21 de setembro de 2012

O peso da responsabilidade!



À noite, na falta de bons programas para assistir, fico vendo o canal Discovery Home & Health. Neles são retratados programas baseados em fatos reais, no cotidiano das pessoas, de famílias. É abordado frequentemente a questão do relacionamento, do bem estar e saúde. São assuntos aparentemente distintos, a única conexão que vejo entre eles é o peso da responsabilidade de fazer direito. Não se permitir errar, ser perfeito. Grande parte dos problemas expostos nesses programas, principalmente os de relacionamento é a grande dificuldade de enfrentar problemas ou momentos difíceis. E não se trata de boa vontade ou não enxergar aonde está o problema. Quer dizer, algumas vezes até é, mas na maioria é falta de despreparo mesmo, emocional. Falta de organização pessoal. Falta de racionalidade para enxergar prioridades. Falta de foco para persistir em alguma coisa ou bom senso para desistir ou mudar o rumo das coisas. O que acontece é que ninguém está totalmente preparado para enfrentar os desafios da vida. Ninguém está totalmente certo do que vem pela frente. Não existe uma escola ou ninguém que nos ensine a fórmula para fazer dar certo. Na prática, a coisa dobra de proporção do que na teoria e ninguém nos diz o quanto isso é difícil, o como é complicado lidar com certas coisas e situações e, principalmente, o quanto é difícil abrir mão de algumas coisas, principalmente de nós em prol do outro.

Para exemplificar, um caso típico de uma família tradicional com filhos e alguns problemas estruturais. Um culpa o outro, culpa os filhos, culpa o tempo, o dinheiro, a vida, os problemas que nunca deixam de acontecer, o trabalho... mas o fato é que essas pessoas não se prepararam para enfrentar algumas etapas na vida. Simplesmente, porque não há uma preparação específica. Mães e pais se penitenciam quase que diariamente com a obrigação de acertar na educação e criação dos filhos. Na percepção do que é melhor, o que funciona e a responsabilidade de guiar e construir valores em um ser. Aliado a isso, ainda vem os demais da vida que não se pode deixar para trás: trabalho, serviço da casa, a rotina, o tempo que é corrido, família, amigos, compromissos sociais, saúde. Administrar tudo junto não é moleza e principalmente não é qualquer um que tira de letra. A maioria apanha para aprender! Casais sem filhos também podem passar por essa situação. Casamento é muito diferente de namoro, é uma união de noite e dia, onde temos que aprender a abrir mão e ceder, aceitar e entender, que não dá pra ficar brigando toda hora e que os defeitos tomam proporções bem maiores e alguns já não são tão fofos assim quando temos que lidar de perto e diariamente. É um aprendizado constante e muitos casais se sentem cansados, sentem um peso nos ombros com a obrigação de fazer dar certo e não ter a responsabilidade caso não dê. Não existem regras onde cada caso é um caso. Cada família verá que funciona adotar certas técnicas de educação e outras não. Certos casais vão conseguir se encontrar mais fácil na convivência e intimidade e outros não.

Na verdade não é complicado, mas as pessoas não estão preparadas para passar por processos em busca de um resultado final. Elas já querem o final feliz, sem trabalho. Nem em contos de fadas, né? Vários filmes retratam esse cotidiano e o que me vem a cabeça agora é "Marley e eu". Onde, em determinado momento do casamento, tendo que conciliar a maternidade/paternidade (indesejada) com a profissão, com o cuidar da casa e mais com as frustrações de mudanças de rumo da vida fazem o casal surtar. A cena é até um pouco cômica, porque a culpa vai parar totalmente no cachorro. Ou seja, o casal fez todas as escolhas erradas e a culpa sobra para o cachorro que latiu na hora errada, acordou o bebê que começou a chorar e que já estressou ainda mais a mãe estressada que estava cansada e sem dormir, tinha que cuidar dos outros filhos, trabalhar e gerenciar o lar. Já recebia o marido cansado das mesmas reclamações, frustrado sem o emprego ideal, sem perspectivas e que desconta na 1ª pessoa que vê na frente sua raiva: a mulher ou os filhos. A carga emocional era tanta que a relação do casal começou a ficar abalada à beira da separação. Num momento onde precisavam de união, a desunião e a procura em quem jogar a culpa era tudo que restava. Ninguém quer se responsabilizar pelas decisões, pelos atos, pelo errado. O que todo mundo quer é jogar nas costas do outro a responsabilidade de nos fazer felizes, pois caso isso não aconteça, já sabemos aonde jogar a culpa.

