22 de março de 2013

Estar certo custe o que custar... a que preço?


Sempre que uma polêmica é lançada ao ar, pipocam as discussões nas mídias sociais. Basta uma postagem com a opinião da pessoa (e é claro que ela vai se posicionar contra, a favor ou isenta) para ser bombardeada com milhões de comentários diversos, sob os mais diferentes ângulos e pontos de vista. Às vezes, a pessoa que postou mal tem tempo de se justificar e explicar melhor o que ela quis dizer ou não se explicar já que a página é dela e ela pode colocar o que quiser, e já é julgada como um todo apenas por um parâmetro exposto. 

Vou pegar um tema atual para exemplificar o que eu quero dizer: a desocupação do Museu do Índio entorno do Maracanã. Indígenas e representantes do governo não chegaram a um acordo sobre para onde seriam levados os índios que lá viviam e então, a lei deu um prazo para a desocupação do local. Terminou esse prazo e os índios, sem ter para onde ir - já que recusaram todas as formas de acordo e de entendimento - começaram a fazer uma manifestação no local. Só que a coisa ganhou proporções maiores que o esperado, já estava acontecendo confronto com a polícia, a coisa virou uma grande baderna e o que era para ser pacífico, democrático e social virou um caos. Aí, como todo tema quente, a partir de uma postagem começaram vários comentários se era certo os índios agirem assim, se era errado agirem assim. E começou esse cabo de guerra que cada vez ganhava novos ares com outras questões vindo à tona das discussões. A parada enredou para os desmandos de Eike Batista, cambaleou para os interesses do governo, voltou para as autoridades que não tinha o direito de fazer isso, voltou para a ideia central de que os índios têm direitos a serem respeitados e estão sendo destratados e ficou nessa de direitos, direitos e mais direitos... direito de que, afinal?

Todo mundo tem direitos, pra início de conversa. E também tem deveres! Que muita gente esquece dessa parte da moeda. Mas enfim... Se a pessoa tem direitos e deveres é porque vive dentro de uma sociedade com leis que garantem o cumprimento disso, mesmo que deturpadamente. Então, se eles se disponibilizaram a viver nessa sociedade com características, costumes e normas diferentes das deles, terão que se adaptar. Não é deixar de ser o que são e se enquadrar em padrões. Mas aderir à determinadas formas de conduta! Ponto 1, encerrado. Ponto 2: a maneira como escolheram para reivindicar seus direitos perante ao local dominado por eles à anos não foi a mais adequada. Sou a favor de protestos e manifestações. Ficar insatisfeito calado não adianta nada. Tiveram opções de relocamento, tiveram a chance de negociação pacífica, tiveram a chance de uma reivindicação de melhorias até mesmo para eles. Mas, com essa atitude, colocaram tudo a perder. A questão não é contestar e nem se a contestação é certa. É a maneira como se contesta e pelas coisas que se contesta. Ponto 3: tudo bem que eles tenham apego pelo local e que tenha algum significado maior para eles dentro da cultura deles. Mas o local estava abandonado. Não era mais visitado. Não era sequer lembrado. Mas, bastou dizer que ia ao chão para aparecer um monte de gente, fora os índios, sendo contra isso. Isso eu já não concordo. Por que quando ele estava lá mal sendo notado a sua existência pela sociedade como um todo não foram às ruas berrar por reformas, cuidados, infraestrutura, melhorias até nas condições de vidas dos moradores de lá? Isso só foi conveniente de ser feito quando a coisa foi acertada. 

Bom, tal ponto da tal calorosa discussão nos comentários no famoso Facebook, chegou uma hora que alguns contestavam que os índios queriam aparecer. Outros apoiavam dizendo que "nós" chegamos aqui expulsando-os de suas terras, à força, violentando-os e denegrindo-os. Não posso deixar de concordar com isso. Bom, mas ai, veio uma terceira pessoa falando que os índios não tinham educação, que são selvagens, que deveriam morar nas matas que estão sobrando (nem tanto assim) no Brasil e lá formar sua aldeia com suas normas e leis de acordo com suas convicções e cultura. Discordo da parte que índio não tem educação. Sim, tem! Cada povo tem educação ao seu modo de acordo com a sua cultural. O problema não é educação, definitivamente! E nisso, já começou o ataque pessoal a opiniões pessoal e o tema quase que se perdeu. Um ou outro dava uma opinião sensata, mas aquela altura, todos estava interessados em defender seus pontos de vista e a discussão do que foi proposto inicialmente, que era se a atitude dos índios em fazerem essa balburdia estava certa ou não. E o porque de toda essa confusão. Em algum momento da conversa calorosa foi levantada a questão de que, dentro da nossa sociedade, algumas leis e normas são arbitrárias e mesmo assim, mesmo nos opondo, mesmo insatisfeitos, mesmo não tolerando somos obrigados a nos dobrar. Isso foi dito por mim. Usei o caso das obras mil espalhadas pela cidade para as TRANS da vida. Casas, terrenos, empreendimentos foram ao chão assim como as histórias e lembranças de seus donos. Muros, tijolos e cimentos ao chão junto com a tristeza de muitos moradores ou donos de negócios. Muitos tentaram ao máximo que puderam não deixar que seus bens fossem destruídos. Mas de nada adiantou. Foram enredados por uma explicação de que a construção dessas vias traria melhorias para todo mundo. Então, aquela máxima de "um mal menos para um bem maior" levou, literalmente a melhor. Também receberam uma indenização "generosa" como "desculpas" pelo ocorrido. Então, uma vez feito isso, estava sacramentado. Concordando ou não, não houve outra saída a não ser ceder. E por que agora, no caso dos índios seria diferente? O sentimento é o mesmo. De perda de suas posses!

