25 de setembro de 2012

No amor, na guerra e na relação de pais e filhos vale tudo!


"Crianças começam amando os pais. Ao crescerem, julgam-os. E às vezes os perdoam".

Oscar Wilde



Nas minhas zapeadas pela net, lendo aqui e acolá, me deparei com essa frase que muito me tocou, pela verdade contida nela. Não é uma regra, mas é o que acontece de fato muitas vezes. Acho que nem mesmo as relações amorosas são tão complexas e intensas do que relação de pais e filhos. Como eu já havia dito anteriormente, criar filhos não tem receita e os pais têm que confiar no seu instinto. Muitas vezes vão errar, mas no intuito de acertar. Na hora e no momento é a decisão certa, mesmo que o método não seja o mais adequado. E é o natural da vida, erros e acertos. Mas isso é coisa que os filhos são vão saber compreender no auge de suas maturidades e os pais são vão saber reconhecer depois dos filhos criados. 

Às vezes, até chegar esse momento e essa conclusão muita água passa por debaixo da ponte. Relações conflituosas, de abuso de autoridade, desrespeito, incompreensão, falta de aceitação. É muito tenso. Principalmente quando cada qual tem sua razão, seus princípios, seus valores e tentam defender com unhas e dentes. São insolúveis, não recuam um dedo quando querem convencer, ficam cegos como donos da verdade. Tanto pais como filhos. A facilidade é que na infância os pais são vistos como estrelas guias, como os únicos em quem confiamos, os únicos que sabem de fato o que é certo. São nosso alicerce, nosso porto-seguro, nosso espelho, nossa primeira identidade enquanto pessoas.

Mas com o passar do tempo, na adolescência, entramos em conflito muitas vezes com nossos pais porque recebemos informações de todos os cantos que nos cercam, e não somente deles. Temos várias influências, algumas boas, outras ruins, umas certas, outras erradas. O fato é que os pais se ressentem de não serem mais os maiorais. E temem pelas escolhas dos filhos, que julgam despreparados para as armadilhas e provações da vida, não estando seguros e não acreditando na educação que deram a eles ao longo dos anos, nos ensinamentos e na capacidade de escolhas e discernimento. É compreensível o medo dos pais, mas não é aceitável impor o que eles acham certos à nós, filhos, que já temos capacidade de pensar, compreender, gostar, aceitar e até mesmo quebrar a cara, errar. Já temos a personalidade formada. Muita coisa nos foi passada em casa, no ceio da família, mas as demais, vem das mídias, dos amigos, da escola e do mundo, da vida. Da troca e da relação com outras pessoas. Nessa fase, tirando quando há extrapolações, é aceitável esse embate onde cada lado quer impor seu ponto de vista e o que é melhor. Sendo que alguns pais passam do limite tolerável de respeitar as convicções, crenças, pensamentos e sentimentos dos filhos. Passam por cima de tudo, ignoram totalmente, ficam cegos de certezas e valores e se esquecem que embora sejam filhos, não são eles. Dai a revolta, as brigas sem volta, laços cortados, relações que não fluem. Todo mundo já ouviu um colega dizer que não tem um bom relacionamento com o pai ou mãe. Ou porque são exagerados, super protetores e mandões, ditam verdades. Outros porque são displicentes, não dão atenção o suficiente, tem comportamento que os filhos reprovam e na maioria das vezes cobram coisas que não fazem. E mais uma vez hoje, com meus 29 anos, prestes a ser mãe a qualquer momento, ainda sim digo que nunca nem pais nem filhos vão corresponder 100% as expectativas geradas em torno de atitudes, de afeto, de ensinamentos. Algumas vezes esses erros tornam-se marcas para o resto da vida, que viram mágoas e que viram grandes muros em vez de pontes.


Por isso, na maturidade, às vezes é difícil esquecer ou tentar entender coisas que foram ditas e feitas lá atrás, mesmo que sem o intuito. Agora, não cabe mais ao filhos provarem que são competentes e podem controlar e decidir suas próprias vidas. Cabe aos pais esperar por uma absolvição, uma compreensão, uma esperança que depois da chegada dos netos, as ações sejam melhores entendidas, de mãe para mãe, de pai para pai. Quantas vezes ouvimos ao longo da vida:"quando você for mãe, você vai ver, vai fazer a mesmo coisa, vai ser exatamente assim!". Muitas vezes o excesso de cuidados e de zelo se repete, alguns vícios de criação e educação também, pois as pessoas acabam repetindo o que vivenciam. Mas não é uma regra. Podem ser completamente mais mente aberta, ter diálogo mais fácil, serem mais maleáveis, fáceis de serem dissuadidos. Eu, particularmente acho que existe sempre um meio termo dentro de cada um. Como um parâmetro. Que exemplos devo seguir e os que devo ignorar. Seria fácil se todos fossem bem resolvidos assim, mas tem gente que não é. Reprovam sua criação, mas acabam criando os filhos da mesma maneira. Outros, surpreendem. Porque na verdade, a gente nunca sabe o que vai acontecer, o que é o certo. O que é certo pra mim pode não ser para outros. A escola, lugar onde dá-se a segunda educação da criança e o contatos com outras culturas e realidades diferentes é um ótimo lugar para isso. As próprias mães no portão da escola reprovam e aprovam atitudes umas das outras como se cada uma fosse a dona da verdade. Opa, olha o bom senso, minha gente! Nem sempre o que funciona na minha casa vai funcionar na casa do meu vizinho e vice e versa. E nem a grama dele é mais verde do que a minha, como os filhos em idade um pouquinho mais avançada adoram achar. Que os pais dos coleguinhas são o máximos e os dele um saco. Lá pode tudo e na em casa não pode nada. Lá os pais são passivos e conversam e na sua casa são só ordens. Mas você não vive na casa do fulaninho a semana toda 24h por dia. Pode ser que lá aconteçam as mesmas coisas que na sua casa. A diferença pode ser a forma de cobrar, de impor, de colocar as coisas.

