8 de abril de 2015

O sujo falando do mal lavado!


E mais uma vez eu volto ao BBB...

Quando eu comecei a ver o programa, independente da proposta dos criadores, eu gostava de estudar o comportamento de alteridade a partir de um convívio forçado, sem o menor contato com o mundo exterior. Confinados dentro de uma casa e obrigados a conviver e a sobreviver uns com os outros, pessoas totalmente diferentes umas das outras e colocadas à prova em diversos tipos de situações, principalmente emocionais. Sim, eu gostava de ver. Como eles interagiam, como eles se descobriam, como inventavam suas fórmulas de sobrevivência, como aprendiam a arte da convivência que é mais difícil do que parece. No final das contas, independente de quem ganhava, era um jogo de descobertas. E cada um saia de lá com uma experiência única de autoconhecimento. Mas sim, existia um prêmio e não podemos esquecer disso.

Sob a proposta do programa, o que seria capaz o participante para ganhar meio milhão de reais? Será que vale tudo, mesmo? Aí entram em jogo questões éticas e morais e certos valores que podem ser adquiridos lá dentro ou trazidos de uma vida inteira. O maior confronto não é com os 15 adversários e sim com a própria pessoa. E como jogar esse jogo que é de mostrar quem é você? Mas, ao longo das edições, a proposta embora aparentemente a mesma, foi mudando a percepção e as atitudes dos participantes que já entravam com fórmulas certas de vitória e estratégias aprimoradas a partir das edições anteriores. E cada um sabia-se ter o segredo para ser um vencedor.

À nós, o público, cabia não só ficarmos de telespectadores como de julgadores a partir das atitudes, das intenções e do comportamento dos participantes, se condiziam com quem eles se apresentavam ser, e se batiam com os nossos valores. Rimos e choramos, nos apegamos e abominamos muitos dos que lá passaram. E foram muitas histórias, muito bafafá, muito enredo que durou mais do que três meses de programa. Segredos foram confidenciados para todo o Brasil. As almas foram desnudas e reveladas para todos nós todas as noites. E lá dentro passava a ser a vida de fato, a realidade existente que era conhecida. O aqui fora, o mundo real já era desconhecido, não era mais sabido, por vezes era até esquecido. A partir do momento que alguém se propõe a uma exposição 24h por dia, sem privacidade nenhuma, esse alguém nada pode fazer para evitar ser criticado e julgado por seus atos. É normal! Eles sabiam que iam passar por isso, e nós fazemos isso desde que o mundo é mundo. Embora não devêssemos.

E todas as edições foram assim, tiveram ícones polêmicos, passíveis de grandes discussões sobre suas condutas. Geral dava seu pitaco. Mas, nessa última, um triângulo amoroso gerou mais frisson do que os demais. Sinceramente eu não sei porque, mas além de criticar, as pessoas julgavam aos três como se condenassem ao quinto dos infernos. Aí eu me intriguei, porque esse trio foi mais condenável moralmente do que outros que também agiram assim, salvo algumas particularidades? Bom, salvo que agora, com um grande acesso a internet tanto para se inteirar das coisas no mundo, tanto como meio de emitir opinião, trocar experiências e discutir, nem sempre de forma civilizada e diplomática sobre certos assuntos, o que me veio à cabeça é que o público abominou tanto o que ironicamente, lhes causou uma grande identificação. 

O que teve de gente condenando a Amanda porque deu em cima do Fernando, que por sua vez se fez de resistindo em nome de uma paixão à distância e em vias de cair na tentação e trair até então sua "noiva" Aline, que era a coitadinha da vez. E criticavam Aline por estar fazendo papel de boa e ter acreditado na conversa mole de Fernando. E criticavam Fernando que se portou como o garanhão da parada, ficando com as duas, prometendo mundos e fundos, hora se comprometia outras caia fora e no final das contas, não ia ficar com nenhuma. Tanto de gente julgando e criticando tanto Amanda quanto Aline por suas condutas, mas aí eu me pergunto, quem nunca? E quem sempre? É muito falso moralismo! Atire a primeira pedra quem não tiver telhado de vidro. A única diferença foi que elas viveram e mostraram para o Brasil. Mas existe um tantão ai que aceita ser a outra, que também dá em cima dos namorados e maridos alheios, que continua com o cara sabendo que ele trai, que perdoa quando o cara que traiu quer voltar. Tanto homem quanto mulher. E quantos Fernandos não passaram por nossas vidas? Ludibriando nossos corações com carinhos, palavras bonitas e se dizendo cheios de boas intenções e dando esperanças de um futuro promissor e necas, no fim? Alguns voltaram, outros nem se quer foram. Acho que muita gente não deve ter espelho em casa pra sair apontando pros outros sem olhar pra si. E outros tantos devem desconhecer suas próprias histórias. Não, eu não concordo com muita coisa que aconteceu ali dentro, não faria muitas coisas que fizeram ali dentro, no entanto, não me sinto no direito de não julgar pois também já me vi na mão de um Fernando agindo como uma Amanda ou sendo uma Aline lá atrás.

