9 de julho de 2009

No compasso da canção

É, realmente...
Nada como um dia após o outro para o turbilhão de emoções virar o foco e as águas do mar se acalmarem novamente. Meu saudosismo ainda insiste... agora tem como foco momentos que inspiraram grandes sucessos tocados até hoje. Relembrados na hora do almoço por mim e meus colegas de trabalho, não só algumas bandas e seus estilos musicais marcaram época, mas também o momento em que estas canções nasceram.

Solzinho se escondendo no horizonte, fim de tarde na praia, uma água de coco e pensando na vida ao som de bossa nova. Nada melhor! Aliás, eu sou total amante de bossa nova e gostaria de ter vivido no tempo em que os melhores points eram barzinhos e praia. Um saudável, o outro aconchegante. Um para o início e o outro para o fim (risos). Visual do momento: roupas de praia! Alguns pensam que os compositores iniciantes do estilo desta época eram todos vidas-boas, originados de classe social alta do país, que podiam se dar ao luxo de sentar às 3 da tarde no calçadão e pensar em música. Verdades à parte, o movimento cultural que iniciou nos anos 50 trouxe muito mais que inovação no ritmo carioca. Começou aí a polêmica sobre sua permanência no cenário musical carioca. Vínicius, Toquinho, Tom, Miúxa, Baden Powell, João Gilberto, Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli e Nara Leão, inegavelmente, fizeram das músicas ícones de reconhecimento internacional que vestem o Rio de Janeiro. Trilha sonora perfeita da cidade! Impossível imaginar o Rio sem “Samba do Avião”, “Chega de Saudade”, “Samba de Verão” e “Garota de Ipanema”. Não dá, né?

Outro momento que gostaria de ter estado, e não digo apenas presente de corpo, mas sim com maturidade para entender o contexto do ocorrido. Anos 60. Ô época gostosa! Não só pelos bailes, sempre glamourosos, mas pelo contexto social e político da época. Havia mais manifestação e presença da população nas atitudes e decisões sobre o país em que viviam. Existia uma cobrança em cima do governo, existia mais inconformismo explicitado, movimento estudantil. A política não era tratada como algo que não tem mais jeito e que só podemos esperar o pior, e aceitar. As pessoas daquela época com certeza hoje não ficavam passivas diante de total desestrutura dos poderes públicos e falta de explicações ao povo. Era uma época forte e para acompanhar, os arranjos perfeitos de uma orquestra harmonizada com o toque das guitarras. Entre as sucessivas trocas de poder do País, surgiam, derivados dos muitos programas de tv, festivais e shows de calouros, vários movimentos musicais nesta época: Jovem Guarda, composto pelo rei Roberto Carlos, Wanderléia e Erasmo Carlos. Crescia fortemente a MPB na voz de Elis Regina! Vem também Chico Buarque se mostrando para a sociedade. Acontece o movimento Tropicália com Gilberto Gil e Caetano Veloso e Os Mutantes. No cenário internacional, surge os Beatles e... ele: Elvis! Na vestimenta, vestidinhos rodados, com bolinhas (risos), adereços como faixas e arcos faziam a cabeça da mulherada. Os homens, charmosíssimos em suas jaquetas de couro ou visual social desarrumado. Gel, muito gel nos cabelos! Até hoje as músicas de todos eles, compositores(a) e cantores(a) são tocas nas festas Ploc’s da vida e que fazem a alegria de quem viveu neste período e de outros que são fãs do estilo, mas não tiveram a chance de aproveitar na época. Mais saudosismo, não dá!

Chega o momento em que as discotecas vieram com força total entre as preferências da galera jovem. Estou nos anos 70. Época de brilhos, inovação no mundo da moda com as calças boca de sino, penteados black power era a onda dos cabelos, óculos escuros de vários modelos, botas coloridas + bolsas. Embalados pelo filme Embalos de Sábado à noite, muitos jovens saiam por aí dançando que nem Jonh Travolta. Inspirados na melodia, também surgem os Bee Gees, Gloria Gaynor, Dona Summer e Diana Ross embalando as noite da época. Neste período musical, aumentou a importação de artistas. Nossa produção “caseira” manteve-se no aguardo da febre das discos passar. Não me identifico muito com este estilo, apesar de não renegar a um sucesso marcante dessa época e requebrar meu esqueleto em qualquer pista de dança quando toca: Stayin’ Alive. E ainda levanto o dedinho, (risos).

Década que eu nasci, 80. Daí surgiram várias bandas nacionais que fazem a cabeça da galera até os dias de hoje. Para gostar do ritmo, não há idade. Em todos os lugares há fãs de Titãs, Paralamas, RPM, Blitz, Capital Inicial, Legião Urbana, Cazuza, Ultraje a Rigor, Barão Vermelho. Era do Rock! Começa aí, a trajetória do rei do pop que há 15 dias faleceu: Michael Jackson. E também Madonna e Tina Tuner. Começa a brotar os “eletrônicos” nos arranjos musicais, acompanhando a evolução do país, que entra na era da informação, computação, e adventos eletrônicos. Peso para as bandas de garagem. Acontece na cidade o primeiro Rock and Rio que proporciona aos fãs verem seus ídolos internacionais. No campo da MPB, a força vem das vozes femininas: Elba Ramalho, Simone, Marina, Maria Bethânia, Zizi Possi, Fafá de Belém, Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Rosana e Joana. Até hoje os sucessos derivados desta época são motivos de aplausos e corpos balançando quando tocam. Lembro-me de dormir ouvindo muito Engenheiros do Havaii!!!

