12 de fevereiro de 2015

Aborto: opção x crime... ainda não sei




Por motivo óbvio, eu não fui marcada para participar da campanha poste uma foto grávida e seja contra o aborto no facebook rs. Mas, de qualquer modo, deixo aqui uma breve reflexão minha.

Sou a favor da vida, sempre. Mas nem por isso condeno ou julgo quem por ventura pensar ao contrário, seja lá por qual motivo for. Cada um tem os seus. Não cabe a mim julgar, pois só cada um sabe a cruz que carrega. Nada é tão simples assim... E grita-se por liberdade de expressão. E liberdade de escolhas? E liberdade para os atos de cada um? A política é a mesma: eu não concordo, mas respeito! Só que aqui no Brasil não se tem opção neste quesito gravidez. Ou você engravida e tem de qualquer jeito ou você se enfia em matadouros, paga caro e perde a vida.

Sou contra é esse sistema no país que não dá assistência nenhuma e que não faz nada por aquelas que optam ou porque querem ou porque não tem escolhas para interromper a gravidez. Antes disso até, que tipo de trabalho ou programa é feito, principalmente nas comunidades carentes para que haja consciência de engravidar? Cadê nas escolas educação sexual? E depois de grávida, cadê um trabalho social para dar subsídio e apoio durante a gestação até o parto e se for o caso posteriormente entregar à adoção, esclarecendo dúvidas e medos evitando o abandono a ermo? Não vejo nenhuma medida! Não vejo nada ser feito! Vejo mais uma vez um governo omisso e aproveitador. Um sistema que ilusoriamente dá as mulheres a falsa crença de igualdade de direitos perante a sociedade, sendo assim, dona do próprio nariz. Até onde? Um sistema interesseiro que vê na procriação desordenada uma chance campanhas de melhoria de vida, trabalhos sociais, melhores empregos e salários. Um sistema controlador e irresponsável pois vê a cada dia crescer o n ° de abortos clandestinos e as vítimas de uma gravidez indesejada e nada faz. Sei que é previsto por lei a interrupção da gravidez em casos de estupro ou de má formação (não sei ao certo qual) do feto. Mas o caso vai para a justiça e até ela deliberar...

Aí aborto é crime e mulheres são obrigadas a arriscarem a vida em clínicas clandestinas. E quando não é assim, muitas acabam tendo esses bebês, que mais tarde são negligenciados, violentados, vítimas de maus tratos, exploração do trabalho infantil quando não exploração sexual e quando não acontece coisa pior. Porque depois que a merda está feita, falando o português claro, não tem volta. E não importa mais se foi um simples descuido, se foi irresponsabilidade ou sei lá mais o que. Daqui a 9 meses uma criança será jorrada no mundo e provavelmente será mais uma vítima dele a endossar as estatísticas. Porque esse mesmo governo que não auxilia na prevenção da gravidez e não ajuda as mães que por ventura querem dar os filhos para a adoção também não faz nada quando sabe-se que esses filhos de gravidez indesejada estão sofrendo o pão que o diabo amassou. São retirados das famílias que os maltratam, jogados em orfanatos que nada oferecem a eles, meses ou anos depois, podendo ser devolvidos para os pais abusivos novamente, que àquela altura do campeonato já tem mais um filho nos braços e outro pendurado no peito e mais um na barriga. 

Não sou contra a escolha destas mulheres de decidirem se querem levar adiante a gravidez. Até porque, não se trata só da vida delas que está em jogo. É o futuro de uma criança que nem pediu pra nascer. Eu não sou mãe, mas creio que a gestação envolva muita coisa como apoio familiar, do parceiro, situação financeira, uma própria condição emocional para tal. Toda a circunstância influencia para uma decisão. Tem aquelas que apesar dos pesares ainda tentam ter, mas algumas são expulsas da casa dos pais, o namorado não quer saber, não tem como se sustentar e nem onde morar, vai fazer como? Imagino o desespero que deva ser. Essas não veem outra alternativa. E muitas vezes só procuram como consolo alguém que não condene, crucifique. Mas muita gente vai me contradizer e falar: "pensa-se nisso antes de fazer", "na hora de fazer foi bom", "não quis, agora aguenta" e etc. Mas o problema é que não se viram, não aguentam, não pensaram antes e agora, quem vai sofrer as consequências são os filhos. Se for para isso, nesses casos então, prefiro o aborto. Mesmo sendo à favor da vida. Porque, é justo que essas crianças sem opção de nascer, vivam esta vida? O que passam por anos a fio é comparado a crueldade de um aborto, pra mim. Sem contar em como vai se tornar amanhã adulto essa criança, criada deste jeito.