Sei lá, falo, falo, falo e sempre tenho a certeza que ainda há muito assunto, muitos ramos dentro de um mesmo assunto para serem abordado sobre esse tema. Poderia escrever páginas e mais páginas. mas a conclusão, para não me estender mais é que a frase tem grande impacto porque a sociedade supervaloriza o reconhecimento aos pais. Mas se esquecem que sendo eles humanos e falhos, podem ser reprovados pelos filhos. O que seria normal. Mas em uma sociedade engessada por padrões, com moldes de família e cercada de falso moralismo não poderíamos esperar mais nada do que achar essa frase a mais descabida possível. Hoje em dia, ainda bem que essa 'realidade' vem mudando um pouco, já que a faixa etária entre pais e filhos estão mais próximas. Se é certo ou errado ter filhos cedo demais não vem ao caso, mas as mentes se parecem e caminham juntas acompanhando a evolução do mundo, da tecnologia, de pensamento, de atitudes e fica mais fácil o diálogo, mais leve a relação. O que também não é uma regra, visto que na minha casa várias gerações da família se entrosavam super bem e não existia esse conflito de gerações. Aprendemos a conviver com a constante transformação do mundo e conservar o passado. Não é tarefa fácil, mas com pouco de esforço é possível!

Cada filho que nasce é uma página em branco a ser escrita. Pode ser o 10° de uma família, mas nenhum é igual ao outro. Cada um vai ser único em sua maneira de pensar, de se comportar, de agir no mundo, de deixar sua marca, a sua personalidade. Cabe aos pais educar mas também respeitar. Saber dar espaço para  o filho, sem ser invasivo, autoritário. Cabe aos filhos ter limites com os pais também. Não confundir amizade com autoridade! Por mais amigos que sejam ainda são pais e devemos obediência sim, satisfação sim, pelo menos enquanto vivermos às custas dele. E cabe às famílias, de um modo geral, estimular mais o diálogo, a paciência, a educação baseada em exemplos e não meras palavras. O mais certo é que cria-se os filhos para o mundo e não para os pais. Eles vão passar por mil provações. Estejam ao lado, mas não andem com as pernas deles e nem façam por eles o que eles tem que aprender a fazer, que é se virar. A maior prova de amor é mostrar aos filhos que estarão sempre ali caso eles fracassem, tenham medo, dúvidas. Mas estimule-os a crescerem com as próprias convicções e tombos. Sejam os pais que vocês gostariam de ser ou ter e não os pais que seus pais foram, ou os pais que dizem que 'tem que ser'. Ser pai e mãe não é ter que provar que é suficiente, que é bom, que é certo, que dá conta, que é perfeito, que é maravilhoso, que é sábio... nada disso. Ser pai é mãe é amar, ser presente, zelar, cuidar, educar, apoiar na medida certa. Sem exageros! Sem faltas! É um dos únicos papéis na vida que não pode-se dar o luxo de errar, voltar e tentar de novo. É fazer da melhor maneira possível, acreditando em si e na sua capacidade. Porque a maioria das coisas que vai acontecer com os filhos, não depende da criação dos pais, ou independem da vontade deles. Eles fizeram a iniciação dos filhos no mundo, mas o terminar da história deles, eles é que vão escrever! Então relaxe... não encare como uma árdua tarefa, de uma responsabilidade com o peso do mundo. A relação de cumplicidade, de harmonia trata de ajeitar as coisas e de fazer com que os filhos de um modo ou de outro sempre queiram os pais por perto, fazendo-os participar sempre de suas vidas. 

Volto a dizer: é a relação mais tensa, conflituosa, intensa e misteriosa do mundo. Mas é inexplicável mesmo assim o amor de pais e filhos. Admirável como apesar de tudo, há reconhecimento, admiração e agradecimento e amor. É uma relação mágica, que ninguém explica ou entende com a perfeição que ela merece. Ela apenas... é!




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