Anos 90, e nesta época eu já grandinha, lembro que os sucessos de bandas voltadas para o público adolescente fizeram sucesso: Space Girls, Backstreet Boys, Shakira, Christina Aguilera, Britney Spears e Jessica Simpson. Ainda engataram carreira nesta década cantores com repertório mais lento como Céline Dion (dancei nos meus 15 anos, rs), Mariah Carey e Whitney Houston. Era do Pop. Mistura de estilos. Neste período surgem bandas nacionais conceituadas que perduram até hoje e são trilha sonora de momentos marcantes. Fazendo eternizar não só a música, mas um tempo, uma história, um significado traduzido em harmonias. Skank, Jota Quest e Pato Fu, Raimundos, Mamonas Assassinas e Charlie Brown Jr. Outros gêneros brasileiros começam a disputar mercado e público com o rock nacional: axé, pagode e sertanejo. A cultura rave populariza trance, techno e música eletrônica (e a droga ecstasy). Tempo musical conhecido por produzir de tudo um pouco, tendo vários ritmos para agradar a todos os consumidores.

Hoje em dia, anos 2000, o que podemos dizer que temos de bom a oferecer em termos de recordações musicais? Funk!! Com contexto e proibidões. Os mc’s tem nome de tudo. Chega a ser engraçado! Pagode: todo mundo termina relacionamento e ouve está mal nas letras. Melancolia pura! Mas até que Pixote e Sorriso Maroto emplacaram. Axé: só tem mulher rebolando bunda nas lambaeróbicas da vida. Tô sendo maldosa? Não, é claro que deve ter alguma coisa boa. Afinal, como posso eu, viver nos dias de hoje e menosprezar minha própria geração, intitulando-a de sem cultura. Bom, na verdade ela não tem é conteúdo. E coisa boa existe sim, mas é tão raro... Veio a era dos sem talentos, onde qualquer pessoa que acha que sabe cantar e tem dinheiro grava um cd. E com a esperteza nata nossa, veio logo a pirataria. Pra ninguém mais gastar dinheiro. Se comprar e não gostar, pelo menos levou 3 por 10. Depois da breve crise de raiva por não termos uma base cultural e musical à altura dos antecessores à oferecer, vou fazer uma garimpada básica: Tem Babado Novo e a consagração da Cantora Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Ása e Jamil. Tem o samba de Raiz vindo com tudo tendo nomes como Alcione, Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Revelação, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre levando a vida na maciota e com alegria. O pop teen tem seu lugar garantido com Fresno e NX0. No mercado internacional tem Rihanna, Ne-yo, Akon, Justin, Beyoncé reascendendo a chama do hip hop e, desta forma, fazendo surgir artistas brasileiros como D2, D'Black e Negra Li representantes do movimento aqui. No rock existem nomes como Detonautas, Pitty e Los Hermanos. Bandas de garagem ainda existem, mas a onda agora é aparecer na Lapa. Lá, depois do público seleto aplaudir é garantia de sucesso! Se nos anos 90 houve mistura, nos dias de hoje então é miscigenação. Na mistura dos ritmos, nasce um hiphopsambafunksoul, que os especialistas musicais estão até hoje tentando explicar, mas parece que até hoje, só o corpo sabe o significado, pois se balança no compasso da batida sem perder o ritmo! Forró, este veio com tudo (segundo o quadro da Regina Casé no Fantástico). Primeiro com Calypso, depois com Falamansa, por aí seguem demais bandas até chegar no sucesso da Norminha que aliás, é bem apropriado como tema de relacionamentos hoje em dia, onde ninguém é de ninguém e todo mundo é de alguém... entendeu? (risos) Mas enfim... o verso “você não vale nada mas eu gosto de você”, é legal! Surgem com mais força o estilo reggae. Armandinho e Chimarruts encabeçam a lista. As musicas religiosas ganham cada vez mais espaço nas rádios e até quem não é da religião está cantando... “entra na minha casa, entra na minha vida... faz um milagre em mim.” Ah, esqueci de falar, este época é marcada por sucessos momentâneos e esporádicos. Alguém canta uma música, ela estoura e toca até enjoar; o cara faz milhares de shows e ganha uma baita grana em cima dela. 2 meses depois que ninguém aguenta mais a bendita, o cantor sai do ar! Até pode emplacar uma segunda música mas a repercussão desta é fraca e ele vai sendo jogado pra escanteio. Que o diga Léozinho com “se ela dança eu danço”, acabou dançando (risos). Maldade, eu sei! Momento dos eletrônicos e derivados do tum tchi tum, que eu, não gosto e nem tenho paciência para o gênero. Na MPB, tem Ana Carolina, Jorge Vercilo, Maria Rita, Vanessa da Mata, Luciana Mello os novos nomes já muito bem tocados. E é isto... Me sinto meio desamparada de momento cultural musical no circuito de hoje, mas não posso desmerecer àqueles que tem talento, só não tiveram a sorte de aparecer numa época mais bem vista musicalmente! Só me resta os flashback’s... vida longa à eles!!!!!! (risos)

3 comentários:

Cris Medeiros disse...

A década de 60 era muita repressão em cima da mulher... Affe, não queria ter vivido nela não.. ahahah

Já a de 70 acho mais interessante...

A de 80... eu vivi intensamente...

A de 90... foi ficando chato...

nessa de 2000, Muita gente interessante e muitas mudanças tb, eu to gostando...

Beijocas

Fê Miceli disse...

Realmente, incomparável, década de 80 bom demais da conta! Pra quem era crinaça então... ainda tinha a Xuxa! rsrs

Bejinhos e obrigada por sua visistinha sempre aqui!

Vanessa disse...

Arrastou Fê!

Acho que realmente nascemos da época errada...


bjsss