15 de junho de 2009

Cabeça cheia é = coração vazio?

Nestes dias que fui obrigada a fazer repouso por causa das crises de enxaqueca, quando a cabeça não doía demais, eu conseguia me ater a outros pensamentos. Até mesmo para me distrair da bodega da dor. Privada de uma interação maior com o mundo lá fora, me restou bater um papo mental com o meu mundo interno. Comecei a pensar no quanto hoje em dias as relações, os comportamentos, as intenções tudo virou muito superficial. Não é só a informação que tem a obrigação de ser rápida, dar conta de todos os assuntos e estar em todos os lugares. Os relacionamentos também passaram a adotar esta prática. Será que a ideia de lidar com um público heterogêneo, cada vez mais exigente e que preze a quantidade mais do que a qualidade é o futuro? Vejo hoje, uma grande quantidade de pessoas interessadas em arrumar um companheiro(a) sério, mas por outro lado, há uma gama de atrativos que fazem com que as pessoas queiram parceiros momentâneos e de conveniência. Talvez por não saber ficar sozinho(a), pode ser por querer mostrar que está sempre "podendo" também. Ou, por constatar que estamos ficando vazios. Nos enchemos de um monte de ideias, mas poucas trabalhamos arduamente em cima e colocamos em prática. Conhecemos muita gente, mas privilegiados são aqueles que realmente nos conhecem e que podemos chamar de amigo. Conversamos com o mundo de maneiras mil, mas será que absorvemos de fato tudo que nos foi dito? Começo a crer que olhamos e não vemos; ouvimos mas não escutamos; falamos mas não proseamos. Tá tudo muito corrido e concorrido, sortudo é aquele que chega na frente! Porém, começo a perceber que sortudo é aquele que consegue passar pelo caminho sem perder sua essência para o mundo que suga ao máximo de um ser e ao mesmo tempo tolir suas atitudes, poda seus sentimentos e coordena os pensamentos, conclusão: cria-se um modelo, ditado às regras do imediatismo e objetividade, consequências do mundo moderno. Cadê aquela pessoa que começa o dia cumprimentando os outros a sua volta, interage com tantas outras no trabalho, trocam experiências e são despretensiosas de julgamentos e percebem o tempo, os cheiros, as lembranças, as personalidades, as histórias, as palavras, um olhar, uma risada, um abraço e aproveitam para explorar ao máximo tudo isto, fonte de imensa riqueza de conhecimento e vivência para ela? Acabou com a demanda maior que a oferta? Acabou por que são "lentos" demais e a vida é "mais, sempre mais" rápida, veloz e superficial? Não sei se foi delírio total da minha mente que já me saturou com as pontadas de minuto em minuto. Ou talvez reflexões de alguém persistente, mas sob algum aspecto, desiludida. Não com a vida, não com as pessoas, não com os romances e amizades, mas quem sabe comigo mesma. Por me deixar fazer parte deste círculo vicioso que chamam de era digital, século XXI, globalização ou sei lá mais o que... Minha cabeça dói mais, não sei se porque pensei ou porque pensei e não cheguei a conclusão real alguma. Uma coisa posso garantir: se minha cabeça anda vazia embora demasiadamente ocupada e plugada o tempo todo com decisões mil, meu coração está cheio de inúmeros sentimentos bons a dar.


Conselho do dia: sejam cabeças-vazias! Hoje, não vejo mais como uma ofensa. Quanto mais relaxada e calma está minha mente, mais tenho tempo para ser, fazer e sentir!



Beijos e boa noite!

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