30 de julho de 2015

A desculpa ideal do século XXI...




"Gestos afetuosos e sinceros amenizam dores...
São coisas que aprendi a sentir nos meus piores dias. Um abraço, um carinho, uma palavra de fé, um sorriso desavisado , gestos inesperados que fazem um bem absurdo a alma da gente . É como se tudo que estivéssemos passando , todas as dores , todas as angustias causassem uma ferida enorme por dentro e ela se escondesse dentro destes afetos e por eles fossem tratadas . É como se o coração da gente pedisse colo , atenção , socorro , pra conseguir se manter de pé diante das adversidades da vida.... É como se Deus colocasse anjos disfarçados só pra nos cuidar sem avisar e os fizessem sussurrar em nossos ouvidos: Você não esta sozinha(o).. "Tamo junto"....."

Ceclia Sfalsin



Tenho reparado muito isso ultimamente. Então, "não tenho tempo" virou sinônimo de "não tô afim". Nem sempre, claro. Há as exceções! Com certeza existe muita gente por aí que realmente tenta achar uma brecha nessa nossa vida corrida e cheia de afazeres onde temos que ser multi tudo, para diversas coisas e pessoas. Mas ao mesmo tempo, também tenho visto muita gente usar isso como desculpa. E nem se preocupa em calçar bem essa desculpa. E não só tenho visto muito disso como eu mesma tenho sofrido muito com isso. Já diz um pensamento que muito gosto de usar: "não existe falta de tempo, existe falta de interesse. Porque quando a gente quer mesmo, a madrugada vira dia. Quarta-feira vira sábado e um momento vira oportunidade." É exatamente isso! Quando a gente quer de verdade, faz a coisa acontecer. Quando não quer, inventa uma desculpa, e a ideal é o tempo corrido, a agenda apertada, o cansaço, os afazeres, os compromissos, as responsabilidades, as contas a pagar, os filhos, a família o trabalho e etc e tal. Mil incompatibilidades e problemáticas surgem. Ok. Realmente vivendo vida de gente grande, vivo isso muitas vezes, mas não 24 horas por dia, de domingo a domingo, do primeiro ao último dia do mês. Realmente tem vezes que a coisa embola e a gente só não surta por uma milagre divino. Mas com certeza, dá pra abrir uma brechinha nem que seja de dois minutos pra dar um oi. 


Engraçado, vive sem tempo, mas não sai das redes sociais. Tá o tempo todo postando ou entrando para verificar as atualizações alheias. Não tem tempo de curtir e comentar as minhas coisas (não que alguém seja obrigado a e nem bater ponto nas postagens) mas vive curtindo e comentando as coisas dos outros. "Pô, tá corridão, mas vamos marcar alguma coisa aí dia destes", #blz. Mas neste corridão eu tô vendo milhões de fotos em eventos mil com família, com colegas de trabalho, com os amores de suas vidas (filhos, maridos ou esposas, animais de estimação), com amigos, com amigos seus em comum (mas não lembrou de ter um tempinho pra te incluir nessa), em aniversário, festas, eventos, nights, social, reuniões de família, viagens... e nossa, isso tudo porque a pessoa estava sem tempo nem pra se coçar. Imagine se tivesse? Dava a volta ao mundo! Sei que às vezes o dia é tão cheio de afazeres que quando percebemos ele acabou e ainda não cessaram as coisas que temos pra fazer. Mas peraí, todos bebemos uma água, fazemos um xixi, marcamos um 10 no mínimo esperando o transporte para ir ou voltar do trabalho, temos uma horinha de almoço ou algum momento em que fazemos uma pausa nem que seja para dar uma alongada e respirar. Mas não tem 2 minutinhos para mandar uma mensagem pelo WhatsApp (nos dias der hoje já nem cogito mais ligação) para saber se eu tô viva, se tá tudo ok, se preciso de alguma coisa ou até mesmo só porque sentiu minha falta e encerrar dizendo que "mais tarde a gente se fala melhor", mas pelo menos dá o ar da graça? Resumindo, no final das contas ando percebendo que a falta de tempo é só pra mim e não para o resto do mundo. 