Sem entrar em mérito se casal x ou y foi estratégia de jogo, sem entrar no mérito que eles entraram num programa de exposição que as pessoas se sentem no direito de opinar. Mas Amandas, Alines e Fernandos são uma realidade na sociedade e na vida de muita gente. Muita gente abomina lá o que eles fazem, mas é o que mais se vê acontecer aqui fora. Ôooooo... Vivemos um eterno BBB ao vivo. Eu mesma já passei por isso tudo. Claro, a gente quebra a cara, sofre, amadurece, cresce e toma rumos diferentes. Mas quem já passou por isso na vida, seja na pela de Aline, Amanda e teve um Fernando na vida, sabe o quanto é uma situação muito difícil.

Quantos não se sujeitaram a isso (ser a(o) outra(o), mendigar amor, não ter amor próprio, autoestima ou ser mentiroso(a) e se aproveitar do sentimento verdadeiro alheio pra se dar bem) e muito mais, tanto homens como mulheres? Pode ter algum sentimento envolvido ou ser pura sacanagem. Mas a segunda opção, ganha disparado. Eu conheço um monte! E ainda se orgulham disso. E mais, condenam a Amanda por ser mulher. Porque ainda em 2015, no século XXI, vivemos numa sociedade machista. Porque se fosse o Fernando que saísse caindo em cima matando, seria aplaudido e enaltecido. Cara "pica das galáxias". Mas se é uma mulher sucumbido aos seus extintos e sentimentos, é cachorra, puta, piranha. E o Fernando, tadinho, não teve outra alternativa senão se entregar. Ele que era o compromissado com outra não podia dizer não, não podia resistir, não podia esperar, não podia respeitar e se dar ao respeito. Porque homem, no fim das contas, tem que ser homem. E Aline, assim como Talita, muito recriminada por ter noite tórridas de amor com seus homens "peguetes", mas e aqui fora o que mais vemos acontecer no mundo? A maioria das nights, dos encontros e demais termina na cama mesmo. E muitas vezes não passa de uma noite ou algumas poucas vezes e, algumas vezes nem se quer outra coisa além disso mesmo, de ambas as partes. No português claro: uma putaria só e muita gente acha normal!

Mas porque a Globo mostra é manipulação, pouca vergonha, desvirtuando da moral e dos bons costumes, acabando com sagrada família e etc, como o povo agora tem mania de falar. Eu discordo totalmente disso, todo mundo lá é grandinho, maior de idade e vacinado e sabe muito bem o que faz e as consequências disso. Ninguém fez nada obrigado e a grande maioria, na minha opinião, apenas repete lá dentro o que cansa de fazer aqui fora e aqui é legal. Porque se você é homem, torce para aparecer uma Amanda ou uma Aline na sua frente. Mas ver na tv é questionável. Porque se você é mulher e não quer nada com nada, você pede a Deus todos os dias um Fernando fodástico na sua vida e não se importa de pagar de Amanda. Mas a Amanda do BBB tem que agir diferente porque é feio mulher fácil. 

Engraçado não? De acordo com as prioridades, os desejos e as situações, tudo passa a ser questionável ou não! No mais é problema deles e de cada um o que se vive, não? E ninguém tem nada com isso, não é da conta de ninguém a vida de cada um. Mas engraçado, me incomodou certos comentários preconceituosos e cheios de puritanismo e moral vindo de gente que não tem nada disso para cobrar de ninguém. Como a minha vida não vai mudar por conta disso, pra que me desgastar entrando em discussões acaloradas e conflitos de interesses. Só me divirto! Até porque todo drama de amor tem suas pitadas engraçadas. E quem eu queria que estivesse na final mesmo, não chegou até lá que foram Marisa e Adrillis. Mas Deus tá vendo! E fecho com um ditado que sintetiza tudo "prefiro ser um pecador verdadeiro do que um religioso hipócrita".

Afinal de contas... quem nunca?





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