28 de junho de 2009

"... e a luz se apagou!..."

Para alguns, um pedófilo. Para muitos outros, o rei do pop. Inegavelmente, vivemos dias de luto talvez não pela pessoa Michael Jackson, mas pelo cantor e dançarino que foi precursor de passos antes nunca vistos e um estilo próprio de cantar. Além de ter inovado no cenário musical com a mistura de ritmos. Esquisito? Não. Pessoas famosas não são esquisitas – esquisita sou eu com minhas manias. Ele era excêntrico! E dentro disso, polemizou: cirurgias plásticas, mudança de cor, alisamento do cabelo, atitudes contestáveis de caráter. Assim como exaltamos da noite para o dia um ser normal como ídolo e cultuamos a pessoa e suas atitudes, na maioria das vezes irreverentes, resolvemos destituir àqueles que por algum motivo invadem nosso mundo de valores e nos desagradam. Michael, por incrível que pareça, transitou de um estado a outro, mas não perdeu a majestade, já dizia o velho ditado. É basicamente isto. Mesmo tendo os holofotes voltados para ele apagados por alguns anos, sempre teve garantia no hall da fama.

No meio deste tumulto de especulações sobre sua morte e as histórias que veem agora à tona de sua vida, fico me perguntando. Até que ponto a fama, o poder e as “ilimitações” podem auxiliar na decadência de uma pessoa? Digo isto depois de fazer uma análise - breve - em nossa história para constatar que a maior parte de nossos artistas que fizeram sucesso crescente e descontrolado perderam o pulso de si mesmo. Viraram escravos de suas frustrações e traumas não curados e que vivem em quarentena até tornarem-se uma bomba relógio. Auxiliado pela síndrome do "eu posso tudo". Jackson foi mais um exemplo disto. Todas as transformações físicas e consequentemente a dependência medicamentosa era para tentar aliviar a dor da rejeição familiar e ganhar a aceitação dos fãs. Mal sabia ele que sua cor até podia ser trocada para rosa pink ou amarelo fluorescente. O que cativou seus milhares de fãs pelo mundo era ele, em sua essência, seu estilo único, sua presença no palco de um fenômeno raro, a simplicidade em forma de gente. E nesta busca pela perfeição, pela aceitação, por uma absolvição silenciosa própria, o astro do pop se foi. Acabou morrendo sozinho, endividado e não desfrutando daquilo que para qualquer pessoa deveria ser o valor do reconhecimento. Para nós aqui, fãs ou pessoas que apenas acompanhavam a trajetória e a carreira do astro, nos resta escutar o refrão de uma de suas interpretações mais famosas e assimilar que agora, ela será voltada para o próprio cantor: I’ll be there (eu sempre estarei lá!)

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Em tempo: hoje faz 4 dias da morte do cantor e ainda não cessaram os bombardeios nas mídias sobre o caso. De quinta à sexta, todos os jornais e programas televisivos foram dedicados a sua morte, sua história e a biografia do cantor. No fim de semana restou aos mesmos, apenas suitar as matérias já apresentadas e enxertar novas informações sobre os acontecimentos. Mas, venhamos e convenhamos: acho que lá de cima, Michael já teve provas suficientes de amor incondicional dos fãs à sua pessoa. Não precisamos ter uma overdose midiática sobre ele: tv, rádio, jornal, revista, internet. Só dá ele! Os demais acontecimentos do mundo não podem ficar em segundo plano. Até quem é fã, não vai aguentar mais!

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