17 de outubro de 2012

As aparências enganam...



Não acredito em coincidências. Acho que tudo que acontece, acontece por uma razão, por um motivo. Essa semana, estava lendo uma postagem que uma amiga publicou no facebook. Não sei se era de autoria dela ou não. Só sei que me tocou e acabei compartilhando. Eis que no mesmo dia, à noite, fui à igreja na missa de 1 ano de falecimento da minha tia-avó Marina e não é que o padre leu um trecho da Bíblia e fez um discurso justamente em cima desse tema? O assunto é aparência. Na igreja, claro, voltado para a religião, o padre atentava para os "falsos católicos" que se dizem muito cristãos, são fiéis fervorosos, rezam todos os dias e vivem na igreja, mas na hora de fazer valer as lições de Deus e colocar em prática todos os ensinamentos fazem justamente ao contrário. Tem uma atitude completamente indecorosa e desonrosa perante sua religião e sua fé. Ao contrário do ateu, que diz que não crê em Deus, mas é capaz de gestos nobres e de caráter em determinadas situações, mais do que aqueles que pregam o amo divino em si.

É claro que nem preciso dizer que igreja o sermão girou em torno dos fiéis que tem atitudes verdadeiras e os que tem atitudes de aparências. Mas e na vida de um modo geral, também não é assim? Não é mais importante ter do que ser. Quantidade em vez de qualidade? Status em vez de felicidade?

Voltando ao caso da minha amiga, achei genial o texto e vou copiá-lo aqui: 

"A sociedade quer ver é status.
Dane-se se você ganha bem como pedreiro, doméstica...
Ficam mais satisfeitos em te verem trabalhando de terno e gravata, farda ou em um cargo interessante... mesmo que não esteja feliz. E às vezes não ganhando tão bem quanto sua aparência ou cargo diz.
Até quanto eu me deixo influenciar por isso?"




É a mais completa verdade! Vive-se num meio danado de preconceito, de todos os cunhos. Hoje em dia, você tem que "pertencer", ser autêntico e original é exclusão na certa. E o pior: um bando de marmanjos e mulheres feitas agindo como crianças/adolescentes. Tanto quem faz valer essa regra como quem se sujeita e estrar nela. Já vi amigos serem julgados pelas aparências, já fui julgada tb. Meu marido é vítima constante desse tipo de avaliação. E o que ganhamos sendo hipócritas e moralistas falsos? Falando do lado social, e somando o pessoal, meu marido não terminou os estudos, parou no 1° grau. Ele pode não saber literatura, gramática perfeita, a tabela periódica ou alguns termos biológicos. Pode não ter decorados datas de história e nem saber muito bem geografia, o que não faz dele menos do que alguém. Ele não é burro e nem ignorante. Só não teve tantas oportunidades na vida e as poucas que teve não conseguiu aproveitar. Mas, analisa-se uma pessoa como se analisa uma currículo? Deprimente! Pois eu achei que as pessoas fossem mais do que os ternos caros que vestem ou as jóias de grife que ostentam. Achei que elas fossem formadas por caráter, valores, um bom papo, um sorriso cativante, um olhar meigo, um ombro amigo, uma compreensão, uma discussão. Achei que as viagens caras e as nights badaladas não tornassem alguém especial e sim a conduta que ela tem com os outros e a vida. Será que é totalmente necessário saber dialogar sobre as aplicações do país na bolsa de valores em vez de um chope e o futebol de domingo? Será que é mais importante ser submisso num emprego do que autônomo feliz? Meu marido, que é porteiro, vigia ou segurança com 1 dia de dobra ganha quase a metade do meu salário de um mês, que eu consegui num emprego mixuruca, depois de passar 4 anos na faculdade, achando que o estudo fazia muita diferença. E faz sim! Não vou desmerecer! Até porque me esforcei muito, minha mãe e minha vó para que eu tivesse a chance de obter conhecimentos. Mas, quem não fez faculdade é desprovido de conhecimentos? Tem dias que ele me dá banho de sabedoria sem saber falar com palavras difíceis. Tem horas que ele me dá lição de moral da experiência de vida limitada dele. Algumas vezes, fico pasma com o tanto de coisas que ele é capaz de pensar e fazer. 

