9 de setembro de 2015

Dias de saco cheio... porque todo mundo tem os seus!


Não vou entrar em grandes detalhes, mas meu marido anda passando por um momento delicado. Várias coisas somaram para culminar no estado emocional dele, algumas perdas, um tantão de insatisfações, poucas atitudes para reverter isso aliado a guardar tudo pra si, enfim, uma hora explodiu! E quando ele explodiu foi de uma vez só. Tudo o que ele guardou e ruminou durante anos achando que conseguiria se acertar com seu interior, esquecer, fazer passar, melhorar foi pelos ares... E sobra sempre para quem está mais perto, no caso eu!

E isso tudo me pegou de surpresa, pois apesar de estar notando um afastamento dele de mim, primeiro atribui à rotina cansativa, estressante e corrida em que quase não nos víamos e tínhamos tempo para nós. Em segundo momento, já achei que ele estava desgostando de mim e sempre que eu tentava conversar ele vinha cheio de respostas vazias e evasivas. Terceiro momento quando ele explodiu vi que não era pessoal e sim generalizado, mais aí já era tarde. Eu tinha me deixado afetar e desgastar tanto quando não sabia os motivos reais dele que agora, mesmo sabendo, esta difícil de lidar com o que restou. Foram inúmeras brigas e embates até enfim descobrirmos o motivos pelo qual nossos ponteiros descompassaram. Mas fato é que agora eles seguem espaçados, por mais que a gente tente mexer neles para fazê-los andar juntos. 

Sei que é um momento delicado e difícil, onde ele se encontra perdido, confuso e sem muitas explicações do porque age assim e assado, porque uma hora se comporta x e outra y, porque um momento me quer perto como se precisasse de mim como o ar que ele respira e outro me exclui de sua vida como se nada fosse. Tá foda pra ele, é verdade! E junto a tudo isso, soma ainda o fato dele achar que me faz sofrer, que me faz mal, que eu estaria melhor sem ele. Neste momento ele não consegue entender que me sinto mal com a situação e não propriamente com ele, por mais que algumas atitudes e palavras dele me atinjam que nem um punhal. Tento sempre pensar "é involuntário", mas quando a gente lida com sentimento, é difícil racionalizar sempre.

Eu mesma já passei por um momento assim na vida, onde depois de me ver afundando o suficiente também por vários pontos na minha vida, resolvi procurar ajuda. Hoje posso ter um pouco da dimensão do que foi para as pessoas ao meu redor lidarem comigo, já que eu mesma, a depressiva, não pensava em mais ninguém a não ser eu e em mais nada a não ser ficar inerte na dor que me consumia naquele momento. Hoje agradeço por estar solteira naquela fase. Pois nem todos têm estrutura para entender, aceitar e saber lidar. Quando tudo veio à tona, estava me sentindo apesar de triste e meio confusa com tudo um pouco mais preparada e fortalecida internamente já que tinha passado por anos de terapia para ajudá-lo nesta jornada, ser o apoio dele, o colo que conforta e a voz que estimula a continuar. Porém, alguns dias depois de outros muito ruins, onde meu casamento quase foi abaixo por conta desta conturbada fase dele e que não era de conhecimento meu estar no nível que estava, ele começou a se abrir, a coisa foi caminhando a passos de tartaruga, estava receosa de como saberia lidar com isso e meus conflitos internos gerados pelas atitudes dele, intencionais ou não, mas ao mesmo tempo esperançosa, pois o estava convencendo a fazer um tratamento e ele estava cedendo. Foram dias tensos, mesmo! E quando finalmente eu achei que as coisas iam caminhando para uma melhora dele, foi a hora do meu "bum".

