20 de junho de 2011

E o que é que nos falta, afinal?

E o que é que nos falta, afinal? É essa pergunta que me faço todos os dias. A humanidade está denegrindo quando se fala de valores, ética e moral. Estamos nos matando aos pouquinhos numa guerra de egos e de pontos de vista. Ninguém mais aceita ser contrariado e sua vontade, certa ou errada deve prevalecer sempre!

Acordo pela manhã e já me deparo com violência no rádio e na tv. Lugares que deveriam sim, nos manter informados, mas que às 08h da manhã deveriam também nos trazer boas notícias; programas matinais de culinária, que antes só nos ensinavam receitas agora nos prestam serviços de informar, quase que em tempo real. Violência e mais violência nos arrebatam ainda na mesa do café-da-manhã, e mal temos tempo de nos chocar e revoltar com uma notícia que já vem outra em seguida, bem pior.

Professora em escola de São Paulo é atacada por mãe de adolescente que foi chamado atenção porque estava com comportamento inadequado em sala e a professora pediu que ele se retirasse. A mãe não concordou com essa atitude e deu uma surra na professora. Professor no Egito, ainda educa seus alunos com o uso da palmatória, proibido em muito países. Com a desculpa de ensinar pela dor, ele espancava mãos e costas de crianças, mas sem sequer olhar seu cadernos e deveres. No Rio, aluno agride professora e depreda seu carro porque não concordou com a nota que ela havia dado a ele. Isso, depois de perseguir a professora, fazer terror psicológico e a aterrorizar por telefone.

Constrangimento, vergonha, sentimento de impunidade é o que une esses três casos. Vítimas de Bullying, com certeza! Acerta quem diz que isso acontece geralmente, nas escolas. Mas, não são só os alunos que sofrem com isso.

Fico me perguntando aonde vamos parar... A maioria das pessoas diz que é problema de educação. Concordo! Outras tantas dizem que a culpa é das escolas que não são mais tão rígidas como antigamente. Concordo em termos! Todo processo de desenvolvimento e crescimento gera mudanças e se não houver mudanças na educação junto com a mudança de hábitos e costumes e de ações da sociedade, não vai haver uma ponte, necessária à troca de informações imprescindível para o conhecimento. Mas também, não pode ser tão livre, tão solto. Deve-se aprender que ainda há regras e que devem ser cumpridas e respeitadas.

Acho que o problema é mais fundo. A educação tá longe de ser satisfatória? Sim. Mas há um fator muito mais importante nesses casos de educação de crianças e adolescentes de que estamos esquecendo. Fator fundamental: os pais. Faltam pais, minha gente!!! Pai e mãe que tenham o papel chato de educar. Ensinar os princípios básicos para um ser humano viver em sociedade. Ensinar o certo e o errado. Ensinar valores. Dar limites. Impor regrar. Colocar de castigo, dar uma palmadinha vez ou outra porque não traumatiza e nem é espancamento se dada na medida certa e pelo motivo certo. Figuras paternas e maternas que se mostrem ao lados dos filhos e dispostos e ajudá-los, por mais que eles façam besteira. Que ensine o caminho certo. Ou até mesmo, que os façam penar para que aprendam que a vida não é moleza e que cada um de nós temos que nos responsabilizar pelos nossos atos. Por mais dolorido que isso possa ser. Isso é amar! Isso e educar!

Mas hoje o que vemos são famílias cada vez sendo construídas mais cedo, sem estrutura sólida para se manter. Pais e mães tem que trabalhar para sustentar a casa e os filhos, estudar e se especializar para se manter no mercado de trabalho e dar o que chamamos de "conforto necessário" aos filhos: educação, alimentação, lazer, saúde, educação e outras coisinhas mais. Com isso, surge uma nova geração de mães: as babás. cargo até pouco tempo atrás rebaixado pela sociedade e que hoje em dia é considerado de suma importância, com salários altíssimos. Cabe a elas educar e fazer o papel de mãe, senão em tempo integral, na maior parte do dia, mais ou menos até a hora que a criança janta e dorme. Então, os pais biológicos chegam. E já perderam boa parte do dia sem a presença dos filhos. E já não fizeram parte dos ensinamentos diários que lhes são dados, desde bebezinhos quando eles começam a andar e se interessam por tudo e querem mexer em tudo. As palavrinhas simples como: "sai daí"; "não mexe aí", "não pode" já servem para começar a nortear essa criança, que desde pequenininha vai saber que naquela casa existem regras e limites a serem cumpridos. E que alguém cobra. O problema está quando ninguém cobra da criança ou do adolescente postura e disciplina. A babá não o faz porque acha que é papel da mãe. A mãe não o faz porque tem que trabalhar e estudar para manter o filho e a casa. Sobra pra quem? Para a escola. Professores hoje ganharam o cargo de educadores porque na maioria das vezes, independente de ser escola pública ou não, tem que desprender atenção para ensinar as coisinhas básicas que essas crianças e adolescentes não aprenderam em casa. Tem que ser professor, mãe, pai, amigo, e educador. Multitarefas. E alguma delas vai ficar defasada! Quando se é pequeno, por mais relutante que a criança seja, acaba entrando nos eixos. Mas adolescente, não admite mesmo! Se até agora ninguém o repreendeu, porque uma mera professora há de fazer? E assim, minha gente, crescem nossos filhos e filhas, desmedidos, inconsequentes, intolerantes, insanos mesmo. E quanto maior o poder aquisitivo, maior é o preço que se paga. Pois alguns pais exageram nos "mimos" a acreditam que podem compensar a falta da presença deles com presentes, viagens, roupas, saídas, equipamentos de última geração, carros... Não que tudo isso não seja bom, mas com consciência, com limites. Para que o filho não cresça se achando o dono da verdade e que pode tudo, simplesmente porque teve tudo.

