29 de outubro de 2009

“Brigar pra que, se é sem querer???”

Refrão de um rap antigo esta frase foi e é até hoje muito repetida, com propósito social. Mas, aqui no caso ela poderia se aplicar perfeitamente ao meu dia de ontem. É muito ruim quando nos indispomos com alguém. Principalmente quando este alguém é parte integrante e fundamental de nossa família. Geralmente, as brigas trazem uma sensação de mal-estar e desconforto sem igual. E o clima que fica depois? Tenso! Quem me conhece sabe: sou uma pessoa que tenta ao máximo evitar brigas, usando da minha total paciência e tolerância que mesmo estando se esgotando dia após dia com os acontecimentos da vida, as utilizo com mil conversas. Até mesmo deixando pra lá, mesmo que me incomodem ações ou palavras, para que não haja desavenças com quem gosto. O problema é que, agindo assim, deixo de me impor e ainda acumulo insatisfações incontáveis e aí, quando estou “no limite do meu ser”, qualquer gota d’ água já enche o pote.

Foi exatamente o que aconteceu ontem, entre mim e minha mãe. Eu a amo! Além dela ser tudo o que tenho, possuo grande admiração pelo que ela é e faz, não só por mim, mas com todos a sua volta. Mesmo possuindo tudo isto, não posso deixar de ver que, assim como qualquer ser humano comum, ela tem defeitos. E nem com todos os defeitos dela, consigo lidar ou aceitar! Sim, acredito que ainda mais no caso das mães (coisa que ainda não sou), erram tentando acertar e querendo o melhor para “seus filhotes” (é como elas veem os filhos eternamente, deixando-os sempre sob a proteção de suas asas). Porém, quando se adquire certa idade, queremos independência e liberdade para trilhar nosso próprio caminho e fazer nossas próprias escolhas. Certo ou errado, somos nós quem decidimos. E, nem preciso dizer que nossa briga foi por causa da divergência de opiniões.

Bom, na verdade, divergências sempre existem, e temos que tentar contorná-las com conversas e demonstrando o ponto de vista contrário, pois gritos e ofensas não levam a nada. Mas confesso: lavar a roupa suja vez ou outra é necessário. Alivia alma! O problema é que quando estamos no calor da emoção não medimos palavras e nem pesamos as consequências do que “vomitamos” em cima do outro. O que importava para mim era defender meu ponto de vista e, arrancar de minha mãe um reconhecimento de que eu tinha alguma razão naquilo que estava falando. Ela, do lado dela, como acredito ser com a maioria das mães, apelou para o lado de toda a devoção, cuidados, atenção e pela relação de amizade e cumplicidade que temos, etc, etc, etc... e brigou porque queria impor sua vontade e seu ponto de vista com relação a minha vida.

Tá, tudo bem, admito: ela não estava errada de todo. Mas o que me irritou além da forma dela falar, com certo ar de autoridade, é ela sempre achar que eu devo agir e pensar de acordo com o que ela julga certo. Não necessariamente sendo o que eu acho! Gostaria que percebesse que eu possuo certo discernimento sobre mim mesma e que, não vou fazer nenhuma loucura desvairada se esta for para me prejudicar. Sempre me gabei de ter uma mãe amiga, confiável e que respeitava as minhas opiniões, minhas decisões e a minha pessoa como um todo. Porém, esqueci de que, mesmo sendo esta maravilha de pessoa, é mãe. E, como todas as mães e filhos, brigamos. No nosso caso, o ponto atenuante da discussão é que, estando com os ânimos exaltados, falamos cada vez mais alto e então, começa uma briga – à parte – para ver quem fala mais alto, como se assim fosse prevalecer sobra à outra parte com seu discurso. Tolice pura!

Ainda em meio à briga, não consigo me sentir tão mal quanto depois dela serenada. Pois a minha mãe assume uma postura de se sentir culpada pelo meu estado de chateação ou desgosto de fazer alguma coisa por conta da nossa divergência. Aí vem meu erro: ela fica sentimental e eu fria. Minha raiva não passa tão rápido quanto a dela depois que ela descarrega o que estava engasgado na garganta dela. É como se eu tivesse a necessidade de me manter muda ou com a cara meio amarrada para reafirmar minha insatisfação. Parece até atitude de menina mimada né rsrs? Mas acredito que reforçando esta minha postura, eu forço a minha mãe a parar e pensar nas coisas que fez e falou do que simplesmente falar e meia hora depois agir como se nada tivesse acontecido. Não sou perversa! Mas tem algo que me impede de amolecer facilmente diante de um confronto... tópico para trabalhar na terapeuta!

Sei que no dia seguinte vou estar mais ou menos e voltando ao normal aos pouquinhos, depois que com calma eu conseguir com o tempo digerir tudo que foi dito. Até porque eu não aguento ficar de cara virada para a pessoa que mais amo no mundo e é quem me diz, que além de me amar muito que sou a coisa mais importante da vida dela, todos os dias. Porém, como normais que somos não foi a primeira e nem será a última vez que isto acontece. Mas sinto que a cada briga que temos, os questionamentos ficam mais sérios, maduros e com mais razões do que a anterior. Crescemos e mudamos e nossas reivindicações também. E a maneira como percebemos que podemos atingir o outro, idem. Gostaríamos que os pais parassem de nos encarar hora como adultos capazes de assumir inúmeras responsabilidades e outras nos trata-se como se ainda nem tivéssemos abandonado as fraldas.

Mas, isto é um questionamento para muitos e muitos anos mais. Pois pais e filhos possuem suas razões e verdades e cada um vai bater no peito e lutar pelos seus. Sei que brigar não é a coisa certa e não será desta forma que as coisas vão se acertar. Mas, se for inevitável. Uma coisa que tenho aprendido a cada hora que acontece: medir as palavras. Tentei ao máximo! Mas, se acuada, reajo.

Nada como um dia após o outro, e amanhã os ânimos estarão mais calmos. E quero confiar que não é a toa. Esta dor de cabeça toda vai servir para deixar nossa relação mais estreita, confiável e limpa. Se Deus quiser... E por falar em dor de cabeça... aiiiii, a minha dói!

Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Se te consola, eu passei por coisas bem parecidas quando morava com minha mãe... Eu a adoro, mas ela vai engolindo a nossa personalidade ao ponto de querer que vc vire uma boneca... E tem uma hora que não dá mais pra aguentar isso, precisamos viver nossa vida, errar, acertar sozinha...

Saí de casa e foi a melhor coisa que fiz pra mim e pro meu relacionamento com minha mãe...

Beijocas