E o engraçado dois é que quando eu toco no assunto, mas sem nenhum tom de cobrança, apenas dizendo que sinto falta de ter hoje em dia o que já tivemos um dia, é que vem logo as explicações prontas: muito stress, muito trabalho, contas a pagar, muito cansaço, muitas coisas pra resolver no tempo livre e quando vê ele já acabou. Tá, tudo bem, entendo tudo isso, até um certo ponto. Mas peraí, e eu? Eu não passo por nada disso? E como eu consigo arrumar tempo pra fazer por todos pelos quais eu me importo e considero importantes pelo menos um pouquinho de cada coisa? Eu não sou nenhuma desocupada! Mas consigo achar tempo pra tudo. Senão hoje, amanhã. Senão amanhã, depois. Mas fato é que uma hora eu vou fazer. Só que fui vendo que só eu que fazia questão de continuar a fazer essas coisas, procurar, me importar, fazer parte, conversar sobre o que acontece na minha vida, tomar um drink e dar umas risadas, extravasar os problemas e as chateações, matar as saudades. E o tempo passou e as coisas mudaram drasticamente. Não, o sentimento e a amizade não mudou, mudou a forma como passamos a movimentar essa relação. Quer dizer passaram, eu não! 

Só que eu tô cansando... eu tô percebendo que milhões de outras coisas são sempre prioridade menos eu. Mas se chego pra conversar, pra tentar entender o que acontece, se foi algo da minha parte, o que tá faltando ou que podemos fazer para melhorar, resgatar, eu tô de cobrança e ninguém quer ser cobrado. Tô fazendo drama e ninguém gosta de drama. Tô me fazendo de vítima e ninguém gosta de vitimização. E tá doendo! Porque se eu nunca tivesse tido uma ligação, uma aproximação, uma importância, uma prioridade na vida destas pessoas eu talvez hoje não me queixasse e não me chateasse com esse tipo de comportamento. Tô me sentindo como se tivesse tido tudo e da noite pro dia, passei a ter nada e sem direito a saber o porquê. Já nem tô me sentindo mais excluída, tô comprovando isso. Já não sei mais de muita coisa que acontece, tô por fora de muitos assuntos que antes seriam participados e divididos comigo. Agora, fico sabendo das coisas numa conversa informal com outras pessoas. Até a demonstração de afeto mudou. Antigamente era como se fosse essencial demonstrar algo sincero, bonito, verdadeiro e que foi construído em cima de bases e valores dia após dia. Foram muitos anos e momentos. Muita coisa boa e ruim. Muito riso e muito choro. Era algo que nós nos orgulhávamos de mostrar ao mundo. Hoje é como se não tivesse mais importância. Eu sei que gostam de mim, sabem que eu gosto deles e ponto. Mas pra doer ainda mais o calo já apertado no sapato, pisa em cima do calo com salto agulha porque por outros as demonstrações de saudade, de afeto, de amor, de importância e de um pouco de tudo ficam sempre à amostra. 


E eu fico aqui nesta de não ligar, mas eu ligo! Nesta de não fico chateada, cada qual ocupa um lugar na vida e de importância uns para os outros, mas e eu onde e como fico? Finjo me contentar com a pseudo falta de tempo quando na verdade eu sei que não é isso porque já vi que não adianta insistir no assunto porque as respostas são sempre as mesmas. Então não só tô cansando, como tô me retirando de campo. Afinal quem não faz questão de mim e nem de regar a plantinha da amizade é porque não deve ligar muito pra isso. Cansei de sempre eu fazer e não ser retribuída em troca e na mesma proporção. Quase como se fosse obrigação minha continuar fazendo as coisas e não receber nada em troca. Pera lá... Tudo na vida é movido a reciprocidade. Mas sabe qual é o meu mal? Não largo de mão de vez a não ser que de fato algo se quebre aqui dentro, que eu seja desprezada ao máximo, que realmente seja posta pra fora da vida dos outros. Caso contrário eu xingo, reclamo, digo que não vou mais fazer e ser, mas continuo fazendo e sendo. E o pior dos piores é que me contento com súbitas demonstrações. Nada mais que meras coisinhas. Sentia antes uma preocupação bem maior de não pisar na bola, não ficar em falta, de estar errando, de estar junto, perto, compartilhando. Isso era não só muito mais visível como muito mais falado e questionado entre nós. Hoje em dia, morreu!

