23 de julho de 2010

Trabalho de hoje, regalia de amanhã!

Estava conversando hoje com amigos: “- Maturidade e consciência profissional não vêm de uma hora para outra. Necessitamos de tempo para absorver os acontecimentos e principalmente de experiências, mais ruins do que boas. Infelizmente, o brasileiro de um modo geral, é muito relaxado com sua ascensão profissional. É muito relapso no quesito batalhar agora para usufruir no futuro. E, quando a coisa começa a apertar e ficar feia de vez, entra em colapso e desespero”. Esta foi minha frase certeira depois de divagar sobre o plano profissional e de mercado hoje no Brasil.

Claro, não podemos nos esquecer de que os tempos modernos estão difíceis para todo mundo. As empresas, para sobreviver, acabam fazendo corte de funcionários e se livrando do supérfluo. Portanto, os primeiros que “rodam” são aqueles que não têm aptidão, que não tem ambição e conhecimento o suficiente, do seu trabalho e pessoalmente. Na época da primeira crise global financeira, lá pelo ano de 2008, mais ou menos, muitas empresas quebraram ou ficaram funcionando apenas com o mínimo da sua equipe. No meu ramo que é comunicação, os primeiros setores onde ocorreram cortes ou foram fechados, foram eles. Aí, quem levou um pé na bunda, depois de chorar, quer correr atrás do prejuízo. Mas não é tão fácil assim!

Sim, é hora de arregaçar as mangas e correr atrás de novas oportunidades. Se a maré virou e não há espaço em sua área de atuação no momento, se capacite, especialize-se e corra para outra. É sempre melhor tentar do que ficar esperando cair do céu. Mas as novas oportunidades também possuem suas exigências com relação a seus profissionais, de qualquer maneira você tem que alcançar e suprir expectativas. Além é claro de mostrar competência, dinamismo e versatilidade. Um profissional que entenda e desempenhe um pouco de cada função dentro de uma empresa são os profissionais mais visados no momento. Óbvio que tanta desenvoltura tem um preço e nem sempre o pobre coitado, sobrecarregado de tarefas, consegue desempenhar com precisão e objetividade cada uma delas. O preço que se paga hoje por estes profissionais é uma maior cobrança e pressão. Consequências: doenças ocupacionais decorrentes do trabalho. Bom, não vamos mudar de assunto, isto é papo para outro chope, rs...

Porém, esta preparação que é esperada do profissional modelo não nasce da noite para o dia. Se possível, começar a construir na infância. Como hoje, as crianças mal saem das fraldas e já se adequam rapidamente as novas tecnologias e seu aprendizado é mais rápido, investir em línguas estrangeiras e informática. Desta forma, na adolescência esta criança já dominará pelo menos o inglês como se fosse sua língua principal e os diversos programas de informática com destreza e desprendimento. Aí, hora de partir para outra etapa: começar a ganhar experiência. Se não de trabalho, com programas de estágios que começam aos 16, se envolvendo em causas sociais. “Pega bem” e a mente já vai se expandindo para entrar novas informações e conhecimentos. O que importa é não limitar o raciocínio, e não se tornar pensador de senso comum, ou seja, a opinião comum à sociedade.

