15 de maio de 2011

Sobre "O adeus à lógica"...

Mais uma vez, enquanto eu buscava as palavras certas para falar sobre esse assunto, eis que abro o jornal de domingo, na coluna da Martha Medeiros, e me deparo com um texto falando exatamente aquilo que eu queria falar. Mas, o texto era de uma precisão de palavras e sentimentos, que desisti de tentar depois de lê-lo. Era perfeito! E, eu me vi nele, em dados momentos de minha vida: dor, sofrimento, transição, decepção, angústias e dúvidas.

Podem deixar, não vou transcrever o texto todo aqui, vou apenas colocar alguns trechos que eu achei imprescindíveis para que se entenda a essência dele. O assunto como sempre é a lógica, ou a falta dela, aqui, no caso! Em como tentamos com muito ardor entender e dominar os sentimentos. E, como não é possível, nem sempre, ou quase nunca, nos frustramos. E passamos a viver em busca de explicações para tudo que nos acontece, de bom e de ruim.

Cara, eu sou muito assim. Tudo que me acontece, eu procuro uma razão para tal, uma explicação. Mas, não somente uma explicação. Tem que ser uma que além de tudo me convença. Porque se não conver, ainda fico matutando e achando que não é bem isso e não sossego. Encuco que é outra coisa, uma neura puxa a outra e quando eu vejo viajei legal nas minhas concepções dos "porquês" alheios: não quero, não tô a fim, não é mais assim, as coisas mudaram. Passei uma temporada considerável na terapeuta e confesso que na turbulência de sentimentos, pensamentos e compreensões que eu me encontrava, me ajudou muito. Principalmente, a aceitar! Aceitar, antes de mais nada que por melhor que eu seja, nunca vou agradar ninguém 100%. Portanto, manter minha autenticidade era a melhor coisa, pois mudar não garantiria em nada a permanência de alguém ao meu lado ou a satisfação dessa ou daquela pessoa para comigo.

Tá legal! Me aceitar, até que eu já consigo. Não o tempo todo e em tudo, mas já mudou bastante! Mas, aceitar as inconstâncias dos outros, ainda não aprendi. "Rendição é a minha maior dificuldade. Eu me exijo desumanamente. Tenho a impressão de que se eu não tiver uma vida bem argumentada ela vai se esfarelar em minhas mãos. Sou garimpeira, quero sempre cavucar a razão de tudo, não consigo dar dois passos sem rumo determinado", trecho retirado de um livro da autora, de muito sucesso por sinal, sobre uma mulher em conversa com seu analista. A partir da leitura desse trecho, me achei! É exatamente isso: eu tenho que tentar entender tudo para tentar obter o controle das situações e não ser surpreendida pelo inesperado. "Toda emoção é inconstante, toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável, e sorte de quem aprende a se equilibrar nessa gangorra". E, como muito bem diz mais um pedaço do excelente texto " tento me libertar do que considero minha maior virtude e ao mesmo tempo meu maior entrave: racionalizar tudo. Demais. Pensar é um bom hábito, mas pensar o tempo todo, em tudo, é nocivo, principalmente quando se está vivendo um grande abalo emocional... após sofrer uma série de rupturas e tentar entender o que aconteceu, e como, e quando, e por quê". É nesse ponto que mais nos sabatinamos com essas perguntas, em tempo integral. E quanto mais a gente pensa, mais as respostas simples nos parecem as menos prováveis. E, como recusamos todas as alternativas, as prováveis e improváveis, nenhuma então, nos serve. E sendo assim, não obtemos as explicações, razões e coisa e tal que tanto buscamos.

"A maioria das pessoas, quando em estado de sofrimento extremo, pensa até a página dois. Dali por diante, desiste de encontrar razões que fundamentem sua devastação e tratam de chorar, chorar até que um novo dia amanheça, porque sempre amanhece. Elas vivenciam o luto, perdem a elegância e xingam os deuses, pois sabem que todo sofredor tem crédito na praça, pode pirar durante um tempo que os amigos seguram a onda. O que o sofredor não pode é tentar buscar alguma lógica para o que está sentindo, porque a emoção não tem lógica, as coisas dão certo e depois não dão, as pessoas dizem que te amam e depois desamam, de manhã você está infeliz e no meio da tarde se anima e só há uma explicação: a vida é assim! Para alguns, essa explicação basta. Para outros, essa explicação só pode estar sonegando alguma coisa. Não toleram tanta simplificação. Que vida é assim, o quê!"

Bom, depois dessa tradução simples e rápida do que a gente, que visa entender o mundo, as pessoas, as coisas e a nós mesmos nos martirizamos para alcançar - e nunca vamos conseguir - não me restam mais palavras. Por aqui eu fico com a certeza de que alguém, conseguiu me entender, entender como eu ajo e porquê. Só não consegui entender ainda, na prática, como é que se faz para não fazer mais assim...



PS: os trechos citados acima, retirados da coluna dominical de Martha Medeiros, do Jornal O Globo, são do livro DIVÃ, que ganhou às telas de cinema e, recentemente virou minissérie.

Mercedes, a mulher madura e indagadora, inspiradas nas mulheres comuns de cada uma de nós,
é um sucesso porque intriga, porque comete erros, porque se condena, porque se arrisca e vive,
mesmo sabendo que poderá cair logo ali, há diante.


Tenham uma excelente semana!

2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Buscar o porquê de tudo é algo tão intenso em mim que me cansa... rs

E a Mercedes realmente traduz bem o que seu post quer passar.

Beijocas

Talita Barroco disse...

É amiga, entender esses "porquês" é a tarefa mais dificil da vida. E será que sempre temos que entender e analisar tudo?
Muitas vezes nem as pessoas que estão ao nosso lado sabem exatamente o "porquê" de ter feito alguma coisa... é tudo muito inconstante!

Oh coisinha complicada, né?! rs

Bjs