Eu sempre volto neste assunto, de uns tempos pra cá já devo ter escrito uns cinco posts sobre esse mesmo tema, sobre como eu me sinto e sobre como decidi me portar daqui pra frente. E acabo sempre voltando chateada e desabafando sobre as mesmas coisas. Uma falta de consideração que eu  nunca imaginei que pudesse existir diante de tudo o que vivemos. Ah a vida mudou! Mudou pra todo mundo. Não temos mais a vida fácil de antes. Mas eu sempre me desdobro em mil se for preciso, faço sacrifícios até financeiros mas na hora da inversão manda uma mensagem falando que não vai dar pra comparecer, que hoje não vai rolar e coisa e tal. Até num dos momentos mais importantes da minha vida senti uma bela distância de como teria sido há tempo lá atrás. Mas neste quesito entram outras coisas em questão, que agora não vem ao caso. E muitas vezes com alguns comentários e brincadeiras de dizer a verdade, acabo me sentindo inferior, menosprezada, coisas essa que também achei que nunca existiria, independente da condição financeira e social que nunca antes nos atrapalhou mas parece que virou barreira. Sei lá, sei que um monte de gente entra na nossa vida o tempo todo. Assim como muitos saem. Muitas vezes sem nem explicação. Simplesmente deixa de existir algo que faz com que tenha dado certo até o momento. Confesso que não estou preparada para dizer adeus, nem por mim e nem que digam pra mim. E quando olho em volta, não tenho muito mais outras pessoas íntimas. Pois me calcei nesta amizade e na importância ímpar que sempre tiveram para mim que obviamente mesmo muito essenciais na minha vida, os outros amigos não conseguem ter comigo nem um terço de tudo que tive e acho que ainda tenho com os amigos de fé. Sei lá tô meio sem chão, meio se referências, meio que tentando entender vagando no escuro para me achar.


"Estar lá' é ser mão que entrelaça seus dedos aos nossos, desmanchando os nós, afrouxando as defesas, apaziguando as imprevisibilidades; 'Estar lá' é amparar dúvidas, dissecar incertezas, afugentar medos; É segurar a barra quando a vida pesa além da conta, e não baixar a guarda quando a imperfeição dos dias faz morada no vitral de nossa paisagem. 'Estar lá' é correr para ver o céu se colorir de vermelho no fim do dia e não se esquecer de partilhar a novidade com quem ama, nem que seja à distância, somando e dividindo a alegria. É absorver a felicidade inteira, para depois dividi-la em pedaços generosos descobrindo que só assim restará beleza e euforia. 'Estar lá' é entender que a vida não é uniforme, ela é repetitiva; e se estivemos presentes num momento importante, o estaremos sempre, e sempre, e sempre, de uma forma ou de outra; 'Estar lá' é nunca ser ausência que dói, que machuca, que vira lembrança e depois ressentimento. É entender que é necessário fazer-se presente, mesmo que de uma forma invisível, mas ainda assim, viva. É aprender a conduzir uma dança que só pode ser dançada a dois, relevando a falta de jeito de quem tenta, ou ao menos se esforça pra ser o melhor enquanto está lá. 'Estar lá' é ser capaz de perdoar, colocando uma pedra em cima de certas instabilidades e dissonâncias, desenvolvendo a paciência e a tolerância de quem apenas quer estar lá..." Fabíola Simões


Sei que não posso passar a vida a me lamentar desses acontecimentos que por escolha ou não fato que acontecem e não são passageiros. Ou eu aprendo a me virar com isso ou largo de mão, para o meu próprio bem. Porque eu fico me consumindo demais com isso. Me chateando além da conta. Deixando tomar uma proporção bem maior do que de repente é e merece ser. Mas é difícil conciliar razão e emoção. Mas também tô começando a deixar Deus guiar, sabe? Muitas coisas na minha vida! A gente aprende por bem ou por mal.  E de repente, vai que as coisas mudam... pra melhor ou pra pior eu não sei. Mas é um bom aprendizado, sobre mim e sobre os outros. Quem sabe desta vez eu aprenda algo... ou não! Mas fato: ou dá ou desse, nessa lamentação, saudosismo e chateação, não dá pra ficar!





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