A pressão que o adolescente sofre ao escolher a carreira aos 17 anos, pode causar danos permanentes e irreversíveis. A gente se cobra por fazer a escolha certa e nos levamos a investir de tudo nesta escolha, mesmo que ela seja mal sucedida e que não tenhamos tanta certeza assim. Aqui no Brasil, a necessidade é tanta que não nos damos a oportunidade de tentar e olhar tudo como um investimento. Claro, não acontece assim com qualquer um. Tem gente que já se encontra desde pequeno no caminho que deseja seguir. É tem sucesso nele! Mas há outras pessoas que batem cabeça, sente dúvida, mas persistem no erro. Falta de apoio, informação ou segurança para seguir sua escolha com convicção são as principais causas do medo de mudar. Mas enfim, o fulano escolhe tal profissão, por influência da família, da mídia ou porque acha legal, mas não faz uma pesquisa desta carreira sobre o campo de trabalho. O que o mercado exige desta carreira, qual o perfil de profissional que ele busca, e onde o fulano que fez a escolha poderia se encaixar para trabalhar, quais as áreas de atuação? Não se sabe. E ele se joga de cabeça nesta futura profissão. Na facul, como os universitários gostam muito de chamar, tem muitos atrativos que acabam distraindo e redirecionando o foco do aluno. Quem antes dizia que ia enfiar a cabeça nos livros, agora se enfia é nas chopadas, nas festas, nos churras e nos nivers da galera. Aparece em todas as fotos, mas na hora da aula ta em casa dormindo. Tem todo o tempo do mundo para curtição, mas para estudar, deixa tudo para última hora. E acha que no início da faculdade tem todo o tempo para fazer de tudo com relação aos estudos. Mas o tempo urge, e quando se dá conta, o indivíduo está formado. E agora? Não consegue emprego. Culpa dele? Sim! O mercado está saturado, deu uma guinada, as oportunidades e campos de atuação mudaram. E para piorar, junto com ele, mais uma centena de pessoas saiu graduado na mesma carreira. E aí, qual o diferencial desta pessoa? Nenhum! Pois quando ele deveria estar investindo nele, lá no 1° período, ele não o fez. E achou que saindo no 8°, com um diploma à tira colo, seria moleza. Só que com diploma embaixo do braço têm aí na fila, médicos, engenheiros, jornalistas, nutricionistas, professores, secretárias, administrativos, economistas, advogados, motoristas, operadores, instaladores e uma penca de profissões mais. Aliás, comprovado: as carreiras sofrem tendências. Por meio de que ou de quem, não sei. Mas há momentos em que determinada profissão tá em alta e todo mundo se inscreve nela. Não sei se pela mídia, talvez pela falta em determinado momento de profissionais qualificados e aí, há mais demanda que procura. Há também os que visam as carreiras do futuro, mas como dizem que o futuro é incerto, daqui há 1 ano tudo pode mudar...

Contudo, não só não há o preparo psicológico para a não obtenção do que se deseja, como começa então sentimentos de fracasso, rejeição e baixa autoestima. Nada disto! O problema é puramente falta de informação e de preparo. Pois ao sair da facul, o profissional tem que tem um currículo de dar inveja e nele constar línguas estrangeiras diversificadas, conhecimentos em novos programas de informática, experiências profissionais provenientes de estágios, cursos na área de atuação, atividades ou projetos extracurriculares, preferencialmente vivência no exterior e contato com outras culturas e formas de conhecimento. Muita coisa, né? E para pessoas que tem, na sua grande maioria de 22 a 24 anos, no máximo... Quanta exigência! É responsabilidade nossa cumprir estes itens ou não. E aí, fechamos o ciclo lá do início da conversa. Ninguém nos diz isto no começo da trajetória. A gente só vai perceber isto depois, quando já está no final dela e sem perspectivas. Passo para a terceira pessoa agora porque nesta hora me incluo no assunto e passo a fazer parte da história. É exatamente o que aconteceu comigo. Depois de cavar uma vaga na minha área de formação, até 2 anos depois de formada resolvi rumar junto com as oportunidades tendenciosas de mercado para tentar agarrar uma oportunidade o mais rápido possível. O problema é que todo investimento é a longo prazo e como também não é garantia de sucesso, rezo apenas para que o ramo de saúde e segurança no trabalho tão crescente e em foco agora não se feche, sature ou mude para outra carreira “da hora”. E na minha turma, vejo uma nova legião de futuros universitários espreitando sua vaga reconhecida no mercado. E só me resta passar a eles estes humildes e meros conselhos. E mais, sejam independentes, cresçam como pessoas e detenham as rédeas de suas vidas. Não teremos para sempre os pais para nos subsidiar ou dar aquela segurança financeira o tempo todo. Temos que nos acostumar desde cedo a vivermos com nossas próprias finanças, arrumando uma coisa aqui, outra ali para construir nossa história. Tem muito mais sabor o sacrifício vitorioso. Além de tem mais valor! Portanto aproveitem a pouca idade, a inexperiência e a vontade de crescer não só para correr atrás da profissão ideal, mas também para construir o seu futuro pessoal. O tempo não volta! E no passar dos dias, não há tempo para lamentações e caso haja arrependimentos é papo para outro chope...



Beijos e boa semana....

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