nosso favor. Só Deus mesmo!

O Rio, o Brasil e o mundo pedem paz! Depois de tantas coisas ruins que sabemos e ou até presenciamos todos os dias, que todos possam voltar em segurança para suas casas ao final do dia, com a bênçãos de Deus, sempre a olhar por nós. Porque, tá brabo! ‪#‎PAZ‬

 

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