Já foi o tempo em que orgulho era ter um homem com H maiúsculo do seu lado, bom filho, bom pai, bom marido, bom amigo. Hoje, pro cara ser bom tem que ter cartão de crédito, carro de ano, apê na zona sul e viajar muito! Sinceramente, não acho que seja necessário isso tudo e acho que tem muita gente que tem tudo isso e tem conteúdo, mas quem não tem nada disso não tem nem a chance de mostrar que também tem conteúdo. cada um possui suas experiências de vida e tirou seus próprias lições delas. Isso é o bastante para fazer de alguém sábio e maduro. Ele pode ser brincalhão e bobo muitas vezes, mas isso não faz dele um 0 à esquerda. E nessa brincadeira, brincando com a vida, com a leveza de sorrisos ele vai driblando problemas que eu com a minha cara amarrada e inconformidade não consegui fazer com que eles não existissem. A cada dia eu aprendo com ele. Mas ele não é executivo brilhante, ñ anda engravatado o dia inteiro (bom, às vezes anda), não trabalha no ar-condicionado e tá longe de conseguir realizar todos os sonhos de uma só vez. Mas é feliz. Só que ele ser feliz na simplicidade dele não basta para muitas pessoas, elas querem que ele seja mais. Eu também quero, mas ñ para ostentar e sim por saber que ele tem capacidade o suficiente para crescer e chegar aonde ele quiser e não para equiparar o nível social e financeiro com o de ninguém. E ele é feliz! Com a vida dele, com o trabalho dele, com o corpo dele, com o jeito dele... e não se emoldurando dentro de padrões de aparências. Ele é honesto, trabalhado, paga suas contas e consegue realizar alguns objetivos de vida. Sabe que tudo tem seu tempo para acontecer e que não conseguir não quer dizer derrota e sim, esforce-se mais! Ele não faz tipo para agradar ninguém, não faz charme para pertencer, não precisa que aprovem o jeito dele e não liga se no final saem comentando dele por trás. Ele pode ser verdadeiro com ele mesmo, se assumindo. Mas e quem inventa um personagem e nunca consegue sair dele? deve ser muito difícil sustentar uma mentira assim, sendo alguém completamente o oposto de quem gostaria de ser.

Mas enfim... muita gente é assim  eu só posso lamentar. Lamentar e respeitar, atéo ponto que me respeitarem. Senão é lamentar e me afastar, pois não preciso que fiquem analisando meu comportamento e dos meus para criar em suas mentes as respostas para o porque não somos que nem eles.

Já me chamaram de patricinha pela roupa, de mimada pelo zelo da família, de voluntariosa porque não finjo gostar, de egoísta porque penso em mim primeiro, de metida porque não saio a distribuir sorrisos quando não quero, de antipática quando não quero sair, de falsa porque mimo meus amigos, além de dizer que tudo veio fácil para mim sem nem se dar ao trabalho de conhecer a minha história. Apenas por uma palavra, um olhar, um gesto, uma frase mau interpretada, um achismo que não se comprova mas também não se esforça para procurar saber o que é. Já peguei comentários do tipo sou demais para o meu marido ou que eu fiquei com ele por não arrumar nada melhor. santa ignorância... Já passou pela cabeça das pessoas que escolhemos ser assim, escolhemos estar um com o outro e isso nos basta? Ou é inveja ou é muita falta do que fazer!

E na sociedade de hoje, de padrões de beleza, de comportamento, de status, de aparências, de perfeições imperfeitas, quero apenas é me jogar na vida e ser feliz. E isso eu consegui. encontrando prazer aonde e com quem me satisfaz. Longe de amarras, longe de olhares maldosos, longe dos cochichos maliciosos... Não sou menos e nem mais do que ninguém. Sou apenas mais uma na luta para ser feliz. E nesse patamar, assim como nascer e morrer, somos todos iguais! E custa acreditar que eu sou feliz com alguém que eu escolhi e não que almejaram para mim?

As aparências enganam... e ao contrário, as verdades, podem decepcionar!




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