Sim, porque pôxa, não sou de ferro! Sei que teve uns dias que perdi o chão por ter sido pega de surpresa com ele querendo jogar tudo pra cima, tudo mesmo! Até entender o que estava acontecendo, em meios a muitas conversas dolorosas e cansativas emocionalmente, em meio a tentativas mil de dar certezas e esperanças, eu não consegui me levantar. Todo mundo fala que eu tenho que ter calma e paciência e tolerância e ser carinhosa e compreensiva, mas é difícil ser tudo isso com uma pessoa que eu desconheço. Hoje pareço viver com seu irmão gêmeo às avessas de tudo que o meu marido é. É difícil me acostumar em não ter mais nada de tudo o que eu tive durante seis anos. É complicado demais não saber se o que falo, o que faço vai agir negativa ou positivamente ele. E é mais complicado ainda quando junta-se mágoas e chateações passadas e não resolvidas e explicadas e que num momento frágil desses pode pesar para tudo ruir. Tô insegura e com medo, depois que ele me tirou todas as certezas que me deu. Depois que não faz mais questão de mostrar o sentimento que existe dentro dele nas mínimas coisas, no dia a dia. Depois que ele se mostra distante e frio, muitas vezes só comigo. Depois que parece que só eu tô tentando resgatar a nós e que não sei bem em que momento se perdeu "o nós" pra ele, se antes disso tudo ou no meio disso tudo. Tenho medo de que a cada dia tenha se perdido um pouquinho e que no somatório seja um "poucão" difícil de recuperar. Então, tô agindo muito por impulso, raramente consigo deixar o bom senso agir. É como se a cada nova ação dele desconhecida para mim ativasse um gatilho de defesa e reação automática e ou eu me fecho no meu mundo, ou começo a fuzilá-lo com perguntas as quais ele não sabe responder. Não quero pressionar mas acabo fazendo, não quero cobrar mais acabo fazendo, não quero brigar mas acabo fazendo e nessa mesmice saem as mesmas problemáticas e não se chega a lugar nenhum. Sei que não posso ser assim, sei que tô errada agindo assim, sei que preciso dar mais espaço e não o sufocar, mesmo que por amor ou por medo. Mas o que eu posso fazer? Tá pesando, tá cansando e eu não tô aguentando. E quem vem falar pra ele e pra todos os outros que repetem a mesma ladaínha para terem calma e paciência comigo, que assim como tá difícil pra ele, está igualmente difícil pra mim, ser forte por ele e por nós, me adaptar a uma nova pessoa e relação, racionalizar todas as palavras e ações e não deixar o sentimento agir...? Quem olha verdadeiramente através de mim e vê que estou sofrendo, que estou triste e que tá doendo? Quem olha pra mim e tenta entender a maneira torta que eu ajo por pura confusão mental e sentimental como entendem a ele e tudo o que ele faz? Quem tá aqui pra dizer que releva meus erros como estão relevando o comportamento dele? Tá bom, não estou depressiva, mas estou a beira de um ataque de nervos. E eu posso ter o direito de me dar o direito de surtar também? Obrigada!

Caramba, mais do que ouvir pra ter calma, ter fé, ter paciência, que as coisas vão melhorar e mudar, queria ouvir um "eu entendo você, relaxa". Só um uma vez na vida nestes dias infernais que tiraram meus dias floridos e cheios de cor. Por que tudo o que ele faz é desculpável e o que eu faço é condenável? Injusto! Queria um pouco de compreensão e condescendência também. E olha que nem muita gente que teria obrigação de estar perto passando por tudo isso comigo está. Então, sou só eu! Só eu pra tudo! Só eu pra aguentar todos os trancos da vida e as porradas que agora ele me dá. Todos os dias, sem descanso, sem intervalo as oscilações de humor e as variações de comportamento. Ele não faz por querer, eu sei que não. Mas eu também não! Tô apoiando, tô do lado, tô incentivando, tô puxando pela conversa pra ver se nos comunicando melhor consigo tentar entendê-lo e reagir melhor. Tô lidando com as maiores loucuras, tô relevando coisas intoleráveis pra mim, tô aprendendo a calar, a passar por cima, a criar um jeitinho novo pra tudo até pra me aproximar dele. Tô tentando não viver de expectativas, nem de lembranças, nem de saudades, aprendendo a deixar fluir e ver o que vai dar no dia, mas não é fácil. Tô me obrigando a quase saltar de asa delta num abismo negro, sem saber o que me aguarda...

Te dizer que se não fosse o meu sentimento que nem eu sabia que era tão grande assim, que aguentava tanto tranco, mesmo às vezes tendo vontade de chutar o pau e jogar tudo pra cima. Apesar disso, tô descobrindo um lado meu, um lado do meu sentimento que eu ndesconhecia. Um capaz de a tudo suportar só para vê-lo feliz e bem. Um que aguenta qualquer tranco sempre em prol do nosso bem estar e ficarmos juntos. Um amor que eu preferia sofrer tudo por ele. Tô aprendendo e ser mais cuidadosa e paciente sim, mais positiva e mais amiga, a ouvir mais e e criticar menos e tentar entender mais sem questionar, a me colocar mais no lugar dele, e ver que por mais que ele tivesse amor pra nós dois a vida inteira, todo mundo precisa de reciprocidade, de demonstrações e provas constantes sem achar que o outro sabe o que sentimos, que temos que estar sempre conversando, mesmo que seja chato e doloroso tocar em certos assuntos, mas a sinceridade erradica problemas maiores futuros, ter um carinho na hora de falar por mais razão que se tenha, saber ouvir muitas vezes sem criticar e muitas outras coisas mais que agora me fogem mas, que eu tô aprendendo e que sei que é para o benefício do nosso relacionamento, não só dele agora. Quero de verdade ser melhor e mudar meu jeito, meus atos inapropriados. Por mim, por ele, por nós. Já que falta de sentimento não é, apenas está tudo meio confuso dentro dele e eu e o nós foi no mesmo barco. Mas eu só quero ter o direito de fraquejar, de ter medo, de errar, de duvidar, de não saber, de surtar, de sei lá não aguentar o tranco todos os dias, sempre. Queria ser mais compreendida e aceita e menos censurada também.