Mas claro, como tudo tem o lado B, sempre vai existir aquela que não está nem ai e se o aborto for legalizado vão fazer um em cada mês. Porque tanto faz! E não são poucas! E existem outras em que filho virou negócio pra ganhar mais do Bolsa Família, então, aborto ser crime é vantagem. Entre outras coisas. Então, quanto mais, melhor. Mas, mais uma vez teria que entrar em ação o governo com programas sociais, assistencialismo decente (não esse de bolsas mil que temos por aqui), mas isso é inexistente mesmo! São várias vertentes a serem discutidas e avaliadas e pesadas as consequências de legalizar ou continuar a ser crime. Principalmente diante da conduta e da cultura do oportunismo que temos no Brasil. 

Sou católica e sei que a igreja tem uma boa parcela de contribuição para essa decisão e para que outras coisas não sejam feitas, por serem consideradas libertinagem ou traduzindo "pode dar ideias, influenciar". Mas, há algum tempo acompanhei uma entrevista do Papa Francisco que perguntado sobre essa questão, respondeu mais ou menos a mesma coisa que eu, acima. Que em vista do descaso e dos maus tratos vividos por essas crianças indesejadas, seria uma misericórdia então, não deixá-las vir ao mundo para sofrer. Gente, se até o Papa conseguiu ter esse bom senso e discernimento...

Ter ou não ter um baby envolve tanta coisa, muito mais do que um simples "quero", "não quero". Muitas vezes não é tão simples agir tanto quanto falar. As circunstâncias influenciam muito. A grande maioria das mulheres passaria por todas as dificuldades inimagináveis para gerar e parir seus filhos. E a grande maioria delas afirma que mesmo tendo passado por muita coisa, não teriam feito outra escolha na vida senão a de ter seus filhos. Mas existem a minoria (e que eu não acho tão minoria assim) e que por motivos mil não tem condições de levar a diante. E até conheço mães que amam seus filhos sem sombra de dúvidas, mas que se tivessem tido o direito de escolha, não teriam tido. Ninguém nasce sabendo ser mãe e muitas aprendem na marra, mas muitas nem na pressão, não vai. E vejo tanta coisa por aí que Deus, não é possível que "isso" seja mãe.

É um tema complicado e que divide opiniões. Mas sobretudo, deve-se respeitar a escolha alheia e o direito da mulher. E antes de simplesmente censurar ou concordar, avaliar o futuro desta fecundação. É difícil pois se trata de uma vida. É mais difícil ainda quando lida-se com gente que não tem o menor respeito e amor a ela. Não me agrada a ideia de tirar uma vida. Mas também não me agrada a ideia de ver a vida de um anjinho inocente ser roubada por maldades mil de "mães" sem escrúpulos. Mesmo assim, tento colocar os dois lados na balança. tento manter acima de tudo o bom senso, equilíbrio. Tenho opinião x, mas não deixo de ver o lado de quem tem opinião y. Tento entender, achar as razões e os motivos. E principalmente, não julgar. Pois é aquilo, a gente nunca sabe o dia de amanhã, mesmo! Estamos sendo colocados à prova em tempo integral. Se fosse hoje, ou até um tempinho atrás, levaria com certeza adiante, sozinha, me virando, do jeito que fosse. Mas hoje estou estabilizada financeira e emocionalmente. Mas em outras condições, lá atrás, na adolescência, não sei, talvez eu quisesse interromper. Um erro meu, confesso. Mas nem por isso, gostaria de fazer deste bebê um erro eterno. Difícil! Ao mesmo tempo que eu vejo motivos para levar a diante a gravidez, também vejo motivos para interromper a mesma. Acho que cada caso deve ser avaliado isoladamente. E não tirar no fim das contas, todos por um (uns). O ideal: pensar antes de fazer. Mas é foda, porque nestas horas tem-se duas cabeças, mas só se pensa com uma...

Enfim, esse é o meu humilde pensamento, daquela que não é mãe, mas se atreve a palpitar mesmo assim rs.


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