Aí, nesse ponto, alguns saíram da discussão, e os poucos que continuavam batiam na tecla da diferença cultural, da sua cadeia de respeito e prioridade dentro da sociedade, de que era sem propósito aquele circo armado e tal... Eu fiquei quieta por um tempo porque a coisa estava ficando feia. Depois inconformada com o que estava sendo dito, resolvi me pronunciar. Meu ponto de partida até agora estava sendo que a maneira como eles estavam fazendo a coisa era errada e não a coisa em si que era um erro. E que, o lugar estava entregue as baratas e que então, só depois de anunciada sua demolição é que resolveram reivindicar sua permanência. E que nem usado como Museu era mais. Mas, diante de tanta baboseira que começou a sair nos comentários e para onde a coisa degringolou e a partir de comentário meu também, me senti no obrigação de tentar apaziguar a coisa me explicando melhor. Bom, meu comentário final foi isso:


"Acho que a questão proposta não é o valor moral dos direitos de índios, escravos e afins na nossa sociedade. Isso é indiscutível que foi mais do que injusto a diminuição da importância deles para a nossa historia. A questão consiste em eles fazerem essa manifestação que dizem ser de cunho cultural, justamente quando um lugar abandonado é dito que vai ao chão. Eles, assim como outras pessoas que em outras situações foram obrigadas a abrir mão de parte (ou todo) do seu lar, tiveram opções de relocamento, tiveram a chance de negociação pacífica, tiveram a chance de uma reivindicação de melhorias até mesmo para eles. Mas, com essa atitude, colocaram tudo a perder. E outras pessoas que se sentem inconformadas com leis arbitrárias? Fazem a mesma coisa? A questão ñ é contestar e nem se a contestação é certa. É a maneira como se contesta e pelas coisas que se contesta. Bom, pelo menos esse é o meu ponto de vista, rs. Índios tem educação sim. cada povo tem educação ao seu modo de acordo com a sua cultural. O problema ñ é educação, definitivamente!. Mas esse é o ponto: manifestações sadias. Acho que de certo modo, ali eles já estavam esquecidos mesmo! Mas a força do povo é sua voz e temos sempre que cobrar o que nos é "prometido". Tb ñ concordo com os que se calam, inconformados. Mas tem que saber "falar" também! Já dizia uma antiga professora de português minha: "rebelde sem 'calsa' não ganha a 'causa'", rs. Acho que é bem por isso aí..."


Bom, enfim... fica aqui o link para quer tiver curiosidade em ver como tudo começou e os pensamentos diversos sobre um tema polêmico, sério, que deve ser tratado com respeito, nem engrandecer e nem minimizar. E a moral da história de que às vezes, ou muitas vezes, estar certo é mais importante que chega a deixar para trás o real motivo da discussão e das divergências de opinião. Nem sempre se estar certo é a certeza de fazer a coisa certa. Mas é necessário bom senso e acima de tudo cabeça aberta para lidar com questões diferentes das nossas. Temos que tentar obter a compreensão de uma situação para depois opinar. E não é proibido ter várias opiniões ou concordar com as duas partes. Na maioria das vezes, nenhuma verdade é absoluta e nenhuma certeza é 100%, mas é segredo, poucos entendem isso, rs.


https://www.facebook.com/rodrigo.mandarini/posts/323407651096256?comment_id=1528340&notif_t=share_reply


E lembre-se: 

"rebelde sem 'calsa' não ganha a 'causa".







Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Eu ando meio cansada dessa coisa de todo mundo na internet se encher de coragem para debater qualquer coisa, até aquilo que não conhecem bem. Por isso que cada vez mais fujo das polêmicas desnecessárias, ou as que não afetam a minha vida, porque para dar conta das que afetam a minha vida já é bem difícil na internet... rs.

Já no cotidiano a coisa é diferente, ps que tem coragem de se impor são poucos, a maioria é muito fodona mesmo atrás de um teclado.

Beijocas