30 de dezembro de 2010

Geração 0




Estes dias, percebi que um assunto muito me preocupa: como estará a nossa sociedade daqui há alguns anos nas mãos de pessoas que hoje são os nossos jovens e adolescentes, que têm entre 17 e 30 anos? Sim, digo isto porque, cada vez mais percebo que esta nova geração é conteúdo 0. Não estou generalizando, nem poderia, óbvio, há sempre aqueles que se destacam na multidão, mas olha, hoje em dia são raros.


Esta galera que acaba de sair dos bancos escolares com a cuca fresquinha de informação, se parar para conversar e a gente fizer alguma pergunta específica de português, ciências, história, geografia, é um tal de "não sei", "não lembro", "ah, sei lá..."! Então, cassete, como foi que passaram de ano? E não é só aluno de escola pública que age assim não. É de modo geral! Se a gente debandar para conhecimentos gerais então, ferrou tudo de vez! Vai sair cada pérola, que nem te conto.


Fico pensando aqui, cá com os meus botões, se a culpa é da escola. Já que eu, meus primos, muitos amigos que estudamos em escolas públicas, nos demos bem na vida e conseguimos nos destacar pessoal e profissionalmente. Tá certo, o ensino público no Brasil deu uma caída nos últimos anos, mas será que é só por causa dele que esta geração de jovens alienados mais parecem zumbis mecanizados? Acredito que não! Acho que o interesse vai além das salas de aula e ultrapassa os muros da escola. Está em cada um. Em se interessar e correr atrás de novas fontes de conhecimento. A escola ajuda a expandir e disseminar o conhecimento, mas muitas coisas, não se concentram lá. Está no mundo! Mas, as pessoas não veem. A juventude de hoje parece alienada à tudo que acontece a sua volta e só liga para jogos, celulares, msn, orkut ou seja, geração tecnologia. Mas investir em si, baseando-se em conhecimento, saber um pouco do mundo, da história da sua cidade e consequentemente, a historia de cada um, necas. Parelaleamente, somos a geração Y, conhecida por realizar um monte de tarefas ao mesmo tempo, acostumados com a velocidade tecnológica, digital e de informação e conhecimento. Mas, ao mesmo tempo que faz-se muita coisa, sabe-se muito pouco.


Gente, posso estar falando aqui e vocês visualizarem coisas mais complexas do tipo saber ano de centenário, fórmulas e tabela periódicas ou ser um expert em gramática, não é isto. Coisas banais como o nome do nosso atual prefeito, as conquistas dos atletas no esporte, os fatos que acontecem durante um dia, o autor de novelas mais conhecido por fazer as cenas  sempre no Leblon, nomes de artistas da MPB. Esta galera simplesmente desconhece tudo isto e mais um pouco. Fico abismada! É alarmante.


Tal qual bebidas e comidas 0 que indicam zero de gordura e zero de açúcar, estes meninos e meninas, homens e mulheres também são 0 em seus QIs. Não tô dizendo que eles tem que ser alunos nota A ou conceito O. Mas se inteirar do que acontece a sua volta. Se formos depender deles para perpetuar a nossa história como cidadãos em uma sociedade, estamos fritos! Não vai sobrar nada. Experimente conversar com eles 10 minutos que poderá comprovar o que estou te dizendo. Nada de papo cabeça não. Conversa informal mesmo. Fale da loucura climática do mundo por causa do aquecimento global, fale da violência e as consequências na sociedade, fale da caos da saúde, do perigo da dengue, fale de qualquer coisa e veja as respostas dele. Quando muito, cheias de gírias que de 10 palavras 2 se aproveitam. Muito mal sabem o hino de time de futebol que torcem, os jogadores escalados e a história dos clubes.


É uma geração que não cultiva a sua cultura. Não conhece quase nada! Cinema, música, teatro, televisão, não sabem quem é quem ou quem faz o que. Uma desgraça... É capaz de Fernanda Montenegro virar cantora. O triste disto é que além da pessoa se tornar pobre de conhecimento e dificilmente progredir, serão nossos futuros profissionais em áreas mil. E se estudantes já são assim imagina como médicos, professores, advogados, engenheiros e tantas outras profissões que exigem um diferencial para exercê-las. Se futuramente você for vítima de algum erro médico, pode ter certeza que o(a) tal fulano(a) é um integrante desta geração 0. Experimente perguntar a ele(a) se ele sabe aonde ficam os órgãos do corpo humano. Melhor se certificar... rs.


Tô brincando pra descontrair mas a situação é séria. E na maioria dos casos, estas pessoas não tem salvação. Não tem incentivo, motivação, estudam por estudar, ou já pararam faz tempo. Hoje eles não se dão conta da importância dos estudos em sua vida. Mas, futuramente, vão pagar e alto o preço do semianalfabeto mundial e cultural. Vejo isto pois tenho alguém muito próximo de mim em minha família que hoje pena pelos anos em que achava que diversão, rua e amigos dava futuro a alguém e não teve ao seu lado quem puxasse as rédeas da situação e colocasse um cabresto. Hoje sofre com preconceito, discriminação e com a própria vergonha de não poder se igualar e nem se comparar aos outros.


Desigualdade social não é mais desculpa. A internet é uma ferramenta fundamental e importantíssima, basta saber usá-la. E tantos outros meios de comunicação estão aqui para auxiliar nesta busca pelo saber. Basta querer! Trocar um jogo por um livro, um filme por um documentário, uma pelada por um show, uma praia por um passeio cultural. Custa pouco mas que trará benefícios incontáveis. Mas para isto, basta a pessoa se conscientizar e querer. Se não, não haveria tanto brasileiro por aí, humilde se destacando e ganhando o mundo com o seu próprio esforço.


Fora isto, só me resta rezar pela salvação destas cabeças não iluminadas e esperar que a próxima geração, menores do que esta, seja mais consciente e que preze por si mesma.


beijossssssss


PS: contagem regressiva para o ano novo: faltam 2 dias!!!!

Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Depois de abrir trocentos posts de balanços de 2010 e listas de desejos para 2011, finalmente encontro seu post, com um assunto outro qualquer... rs

Acho, Fê, que em todas as épocas os mais velhos acham que os mais novos, não tem nada na cabeça. Mas é que simplesmente eles estão em fase de construção, quando tiverem nossa idade, estarão melhores e falando dos mais novos... rs... e assim a vida segue.

E claro que em épocas de transição, como foi nos anos 60, 70 e 80, muitos se mudou na sociedade e isso obrigou a muitos jovens da época a se questionarem mais. Hoje as coisas estão meio prontas. Por isso sentimos essa lerdeza social... rs

Beijocas