Me assombra ainda ele ter um outro surto de não saber o que sente e o que quer comigo. Acho que é isso, tudo o que passei e que foi mais ou menos explicado por ele dentro das suas capacidades, ainda está na minha mente. Os dias já se passaram, mais ainda fecho os olhos e lembro de nós dois, sentados frente à frente, distantes. Nossos olhares não se cruzavam. Nossas palavras cortavam que nem navalha. Éramos dois estranhos tentando entender um ao outro e sem entender. Já não falávamos mais a mesma língua e desconfiava que não sentíamos mais o mesmo amor. Até que ele desferiu um golpe certeiro dizendo nem sim e nem não, apenas não sei! E doeu! Doeu mais que um tapa, doeu mais que um corte, doeu mais que qualquer machucado que eu viera a ter na vida. Doeu mais que as palavras sinceras foi ver no olhar dele o brilho se apagar, a alegria da voz murchar e a felicidade da sua alma se esvair. Perceber que o tudo que eu ara antes pra ele se foi e hoje, por mais que eu estivesse ali, era um nada. Sim, ele mudou. Sim, ele me sinalizou e eu interpretei errado, culpando o falta de tempo, o cansaço, a rotina estressante, os problemas da vida. Sim, ele mudou e não foi para pior e nem para melhor, apenas deixou de ser meu. A pior sensação da minha vida! Não ser mais nada para alguém que a gente ama! E que sempre nos amou! Me perdoa, mas acontece que em algum momento da vida, olhei mais pra mim do que pra você. Me achei mais em mim e me perdi de nós! Estava tão certa de tanta coisa que de repente deixar passar tantas outras! E agora, sabendo de tudo, ouvindo tanta coisa receava que fosse tarde demais. Ele não só cansou das mesmas brigas que em nada davam, dos mesmos assuntos abordados, dos mesmos problemas não solucionados, ele perdeu a vontade de fazer dar certo. Teria perdido todo o amor? E mesmo que eu revisse minhas faltas, minhas falhas, meus erros, ainda daria tempo? Eu já não era mais o centro do seu universo e foi aí que eu me perdi. Quando eu percebi que caí no clássico tive que perder para valorizar.

Até ele tentar explicar o que acontecia com ele, sei lá, muita coisa ficou em suspenso no ar. Somado as novas atitudes, a esse novo eu dele, foi demais. Não tô entregando os pontos. Afirmo e reafirmo que jamais o abandonarei porque o amo e sempre escolherei a nós, não importa de que jeito for. Só que tem dias que pesa, demais! Aí eu preciso também de um tempo só meu, no meu mundo, na minha bolha, pra me reenergizar, para me entender, colocar as ideias e os sentimentos no lugar, para acalmar, para surtar a vontade, estravazar e depois voltar ao meus estado normal e seguir a jornada que está apenas começando. Só por favor, não me tirem e nem me neguem o direito a ter os meus momentos nada bons e legais também. Às vezes, são neles que eu me acho. E eu não quero falar com ninguém, não quero ir a lugar nenhum, não quero nada de nada, só ficar comigo mesma até eu me cansar de mim!

Respirar fundo virou rotina! Então, acabei de dar mais uma respirada e dar meia volta para esse momento doido, para algo que eu nem sei ao certo o que é e como vou lidar com o que não entendo, mas se não resta outra opção, vamos que vamos. Só quero que saibam quando olharem para mim que eu tô fazendo o meu melhor, tudo que que está ao meu alcance da melhor maneira possível. Mas eu não sou perfeita. E se acaso eu errar, não me atirem pedras. Já bastam as que eu tenho que tirar do caminho todos os dias, e as que não consigo, só me resta nelas pisar para prosseguir...

Grata!



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