9 de agosto de 2010

Irremediável Dia dos Pais!


“Provavelmente hoje à noite, depois que todos forem dormir, irei postar alguma coisa à respeito deste dia dos pais. Pois este dia não me traz muitas alegrias”. Esta frase foi postada como um comentário meu no blog de uma amiga que acompanho em seu texto sobre este dia especial. Depois de ler algumas crônicas, artigos e colunas sobre este dia tão comemorado por quase todos, me enchi de sentimento e me abri com as palavras para escrever o que para mim é na verdade este dia. Mas, acabei não o fazendo porque a comemo0ração aqui prosseguiu até tarde – mesmo sem os papis presentes – e cansada do longo dia, fui dormir. Porém, com as palavras ainda na cabeça e o coração cheio, resolvi desabafar... mesmo que tardiamente.

Não possuo hoje em dia quase nenhuma ligação com o meu pai, desde que se separou de minha mãe e as raras notícias que tenho do dito cujo vêm de minha tia - irmã dele - e da minha irmã por parte de pai. Ligação, não possuo nenhuma, Sentimento também não. Somos praticamente dois estranhos para mim desde os meus 10 anos de idade. E as marcas dele em mim somente as negativas e as recusas às minhas necessidades e carências paternas, financeiras e emocionais. Então, deletei-o de minha vida. Em seu lugar ficou a mais generosa, amorosa, amiga, companheira e compreensiva PÃE que eu conheço e tenho: minha mãe! Apesar de por parte dela não me faltar nada, todo ano nesta data, ainda tenho um vazio no peito, uma tristeza no olhar e um nó na garganta. Ela não conseguiu substituir e amor paterno, e nem podia. Por mais que tentasse! O que ela conseguiu foi agregar mais valor, gratidão e carinho que tenho à ela por me dar em dobro tudo que eu poderia ter, em sentimento, educação e ensinamentos de vida. Mas não fazia deixar de existir aquele buraco negro no meu caminho.

Me dói mais saber que tenho um pai e que este não liga pra mim do que se eu realmente não tivesse um, ou ao menos não o conhecesse. Por mais que eu viva, certas questões continuam não bem resolvidas dentro de mim. Mas por hora, ou melhor, anos, a maneira que eu achei de não me deixar sofrer mais com este descaso dele, foi tirá-lo da minha vida e não deixar que ele, com a sua indiferença machucassem mais ainda a despedaçasse a vaga lembrança boa que ainda tinha dele. É, tenho um bloqueio sentimental! E ele provém da rejeição paterna. Mas tento lidar com isto todos os dias da melhor maneira possível dentro de minhas possibilidades. Pelo menos, foi o que me ensinou minha terapeuta, no tempo em que fiquei fazendo terapia. Mas a partir desta falta de conexão com uma das partes que deveria ter estado ao meu lado, me criado, me educado, cuidado de mim e me amado, como manda a boa cartilha dos pais, começo a questionar meu futuro como mãe. Na verdade, pai ou mãe, tanto faz... o que os filhos esperam deles? Que lhes passem segurança, que lhes confortem nas dificuldades, que transmitam algo como ensinamento, que sejam exemplos, que sejam devoção, abdicação em tempo integral e que sejam simplesmente amor, amor, e amor. Tudo que por um lado dos meus progenitores, me foi negado. E então fico me perguntando se com toda esta defasagem, esta falta, conseguirei superar a carência e me sair bem neste papel? Tenho minhas dúvidas e sinceramente maternidade é um assunto que me causa medo e insegurança!

Então, lendo uma coluna da Marta Medeiros – já deu pra sacarem que vira e mexe ela é citada aqui nas páginas – sobre o dia dos pais, vi que ela levantou uma questão interessante. As meninas já são doutrinadas desde que nascem praticamente com “dicas” de como serem boas mães, donas de casa e esposas. Mas pais, maridos e homens chefes de casa não possuem cartilha. A eles não é dado por seus pais um manual de instruções com dicas de comportamento e ações futuras. Modelos e exemplos de chefes de família. Todo que não acontece no mundo feminino. E aí... ela levanta e célebre frase: se mãe é tudo igual... pai também é! E eu, assino embaixo!

Apesar disto, desejo que, para queles que têm pais, que não só o dia, mais o restante do ano seja maravilhoso e com muita felicidade!

Um comentário:

Maldito disse...

è uma excelente visão dos fatos!