18 de setembro de 2012



Domingo, eu e a turma do sapateado resolvemos assistir ao espetáculo do Steven Harper, o mestre dos mestres. Tive a grande oportunidade de ser aluna dele por uns meses na Débora Colker quando trabalhava na Glória. E foi com ele que aprendi a verdadeira técnica do sapateado. A primeira lição que ele nos deu foi: "o som vem dos pés, mas é o corpo quem dança". A 1ª impressão é uma frase estranha, mas na prática acabamos contatando exatamente isso. A maioria dos sapateadores apenas repete movimentos e emite sons dos pés, mas se esquecem de dançar. Ficam parecendo marionetes ou bonecos de Olinda. Sapateado é irreverente, descontraído, livre de regras e normas a não ser, fazer barulho - no bom sentido!

Lá, os bailarinos tiravam até som do silêncio. Som das vontades próprias. E muda de ritmo e muda o batuque e muda a pisada. Tudo muda o tempo todo e nos faz crer que é possível, nas mínimas do dia-a-dia, sapatear. Todos os espectadores saíram de lá com a impressão que sapatear é fácil e acredito que muito se matriculariam na primeira academia que visse pela frente. Mas sapatear não é fácil. É uma arte. Exige muita técnica, coordenação e ritmo. Além disso exige preparo físico para executar sequências lindas porém trabalhosas. Tem que ser preciso. Uma batida fora de hora pode estragar todo o grupo. Tem que ser dançado, como já falei anteriormente. Só que a preocupação com o pé é tanta que quem paga é o resto do corpo. Tem que ser vivido, pois é uma dança mista mas livre. A musicalidade vem da alma. Sinta o sapateado como nos grande musicais da Broadway. Dance na chuva, no quarto, na rua. Acorde dançando, durma dançando, viva dançando; pois é vital existir dança nas veias e nos pés como se não houvesse amanhã. Ficamos boquiabertos do início ao fim até porque o grupo é de tirar o fôlego. As mais difíceis sequências eram executadas por eles e tidas por nós como as mais fáceis do mundo. Incansavelmente, de diversas formas, ouvia-se som dos pés e do corpo. O corpo até parecia exausto, mas a alma, leve e soberana. Alguns instrumentos musicais e objetos ajudavam a compor a cena e a dar um up a mais. Passavam a contracenar com os bailarinos até se tornarem um só. 

Vimos vários passos dados em aula e como devem ser realizados de fato. Alguns nos eram muito familiares. Outros não tínhamos tanta intimidade assim, rs. Saímos de lá encantados e com vontade de fazer mais. Sou suspeita, porque o sapateado é a dança onde eu mais me encontro, é a que eu mais gosto, a que eu mais tenho facilidade de dançar por poder compor meu próprio personagem. Tenho liberdade para criar movimentos de corpo. Tenho liberdade para me expressar.

Fui pra casa mais leve e sapeando pelas ruas, lógico. Meu consolo é que não fui a única! kkkkkkkkk...
Sapateado contagia e a loucura também



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