Gente, o princípio fundamental é: ser sincero com você, com sua vida e com suas vontades. Se nós não nos realizarmos, não haverá acontecimentos que nos satisfaçam. E insatisfeitos, não conseguiremos ter leveza e sentir prazer na vida que estamos tendo. Se o casal ou a mulher não quer filhos, então conversem sobre isso e se previnam. Casem os objetivos. Porque uma gravidez indesejada só vai piorar a situação com pais despreparados. Se um casal não tem certeza se quer ficar junto de fato, não espere casar ou juntar as escovas para concluir que não era bem isso que queria. Se você tem um sonho e acredita nele, lute e vá até o final ates de abrir mão e passar para uma próxima etapa na sua vida para não se frustrar. Se você quer curtir a vida e não cuidar de uma casa, família, espere o seu tempo. Pois acredite, as preferências, os gostos, as certezas e as vontades mudam de acordo com o passar dos anos e com as situações vividas. Ninguém é obrigado a assumir uma situação e levá-la como se fosse um fardo. Preparado ninguém nunca está. A questão é que a grande maioria se vê enredado numa situação que não queria e obrigado a se virar nela, sem querer. Ai, a dificuldade das coisas triplica.

Nas madrugas da vida, fico nessa reflexão. O medo de arriscar e incerteza todo mundo tem, seja para começar um namoro, morar debaixo do mesmo teto, resolver ter filhos, morar sozinho, mudar de cidade, arrumar um novo emprego... sempre tem uma situação nova que nos deixa com a pulga atrás da orelha. A chave é, se queremos entrar de cabeça em alguma dessas situações  ou outras vamos nos esforçar para achar o caminho do sucesso. Agora quando é contra a nossa vontade a negativa vai ser eterna. Muita gente se deixar levar sem bater o pé firme em seus propósitos e depois, dependendo das escolhas, não tem volta.

É... crescer dá muito trabalho. Não se tem certeza de nada, não se tem manual, não se tem garantia, não se tem a fórmula certa. É tentar, é arriscar. É tirar suas próprias conclusões do que funciona ou não. Mas sem neuroses. Não se obrigue acertar sempre. Errar é permitido. Não adianta surtar quando a coisa fica feia. Isso não vai resolver o problema e você ainda vai ter outro: o que você mesmo está criando com as suas atitudes. Hoje em dia eu vejo muita gente desistir muito fácil, cansar muito fácil, virar as costas muito fácil. São tantas as opções de vida e caminhos a seguir que a pessoa fica pulando de galho em galho que nem macaco e nunca consegue se conhecer o suficiente para acertar nas suas decisões. Óbvio que ninguém é obrigado a persistir num erro ou continuar insatisfeito, seja com emprego, casamento, família, amigos, com uma vida que não planejou. Ou até planejou mas não saiu como o esperado. Mas antes de sair por aí enfiando ainda mais os pés pelas mãos, se permita se conhecer, se permita se entender. Errar é permitido, voltar atrás também. Só não dá pra fazer disso um hábito e com isso não chegar a lugar nenhum! A única coisa que a vida te obriga é a se posicionar. Agora como se posicionar, cabe a você.

Pense em tudo isso como se fosse uma dieta. Aquela bendita que você nunca consegue levar até o final e vive burlando com lanchinhos na madrugada, saindo do regime no final de semana e prometendo compensar de segunda a sexta. O único prejudicado somos nós mesmos, que cada vez mais, com essas atitudes, nos distanciamos do nosso objetivo. O boicote vai cair na nossa própria conta. E não adianta colocar a culpa na sua melhor amiga que sabia que você estava de dieta e te chamou para um barzinho cheio de petiscos e bebidas ou no seu namorado que te presenteou com uma caixa de bombons. Ou no chefe que te encheu de trabalho e você teve que comer um fast food. Sem esforço e força de vontade não vamos a lugar nenhum. A tentação pode estar na nossa frente, mas ninguém nos obrigou a esquecer nossos princípios e comer. Nós tomamos essa decisão! Então, se em vez de perder quilos, ganhar mais, vamos nos responsabilizar por isso. Algumas pessoas comem muito e nunca engordam, outras comem pouco e engordam horrores. Assim é a vida, generosa com uns e impiedosa com outros. Algumas pessoas saberão se virar com facilidade, outras nadam em círculos dentro de uma piscina a vida toda. Mas, independente das atitudes e decisões tomadas, os únicos responsáveis pelas nossas vidas, somos nós!



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