29 de setembro de 2012

Correndo pra vida...



Ela abriu os olhos de manhã, olhou para o relógio tentando se achar no tempo, ainda era muito cedo. Deitou e pensou: "que bom, hoje posso dormir até mais tarde!". Mas, nem sempre o que a gente quer o corpo consegue entender. Rolou para um lado, para o outro, ajeitou o travesseiro e deu mais uma cochiladinha. Não demorou muito, abriu os olhos novamente e olhou para o relógio achando que já tinha se passado um bom tempo. 10 min. Inacreditável! O único dia em que ela poderia dormir até mais tarde, resolve ser atacada pela insônia, a falta de sono matinal que acaba tomando conta do corpo acostumado com horários regulares. Foi ao banheiro e sentiu o friozinho da manhã ainda bem forte. Pensou em voltar para a cama, se enfiar debaixo das cobertas e assistir televisão como num sossegado sábado que não tinha há muito tempo. Sem ter nada para pensar, sem ter nada para fazer a não ser o compromisso com ela mesma de relaxar ao máximo sua mente e seu corpo.

Mas o diacho da inquietude tomava conta do corpo dela também. Como se não bastasse perder o sono, não sentia mais vontade nenhuma de permanecer enroladinha na sua cama quentinha e aconchegante. "Pombas, pensou ela, o que será que acontece?"

Levantou-se e abriu a porta do quarto que dava para a varanda. A serração matutina ainda pairava no ar e dez cm ela esfregasse as mãos umas nas outras levando ao rosto, na tentativa de proteger o nariz do frio. Abraçou-se e apertou ainda mais o casaco contra o corpo e se debruçou na bancada. Poucas pessoas andavam pelas ruas, algumas com jornal debaixo do braço, outras com sacolas de pão e mercado, outras com criança, outras com cachorro e a maioria com tudo junto. Olhou para o aglomerados de apartamentos no prédio à sua frente e constatou poucas janelas abertas, lu acesa e sinal de vida acordada na terra. Pensou em voz alta: 'também, quem é louco que perde uma oportunidade dessas num dia como o de hoje?" O sol começava a dar sinal de vida, meio tímido, meio sonolento, mas indicava que iria dar as caras. Espreguiçou-se, alongou-se como de costume e entrou para o quarto tentando organizar o pensamento lento pela hora para o que iria fazer em seguida.

Lavou o rosto com a água gelada, cortante! Escovou os dente. penteou e prendeu os cabelos cuidadosamente, conferindo o comprimento e satisfeita com a praticidade dele adquirida depois de alguns tratamentos. retornou ao quarto, olhou a cama por fazer e a deixou lá assim. Fazer cama não era seu forte, e nunca seria Gostava da ideia dela estar pronta para quando ela tivesse vontade e tempo de deitar. Pegou qualquer roupa no armário sem questionar combinação entre elas se dirigiu ao restante da casa.

Andou, rodou, admirou. Aproveitou aquele silêncio da manhã que não iria durar muito para imaginar como os cômodos ficariam depois de decorados. A casa estava terminando de ser construída, junto com um casamento, junto com sonhos e expectativas. Não via a hora de ver tudo pronto, arrumado, do jeitinho que imaginou, embora soubesse que demoraria um pouco para terminar a tal da decoração. Tudo ao seu tempo repetia ela para si mesma em pensamento, mas desejando que fosse ao contrário e que pudesse realizar tudo na maior rapidez, como a sede de agora que ela continha. Ficou vagando pela casa como se estivesse num território desconhecido e perdida. De repente, ela já não sabia mais o que fazer... Uma sensação tomava conta dela, uma ânsia, uma necessidade de inovar, de fazer alguma coisa, pra ontem, já! Mas não sabia ao certo o que. Tinha em sim um sentimento de que uma boa etapa de objetivos tinha sido concluída com sucesso, além de muito esforço e sacrifício.Mas tinha vontade de mais... Orgulhou-se da sua jornada quando olhava para trás e sentia-se num momento satisfeita consigo mesma. Realizada em partes. Algumas coisas ela ainda gostaria de melhorar, modificar, Mas, quem não quer, não é? Ninguém está 100% satisfeitos com as coisas que tem, com o que é, com o que faz. E essa necessidades de mudanças, de novas metas é que nos motiva. Imagina se nos contentássemos a cada fase concluída e não tivéssemos mais expectativas? Mas, agora que passara a turbulência de preparativos e organização do casamento e a pior parte da obra da casa, sentia uma vazio como se tivesse ficado órfã. Precisava de outra coisa para colocar no lugar e ocupar seu tempo. Algo que fosse mais que uma ocupação, que tivesse um significado de importância maior do que apenas passar o tempo. E isso tudo ela pesou de pé, no meio de uma sala semi vazia. Voltando de seu devaneio, avaliou melhor sua roupa e concluiu que não dava para sair assim, rs... Voltou ao quarto, trocou de roupa, pegou seu cel e fone de ouvido e resolveu ir dar uma volta para exercitar o físico e dar asas à sua mente. Gostava de pensar embalada por canções. Voava, imaginava, pensava e achava soluções para seus problemas. Ou se permitia surtar e fazer coisas inimagináveis, sabendo que estava segura presa dentro da sua imaginação com trilha sonora seleta. Corria para a vida, corria pro mundo, corria de braços abertos para novas oportunidades que almejava ter. Corria e abria a mente e o coração na procura de encontrar novos objetivos na vida, traçar novas metas. Corria para fujir da mesmice, do sedentarismo, da conformidade e do que não podia ser mudado. Corria para entrar em uma nova vida e sair da parte da sua que não a agradava muito... Entre passadas rápidas e lentas, parando um pouco para pegar fôlego, foi sumindo entre a neblina que ainda não tinha dissipado e um raio de sol ou outro que cortava a fumaça... sem hora para voltar, sem obrigações e cumprir, apenas deixou a música, seus pés e sua vontade a levarem... Sentiu-se liberta e poderosa, realizada e feliz!


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