Claro que nem sempre acontece como estou pintando aqui, a verdade sob meu ponto de vista. Eu sou um caso vivo para provar. Sou de família classe média baixa. Sempre tive tudo que quis e precisei. Mas nunca fui mimada. Desde berço foi-me transmitido valores de família, de sociedade e de relacionamento que procuro seguir. Foram-me impostas regras e limites. E o principal deles foi o respeito. Todo e qualquer ser vivo merece e deve ser respeitado. Ponto final! Minha mãe, também por ser professora, ajudou a me conscientizar e a me preparar para viver num mundo que não existia só eu. E num mundo que existem também frustrações, decepções que independem da minha vontade. Hoje eu ganho, amanhã eu perco. E não tenho que sair por aí xingando, matando, batendo em Deus e no mundo. Que a vida é a lei do retorno e tudo que eu faço, de bom e  de ruim, volta para mim, da melhor ou da pior forma possível. A escolha é minha. sou responsável pelos meus atos pela vida a fora. Não cresci traumatizada nem voluntariosa. Cresci admirando o esforço que minha mãe fazia para nos manter. Cresci, ouvindo as histórias dela do trabalho e me orgulhando do trabalho difícil, pouco valorizado e que só sofre reclamações. Mas ninguém vai lá, pára de reclamar, bota a mão e faz melhor. Já se faz o melhor que pode! Cresci sabendo dar valor à coisas e à pessoas. Mas, pessoas como eu, sei que são poucas. E não me orgulho disso!

Hoje, o que vejo? Crianças e adolescentes saindo das escolas xingando, batendo no colega e os demais em volta apoiando. Pichando muros e ruas, destruindo praças, maltratando animais e idosos, ameaçando professores, destruindo seu próprio patrimônio que é a escola e com a conivência dos demais. E quem vai colocar ordem na casa? Quem o for fazer é óbvio que vai ser o crucificado da história! Ninguém gosta de mudanças, ainda mais se for para corrigir.  O ser vive livre - que é sinônimo de largado, sem ser repreendido, sem ser cobrado e a sociedade vendo-o crescer como coitadinho - que ele não é. Quem se atreve a mudar esse cenário ainda é o errado da história!

É lamentável, é triste, é desanimadora essa realidade em que vivemos e que nos cerca. A cada dia que passa fico me questionando se é possível melhorar. Quero acreditar que sim, mas acho que não! O mundo precisa do trabalho de todos para expadir, evoluir e crescer. Os lares precisam ser sustentados. E a realização pessoal e profissional não pode ser deixada de lado. Mas existe alguém, de dentro de cada casa que precisa de nós, de atenção, de carinho, de bronca e castigo. Ser amada, ser acarinhada, ser colocada nos eixos e ter limites. Não podemos construir o mundo e negligenciar nossos filhos. Apontar para o outro e se esquecer de fazer a sua parte. Com intenção ou sem escolha papéis de pais tem que ser ocupados. Acho que é o único cargo que é pessoal e intransferível.

Boa sorte às novas gerações!!!



"Educação é o que resta depois de ter esquecido tudo que se aprendeu na escola"
(Albert Einstein)

2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Um dia desses conversando com uma amiga, chegamos a conclusão que o que anda faltando é crer em Deus, mas não é viver enfiados em templos, mas crer que uma força maior rege tudo isso e o que a gente faz sempre retornará de alguma maneira.

Beijocas

Fê Miceli disse...

Isso tb é muito importante. Ng se importa mais com os outros!!!

Bjs